Em 1962, Mortilal Kothari, um funcionário público indiano lotado em Londres, sugeriu que eu (Richard Attenborough) fizesse um filme sobre a vida do Mahatma. O que eu sabia a respeito de Gandhi e de seu papel como líder da luta do povo indiano pela independência era apenas o pouco que aprendera na escola. Então resolvi ler uma biografia e alguns de seus escritos.
Aos 23 anos, em 1893, logo depois de ter chegado à África do Sul como advogado de uma empresa exportadora indiana, Gandhi escreveu uma frase que me deixou impressionado: “Sempre foi um mistério para mim como os homens podem sentir prazer em humilhar seus semelhantes.” Ele acabara de ver indianos serem forçados a caminhar na sarjeta para que os brancos pudessem passar sem problemas pela calçada.
Suas palavras me abalaram de tal forma que, naquele momento, me comprometi a tentar fazer um filme sobre Mahatma Gandhi – um compromisso que mudaria os próximos 20 anos da minha vida. A partir de então, todas as decisões que tomei na minha carreira estiveram relacionadas ao meu caso de amor com esse projeto.
O filme Gandhi teve sua estréia mundial em Nova Délhi, em 30 de novembro de 1982.
Mohandas K. Gandhi nasceu em 1869, filho de hindus, no estado de Guzerate, no oeste da Índia. Aos 13 anos, uniu-se a Kasturba Makanji, de mesma idade, num casamento arranjado. Mais tarde, a família o enviou a Londres para estudar Direito e, em 1891, ele se tornou advogado. Na África do Sul, Gandhi foi incansável na luta pelos direitos dos imigrantes indianos. Foi lá que desenvolveu sua doutrina de resistência pacífica contra a injustiça – a satyagraha, ou “o caminho da verdade” – e que muitas vezes esteve preso por causa dos protestos que liderou. Quando retornou a seu país com a família em 1915, já havia mudado radicalmente a vida daqueles imigrantes.
Na Índia, logo passou a liderar a longa batalha com a Grã-Bretanha pela independência. Ele jamais teve abalada sua crença nos protestos não-violentos e na tolerância religiosa. Quando seus compatriotas muçulmanos ou hindus cometiam atos de violência – entre si ou contra os ingleses que governavam a Índia –, Gandhi jejuava até o conflito cessar. A independência, que chegou em 1947, não foi uma vitória militar, mas um triunfo da vontade humana. No entanto, para desespero de Gandhi, o país foi dividido em Índia hindu e Paquistão muçulmano. Ele passou seus últimos meses empenhado em extinguir a terrível violência que se seguiu. Para isso, jejuou até quase a morte, um ato que, finalmente, pôs fim aos conflitos. Em janeiro de 1948, aos 79 anos, Gandhi foi assassinado a tiros por um hindu no momento em que passava por um jardim apinhado de gente, em Nova Délhi, para fazer as preces vespertinas.
Muito já se falou sobre Gandhi, mas as palavras de Albert Einstein parecem traduzir bem a grandeza de sua personalidade: “Será difícil às gerações futuras acreditar que uma pessoa como essa, em carne e osso, andou sobre a Terra.”
Que esta coletânea possa oferecer a você uma boa introdução às idéias e à filosofia do Mahatma. As palavras de Gandhi presentes neste livro foram selecionadas de escritos publicados no período de quatro décadas e representam apenas uma pequena parte de seu volumoso trabalho.
Ao falar sobre o valor das próprias palavras, Gandhi destacava a relevância da ação:
“Nada tenho de novo a ensinar ao mundo. A verdade e a não-violência são tão antigas quanto as montanhas. Tudo o que tenho feito é realizar experiências em relação a uma e à outra, da forma mais abrangente possível. Ao fazê-lo, às vezes cometi erros – e aprendi com eles. A vida e seus problemas tornaram-se para mim experimentos na prática da verdade e da não-violência…”
“Toda a minha filosofia, se é que se pode chamá-la por esse nome pretensioso, está contida no que eu disse. Mas não a chamem ‘gandhismo’; não se trata de ‘ismo’. E não é necessário que haja a respeito qualquer crítica literária ou propaganda. Trechos das Escrituras têm sido citados como argumentos contra minha posição, mas me mantive, mais do que nunca, fiel à posição de que a verdade não pode ser sacrificada pelo que quer que seja. Aqueles que acreditam nas verdades singelas que professei só poderão propagá-las se viverem de acordo com elas.”
“Não tenho a menor sombra de dúvida de que qualquer pessoa, homem ou mulher, pode alcançar o que eu alcancei. Basta fazer o mesmo esforço e cultivar a mesma esperança e a mesma fé.”
Aos 23 anos, em 1893, logo depois de ter chegado à África do Sul como advogado de uma empresa exportadora indiana, Gandhi escreveu uma frase que me deixou impressionado: “Sempre foi um mistério para mim como os homens podem sentir prazer em humilhar seus semelhantes.” Ele acabara de ver indianos serem forçados a caminhar na sarjeta para que os brancos pudessem passar sem problemas pela calçada.
Suas palavras me abalaram de tal forma que, naquele momento, me comprometi a tentar fazer um filme sobre Mahatma Gandhi – um compromisso que mudaria os próximos 20 anos da minha vida. A partir de então, todas as decisões que tomei na minha carreira estiveram relacionadas ao meu caso de amor com esse projeto.
O filme Gandhi teve sua estréia mundial em Nova Délhi, em 30 de novembro de 1982.
Mohandas K. Gandhi nasceu em 1869, filho de hindus, no estado de Guzerate, no oeste da Índia. Aos 13 anos, uniu-se a Kasturba Makanji, de mesma idade, num casamento arranjado. Mais tarde, a família o enviou a Londres para estudar Direito e, em 1891, ele se tornou advogado. Na África do Sul, Gandhi foi incansável na luta pelos direitos dos imigrantes indianos. Foi lá que desenvolveu sua doutrina de resistência pacífica contra a injustiça – a satyagraha, ou “o caminho da verdade” – e que muitas vezes esteve preso por causa dos protestos que liderou. Quando retornou a seu país com a família em 1915, já havia mudado radicalmente a vida daqueles imigrantes.
Na Índia, logo passou a liderar a longa batalha com a Grã-Bretanha pela independência. Ele jamais teve abalada sua crença nos protestos não-violentos e na tolerância religiosa. Quando seus compatriotas muçulmanos ou hindus cometiam atos de violência – entre si ou contra os ingleses que governavam a Índia –, Gandhi jejuava até o conflito cessar. A independência, que chegou em 1947, não foi uma vitória militar, mas um triunfo da vontade humana. No entanto, para desespero de Gandhi, o país foi dividido em Índia hindu e Paquistão muçulmano. Ele passou seus últimos meses empenhado em extinguir a terrível violência que se seguiu. Para isso, jejuou até quase a morte, um ato que, finalmente, pôs fim aos conflitos. Em janeiro de 1948, aos 79 anos, Gandhi foi assassinado a tiros por um hindu no momento em que passava por um jardim apinhado de gente, em Nova Délhi, para fazer as preces vespertinas.
Muito já se falou sobre Gandhi, mas as palavras de Albert Einstein parecem traduzir bem a grandeza de sua personalidade: “Será difícil às gerações futuras acreditar que uma pessoa como essa, em carne e osso, andou sobre a Terra.”
Que esta coletânea possa oferecer a você uma boa introdução às idéias e à filosofia do Mahatma. As palavras de Gandhi presentes neste livro foram selecionadas de escritos publicados no período de quatro décadas e representam apenas uma pequena parte de seu volumoso trabalho.
Ao falar sobre o valor das próprias palavras, Gandhi destacava a relevância da ação:
“Nada tenho de novo a ensinar ao mundo. A verdade e a não-violência são tão antigas quanto as montanhas. Tudo o que tenho feito é realizar experiências em relação a uma e à outra, da forma mais abrangente possível. Ao fazê-lo, às vezes cometi erros – e aprendi com eles. A vida e seus problemas tornaram-se para mim experimentos na prática da verdade e da não-violência…”
“Toda a minha filosofia, se é que se pode chamá-la por esse nome pretensioso, está contida no que eu disse. Mas não a chamem ‘gandhismo’; não se trata de ‘ismo’. E não é necessário que haja a respeito qualquer crítica literária ou propaganda. Trechos das Escrituras têm sido citados como argumentos contra minha posição, mas me mantive, mais do que nunca, fiel à posição de que a verdade não pode ser sacrificada pelo que quer que seja. Aqueles que acreditam nas verdades singelas que professei só poderão propagá-las se viverem de acordo com elas.”
“Não tenho a menor sombra de dúvida de que qualquer pessoa, homem ou mulher, pode alcançar o que eu alcancei. Basta fazer o mesmo esforço e cultivar a mesma esperança e a mesma fé.”
Trecho do livro A Sabedoria de Gandhi, de Richard Attenborough.
*Richard Attenborough foi vencedor do Oscar de Melhor Diretor em 1983 pelo magnífico filme Gandhi (vencedor de 8 Oscars, inclusive o de Melhor Filme).
*Richard Attenborough foi vencedor do Oscar de Melhor Diretor em 1983 pelo magnífico filme Gandhi (vencedor de 8 Oscars, inclusive o de Melhor Filme).
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