terça-feira, 30 de maio de 2023

Mimetismo espiritual

 


Por Rogerio Coelho

Enquanto encarnados ou desencarnados, refletimo-nos naturalmente uns nos outros

“Parafraseando o brocardo popular poderíamos dizer:

dize-me o que fazes e dir-te-ei quem te assiste.”

François C. Liran

André Luiz, através da mediunidade de Waldo Vieira, faz uma série de indagações e tece oportunas ilações que convidamos o leitor a acompanhar: “de que assunto mais gosta? Que corrente de opiniões você acompanha? Que é que você transmite a quem lhe ouve as palavras?  Que tipo de informações mais prefere?

Pense de você, como sendo um canal para os outros e com facilidade verificará a urgente necessidade de nos vincularmos à influência do Cristo para sermos com Ele, entre as criaturas irmãs, os construtores tranquilos do esperado Reino dos Céus”.

Na questão nº 459 de “O Livro dos Espíritos”, verificamos a intensa realidade do intercâmbio e vinculação entre os dois mundos: corporal e espiritual.

Continua André Luiz: “(…) não se faz preciso o desenvolvimento mediúnico para que uma pessoa se converta em intérprete dos Espíritos. Bastará nossa inclinação para a luz ou a sombra.

Despertemos para semelhante fato de nossa vida de Espíritos. Enquanto encarnados ou desencarnados, refletimo-nos naturalmente uns nos outros…

Estude o mimetismo espiritual em você próprio.  Conforme alertou João (1): “não creiais a todo Espírito, experimentai se os Espíritos são de Deus”.

As respostas às questões acima, indicarão onde nos situamos física, espiritual e moralmente.

Onde estão sintonizados os canais de nossa vida?! Urge verificar-lhes os pontos de origem e fiscalizar-lhes as ligações.

Finalmente, aconselha André Luiz: “chamados à causa da Verdade e do Bem, alcemos os corações e mentes ao Alto, de modo a nos erigirmos em transmissores de paz, suscetíveis de espalhar elementos edificantes de que sejamos portadores, policiando o cérebro, ouvido e anotações pessoais, porquanto pensamos do que vemos, falamos do que ouvimos e fazemos do que observamos… A fim de sermos canais da Espiritualidade Superior, é imprescindível procuremos enxergar, escutar e raciocinar para o bem comum”.

Daí vamos compreendendo melhor o que Jesus quis dizer quando nos aconselhou (2): “vigiai e orai”.

 

Referências:

(1) BÍBLIA, N.T. I João. Português. O novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 1983, cap. 4, vers.1; e

(2) BÍBLIA, N.T. Português. O novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 1983, cap. 26, vers.  41.

 

domingo, 28 de maio de 2023

Jesus e Nicodemos


 

Por Altamirando Carneiro

Entre os fariseus, havia um homem chamado Nicodemos, senador dos judeus - que veio à noite ter com Jesus e lhe disse: "Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus para nos instruir como um doutor, porquanto ninguém poderia fazer os milagres que fazes, se Deus não estivesse com ele."

Jesus lhe respondeu: "Em verdade, em verdade, digo-te: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo".

Disse-lhe Nicodemos: "Como pode nascer um homem já velho? Pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, para nascer segunda vez?"

Retorquiu-lhe Jesus: "Em verdade, em verdade, digo-te: Se um homem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. - O que é nascido do Espírito é Espírito. - Não te admires de que te haja dito ser preciso que nasças de novo. - O Espírito sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem ele, nem para onde vai; o mesmo se dá com todo homem que é nascido do Espírito".

Respondeu-lhe Nicodemos: "Como pode isso fazer-se?" - Jesus lhe observou: "Pois quê! és mestre em Israel e ignoras estas coisas? Digo-te em verdade, que não dizemos senão o que sabemos e que não damos testemunho, senão do que temos visto. Entretanto, aceitas o nosso testemunho. - Mas, se não me credes, quando vos falo das coisas da Terra, como me crereis, quando vos falo das coisas do céu?" (João, 3:1 a 12.)

Há que nascer de novo, da água e do Espírito, a fim de se adquirir a condição necessária para se ver a Deus. O que queria dizer o Mestre quando falava sobre nascer de novo da água e do Espírito? Como sempre, servia-se Ele do sentido figurado para nos deixar lições eternas. Fazia assim também através das parábolas.

Como o próprio Nicodemos, temos total dificuldade em aceitar a ideia do homem velho entrando novamente no ventre materno para nascer de novo. Se é da vontade do Pai que de novo nasçamos e se o homem velho não pode retornar ao ventre materno, forçosamente teremos de aceitar o fato de voltarmos em outro corpo físico. Aliás, não foi outra coisa que Jesus disse ao afirmar que João Batista era o Elias que haveria de vir.

Reencarnaremos tantas vezes quantas se fizerem necessárias para aprendermos a grande lição do Amor Universal. Cada vez que aqui voltarmos, vivenciaremos quadros que nos permitirão adquirir a paciência, a compreensão, a renúncia, o perdão, atributos estes que embelezarão a nossa personalidade e que, por nos tornarem melhores, nos permitirão um dia ver a Deus. A esta conquista chamou Jesus o nascer do Espírito.

A transformação do homem velho em novo, como se referia Paulo, requer novas experiências na carne. Somos o que conseguimos fazer de nós mesmos, ou, em outras palavras, somos a somatória das experiências através de inúmeras reencarnações ao longo do tempo. Cada situação em nossa vida nada mais é que a lição do momento a ser aprendida. Resgatando faltas, aprendemos novos valores. Se sofremos, a ninguém devemos culpar, pois nos encontramos exatamente dentro daquilo que fizemos e necessitamos aprender, pelo resgate na dor, ou pela reposição na prática do bem, ou ainda, o mais provável, em ambas as situações.

Cada reencarnação, assim como cada desencarnação, é na maioria das vezes motivo de dor para o Espírito. Abreviá-las é possível, bastando para tanto aceitarmos o convite do Mestre, o de que nos amemos incondicionalmente. Para tanto, Ele nos convida a reconciliar com os nossos inimigos. Não se evolui mantendo raivas, rancores e maldades.

sexta-feira, 26 de maio de 2023

Descobertas e transformações

 


Por Orson Peter Carrara

Nada criamos. Tudo descobrimos ou transformamos. Aprendemos a descobrir as leis da natureza, extraímos a madeira das árvores, descobrimos os alimentos nas plantas e nos animais. Gradativamente fomos desenvolvendo a inteligência, produzindo ferramentas, equipamentos, utensílios e materiais que nos atendessem as exigências ou necessidades de conforto, proteção, locomoção, etc., Com isso, fazendo as transformações dos elementos naturais disponíveis ou gradativamente descobertos – principalmente pela observação, pela pesquisa ou pela mera exploração – chegamos ao atual estágio de uso de tudo que produzimos, transformando os elementos naturais que fomos descobrindo, entendendo seu mecanismo ou disciplinando seu uso.

Atualmente desfrutamos de alta tecnologia, que está sempre se multiplicando em novos benefícios para todas as áreas. Isso é muito bom e resultado natural da inteligência humana. O idealizador original, Deus, colocou as leis naturais a nosso serviço, em nosso favor, e estimulou que fossemos aos poucos descobrindo seus fabulosos recursos.

Com isso alcançamos a anestesia, o avião, o ar condicionado, a luz elétrica, canalizamos a água e o esgoto, aprimoramos a indústria, usamos a criatividade no comércio, nos especializamos em diferentes áreas, investimos na medicina e na odontologia, e criamos inúmeros confortos que hoje facilitam a vida e seus desdobramentos. Tudo fruto da inteligência. E o universo virtual abriu nova era na comunicação, na transmissão de dados e em tantos outros meios já disponíveis.

O que virá nas próximas décadas. Não sabemos. Mas muito ainda virá, valorizando a oportunidade de viver, conviver, aprender.

E é exatamente neste conviver que está o outro grande desafio dessas descobertas e transformações. Eis que no conviver nos relacionamos uns com os outros, onde as diferenças de todos os tipos se encontram. É aí que surge a descoberta e as transformações morais.

A consolidação moral solicita a honestidade, o respeito, a solidariedade, a retidão, o trabalho no bem, a gratidão, a fraternidade. E como ainda não descobrimos efetivamente isso – apesar da informação já disponível – vivemos na patinação dos conflitos de maior ou menor gravidade. Conosco mesmo nos desequilíbrios próprios, com aqueles que pensam diferente – gerando desprezo, disputa, maledicência, violência, desrespeito – ou até mesmo com a vida como se apresenta, onde temos a opção de escolha entre a revolta e a resignação, a fé ou o desespero, a violência ou a pacificação, a solidariedade ou a indiferença e a omissão, o trabalho e a acomodação, o egoísmo e o altruísmo.

Notemos! Todos valores morais. Degradantes ou elevados, enfermiços ou saudáveis.

Lutemos agora para descoberta dos benefícios morais – pois ainda estagiamos na mediocridade moral, apesar do avanço material – para que efetivamente nos transformemos para melhor. A vida fluirá em paz e alegria. Falta-nos esse comprometimento com o bem geral.

 

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