A Marcha do Sal ou Satyagraha do sal foi um ato de protesto pacífico contra a proibição, imposta pelos britânicos, da extração de sal na Índia colonial. Mahatma Gandhi caminhou de Sabarmati Ashram a Dandi, para pegar um pouco de sal para si. Um número muito grande de indianos o seguiu, mas os britânicos nada puderam fazer contra ele, pois não havia incitado os outros a seguirem-no. A marcha ocorreu de 12 de março até 6 de abril de 1930.
Na noite de 11 de março, Gandhi reuniu seus discípulos para uma última prece. No dia 12 de março de 1930, Mahatma Gandhi e vários discípulos iniciaram uma marcha em protesto ao domínio britânico na Índia. A caminhada, de quase 400 quilômetros, durou 25 dias em direção ao litoral. Gandhi e seus seguidores paravam de cidade em cidade para descansar, conseguindo assim mais simpatizantes. O protesto foi incitado pelo fato de que, naquela época, os indianos eram obrigados a comprar produtos industrializados do Reino Unido, sendo proibidos inclusive de extrair sal em seu próprio país.
Durante toda a noite de 5 de abril, os discípulos rezaram. Ao amanhecer acompanharam Gandhi ao mar. No dia 6 de abril, depois do banho, ritual sagrado para os hindus, Gandhi apanhou um punhado de sal à beira-mar, e seu gesto foi repetido simbolicamente pelos milhares de indianos ali presentes. A lei que, entre outras interdições, proibia os indianos de tocar nos depósitos naturais nas praias era assim infringida: o monopólio sobre o sal, rompido. A esse sinal, milhares de indianos, um pouco em toda parte no país, contanto estivessem nas proximidades do oceano, jovens, mulheres, pessoas de todas as origens sociais, efetuaram o mesmo gesto. O sal foi trazido para o interior do país, preparado em caçarolas nos terraços das casas, vendido aqui e ali por ambulantes. E boicotavam-se cada vez mais as mercadorias inglesas. A Índia inteira havia se levantado.
“Em toda parte no país, nas cidades e nas aldeias, a produção de sal era o assunto do dia; achávamos os meios mais estranhos de fabricá-lo. Como nada sabíamos da questão, informava-nos da melhor maneira possível, imprimíamos folhetos com receitas e reuníamos todo tipo de recipientes; no final, conseguimos obter um produto muito pouco saboroso que exibíamos triunfalmente e era vendido às vezes em leilão a preços assombrosos...”
Em resposta e esses atos, os britânicos prenderam mais de 50 mil indianos, entre eles o próprio Gandhi. Mesmo com a prisão de Gandhi, a marcha continuou, em direção às salinas ao norte de Bombaim. Aproximaram-se em silêncio dos depósitos de sal, guardados por 400 militares, que investiram contra eles com cassetetes. Os protestantes foram tombando, sem esboçar gestos de defesa. Cada coluna que avançava era igualmente abatida.
As mesmas cenas repetiram-se por vários dias. As mulheres participavam ativamente do movimento. À medida que os homens eram detidos e levados à prisão, elas tomavam seu lugar. Logo foram tão duramente reprimidas quanto os homens, espancadas até sangrarem, atacadas a pontapés ou a coronhadas no ventre ou no peito. “Nenhuma se mexeu, todas ficaram sem fraquejar nos seus postos.” “Nesse combate, as mulheres indianas haviam se tornado as iguais dos homens... Gandhi ao convocar as mulheres, dissera: “elas são os melhores símbolos da humanidade. Todas têm as virtudes de um satyagrahi”, o que nos enchera de uma imensa confiança em nós.” O amor incondicional, liberto do egoísmo, e a capacidade de sofrer: as qualidades exigidas de um satyagrahi. Segundo Gandhi, essas qualidades definiam a mulher. Visão idealizada e ligada à sua concepção da mãe e que talvez o sustentou em seu discurso a favor da igualdade e da liberdade das mulheres.
O que haviam demonstrado, esse satyagrahi? Não que o sal pertencia a todos, isso não era o essencial. Mas que a “civilização” não estava do lado onde suponha estar. O que estava ali era a barbárie. E que a “verdadeira civilização”, para retomar as palavras de Gandhi, residia noutra parte que não na força das armas.
Tagore declarou:
O satyagraha do sal oferecera ao mundo a demonstração perfeita de que havia uma nova arma de militância pacífica. “Para a Europa”, continuava Tagore, “é uma grave derrota moral.” A Ásia, materialmente fraca, incapaz de se proteger contra agressões exteriores, podia agora permitir-se “olhar a Europa do alto, quando outrora a olhava de baixo”. Em outras palavras, a relação de forças se invertera, a superioridade moral – a do espírito – prevalecia sobra a superioridade física – a da força bruta.
Fontes: Wikipédia e Biografia de Gandhi, de Christine Jordis.
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