sábado, 30 de abril de 2011

Considerações a respeito de "O Livro dos Espíritos"

Em artigo datado do ano de 1858, publicado pela Revista Espírita (recém fundada por Allan Kardec), sob o título "O Livro dos Espíritos" - Apreciações Diversas, encontramos considerações de pessoas comuns e evidentes, bem como também notas de jornais a respeito da obra inaugural da Doutrina Espírita. Aqui destacamos, no encerramento do especial de homenagem aos " 154 anos de O Livro dos Espíritos", uma dessas impressões históricas:


O Courrier de Paris, de 11 de junho de 1857, continha, sobre esse livro, o artigo seguinte:
















A Doutrina Espírita

O editor Dentu vem de publicar, há pouco tempo, uma obra muito notável; queríamos dizer muito curiosa, mas, há dessas coisas que repelem toda qualificação banal.

"O Livro dos Espíritos, do senhor Allan Kardec, é uma página nova do grande livro do Infinito,e estamos persuadidos de que se colocará um marcador nessa página. Ficaríamos desolados se cressem que fazemos, aqui, um reclamo bibliográfico; se pudéssemos supor que assim fora, quebraríamos nossa pena imediatamente. Não conhecemos, de modo algum, o autor, mas, confessamos francamente que ficaríamos felizes em conhecê-lo. Aquele que escreveu a introdução, colocado no cabeçalho de O Livro dos Espíritos, deve ter a alma aberta a todos os nobres sentimentos.

Para que não se possa, aliás, suspeitar da nossa boa-fé e nos acusar de tomar partido, diremos, com toda sinceridade, que jamais fizemos um estudo aprofundado das questões sobrenaturais. Unicamente, se os fatos que se produziram nos espantaram, não nos fizeram, pelo menos, jamais dar de ombros. Somos um pouco dessas pessoas que se chamam de sonhadores, porque não pensam inteiramente como todo o mundo. A vinte léguas de Paris, à tarde sob as grandes árvores, quando não tínhamos ao nosso redor senão algumas cabanas disseminadas, pensamos, naturalmente, de qualquer outro modo do que na Bolsa, no macadame dos bulevares, ou nas corridas de Longchamps. Perguntamo-nos, com freqüência, e isso muito tempo antes de ter ouvido falar de médiuns, o que se passava nisso que se convencionou chamar lá no alto. Esboçamos mesmo, outrora, uma teoria sobre os mundos invisíveis, que havíamos guardado, cuidadosamente, para nós, e que ficamos bem felizes de reencontrar, quase inteiramente, no livro do senhor Allan Kardec.

A todos os deserdados da Terra, a todos aqueles que caminham ou que caem, molhando com suas lágrimas a poeira do caminho, diremos: lede O Livro dos Espíritos, isso vos tornará mais fortes. Aos felizes, também, aqueles que não encontram, em seu caminho, senão aclamações da multidão ou os sorrisos da fortuna, diremos: Estudai-o, ele vos tornará melhores.

O corpo da obra, diz o senhor Allan Kardec, deve ser reivindicado, inteiramente, pelos Espíritos que o ditaram. Está admiravelmente classificado por perguntas e por respostas: Estas últimas são, algumas vezes, verdadeiramente sublimes, isso não nos surpreende. Mas não foi preciso um grande mérito a quem soube provocá-las?

Desafiamos os mais incrédulos a rirem lendo esse livro, no silêncio e na solidão. Todo o mundo honrará o homem que lhe escreveu o prefácio.

A doutrina se resume em duas palavras: Não façais 'aos outros o que não quereríeis que se vos fizesse. Estamos tristes que o senhor Allan Kardec não tenha acrescentado: E fazei aos outros o que gostaríeis que vos fosse feito. O livro, de resto, di-lo claramente, e, aliás, a doutrina não estaria completa sem isso. Não basta jamais fazer o mal, é preciso, também, fazer o bem. Se não sois senão um homem honesto, não haveis cumprido senão a metade do vosso dever. Sois um átomo imperceptível dessa grande máquina que se chama o mundo, e onde nada deve ser inútil. Não nos digais, sobretudo, que se pode ser útil sem fazer o bem; ver-nos-íamos forçados a vos replicar com um volume.

Lendo as admiráveis respostas dos Espíritos, na obra do senhor Kardec, nos dissemos que haveria aí um belo livro para se escrever. Bem cedo reconhecemos que estávamos enganados: o livro está todo feito. Não poderíamos senão estragá-lo, procurando completá-lo.

Sois homem de estudo, e possuis a boa-fé que não pede senão para se instruir? Lede o livro primeiro sobre a Doutrina Espírita.

Estais colocado na classe das pessoas que não se ocupam senão de si mesmas, fazem, como se diz seus pequenos negócios tranqüilamente, e não vêem nada ao redor de seus interesses? Lede as Leis morais.

A infelicidade vos persegue encarniçadamente, e a dúvida vos cerca, às vezes, com seu abraço glacial? Estudai o livro terceiro: Esperanças e Consolações.

Todos vós, que tendes nobres pensamentos no coração, que credes no bem, lede o livro inteiro.

Se se encontrar alguém que ache, no seu interior, matéria de gracejo, nós o lamentaremos sinceramente."

g. ou chalard.

Revista Espírita, ed. janeiro de 1858.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Música Espírita - Mensagem Esquecida - César Tucci

Uma canção de autoria de César Tucci que editei em vídeo e que nos reafirma sobre a real importância do "Evangelho do Cristo" para a nossa vida.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Do livro IV - Esperanças e Consolações


Capítulo I – Penalidades e Prazeres Terrenos


Felicidade e Infelicidade Relativas


920 O homem pode desfrutar na Terra de uma felicidade completa?

– Não, uma vez que a vida lhe foi dada como prova ou expiação; mas depende dele amenizar esses males e ser tão feliz quanto se pode ser na Terra.

921 Concebe-se que o homem será feliz na Terra quando a humanidade estiver transformada. Mas, enquanto isso, cada um pode garantir para si uma felicidade relativa?

– O homem é quase sempre o agente de sua própria infelicidade. Ao praticar a lei de Deus, se pouparia dos males e desfrutaria de uma felicidade tão grande quanto o comporta sua existência grosseira.

*O homem bem compenetrado de sua destinação futura vê na vida corporal apenas uma estação temporária. É como uma estada passageira numa hospedaria; ele se consola facilmente de alguns desgostos passageiros de uma viagem que deve conduzi-lo a uma posição tanto melhor quanto melhor tenha se preparado.

Somos punidos, já nesta vida, pelas infrações às leis da existência corporal, pelos males que são a conseqüência dessa infração e de nosso próprio excesso. Se voltarmos gradativamente à origem do que chamamos de nossas infelicidades terrenas, as veremos, na maioria das vezes, como conseqüência de um primeiro desvio do caminho reto. Por esse desvio, entramos no mau caminho e, de conseqüência em conseqüência, caímos na infelicidade.


922 A felicidade terrena é relativa à posição de cada um; o que basta à felicidade de um faz a infelicidade de outro. Existe, entretanto, uma medida de felicidade comum a todos os homens?

– Para a vida material, é a posse do necessário; para a vida moral, a pureza da consciência e a fé no futuro.

923 O que é supérfluo para uns não se torna necessário para outros e, reciprocamente, conforme suas posições na sociedade?

– Sim, de acordo com vossas idéias materiais, preconceitos e ambição, e todos os caprichos ridículos aos quais o futuro fará justiça quando compreenderdes a verdade. Sem dúvida, aquele que tinha um valor de cinqüenta mil de renda e que agora só tem dez acredita ser bem infeliz, porque não pode mais ter uma grande soma, ter o que chama de sua posição, seus cavalos, criados, satisfazer todas as suas paixões, etc. Acredita não ter o necessário; mas, francamente, achais que ele tem direito de se lamentar, quando ao seu lado há quem morre de fome e frio e não tem um abrigo para repousar a cabeça? O homem sábio, para ser feliz, olha abaixo de si e nunca acima, a não ser para elevar sua alma ao infinito. (Veja a questão 715.)

924 Existem males que independem da maneira de agir e que atingem até o homem mais justo; tem ele algum meio de se preservar deles?

– Ele deve se resignar e suportá-los sem lamentações, se quiser progredir; mas sempre possui uma consolação na sua consciência que lhe dá a esperança de um futuro melhor, se faz o que é preciso para obtê-lo.

925 Por que Deus favorece com os dons da riqueza certos homens que não parecem merecê-los?

– É um favor que se apresenta aos olhos daqueles que vêem apenas o presente; mas, sabei bem, a riqueza é uma prova freqüentemente mais perigosa do que a pobreza. (Veja a questão 814 e seguintes)

926 A civilização, ao criar novas necessidades, não é a fonte de novas aflições?

– Os males desse mundo ocorrem em razão das necessidades falsas que criais. Aquele que sabe limitar seus desejos e vê sem inveja o que está acima de si poupa-se das decepções nessa vida. O mais rico dos homens é aquele que tem menos necessidades.

Invejais os prazeres daqueles que parecem os mais felizes do mundo; mas sabeis o que lhes está reservado? Se desfrutam desses prazeres somente para si, são egoístas, então virá o reverso. De preferência, lastimai-os. Deus permite algumas vezes que o mau prospere, mas essa felicidade não é para ser invejada, porque a pagará com lágrimas amargas. Se o justo é infeliz, é uma prova que lhe será levada em conta, se a suporta com coragem; lembrai-vos dessas palavras de Jesus: “Felizes os que sofrem pois serão consolados”.

927 O supérfluo não é certamente indispensável à felicidade, mas o mesmo não acontece com o necessário. Não é real a infelicidade daqueles que não têm o necessário?

– O homem só é verdadeiramente infeliz quando sofre com a falta do que é necessário à vida e à saúde do corpo. Essa carência talvez ocorra por sua própria culpa; então, deve queixar-se somente de si mesmo. Se for causada por outros, a responsabilidade recai sobre aquele que a causar.

928 Pela especialidade das aptidões naturais, Deus indica evidentemente nossa vocação neste mundo. Muitos males não surgem por não seguirmos essa vocação?

– É verdade, e são freqüentemente os pais que, por orgulho ou vaidade, fazem seus filhos saírem do caminho traçado pela natureza e, por causa desse deslocamento, comprometem sua felicidade. Serão responsabilizados por isso.

928 a Assim, acharíeis justo que um filho de um homem bem posicionado na sociedade fizesse tamancos, por exemplo, se for essa sua aptidão?

– Não é preciso cair no absurdo nem exagerar. A civilização tem suas necessidades. Por que o filho de um homem bem posicionado, como dizeis, faria tamancos, se pode fazer outra coisa? Ele poderá sempre se tornar útil na medida de suas aptidões, se não as contrariar. Assim, por exemplo, em vez de ser um mau advogado, poderia talvez tornar-se um bom mecânico, etc.

*O deslocamento dos homens para fora de sua esfera intelectual é certamente uma das causas mais freqüentes de suas decepções. A falta de aptidão à carreira abraçada é uma fonte perene de reveses; depois, o amor-próprio, vindo juntar-se a isso, impede o homem fracassado de procurar recursos numa profissão mais humilde e lhe mostra o suicídio como remédio para escapar do que acredita ser uma humilhação. Se uma educação moral o tivesse elevado acima dos tolos preconceitos do orgulho, ele nunca seria apanhado de surpresa.

929 Existem pessoas que, sentindo-se carentes de todos os recursos, mesmo que a abundância reine ao seu redor, têm somente a morte como perspectiva; nesse caso o que devem fazer? Devem se deixar morrer de fome?

– Não se deve nunca ter a idéia de se deixar morrer de fome porque sempre encontrará um meio de se alimentar, se o orgulho não se colocar entre a necessidade e o trabalho. Diz-se freqüentemente: não há nenhuma profissão humilhante, nenhum trabalho desonra; diz-se para os outros e não para si.

930 É evidente que, isento dos preconceitos sociais pelos quais se deixa dominar, o homem sempre encontrará um trabalho qualquer que o ajude a viver, mesmo deslocado de sua posição; mas entre as pessoas que não têm preconceitos ou que os colocam de lado não existem aquelas que estão na impossibilidade de prover às suas necessidades em conseqüência de doenças ou outras causas independentes de sua vontade?

– Numa sociedade organizada de acordo com a lei do Cristo ninguém deve morrer de fome.

*Com uma organização social sábia e previdente, o homem pode carecer do necessário apenas por sua culpa, mas mesmo essas suas faltas são geralmente o resultado do meio onde vive. Quando o homem praticar a lei de Deus, terá uma ordem social fundada na justiça e na solidariedade, e ele mesmo também será melhor. (Veja a questão 793.)

931 Por que, na sociedade, as classes sofredoras são mais numerosas do que as felizes?

– Nenhuma é perfeitamente feliz, e o que se acredita ser felicidade esconde freqüentemente grandes aflições. O sofrimento está por toda parte. Entretanto, para responder ao vosso pensamento, direi que as classes que chamais de sofredoras são mais numerosas, porque a Terra é um lugar de expiação. Quando o homem fizer dela sua morada do bem e dos bons Espíritos, não mais será infeliz e viverá no paraíso terrestre.

932 Por que, no mundo, os maus têm geralmente maior influência sobre os bons?

– É pela fraqueza dos bons; os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos; quando estes últimos quiserem, dominarão.

933 Se muitas vezes o homem é o causador de seus sofrimentos materiais, também será dos morais?

– Mais ainda, porque os sofrimentos materiais são algumas vezes independentes da vontade; mas o orgulho ferido, a ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, enfim, são torturas da alma.

A inveja e o ciúme! Felizes aqueles que não conhecem esses dois vermes roedores! Com a inveja e o ciúme não há calma nem repouso possível para aquele que está atacado desses males: os objetos de sua cobiça, seu ódio, seu despeito se dirigem a ele como fantasmas que não lhes dão nenhuma trégua e o perseguem até durante o sono. O invejoso e o ciumento vivem num estado de febre contínua. Será essa uma situação desejável, e não compreendeis que com suas paixões o homem criou para si suplícios voluntários, e que a Terra torna-se para ele um verdadeiro inferno?

*Várias expressões refletem energicamente os efeitos de certas paixões; diz-se: estar inchado de orgulho, morrer de inveja, secar de ciúme ou de despeito, por ciúmes perder o apetite, etc.; esse quadro não deixa de ser verdadeiro. Algumas vezes o próprio ciúme não tem objetivo determinado. Existem pessoas naturalmente ciumentas de tudo que se eleva e sai do comum, mesmo que não tenham nenhum interesse direto nisso, mas unicamente porque não o podem atingir. Tudo o que parece estar acima do horizonte as ofusca, e se estivessem em maioria na sociedade desejariam reconduzir tudo a seu nível. É o ciúme aliado à mediocridade.

O homem é, muitas vezes, infeliz apenas pela importância que dá às coisas deste mundo; é a vaidade, a ambição e a cobiça frustradas que fazem sua infelicidade. Se ele se coloca acima do círculo estreito da vida material, se eleva seus pensamentos ao infinito, que é a sua destinação, as contingências da humanidade lhe parecem, então, mesquinhas e fúteis, como as tristezas de uma criança que se aflige com a perda de um brinquedo que representava sua felicidade suprema.

Aquele que vê felicidade apenas na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros fica infeliz quando não pode satisfazê-los; no entanto, aquele que não se interessa pelo supérfluo fica feliz com o que tem e que os outros considerariam uma grande desgraça, uma insignificância.

Falamos do homem civilizado porque o selvagem, por ter necessidades mais limitadas, não tem os mesmos motivos de cobiça e de angústias: sua maneira de ver as coisas é completamente diferente. Civilizado, o homem raciocina sobre sua infelicidade e a analisa; é por isso que se sente mais afetado por ela; mas também pode raciocinar e analisar os meios de consolação. Essa consolação está no sentimento cristão, que dá a esperança de um futuro melhor, e no Espiritismo, que dá a certeza desse futuro.


O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Parte Quarta, "Esperanças e Consolações”, cap.I– "Penalidades e Prazeres Terrenos", questões de 920 a 933 (Felicidade e infelicidade Relativa)- Petit Editora, Tradução de Renata Barbosa da Silva e Simone T. Nakamura Bele da Silva.

*Comentário de Allan Kardec às respostas dos Espíritos

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Boas Notícias

Uma seleção de notícias positivas divulgadas em sites durante esse mês:

Ciência


Estudo mostra que ioga acalma ritmo cardíaco e reduz ansiedade


As pessoas com ritmo cardíaco irregular podem ver os episódios de crise reduzidos à metade caso adotem a ioga de maneira regular, revela um estudo publicado nos Estados Unidos. Fazer ioga três vezes por semana também reduz a depressão e a ansiedade, ao mesmo tempo que aumenta o bem-estar social e mental, segundo o estudo apresentado em uma conferência de cardiologia em Nova Orleans.

"Ao que parece a ioga tem um efeito significativo em ajudar a regular o ritmo cardíaco dos pacientes e melhora a qualidade de vida em geral", disse o principal autor do estudo, Dhanunjaya Lakkireddy, professor associado de Medicina da Universidade de Kansas. O estudo acompanhou 49 pacientes que sofrem de fibrilação atrial, uma afecção de ritmo cardíaco irregular que acontece quando os sinais elétricos naturais do coração disparam de maneira desorganizada, provocando agitação dos batimentos cardíacos.

Durante os três primeiros meses do estudo, os pacientes seguiram suas rotinas de exercícios habituais. Nos três meses seguintes, os pacientes fizeram três sessões de ioga por semana com um instrutor certificado. Além disso, foram estimulados a praticá-la em casa com a ajuda de um DVD instrutivo. "A ioga reduziu significativamente os episódios de ritmo cardíaco irregular, à quase metade na média. Também reduziu os índices de depressão e ansiedade, além de ter melhorado a função física, a saúde geral, a vitalidade, o funcionamento social e a saúde mental.

Fonte: Terra Notícias, 03/04/2011


Nova vacina reduz danos causados por infarto em mais de 60%

Um estudo realizado na Grã-Bretanha comprovou que uma vacina aplicada em vítimas de ataque cardíaco pode reduzir em até 60% as inflamações do tecido cardíaco e os danos sobre as células do cérebro que se seguem a um infarto. Os ataques são causados pela interrupção do fluxo sangüíneo através de um coágulo ou sangramento que priva partes do corpo de oxigênio.

A maior parte dos danos a longo prazo ocorre quando a circulação se inicia novamente - e as próprias defesas do organismo atacam as células privadas de oxigênio. Esse efeito, que ocorre normalmente entre nove e 12 horas após um ataque cardíaco ou derrame, causa inflamação de grandes proporções e provoca mais de 80% dos danos permanentes sofridos.

É isso que muitas vezes leva à morte ou à redução considerável da qualidade de vida das vítimas de ataques cardíacos e derrames.

Anticorpo

Mas após uma pesquisa de sete anos, cientistas da Universidade de Leicester contam ter desenvolvido um anticorpo capaz de impedir o corpo de atacar as células privadas de oxigênio. Com isso, as células passam a ser oxigenadas normalmente e, assim, os danos permanentes são reduzidos de forma significativa.

O primeiro passo foi identificar a enzima que tem um papel chave no processo de prejudicar a imunidade do coração. Após tê-la identificado, eles desenvolveram um anticorpo para neutralizá-la.

A proteína seria tão eficaz que apenas duas injeções foram capazes de neutralizar a enzima, enquanto o coração se cura. Foram realizados testes com ratos de laboratórios e mamíferos mais desenvolvidos e o anticorpo também se mostrou eficaz em testes feitos com sangue humano. Testes da vacina com seres humanos devem começar dentro de dois anos.


Fonte: Terra Notícias, 19/04/2011


Meio-Ambiente


Reino Unido quer ampliar parceria com o Brasil para preservação ambiental

Em visita ao Brasil, a ministra do Meio Ambiente do Reino Unido, Caroline Spelman, afirmou na quarta-feira (6) que quer ampliar a parceria com o governo da presidenta Dilma Rousseff para reduzir a perda da biodiversidade brasileira.

Acompanhada de representantes da embaixada do Reino Unido no Brasil, Caroline conheceu o bioma Cerrado ao realizar uma trilha no Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, em Goiás. “Entendo por que vocês querem proteger essas áreas. São mesmo muito bonitas”, disse.

Segundo ela, a maioria dos governos estrangeiros tem consciência de que é preciso investir na preservação de biomas brasileiros, mas a visita ao país serviu para “abrir os olhos” para o tamanho da biodiversidade na região.

A ministra manifestou preocupação com relação aos últimos dados de desmatamento do cerrado e afirmou que, caso a situação não se altere, é possível que o bioma seja completamente destruído até 2030. Para ela, a estratégia global precisa estar voltada para o crescimento com sustentabilidade.

“Podemos reverter a perda. É possível apresentar crescimento e se tornar verde”, assinalou. Na avaliação de Caroline, estratégias de preservação de biomas como a Floresta Amazônica têm permitido que o Brasil esteja no caminho do crescimento sustentável.

O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Rômulo Mello, acredita que a visita da ministra ao Cerrado, e não à tradicional Amazônia, representa a importância do bioma no cenário internacional.

“Este é um momento econômico importante. O Cerrado é visto pelo agrobusiness como um grande espaço para que o desenvolvimento aconteça”, disse o presidente da instituto. Ele destacou, entretanto, que não pode haver nenhum tipo de competição entre os biomas brasileiros. “Todos são importantes.”

De acordo com Mello, Reino Unido e Brasil já apresentam “um diálogo afinado” nas discussões internacionais sobre meio ambiente. A tarefa brasileira agora, segundo ele, é mostrar ao governo britânico como o país administra suas unidades de conservação.

Nesta quinta-feira (7), a ministra visita o Rio de Janeiro, onde participa de um evento sobre a prevenção de desastres naturais. Na sexta-feira (8), ela retorna a Brasília, para discutir com autoridades brasileiras temas como economia verde, segurança alimentar e commodities agrícolas. (Fonte: Paula Laboissière/ Agência Brasil)

Fonte: Portal Ambiente Brasil, 07/04/2011


Cinema

Filme As Mães de Chico Xavier estréia em 420 cinemas brasileiros e vai a Cannes


O filme "As Mães de Chico Xavier", produção da Estação Luz Filmes, dirigida por Glauber Filho e Halder Gomes, estreou na última sexta-feira 1° de abril em 420 salas de cinema do Brasil. A pré-estreia em Fortaleza foi na noite de quinta-feira, 31 de março. O longa-metragem encerrou I Mostra de Cinema Transcendental, promovida pela ONG Estação da Luz, no Multiplex UCI Ribeiro, do Shopping Iguatemi. O produtor Luís Eduardo Girão anunciou que o filme será apresentado no próximo dia 13 de maio para potenciais compradores de diversos países no Festival de Cannes.

A noite da avant-première de "As Mães de Chico Xavier", em Fortaleza, foi aberta com apresentação da atriz e cantora Via Negromonte, acompanhada do músico Sandro Shankara. Eles interpretaram mantras do CD Priyamantra, lançado ano passado por Via. Além da atriz, que vive na trama o papel de Ruth, uma das mães, o elenco do filme foi representado na pré-estreia cearense por Neuza Borges, Daniel Dias da Silva, Gustavo Falcão, Christiane Gois, Daniel Dias e Gabriel Pontes. O autor da trilha sonora, Flávio Venturini, e Célia Diniz, uma das mães que inspiraram o filme, também vieram a Fortaleza.

Quatro salas do Multiplex UCI Ribeiro ficaram lotadas pelos convidados dos mais diversos segmentos culturais e sociais. Na sala 1, onde aconteceu a solenidade de abertura transmitida ao vivo para as telas das demais salas, o produtor Luís Eduardo Girão fez questão de chamar à frente do público todos os que trabalharam no filme, entre artistas, técnicos e produtores. “É o cinema cearense”, disse entusiasmado, apontando para a equipe. Ele pediu ao público para formar uma “corrente do bem” divulgando o filme para familiares e amigos e revelou o sonho de fazer um filme sobre Allan Kardec, humanista e codificador da Doutrina Espírita.

Em seguida, Sidney Girão, produtor executivo e diretor da Estação Luz Filmes, fez os agradecimentos aos patrocinadores. Antes agradeceu a Deus a oportunidade de fazer um filme com mensagem de esperança e paz. O diretor Glauber Filho dedicou o filme a todas as mães e, claro, a dele, especialmente. Segundo Glauber, durante as filmagens todos, na equipe, viraram irmãos. Halder confirmou esse sentimento e destacou a grande afinidade com Glauber, a quem considera “irmão de alma”. “Esse filme é uma celebração à vida, vai ajudar a salvar muitas vidas”, disse Halder.

Bem-humorada, Neusa Borges agradeceu a todos, sem querer se estender muito. “Sei que vocês estão loucos mesmo é para ver o filme”, falou, provocando risos na platéia. A jovem atriz Cristiane Góis disse estar orgulhosa de participar de uma produção da sua terra. Por fim, Márcio Fraccaroli, da Paris Filmes, destacou o carinho e a generosidade da equipe e produtores e reforçou a informação de que “As Mães de Chico Xavier” será levado a Cannes para ser apresentado a representantes do mercado exibidor de vários países.


Fonte: Agência da Boa Notícia, 03/04/2011

terça-feira, 26 de abril de 2011

A Educação em “O Livro dos Espíritos”



Por *Marcus Alberto De Mario


Segundo José Herculano Pires “O Livro dos Espíritos (...) é um verdadeiro manual de educação, no mais amplo e elevado sentido do termo. Seu objetivo explícito é ensinar e educar” (Pedagogia Espírita, 1’ edição, Edicel, página 79).

Tem razão o mestre paulista embora não encontremos no índice de O Livro dos Espíritos, obra fundamental do Espiritismo, nenhuma referência direta à educação. Mas isso não pode precipitar nosso julgamento. Antes de tudo é necessário estudar a obra, e nesse estudo Herculano Pires mergulhou e podemos sintetizar no seguinte entendimento:

1. O ensino de “O Livro dos Espíritos” projeta:

1. novos conhecimentos;
2. uma nova concepção do homem;
3. uma nova concepção do universo; e
4. a sintonia do homem com Deus.

2. A estrutura didática de “O Livro dos Espíritos” apresenta:

1. a existência de Deus;
2. o exame do problema da criação;
3. o homem no contexto universal;
4. a natureza espiritual do homem;
5. a investigação do mundo de após morte;
6. a revelação da lei da reencarnação;
7. o estudo das relações dos espíritos com os homens;
8. o descortinar da lei de adoração;
9. as penas e recompensas futuras;
10. Jesus como modelo de perfeição humana; e
11. a educação integral.

Perguntas, Respostas e Educação


Não estamos lidando com um simples livro, mas com uma obra que é alicerce de uma Doutrina, foi escrita por Espíritos Superiores e analisada, comentada e organizada por um educador: Allan Kardec.

Na atualidade diversas pesquisas científicas estudam a inteligência emocional, inclusive a teoria das inteligências múltiplas, e no “Livro dos Espíritos” encontramos a questão 72 em diante informando que a inteligência é atributo do Espírito e “faculdade própria de cada ser”, constituindo assim a sua individualidade moral.

O desenvolvimento da inteligência é estudado nas questões 075-A; 076; 114; 122;180 e 189 quando aprendemos que o uso da inteligência dá ao Espírito consciência de si mesmo até chegar ao pleno domínio do livre-arbítrio.

A influência do organismo físico, estudada pela epistemologia genética, elucidando os estágios de desenvolvimento da criança, está claramente definida na obra básica do Espiritismo quando lemos na questão 352:

"(após o nascimento as faculdades) se desenvolvem gradualmente, com os órgãos. Ele (o Espírito) se encontra numa nova existência; é preciso que aprenda a se servir dos seus instrumentos: as idéias lhe voltam pouco a pouco (...)."

Também as questões 365, 368, 369, 370-A e 380 tratam desse assunto aprofundando o tema influência do organismo.

A teoria do construir social do educador Vygotski, que data da década de trinta do nosso século, está presente no enunciado da questão 208:

“(...) os Espíritos devem concorrer para o progresso recíproco. Pois bem: o Espírito dos pais tem a missão de desenvolver o dos filhos pela educação: isso é para ele uma tarefa? Se nela falhar será culpado.”

Aos pais a tarefa de educar, e a todos nós, na sociedade, a tarefa da ajuda mútua, do construir dinâmico da personalidade, do oferecer oportunidades de desenvolvimento das aptidões, quando quem mais sabe, ensina; quem é mais forte, protege. É a educação social construtiva.

E a educação infantil?

O período compreendido entre 0 e 6 anos é de fato tão importante?

Sim, responde-nos “O Livro dos Espíritos”, muito importante, pois:

1. o Espírito é mais acessível aos bons conselhos e exemplos;
2. a debilidade física toma os Espíritos mais flexíveis; e
3. na infância o Espírito pode ter seu caráter reformado e suas más tendências corrigidas.

Adentramos com essas colocações no terreno da educação moral. A questão 629 de “O Livro dos Espíritos” remete a educação para o campo da moral, definindo-a e dando ao homem duas regras fundamentais de comportamento:

1. fazer tudo tendo em vista o bem e
2. fazer tudo tendo em vista o bem de todos, pois moral “é a regra da boa conduta e portanto, da distinção entre o bem e o mal. Funda-se na observação da lei de Deus.

É o Espiritismo adentrando no terreno da educação moral, ainda longe dos planejamentos pedagógicos e das salas de aula das escolas, e, infelizmente, também não muito presente nos lares.

Ainda dentro do tema de tão grande importância, Allan Kardec adverte na questão 685-A:

“Há um elemento que não se ponderou bastante, e sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a moral, e nem ainda a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar os caracteres, aquela que cria os hábitos adquiridos.”

Efetivamente não ponderamos bastante sobre a educação moral, mesmo neste século, ou nas últimas duas décadas. Somente agora psicólogos pesquisam sobre a “inteligência emocional” e pedagogos timidamente começam a falar sobre autoconhecimento, mesmo assim atrelados à “sociedade do conhecimento”, dando mais ênfase ao intelectual que ao moral.

Para enfrentar a violência, o desrespeito, o conflito, a ignorância, o egoísmo, a paixão desenfreada, enfim, os males sociais modernos que tanto conhecemos, somente a educação moral, única que pode trabalhar o caráter do educando, do Espírito reencarnado.

Como nos diz Daniel Goleman, psicólogo e autor do livro “Inteligência Emocional”, é preciso encararmos de frente uma palavra maldita no meio educacional: “virtude”, o que mais nossos filhos e alunos estão precisando aprender e exercitar.

Quanto à dicotomia, a separação entre o progresso intelectual e o progresso moral, ela não existe, pois “(o progresso intelectual conduz ao progresso moral) dando a compreensão do bem e do mal, pois então o homem pode escolher”, conforme a questão 780-A nos informa. Entretanto, podemos verificar que os Espíritos Superiores não estão falando do simples ensino cultural, da simples transmissão de conhecimentos através das disciplinas curriculares. Estão a nos dizer que a inteligência, que o conhecimento intelectual deve ser exercido para o estudo e a compreensão do bem e do mal, dando ao homem plena capacidade de escolher, com responsabilidade, seu caminho na vida, exercendo o livre-arbítrio após ponderar sensatamente sobre os porquês e conseqüências dos acontecimentos e soluções para cada caso.

E quem pode ser apontado como culpado das misérias sociais? Quem é o causador de tantas desgraças morais no mundo? Respondem os Espíritos: a sociedade. E completam: “É freqüentemente a má educação que falseia o critério dessas pessoas, em lugar de asfixiar-lhes as tendências perniciosas”. Essa resposta está na questão 813.

A má educação é apontada como causadora dos distúrbios individuais e coletivos, sendo a sociedade a maior culpada por manter, através de suas instituições, essa má educação, ou seja, aquela educação desvinculada da moral, da formação do caráter, a única que exerce o papel de combater as más tendências que porventura ainda traga o Espírito reencarnado, e que se manifestam desde a infância (as pesquisas já apontam: desde o nascimento, como bebês).

Corroborando nosso pensamento, eis o que encontramos na questão 889:

(...)se uma boa educação moral lhes tivesse (aos homens) ensinado a praticar a lei de Deus, não teriam caído nos excessos que os levaram à perda. E é disso, sobretudo, que depende o melhoramento do vosso globo”

É realmente “O Livro dos Espíritos” um compêndio pedagógico no mais amplo e profundo sentido.

Todo o estudo feito sobre a educação moral baseia-se na filosofia espírita, o que não poderia ser diferente, chamando-nos atenção esse ponto muito importante: não existe educação sem filosofia. Se não sabemos para que educamos, não teremos como educar.

Quais são os princípios da filosofia espírita da educação? Esse é o estudo que faremos agora, continuando nossos apontamentos em tomo de “O Livro dos Espíritos” e a educação.

Filosofia Espírita da Educação


É a filosofia espírita da educação muito rica, profunda e única quanto a fornecer parâmetros para a educação integral do ser, desde que o posiciona como Espírito imortal.

Na questão 917, lemos que “o egoísmo se enfraquecerá com a predominância da vida moral sobre a vida material “, e justamente a educação moral é o apanágio da filosofia espírita da educação, pois é o instrumento eficaz de combate do egoísmo e do materialismo.

Mas como promover a educação moral? A resposta a essa indagação está na questão 918 de “O Livro dos Espíritos”:

“O Espírito prova a sua elevação quando todos os atos da sua vida corpórea constituem a prática da lei de Deus e quando compreende por antecipação a vida espiritual”.

Levar o educando a operações concretas de observação dos fenômenos da natureza, à sua manipulação, para sentir a grandiosidade da Criação Divina e posicionar-se enquanto filho de Deus, com capacidade para transformar, para cooperar, mas não para criar, é construir nele a humildade e a solidariedade, a compreensão da importância da ecologia e assim por diante, quando então perceberá o funcionamento de leis sublimes regendo os aspectos físicos e morais da vida. Somente, assim, através da observação, do diálogo, da vivência, fará de seus, atos a prática da lei divina, que é lei de amor, bondade e justiça. Estamos falando de promover a espiritualização do ser.

Essa espiritualização concretiza-se na medida em que o Espírito se sensibiliza diante da vida, do próximo e de si mesmo, deixando de ser indiferente, no que os educadores (pais e professores) devem orientá-lo para o autoconhecimento ou auto-educação, conforme informação da questão 919:

“O conhecimento de si mesmo é portanto a chave do melhoramento individual”.

Esse conhecimento é tão importante que Allan Kardec, no comentário à questão 928A, alerta para os cuidados com a escolha da carreira profissional, pois freqüentemente sufocamos as tendências de nossos filhos ou de nossos alunos, não permitindo que eles descubram por si mesmos o que melhor lhes convém para as realizações do seu progresso intelectual e moral. Deixamos que as conveniências sociais se sobreponham às aptidões, motivo pelo qual disserta Kardec:

“Se uma educação moral o tivesse (ao Espírito) preparado acima dos tolos preconceitos do orgulho, jamais ele seria apanhado desprevenido.

Assim, continuando o raciocínio apresentado pelo “O Livro dos Espíritos”, podemos formular as características do homem moral, aquele que recebe a educação moral, conforme enunciado na questão 941:

* elevação acima das necessidades artificiais das paixões;
* moderação dos seus desejos;
* conduta de calma e serenidade;
* felicidade como bem que faz;
* superação das contrariedades sem dor.

Quando sofremos, devemos entender estar sofrendo as conseqüências de alguma violação das leis de Deus, pois não existe dor sem razão, o que nos leva ao entendimento que o homem moral, espiritualizado, dignificado no bem que prodigaliza, adiantado portanto, na escala da evolução, possui consciência tranqüila e uma existência repleta de felicidade, mesmo que não seja um “vencedor” na ordem social estabelecida. Esse é o resultado da educação moral à luz do Espiritismo, que esclarece as virtudes e suas conseqüências, levando o Espírito à plenitude de sua imortalidade. Novamente é Allan Kardec comentando os ensinos dos Espíritos Superiores, desta vez na questão 964.

“O Livro dos Espíritos”, como nos lembra Herculano Pires, é verdadeira obra pedagógica, repleta de novos ensinamentos, fornecendo ao homem o verdadeiro e profundo entendimento sobre a educação moral, sobre a arte da formação do caráter, que, quando colocada em prática na família e na escola, irá renovar os indivíduos e a sociedade.

Para tanto é preciso abordarmos o que se ensina ao Espírito reencarnado, principalmente no período da infância, e essa abordagem, calcada ainda em várias questões da obra básica, mostrará que o Espiritismo é doutrina construtivista do ser.

O que se Ensina ao Educando

Como dissemos, a filosofia espírita da educação preocupa-se com o “como se ensina e o que se ensina”, conforme a resposta dos Espíritos Superiores à questão 966:

“A criança compreende da mesma maneira que o adulto? Aliás, isso depende também do que se tenha ensinado: é nesse ponto que há necessidade de uma reforma.”

A pergunta da espiritualidade tem sobejas razões: a criança - espírito reencarnado - não compreende da mesma maneira do adulto, o que está provado pelas pesquisas da epistemologia genética, da psicologia da educação, do construtivismo. Não se trata de formulação filosófica, de especulação pedagógica, mas de fato comprovado.

Lembremos que em 1857 não tínhamos as formulações psicológicas de Herbart, nem a epistemologia de Jean Piaget, nem os estudos de Montessori, de Freinet e outros, O Espiritismo já formulava uma questão que somente ficou clara para o homem na segunda metade do século vinte.

E se a criança não compreende da mesma maneira que o adulto, o ensino que se pratica na família e na escola deve ser modificado, pois é um ensino preso a “achismos”, a “academicismos”, distante da realidade de vida da criança e ainda recheado de fantasia.

Esses são os motivos de vermos gerações se sucederem carregando o estigma do medo, do preconceito, do egoísmo, dos falsos valores, do materialismo.

Complementando o assunto, encontramos na questão 0974-A:

“Se ensinais coisas que a razão rejeitará mais tarde, produzireis uma impressão que não será durável nem salutar”

Através das produções cinematográficas, televisivas, games, histórias em quadrinhos, literatura ficcional, mantemos um ensino completamente fora do bom-senso, da lógica, misturando fantasias com criações bizarras, criando mundos imaginários sem conotação com a realidade, fazendo com que os heróis usem as mesmas armas dos bandidos, como se a paz pudesse ser conquistada através do uso da violência. E também, nas escolas e na família, ensinamos catedraticamente, sem o exercício do diálogo, do trabalho construtivo, teimando em utilizar exercícios prontos, fórmulas fechadas e discursos repetitivos.

Com o domínio de si mesmo, a criança, agora adolescente ou jovem, tenderá a rejeitar, talvez carregando frustrações, esse ensino equivocado.

O ensino deve transmitir a verdade da alma imortal, as razões da fé em Deus; trabalhar os valores morais e incentivar a conquista de virtudes. Deve voltar-se à formação do homem de bem com o homem no mundo, discutindo sua vida social, a questão das relações, a finalidade da existência. Deve trabalhar a sensibilização dos sentimentos; encorajar o educando à auto-educação e, finalmente, ensinar as ciências e a cultura de forma prática, para utilização no dia-a-dia.

E qual o resultado desse ensino?


A resposta está na questão 1019 de “O Livro dos Espíritos”:

“O bem reinará na Terra quando entre os Espíritos que a vem habitar os bons superarem os maus. Então eles farão reinar o amor e a justiça, que são a fonte do bem e da felicidade. É pelo progresso moral e pela prática das leis de Deus que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e afastará os maus. Mas os maus só a deixarão quando o homem tenha banido daqui o orgulho e o egoísmo.”

Esse é o resultado do ensino espírita, da educação formulada segundo a filosofia espírita.

A proposta de uma pedagogia integral, considerando o educando um espírito reencarnado, trabalhando suas potencialidade intelectuais e emocionais, caracteriza a educação espírita, e que está toda em “O Livro dos Espíritos”, obra fundamental, base do Espiritismo.

O homem de bem construirá o reino de Deus na Terra, ou seja, viverá dentro dos princípios do amor e da justiça, considerando para todos direitos e deveres iguais. Para isso, há que progredir moralmente e esforçar-se para praticar o bem. Que melhor pedagogia do que esta?

É “O Livro dos Espíritos” uma verdadeira obra educacional, e destacamos neste estudo apenas as perguntas e respostas mais diretamente voltadas à educação, sem considerarmos várias questões que tratam das conseqüências da aplicação do Espiritismo como doutrina de educação.

Se podemos fazer um pedido a pais, evangelizadores, professores é este: estudem “O Livro dos Espíritos”!


Bibliografia:

O Livro dos Espíritos, Allan Kardec. Ed. FEESP, 1972.
Pedagogia Espírita, José Herculano Pires, Ed. EDICEL, 1ª.edição
Inteligência Emocional, Daniel Goleman, Ed. Nova Fronteira, 37ª edição.

Visão Espírita da Educação – Marcus Alberto De Mario

*Marcus Alberto de Mário é paulista, orador espírita. Exerceu a função de Assessor de Comunicação Social Espírita da USEERJ – União das Sociedades Espíritas do Estado do Rio de Janeiro e é o atual diretor do IBEM – Instituto Brasileiro de Educação Moral e integra o GEPE - Grupo de Estudo e Pesquisa Espírita.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Gotas de Luz


Lei de Justiça, Amor e Caridade

Respeito às Leis, às Religiões e aos Direitos Humanos

Falou-nos Jesus: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”. Neste ensinamento está resumida a lei de Justiça, de Amor e de Caridade. Com a prática deste ensinamento evangélico, os homens se respeitariam mutuamente, os vínculos sociais entre as criaturas seriam mais consolidados, as leis mais justas, a convivência humana mais pacífica.

Não haveria desrespeito algum entre os homens, cada qual compreenderia os seus direitos, os seus limites de liberdade, professariam a crença para a qual estivessem inclinados sem embargarem ou criticarem a crença dos demais, executariam as leis e normas que regem a vida em Sociedade com precisão e naturalidade, ou seja, a lei de justiça estaria sendo aplicada em sua plenitude. Tudo isto ocorreria e muitas outras coisas mais, se nos amássemos uns aos outros.

Num sentido amplo, tal não acontece, infelizmente, e por este motivo, ainda existe tanto desrespeito às leis e aos direitos humanos.

Segundo os Espíritos na Codificação [*LE-qst. 875] “A justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais”, acrescentado que duas coisas determinam esses direitos: “a lei humana e a lei natural”. Isto porque “tendo os homens formulado leis apropriadas a seus costumes e caracteres, eles estabeleceram direitos mutáveis com o progresso das luzes.”

Uma lei na sociedade vivente, por exemplo, na Idade Média, pareceria, nos dias atuais, algo inconcebível, apesar de ser justa e natural naquela época. Nem sempre pois, é acorde com a justiça o direito que os homens prescrevem. Demais, esse direito regula apenas algumas relações sociais quando é certo que, na vida particular, há uma imensidade de atos unicamente da alçada do tribunal da consciência”. Isto no que diz respeito à lei humana; com relação à lei natural disse-nos, igualmente, Jesus: “Queira cada um para os outros o que quereria para si mesmo”. No coração do homem imprimiu Deus a regra verdadeira da justiça, fazendo que cada um deseje ver respeitados os seus direitos. Na incerteza de como deva proceder com o seu semelhante, em dada circunstância, trate o homem de saber como quereria que com ele procedessem, em circunstância idêntica. Guia mais seguro que a própria consciência não lhe podia Deus haver dado.

Perante as leis, as religiões e demais direitos humanos devemos, sempre, agir cordialmente com respeito e fraternidade legítimas. Respeitar as idéias e as pessoas de todos os nossos irmãos, sejam eles nossos vizinhos ou não, estejam presentes ou ausentes, sem nunca descer ao charco da leviandade que gera maledicência.

Quem reprova alguém conosco, decerto que nos reprova perante alguém.

Suprimir toda crítica destrutiva na comunidade em que aprende e serve.

A seara de Jesus pede trabalhadores decididos a auxiliar.

Perdoar sempre as possíveis e improcedentes desaprovações sociais à sua fé, confessando, quando preciso for, a sua qualidade religiosa, principalmente através da boa reputação e da honradez que lhe exornam o caráter.

Cada Espírito responde por si mesmo.

Cooperar com os poderes constituídos e as organizações oficiais empenhando-se, desinteressadamente, na melhoria das condições da máquina governamental, no âmbito dos próprios recursos.

Estimar e reverenciar os irmãos de outros credos religiosos.

Em nenhuma circunstância, pretender conduzir alguém ou alguma instituição, dessa ou daquela prática religiosa, à humilhação e ao ridículo. Com relação à fé religiosa das pessoas ninguém pensa em lhes violentar a crença; concordem, pois, em respeitar a dos outros.

Podemos então concluir que as causas que geram os desrespeitos humanos, são aquelas vinculadas à própria imperfeição humana. São aquelas que dificultam o progresso, como o orgulho e o egoísmo e todas as demais paixões e imperfeições características de Espíritos em vias de melhoria moral.

À medida que o homem progride moralmente amplia sua liberdade e acresce-lhe o senso de responsabilidade, isto porque, a responsabilidade resulta do amadurecimento pessoal em torno dos deveres morais e sociais, que são a questão matriz fomentadora dos lídimos direitos humanos.


Fonte: CVDEE
"Leis Divinas e Naturais" continua no próximo Gotas de Luz.

Referências:
*O Livro dos Espíritos

domingo, 24 de abril de 2011

Mensagem da Semana

Ouvir a Mensagem


A Educação


Um dia desses, lemos em um adesivo colado no vidro traseiro de um veículo a seguinte advertência: Minha educação depende da tua.

Ficamos a imaginar qual seria o conceito de educação para quem pensa dessa forma.

Ora, se nossa educação dependesse dos outros, certamente seria tão instável quanto a quantidade de pessoas com as quais nos relacionamos.

Ademais, se assim fosse, não formaríamos jamais o nosso caráter. Seríamos apenas o resultado do comportamento de terceiros. Refletiríamos como se fôssemos um espelho.

A educação, segundo o Codificador do Espiritismo Allan Kardec, é a arte de formar caracteres, e por conseguinte, é o conjunto de hábitos adquiridos.

Assim sendo, como fica a nossa educação se refletir tão somente o comportamento dos outros, como uma reação apenas?

O verdadeiro caráter é forjado na luta. Na luta por dominar as más tendências, por não revidar uma ofensa, por retribuir o mal com o bem.

Um amigo tinha o costume de dizer: Bateu, levou. Um dia perguntamos se ele admirava os mal-educados que tanto criticava.

Imediatamente ele se posicionou em contrário: É claro que eu não aprovo pessoas mal- educadas !

Então questionamos outra vez: Se não os admira, por que você os imita?

Ele ficou um tanto confuso, pensou um pouco e respondeu: É, de fato deveríamos imitar somente o que achamos bonito.

Dessa forma, a nossa educação não deve jamais depender da educação dos outros, menos ainda da falta de educação dos outros.

Todos os ensinamentos do Cristo, a quem a maioria de nós diz seguir, recomendam apresentar a outra face.

Imaginemos se Jesus, o Mestre, tivesse nos ensinado: Se alguém te bater numa face, esmurra-lhe a outra. Ou então: Faz aos outros tudo aquilo que não desejas que te façam. Nós certamente não O aceitaríamos como Modelo e Guia.

Assim sendo, lutemos por nos educar segundo os preceitos do Mestre de Nazaré que, diante dos momentos mais dolorosos de Sua vida, manteve a calma e tolerou com grandeza todas as agressões sofridas.

Não nos espelhemos nos que não são modelos nem de si mesmos. Construamos o nosso caráter com os exemplos nobres.

Quando tivermos que prestar contas às Leis que regem a Vida, não encontraremos desculpas para a nossa falta de educação, nem poderemos jogar a culpa nos outros, já que Deus nunca deixou a Terra sem bons exemplos de educação e dignidade.

****

Não adotemos os costumes comuns que nada têm de normais.

O normal é cada um buscar a melhoria íntima com os recursos internos e externos que Deus oferece.

As rosas, mesmo com as raízes mergulhadas no estrume, se abrem para oferecer ao mundo o seu inconfundível perfume.

O sândalo, por ser uma árvore nobre, deixa suave fragrância impregnada no machado que lhe dilacera as fibras.

Assim, nós também podemos dar exemplos dignos de serem imitados.


Redação do Momento Espírita, com base nos comentários de Allan Kardec para as questões 685 e 685a de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB.

Disponível no CD Momento Espírita, vol. 2, ed. FEP.

sábado, 23 de abril de 2011

O Livro dos Espíritos para Ler e Ouvir

Disponibilizamos para os caríssimos leitores, "O Livro dos Espíritos" completo em aúdio (MP3) e em (PDF). Para ler, ouvir online ou baixar.


















O Livro dos Espíritos (Audiobook) >>Download




















O Livro dos Espíritos em PDF (para leitura)>>Download

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Imagem e Mensagem: Sempre com Deus -Momento Espírita

Um momento de comunhão com o "nosso Eterno Pai", que está sempre presente em nossa vida, com uma belíssima mensagem em aúdio do Momento Espírita.


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Do Livro III – Leis Morais


Capítulo I – Lei Divina ou Natural

Características da Lei Natural


614 O que se deve entender por lei natural?

– A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem; ela lhe indica o que deve ou não fazer, e ele é infeliz somente quando se afasta dela.

615 A lei de Deus é eterna?

– Eterna e imutável como o próprio Deus.

616 Deus ordenou aos homens, numa época, o que lhes proibiu em outra?

– Deus não pode se enganar; são os homens que são obrigados a mudar suas leis, porque são imperfeitos; mas as leis de Deus são perfeitas. A harmonia que rege o universo material e o universo moral é fundada sobre as leis que Deus estabeleceu para toda a eternidade.

617 Que objetivos abrangem as leis divinas? Elas se referem a outra coisa além da conduta moral?

– Todas as leis da natureza são leis divinas, uma vez que Deus é o criador de todas as coisas. O sábio estuda as leis da matéria, o homem de bem estuda as da alma e as pratica.

617 a É permitido ao homem se aprofundar em ambas?

– Sim, mas uma única existência não basta.

* Que são, de fato, alguns anos para adquirir tudo o que constitui o ser perfeito, se considerarmos apenas a distância que separa o selvagem do homem civilizado? A mais longa existência possível de imaginar é insuficiente e com maior razão quando é abreviada, como acontece com muitos. Entre as leis divinas, umas regem o movimento e as relações da matéria bruta: são as leis físicas, cujo estudo é do domínio da ciência. Outras dizem respeito especialmente ao homem em si mesmo e em suas relações com Deus e com seus semelhantes. Elas compreendem as regras da vida do corpo como também as da vida da alma: são as leis morais.

618 As leis divinas são as mesmas para todos os mundos?

– A razão diz que devem ser apropriadas à natureza de cada mundo e proporcionais ao grau de adiantamento dos seres que os habitam.


Origem e Conhecimento da Lei Natural

619 Deus deu a todos os homens meios de conhecer Sua lei?

– Todos podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem; os que a compreendem melhor são os homens de bem e os que procuram pesquisá-la; entretanto, todos a compreenderão um dia, porque é preciso que o progresso se realize.

* A justiça das diversas encarnações do homem é uma conseqüência desse princípio, uma vez que a cada nova existência sua inteligência é mais desenvolvida e compreende melhor o bem e o mal. Se tudo devesse se cumprir numa única existência, qual seria a sorte de tantos milhões de seres que morrem a cada dia no embrutecimento da selvageria ou nas trevas da ignorância, sem que tivesse dependido deles o esclarecimento? (Veja as questões 171 e 222.)

620 A alma, antes de sua união com o corpo, compreende a lei de Deus melhor que depois de sua encarnação?

– Compreende-a conforme o grau de perfeição que atingiu e conserva disso a lembrança intuitiva depois de sua união com o corpo; contudo, os maus instintos do homem o fazem esquecer-se dela.

621 Onde está escrita a lei de Deus?

– Na consciência.

621 a Uma vez que o homem traz inscrita na consciência a lei de Deus, há necessidade que lhe seja revelada?

– Ele a esqueceu e a menosprezou; Deus quis que ela fosse lembrada.

622 Deus deu a alguns homens a missão de revelar Sua lei?

– Sim, certamente; em todos os tempos houve homens que receberam essa missão. São os Espíritos Superiores encarnados com o objetivo de fazer a humanidade avançar.

623 Aqueles que pretenderam instruir os homens na lei de Deus não estavam algumas vezes enganados e, freqüentemente, não fizeram com que se transviassem por meio de falsos princípios?

– Aqueles que não são inspirados por Deus e que, levados pela ambição, se disseram portadores de uma missão que não tinham, certamente puderam desviá-los. Entretanto, como eram de fato homens de gênio, mesmo no meio dos erros ensinados muitas vezes encontram-se grandes verdades.

624 Qual é o caráter do verdadeiro profeta?

– É um homem de bem, inspirado por Deus. Pode-se reconhecê-lo por suas palavras e ações. Deus não se serviria da boca de um mentiroso para ensinar a verdade.

625 Qual é o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo?

– Jesus.

* Jesus é para o homem o exemplo da perfeição moral a que pode pretender a humanidade na Terra. Deus nos oferece Jesus como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque era o próprio Espírito Divino e foi o ser mais puro que apareceu na Terra.


Se alguns daqueles que pretenderam instruir o homem na lei de Deus algumas vezes o desviaram, ensinando-lhe falsos princípios, foi por se deixarem dominar por sentimentos muito materiais e por ter confundido as leis que regem as condições da vida da alma com as do corpo. Muitos anunciaram como leis divinas o que eram apenas leis humanas criadas para servir às paixões e dominar os homens.

626 As leis divinas e naturais só foram reveladas aos homens por Jesus e, antes dele, tinham conhecimento delas apenas pela intuição?

– Não dissemos que elas foram escritas em todos os lugares? Todos os homens que meditaram sobre a sabedoria puderam compreendê-las e ensiná-las desde os séculos mais remotos. Com os seus ensinamentos, mesmo incompletos, eles prepararam o terreno para receber a semente. Estando as leis divinas escritas no livro da natureza, o homem pôde conhecê-las quando as quis procurar. Eis por que os preceitos que consagram foram proclamados em todos os tempos pelos homens de bem e é por isso, também, que se encontram seus elementos na doutrina moral de todos os povos saídos da barbárie, embora incompletos ou alterados pela ignorância e pela superstição.

627 Uma vez que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual é a utilidade do ensinamento dado pelos Espíritos? Terão a nos ensinar alguma coisa a mais?

– A palavra de Jesus era, muitas vezes, alegórica e em parábolas, porque falava de acordo com os tempos e os lugares. É preciso agora que a verdade seja inteligível para todo mundo. É preciso também explicar e desenvolver essas leis, uma vez que há tão poucas pessoas que as compreendem e ainda menos as que as praticam. Nossa missão é de abrir os olhos e os ouvidos para confundir os orgulhosos e desmascarar os hipócritas: aqueles que tomam as aparências da virtude e da religião para ocultarem suas baixezas. O ensinamento dos Espíritos deve ser claro e inequívoco, a fim de que ninguém possa alegar ignorância e cada um possa julgá-lo e apreciá-lo com a razão. Estamos encarregados de preparar o reino do bem anunciado por Jesus; por isso, não é correto que cada um possa interpretar a lei de Deus ao capricho de suas paixões nem falsear o sentido de uma lei toda de amor e de caridade.

628 Por que a verdade nem sempre foi colocada ao alcance de todos?

– É preciso que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: é preciso se habituar a ela pouco a pouco; de outro modo, fica-se deslumbrado.

* Nunca ocorreu que Deus permitisse ao homem receber comunicações tão completas e instrutivas como as que lhe é dado receber hoje. Havia, como sabeis, na Antiguidade, alguns indivíduos que estavam em poder do que consideravam uma ciência sagrada e da qual faziam mistério aos que, de acordo com o seu julgamento, eram profanos. Deveis compreender, com o que conheceis agora das leis que regem os fenômenos das comunicações dos Espíritos, que esses indivíduos recebiam apenas algumas verdades esparsas no meio de um conjunto equívoco e, a maior parte do tempo, simbólico. Entretanto, não há para o homem estudioso nenhum antigo sistema filosófico, nenhuma tradição, nenhuma religião a negligenciar, pois em tudo há os germes das grandes verdades que, ainda que pareçam contraditórias, esparsas que estão em meio a acessórios sem fundamento, são muito fáceis de entender, graças à chave que o Espiritismo dá para uma multidão de coisas que puderam, até aqui, parecer sem razão e que, hoje, a realidade vos demonstra de uma maneira irrecusável. Não deixeis, portanto, de tirar dessas matérias assuntos de estudo; elas são muito ricas e podem contribuir muito para a vossa instrução.


O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Parte Terceira, "Leis Morais”, cap.I– "Lei Divina ou Natural", questões de 614 a 628 (Caracterísiticas da Lei Natural e Origem e Conhecimento da Lei Natural)- Petit Editora, Tradução de Renata Barbosa da Silva e Simone T. Nakamura Bele da Silva.

*Comentário de Allan Kardec às respostas dos Espíritos

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O Poder do Pensamento



Pensamento e Inércia


Por Carlos Bernardo Loureiro


Após a morte de Helena P. Blavatsky, em 1891, os discípulos de C. W. Leadbeater e Annie Besant deram a lume o livro "Thughtforms" (Formas Pensamento), lançado no Brasil pela Editora Pensamento. As pesquisas dos dois teosofistas partiram dos trabalhos do Dr. Hippolyte Baraduc, na expectativa de confirmar, como realmente confirmaram, as informações colhidas através da vidência. Os pensamentos-emoções, irradiados por uma pessoa manifestam-se em determinadas formas e cores. Observou-se que o conteúdo moral dos pensamentos determinadas formas. Ódio, amor, felicidade, agressividade, medo, frustração, cada sentimento produzia imagem distinta, específica. Leadbeater e Annie Besant concluíram que as pesquisas que se realizavam poderiam revolucionar a Ciência que, finalmente, poderia envolver-se no estudo sobre os fenômenos psíquicos. Mas, a Ciência jamais se interessou por esse tipo de pesquisa, salvo isoladas investigações (algumas notáveis) a cargo de cientistas do porte de T. Fukurai, o francês Comandante Darget e o alemão Barão Albert S. Notzing, os dois últimos notáveis experimentadores no campo da ectoplasmia. Por volta de 1910, o Dr. Fukurai realizou uma série de experiências com um grupo de médiuns. Solicitava que transferissem símbolos e signos da escrita japonesa para uma chapa fotográfica, usando tão somente a força do pensamento. O método do Dr. Fukurai antecipava, em anos, o que seria utilizado com o sensitivo americano Ted Sérios.

Considerava-se, assim, o pensamento como uma forma de energia, que conseguia imprimir nas chapas fotográficas, diretamente, imagens e signos. O êxito dessas revolucionárias experiências não conseguiu, porém, sensibilizar os setores ortodoxos da Ciência oficial. Houve, até, acerba reação ao trabalho do Dr. Fukurai, por parte de seus colegas da Universidade Imperial de Tóquio. A ignorância, o preconceito, o espírito de sistema, a velha e perniciosa inveja sempre se constituíram obstáculos aos avanços científicos. Na atualidade, o estudo dos fenômenos psíquicos, promovidos pelos encarnados (vivos) e desencarnados ( mortos? ), tem avançado consideravelmente. Criaram, até, em Laboratório o termo PSI, retirado da letra grega de igual nome, por Thouless e Wiesner, para designar qualquer espécie de conhecimento que se não coaduna com as leis científicas usuais. Estabeleceram uma divisão:

PSI-GAMA (ou Mentais)
PSI-KAPA (os Físicos)

Em 1969, dezembro, a "American Association for the Advancement of Science" aceitou a filiação da "Parapsychological Association". O fato representa o coroamento de longa e penosa luta desde os tempos gloriosos das pesquisas psíquicas. Tem-se como provada a realidade dos fenômenos de telepatia, da clarividência, da precognição e da psicocinesia. Mas, deve-se fazer justiça ao Mestre Allan Kardec: ele foi o responsável direto e consciencioso de todo o processo de investigação em torno do homem e da alma, a partir do momento em que lançou, em Paris, "O Livro dos Espíritos", a 18 de abril de 1857.

Héctor Durville (1848-1923), continuador da obra do magnetizador Barão Du Potet, realizou extraordinárias experiências sobre o desdobramento espiritual. Escreveu uma obra clássica a respeito do magnetismo, de parceria com Paul C. Jagot. Certa ocasião, uma médium levada, por Héctor Durville ao estado sonambúlico descreveu o seguinte:

O paciente pensa, o médium lê.

"Não posso ouvir a sua voz, mas "vejo" seus pensamentos como espécies de raios de luz saindo de seu cérebro; eles emanam de sua própria alma; nós, almas livres, conseguimos ver com incrível facilidade as vibrações que a alma emite, através do organismo físico, ao pensar."

Eis por qual motivo almas mais adiantadas podem ler nossos pensamentos, a eles reagindo conforme o teor de que os mesmos se revestem. Em escala menor, é claro, pode-se identificar o fenômeno da Natureza. Cleve Backster, pioneiro da moderna pesquisa sobre o comportamento dos vegetais, admite que eles possuem, ainda que a nível primário, um tipo de percepção cujo mecanismo é uma incógnita. Após uma série de demoradas experiências, Cleve Backster (com o seu Polígrafo) começou a ter acesso ao fantástico universo emocional das plantas. Constatou que uma planta doméstica às vezes escolhe uma pessoa que se encontra na sala e começa a produzir no Polígrafo um padrão gráfico que reproduz, à perfeição, as batidas cardíacas da pessoa tomada como modelo. As plantas "sabem" quando devem encenar um "desmaio" estratégico. Quando um cientista canadense visitou Backster, para observar as suas experiências, as plantas não se manifestaram. Enquanto o pesquisador estrangeiro permaneceu no ambiente, as plantas não se prontificaram a cooperar, percebendo que algo determinara o "procedimento"das plantas, perguntou ao canadense se seus trabalhos, de algum modo, envolviam violências contra plantas. A resposta deixou-o espantado. - "sim, eu as levo ao forno, a fim de obter o seu peso seco para análise". Pouco tempo depois da partida do visitante, as plantas retornaram as suas surpreendentes manifestações...

O tema é sobretudo fascinante e perturbador. Admitindo-se que as revelações de Leadbeater e Annie Besant não se sustentem na ilusão, devendo ser tratadas como autênticos fenômenos, deve-se concluir que as formas-pensamento que ambos viram são compostas de uma matéria sutil, capazes de se movimentar. Vejamos o que esses expoentes da Teosofia informam a respeito: "Se os pensamentos de alguém estão concentrados em outra pessoa, a forma criada por tais pensamentos estão concentrados no próprio emitente, então eles ficam circulando à sua volta, sempre prontos a influenciá-lo." Eles finalizam: "O homem viaja pela vida dentro de um invólucro de pensamentos que ele mesmo cria".

Alguns cientistas, ao longo de suas pesquisas, perceberam que existe uma inquestionável relação entre o pensamento e a matéria. O físico Niels Bohr chegou a afirmar que "se quisermos interpretar corretamente a mecânica dos "quantas", suas experiências, e seus paradoxos, temos de aceitar o pensamento como uma ação puramente física".

Einstein, por sua vez, admite que "Do conceito de que a matéria é um fantasma eletrônico, até a idéia de que o pensar ; e uma imagem-pensamento que se materializa, não existe um grande passo".

Há algum tempo, o Físico Marcel Vogel, da Califórnia, realizou experiências utilizando-se métodos espectográficos, destinados a medir uma seqüência de pensamentos concentrados, e expressar os resultados graficamente. Voguel publicou os resultados de suas notáveis e revolucionárias experiências em 1973.

Vem-se observando, pois, que os fenômenos antes estudados e praticados pelo Ocultismo, constituem objeto das preocupações dos grandes cientistas, que não medem esforços para penetrar-lhes a natureza íntima de seus mecanismos. Na verdade, o que antes andava no terreno da superstição é matéria de laboratório. Afinal de contas, a fenomenologia espiritual tem a sua gênese na própria Lei Natural. E o pensamento é, nada mais nada menos, que a expressão do Ser espiritual quer esteja vivenciando uma existência corpórea ou incorpórea. Ambos, como afirmou Allan Kardec, têm condições de provocar idênticos fenômenos dependendo das circunstâncias ambientais.


Publicado no Correio Fraterno do ABC, novembro de 2001

terça-feira, 19 de abril de 2011

Programa Especial "O Livro dos Espíritos"

Programa "Alimento para a Alma" com o tema "O Livro dos Espíritos", apresentado no ano de 2008 pelo orador e médium paulista André Luiz Ruiz e exibido pela "TV Jornal" na ocasião em que a obra básica da codificação completava 151 anos de sua publicação.


1ª Parte


2ª parte


3ª parte


4ª parte

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A Estrutura Didática de "O Livro dos Espíritos"


"Este livro é o repositório de seus ensinos (dos Espíritos). (... ) Só a ordem e a distribuição metódica das matérias, assim como as notas e a forma de algumas partes da redação constituem obra daquele que recebeu a missão de os publicar " Allan Kardec(1)

Introdução:

As expressões "ordem" e "distribuição metódica" que sublinhamos no texto em epígrafe são por demais sugestivas. O codificador da Doutrina Espírita, judiciosamente caracterizado como "o bom senso encamado",(2) certamente teve a preocupação de apresentar a obra fundamental da Codificação Espírita dentro de uma sistemática que fosse, ao mesmo tempo, filosófica, lógica e didaticamente muito bem estruturada.

Fornecer subsídios para uma análise cuidadosa da Tábua das Matérias, isto é, do índice de O Livro dos Espíritos (L.E.), com o objetivo de explicitar uma lógica subjacente à ordem e à distribuição metódica das matérias, constitui o propósito principal deste nosso trabalho.

Apresentaremos nossa análise de O Livro dos Espíritos em duas etapas.

Na primeira etapa, daremos uma visão da estrutura geral da obra, levando em consideração a sua divisão em quatro partes (ou livros). Isto é, apresentaremos argumentos que justificam essa divisão em quatro partes.

De fato, foi provavelmente essa divisão que deu origem ao Pentateuco Espírita. As outras quatro obras fundamentais nasceram como um desenvolvimento de cada uma das partes de O Livro dos Espíritos.

Na segunda etapa, discutiremos cada uma das quatro partes, procurando mostrar de que forma se pode visualizar uma estrutura interna subjacente a cada uma delas. A partir dessa estrutura interna pode-se justificar a ordem proposta por Kardec para os capítulos constituintes da obra. Considere, por exemplo, a segunda parte "Do Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos". Como justificar a ordem apresentada para os seus onze capítulos?

Não temos a intenção - e, na verdade, nem podemos tê-la - de passar a idéia de que a estrutura que estamos propondo para a obra O Livro dos Espíritos seja aquela pensada por Kardec. Pretendemos tão somente desenvolver conceitos formados na Codificação Kardequiana, na esperança de fornecer contribuições para o estudo da estrutura lógica da monumental obra O Livro dos Espíritos.

Cabe manter sempre presente a assertiva de Kardec:

"O homem que julga infalível a sua razão está bem perto do erro." (3)

A ESTRUTURA DE O LIVRO DOS ESPÍRITOS

"Como meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma forma que as ciências positivas, aplicando o método experimental. Fatos novos se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis conhecidas: ele os observa, compara, analisa, e, remontando dos efeitos às causas, chega à conclusão, depois, deduz-lhes as conseqüências e busca as aplicações úteis. " - Allan Kardec (4)

Não é nosso propósito discutir o método científico utilizado por Allan Kardec. A "Excelência metodológica do Espiritismo" - a tese de que o Espiritismo ajusta-se perfeitamente aos critérios modernos para a caracterização de uma ciência - foi criteriosamente explorada por Chibeni, em vários artigos publicados na revista Reformador. (5)

As quatro fases, que sublinhamos no texto de Kardec, acima, sobre o meio de elaboração do Espiritismo, podem ser utilizadas para abstrairmos uma forma didática de apresentação de uma doutrina de caráter científico. Deve ficar claro, desde agora, que não estaremos propondo um método científico de elaboração do Espiritismo. Estaremos apenas sugerindo uma forma, didaticamente adequada, para a apresentação (ou exposição) da Doutrina Espírita.

A primeira fase, Fatos Novos se apresentam, sugere que, primeiramente, deve ser definido ou escolhido o objeto a ser estudado. Escolhe-se o universo ou o domínio a ser examinado. Delimita-se o campo de atuação da ciência em estudo.

A segunda fase, Observação, Comparação e Análise, sugere que se deve, a partir da escolha anteriormente realizada, apresentar uma análise detalhada do universo ou do domínio a ser estudado. Nessa análise, todos os conceitos fundamentais são explicitados, tendo em vista a formulação das leis.

A terceira fase, Formulação das Leis, sugere que leis reguladoras do universo em exame devem ser formuladas levando-se em conta a análise apresentada na segunda fase. Desta forma, todos os conceitos necessários para uma melhor compreensão das leis formuladas já foram apresentados na segunda fase.

A quarta fase, Dedução das conseqüências e busca de aplicações úteis, sugere o que se pode obter da aplicação das leis formuladas sobre os indivíduos do domínio.

Podemos agora formular a seguinte estrutura didática geral para O Livro dos Espíritos:

A 1a. Fase correspondente à parte primeira "Das Causas Primárias".

Deus e dois elementos gerais do universo, matéria e Espírito, constituem a trindade universal.

Sobre a Divindade vale ressaltar: "Deus existe; disso não podeis duvidar e é o essencial. Crede-me, não vades além. Não vos percais num labirinto donde não lograríeis sair. Isso não vos tornaria melhores, antes um pouco mais orgulhosos, pois que acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis... " (O Livro dos Espíritos, questão 14).

Por isso mesmo, Deus não deve, e não pode, ser o objeto principal de estudo o Espiritismo. (6)

A matéria, por sua vez, é o objeto de estudo das ciências ordinárias. Resta ao Espiritismo estudar, do ponto de vista moral, o segundo e mais importante elemento geral do universo: o Espírito.

"Assim como a ciência propriamente dita tem por objeto o estudo das leis do princípio material, o objeto especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do princípio espiritual". (A Gênese, Cap. I, item 16)

Definido o objeto, deve-se examiná-lo detalhadamente. O que será feito na 2a. parte.

A 2a. Fase corresponde à parte segunda "Do Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos".

Os conceitos fundamentais acerca do princípio inteligente - Espírito - são examinados: a origem e natureza dos Espíritos, sua forma e ubiqüidade; o perispírito; as diferentes ordens de Espíritos; a progressão dos Espíritos; a encarnação e reencarnação dos Espíritos; a vida espírita; a emancipação da alma; a intervenção dos Espíritos no mundo corporal etc.

Com isso, todos os conceitos necessários à compreensão das leis que regulam a vida moral do Espírito foram analisados. A descrição pormenorizada das Leis Morais é apresentada na 3ª parte.

A 3a. fase corresponde à parte terceira "Das Leis Morais"

"As leis divinas, que é que compreendem no seu âmbito? Concernem a alguma outra coisa, que não somente ao procedimento moral. Todas as da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o autor de tudo. O sábio estuda as leis da matéria, o homem de bem estuda e pratica as da alma ". ( Livro dos Espíritos, questão 617)

As leis morais regulam a conduta dos Espíritos. As leis físicas regulam o mundo material. Através da mediunidade, pode-se verificar a ação da lei moral na vida de um Espírito. Através da experimentação, em laboratório, testa-se uma lei física. Em ambos os casos, a experimentação (pela mediunidade ou no laboratório) permite dizer que a lei proposta não é pura especulação filosófica.

As conseqüências, para o Espírito, do cumprimento ou não das Leis Morais são analisadas na 4a. Parte.

A 4a. Fase corresponde à parte quarta "Das Esperanças e Consolações"

Do cumprimento ou não das leis decorrem, necessariamente, as penas e gozos terrestres ou as penas e gozos futuros.

"Todas as nossas ações estão submetidas às leis de Deus. Nenhuma há, por mais insignificante que nos pareça, que não possa ser uma violação daquelas leis. Se sofrermos as conseqüências dessa violação, só nos devemos queixar de nós mesmos, que desse modo nos fazemos os causadores da nossa felicidade, ou da nossa infelicidade futura. " (O Livro dos Espíritos, questão 964).

A ESTRUTURA DIDÁTICA DE CADA UMA DAS PARTES DE O LIVRO DOS ESPÍRITOS

A estrutura didática da 1a. parte "Das Causas Primárias"

Deus, "a causa primária de todas as coisas", dá origem aos dois elementos gerais do universo: Espírito ("princípio inteligente do universo") e matéria ("agente, intermediário com o auxílio do qual e sobre o qual atua o Espírito"). Da ação do Espírito sobre a matéria, segundo a lei divina, surge a criação. Dentre todas as criações destaca-se a criação dos seres vivos, cuja vida é um efeito devido à ação de um agente (princípio vital) sobre a matéria". "Esse agente, sem a matéria, não é vida, do mesmo modo que a matéria não pode viver sem esse agente." (O Livro dos Espíritos, questões 1, 22, 23 e 63).

Parte Primeira:

Das Causas Primárias

1° Capítulo: De Deus

2° Capítulo: Dos Elementos Gerais do Universo

3° Capítulo: Da Criação

4° Capítulo: Do Princípio Vital

A Estrutura da 2a. Parte: "Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos"


Os Espíritos constituem o "mundo dos Espíritos ou das inteligências incorpóreas". O mundo corporal e o mundo dos Espíritos "são independentes; contudo, é incessante a correlação entre ambos, porquanto um sobre o outro incessantemente reagem" (O Livro dos Espíritos, questão 86). Sendo o Espírito o elemento inteligente comum aos dois mundos, corporal e espiritual, ele pode ser encontrado em 6 (seis) estados ou situações possíveis, com respeito a esses dois mundos:

1° - Em trânsito do mundo espiritual para o corporal, isto é, em processo de encarnação;

2° - Em trânsito do mundo corporal para o espiritual, ou seja, em processo de desencarnação;

3° - Vivendo no mundo espiritual como Espírito;

4° - Vivendo no mundo corporal como Espírito encarnado (ou alma);

5° - Estando no mundo corporal e ao mesmo tempo interferindo no mundo espiritual;

6°- Estando no mundo espiritual e ao mesmo tempo interferindo no mundo corporal.

O Espírito é o elemento inteligente que atua nos dois lados da vida (corporal e espiritual), portanto, ele deve ser estudado em primeiro lugar. O primeiro capítulo intitula-se "Dos Espíritos".

O 1° estado descrito acima é estudado no capítulo II "Da encarnação dos Espíritos".

O 2° estado é analisado no capítulo III "Da volta do Espírito, extinta a vida corpórea, à vida espiritual".

Esses dois processos, encarnar e desencarnar, dão origem às diversas vidas do Espírito. Essas diversas vidas são examinadas no capítulo IV "Da pluralidade das existências". Como a lei da Pluralidade das Existências constituiu um dos princípios mais importantes da Codificação Espírita, cabe estabelecer as bases seguras de sua fundamentação, o que será feito no capítulo V "Considerações sobre a pluralidade das existências".

O 3º estado, a vida do Espírito no mundo espiritual, é estudado no capítulo VI "Da vida espírita".

O 4º estado, a vida do Espírito no mundo corporal, é analisado no capítulo VII "Da volta do Espírito à vida corporal".

O 5° estado, vivendo no corpo e interferindo no mundo espiritual, constitui o capítulo VIII "da emancipação da Alma".

O 6° estado, vivendo no mundo espiritual e interferindo no mundo corporal, constitui o capítulo IX "Da intervenção dos Espíritos no mundo corporal".

Os seis estados possíveis - encamar, desencarnar, viver no mundo corporal, viver no mundo espiritual, estar no corpo e, ao mesmo tempo, atuar no mundo espiritual, viver no mundo espiritual e, ao mesmo tempo, interferir no mundo corporal - dão origem às missões e ocupações dos Espíritos, apresentadas no capítulo X. "Das ocupações e missões dos Espíritos".

Esta ação constante do princípio inteligente nos dois lados da vida, corporal e espiritual, vem demonstrar que "tudo em a Natureza se encadeia por elos que ainda não podeis aprender". "Se observa a série dos seres, descobre-se que eles formam uma cadeia sem solução de continuidade, desde a matéria bruta até o homem mais inteligente". (O Livro dos Espíritos, questão 604 e item XVII da Introdução, respectivamente).

Para estabelecer que esta cadeia - resultado da ação recíproca dos dois mundos, corporal e espiritual (ou dos dois princípios, Espírito e matéria) - se estende, no mundo corporal, para além dos seres humanos, Kardec apresenta o décimo primeiro e último capítulo da Segunda parte: "Dos três reinos."

"Já não dissemos que tudo em a Natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito". (O Livro dos Espíritos, questão 607)

A Estrutura da 3a. Parte: "Das Leis Morais"


Nesta parte são apresentadas as respostas para as três indagações:

a) O que é Lei Moral?

b) Quais são as Leis Morais?

c) Como praticar as Leis Morais?

No capítulo 1 "Da Lei Divina ou Natural" a primeira indagação acima encontra a sua resposta: : Entre as leis divinas, umas regulam o movimento e as relações da matéria bruta: as leis físicas, cujo estudo pertence ao domínio da ciência. As outras dizem respeito especialmente ao homem considerado em si mesmo e nas suas relações com Deus e com seus semelhantes. Contém as

regras da vida do corpo, bem como as da vida da alma: são as leis morais." (O Livro dos Espíritos, questão 617)

A resposta para a segunda pergunta "Quais são as Leis Morais?" pode ser encontrada na parte sublinhada acima: as leis morais devem estabelecer todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o seu próximo.

As Leis Morais estabelecem todos os deveres do homem:

1° - para com Deus;

2° - para consigo mesmo; e

3° - para com o próximo.

Os deveres do homem, na sua relação com Deus, são estabelecidos nas duas primeiras leis morais: Adoração (cap. II) e Trabalho (Cap. III). Através da adoração ("elevação do pensamento a Deus") e do trabalho ("toda ocupação útil") o homem aproxima-se de Deus. Da adoração, de certa forma, decorre o trabalho, já que "Deus, modelo de amor e caridade, nunca esteve inativo". (O Livro dos Espíritos, questões 649, 675 e 21, respectivamente).

Os deveres do homem para consigo mesmo são estabelecidos nas três leis seguintes: Reprodução, Conservação e Destruição (capítulos IV, V e VI, respectivamente).

Pela reprodução o homem dá origem à vida corporal na Terra. Deve ser o seu primeiro dever para consigo mesmo (ou para com a espécie): garantir a existência do mundo corporal. Depois, deve manter a própria vida, pela sua conservação. Da conservação decorre, em certo sentido, a destruição: "Para se alimentarem os seres vivos reciprocamente se destroem..." (O Livro dos Espíritos, questão 728a)

Os deveres do homem com o seu próximo são estabelecidos nas leis: Sociedade (cap. VII), Progresso (cap. VIII), Igualdade (cap. IX) e Liberdade (cap. X).

Da vida em sociedade (onde, e só onde, a fraternidade pode estabelecer-se) decorre o progresso, e este tem por fim a igualdade e a liberdade, conseqüências naturais do progresso social alcançado. "Considerada do ponto de vista da sua importância para a realização da felicidade social, a fraternidade está na primeira linha: é a base. Sem ela, não poderiam existir a igualdade, nem a liberdade séria. A igualdade decorre da fraternidade e a liberdade é conseqüência das duas outras". (7)

As nove leis morais estabelecidas por Kardec - Adoração, Trabalho, Reprodução, Conservação, Destruição, Sociedade, Progresso, Igualdade e Liberdade –resumem todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o seu próximo. A décima e última lei moral "Da lei de justiça, de amor e de caridade" (cap. XI) resume todas as outras. Deus (justiça), por amor, criou o homem e este, para bem viver com o seu próximo, deve praticar a caridade.

"Essa divisão da lei de Deus em dez partes é a de Moisés e de natureza a abranger todas as circunstâncias da vida, o que é essencial. Podes, pois, adotá-la, sem que por isso, tenha qualquer coisa de absoluta, como não o tem nenhum dos outros sistemas de classificação, que todos dependem do prisma pelo qual se considere o que quer seja. A última lei é a mais importante, por ser a que faculta ao homem adiantar-se mais na vida espiritual, visto que resume todas as outras". (O Livro dos Espíritos, questão 648).

A resposta para a terceira indagação, "Como praticar as leis morais?", é apresentada no décimo segundo e último capítulo: "Da perfeição moral". Neste capítulo encontramos um dos mais belos estudos sobre a personalidade humana. Após examinar em profundidade o homem (as virtudes e vícios, as paixões, o egoísmo e os caracteres do homem de bem), apresenta o conhecimento de si mesmo como a "chave do progresso individual". "Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado". (O Livro dos Espíritos, questões 919, 919a)

A Estrutura da 4a. parte: "Das esperanças e consolações"


Considerando que a ação dos Espíritos ocorre nos dois lados da vida, mundo corporal e mundo espiritual, as conseqüências do cumprimento ou não das leis morais devem ser, também, estabelecidas nesses dois mundos.

No capítulo 1, "Das penas e gozos terrenos", são apresentadas as conseqüências, para o Espírito, do cumprimento ou não das leis morais, no mundo corporal.

No segundo capítulo, "Das penas e gozos futuros", são examinadas as conseqüências do cumprimento ou não das leis morais, no mundo espiritual.


Centro Espírita Celeiro de Luz

Referências do texto:

(1) KARDEC, A. "Prolegômenos". In: O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 58a ed., Rio de Janeiro: FEB, 1983, p.49.

(2) KARDEC, A. "Discurso pronunciado junto ao túmulo de Allan Kardec, por Camille Flamarion". In: Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 16a ed., Rio de Janeiro: FEB, 1977, p. 24.

(3) KARDEC, A. "Introdução ao estudo da doutrina espírita". In: O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 58a edição. Rio de Janeiro: FEB, 1983, p.30.

(4) KARDEC, A. "Caráter da revelação espírita". In: A Gênese Os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 2a. edição. Rio de Janeiro: FEB, 1979. p.20.

(5) CHIBENI, S. S. "A excelência metodológica do Espiritismo" In: Reformador. Novembro de 1988, pp.328"33, e dezembro de 1988,pp, 373"8.

(6) "Pode o homem compreender a natureza íntima de Deus? - Não, falta-lhe para isso o sentido." (O Livro dos Espíritos, questão 10). "Não é dado ao homem sondar a natureza íntima de Deus. Para compreendê-lo, ainda nos falta o sentido próprio, que só se adquire por meio da completa depuração do Espírito". (A Gênese, cap. II, item 11)

(7) KARDEC, A. "Liberdade, igualdade e fraternidade", 3° parágrafo In: Obras Póstumas.

^