segunda-feira, 30 de março de 2020

Coronavírus: Como lavar as mãos

Você sabia que uma simples lavagem de mãos pode ser alternativa eficaz na prevenção de infecções graves? De acordo com orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o ato de lavar as mãos corretamente impede o risco de transmissões cruzadas de microorganismos, entre eles, o coronavírus (Covid-19).

“A lavagem das mãos deve acontecer de acordo com as superfícies com que a pessoa entra em contato, ser feita com água e sabão e durar pelo menos 1 minuto”, orienta Pedro Pinheiro Bessa, médico do Hospital São José de Doenças Infecciosas. Para o álcool 70% em gel ou solução, a orientação é friccionar as mãos pelo menos por 20 segundos.

O ator Luciano Amaral postou um vídeo em seu instagram ressaltando uma das medidas importantes de prevenção à pandemia do coronavírus e demonstra a maneira correta de lavar as mãos. O legal é que ele, aos poucos, vai se transformando no personagem mais marcante de sua carreira, “Pedro”, do Castelo Rá-Tim-Bum, dos anos 90. Destaque também para a trilha sonora com a música Lavar as Mãos, de Arnaldo Antunes.

sábado, 28 de março de 2020

Especial: Coronavirus – saiba como ajudar



Prezados visitantes,

O Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China. Provoca a doença chamada de coronavírus (COVID-19). Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa. Atualmente ela tornou-se uma pandemia e vem ceifando a vida de milhares de pessoas no nosso planeta.

Com base em dados atuais, no Brasil o Ministério da Saúde já confirmou 92 mortes por coronavírus (Covid-19), e 3.417 pessoas contaminadas ―a taxa de letalidade do vírus Sars-Cov-2 no território brasileiro é de 2,7%.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o sistema de saúde do Brasil entrará em colapso no fim de abril, por conta da proliferação do coronavírus. “O colapso é quando você tem o dinheiro, o plano de saúde, a ordem judicial, mas não tem onde entrar para se tratar”, explicou ele, durante videoconferência ao lado do presidente Jair Bolsonaro e de empresários. Além de todo esse cenário, existe também a população mais pobre que com pouca informação, vive em ambientes superlotados e sem condições de seguir recomendações como comprar álcool em gel, estocar comida ou trabalhar de casa; esses com certeza leitores, serão as principais vítimas do novo coronavírus no Brasil.

Pensando nisso, fiz um apanhado nas redes sociais de alguns dos endereços oficiais de doações para compartilhar com vocês. Vamos juntos nessa corrente para vencermos essa pandemia que atualmente vem assolando o nosso planeta.

FUNDO EMERGENCIAL PARA A SAÚDE - CORONAVÍRUS BRASIL

DOE E APOIE A SAÚDE PÚBLICA AGORA

Superar a pandemia depende de um compromisso de toda sociedade!

Criado por um grupo de lideranças da sociedade civil comprometida com o investimento social, o FUNDO tem dois objetivos principais: mobilizar a comunidade filantrópica/sociedade brasileira a doar para o fortalecimento do sistema público de Saúde do Brasil e criar um canal rápido, fácil e confiável para fazer com que os recursos financeiros cheguem a hospitais públicos e instituições de ciência e tecnologia que estão na linha de frente do combate ao Coronavírus.

Acesse aqui para doar.

Cufa arrecada recursos para ajudar favelas


Em outra frente, a Central Única de Favelas (Cufa), organização que atua em favelas de todo o país, organizou uma vaquinha online para angariar recursos, que serão utilizados em programas de prevenção e mitigação da epidemia nas localidades em que ela atua.

Com mais de três décadas de atuação, essa é a primeira vez que a Cufa pede doações. “A situação é muito séria. Muitos moradores de favela ainda não caíram na real e não estão cumprindo a quarentena como deveriam”, afirma Claudia Rafael, coordenadora da Cufa de Paraisópolis, em São Paulo. “Estamos colocando toda a nossa força na conscientização deles, para que juntos a gente possa vencer mais essa luta”.

As favelas brasileiras concentram cerca de 15 milhões de moradores. ““O Coronavírus está preocupando toda a sociedade e a favela não está imune a ele”, diz Celso Athayde, um dos fundadores de entidade. A Cufa também está realizando uma pesquisa sobre o impacto do coronavírus nessas comunidades, em parceria com o Data Favela, empresa de pesquisas que faz parte da Favela Holding, grupo de empresas com atuação em favelas criado por Athayde. “Nosso objetivo é indicar soluções para que estes territórios sofram o menos possível”, afirma.


Saiba como doar


Para contribuir com o Fundo Emergencial de Saúde – Coronavírus Brasil, é preciso acessar o site https://www.bsocial.com.br/causa/fundo-emergencial-para-a-saude-coronavirus-brasil.

No endereço a Cufa disponibiliza duas formas de doação, diretamente ou por meio de uma plataforma de financiamento coletivo.

Recebimento de doações/ Bahia


Pessoas interessadas em fazer doações para ações sociais para pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social em Salvador em meio à crise do novo coronavírus podem realizar a ação através da conta corrente do Fundo Municipal de Assistência Social (FMAS), criado pela Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre). A intenção da gestão municipal é reforçar e ampliar as ações voltadas às pessoas em situação de rua.

As doações em dinheiro podem ser feitas no Banco do Brasil (operação 001), na agência 3832-6 e conta-corrente 930254-9. A conta está nominada como FMAS/Doações, que possui o CNPJ 14.999.107/0001-08.

A prefeitura informa que os recursos da conta do FMAS darão suporte aos trabalhos socioassistenciais para pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social em Salvador. As doações em dinheiro serão destinadas para compra de materiais e para custeio de serviços relacionados a procedimentos para o combate ao Covid-19.

Doações a saúde:


Foi publicado edital para recebimento de doações de pessoas físicas ou jurídicas que tenham interesse em doar bens e valores pecuniários para a Administração Pública Estadual. As doações visam à prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública provocada pela pandemia da Doença Infecciosa Viral COVID-19, que resultou na declaração de Situação de Emergência em todo o território baiano. Pode participar da Manifestação de Interesse qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, observando os termos do edital. As manifestações deverão ser apresentadas por meio eletrônico, através do e-mail doacoes@saude.ba.gov.br, mediante o envio de documentos.

Acesse aqui o edital

quinta-feira, 26 de março de 2020

Quem é o Espírito de Verdade?

Encontramos na Codificação Espírita diversas mensagens atribuídas ao Espírito de Verdade, e sabemos que Ele é o mentor responsável pela vinda da veneranda Doutrina Espírita e atuou diretamente no período da Codificação, inspirando Allan Kardec e dirigindo espiritualmente sua tarefa. Há, no meio espírita, basicamente, três posicionamentos sobre quem seria o Espírito de Verdade: a que seria o próprio Cristo; a que seria João Batista ou a que seria um grupo de Espíritos elevados atuando sob a égide do Cristo. Assista a uma reflexão sobre o tema no programa Caminhando com Jesus, com Jack Darsa.

terça-feira, 24 de março de 2020

Kardec, sempre


Por Simone M. de Almeida Prado

Assim como todas as ciências têm suas bases, pontos de partida sem os quais qualquer conhecimento sucumbe por carência de fundamentação, a ciência espírita tem suas bases sedimentadas a codificação feita por Allan Kardec. A observação e a experimentação, aliadas aos métodos dedutivo e indutivo, perpassados pelo crivo indispensável da razão, foram os instrumentos consagrados pelo codificador para sustentar o grandioso edifício da Doutrina Espírita.

Como o próprio nome diz, a Doutrina é dos Espíritos. Kardec, orientado pelos Espíritos Superiores, reuniu magistralmente os ensinamentos dos Espíritos, conjugando ciência, filosofia e religião, conferindo força e autoridade à Doutrina. Daí concluirmos que não há Espiritismo sem as obras codificadas por Kardec. E isso está claro como água cristalina, ao menos para os que compreenderam as obras básicas.

Todavia, muito se proclama que Kardec vivia em outros tempos, que usou a terminologia e os conceitos de sua época, por isso seu trabalho, no todo ou em parte, jaz ultrapassado. De tão equivocada e pretensiosa alegação, surgem ideias cada vez mais audaciosas. Todas, portanto, nascidas da incompreensão do Espiritismo, o grande desconhecido, como dizia J. Herculano Pires. Ao sabor de levianas interpretações, as bases sofrem sérios abalos e rupturas. Um erro abre espaço a erros ainda maiores e assim, pouco a pouco, caminha-se para a extinção completa dos ensinamentos principais. Não há conhecimento real que encontre suporte confiável partindo de premissas distantes da razão, que o bom senso recomenda.

E bom senso pede coerência com os preceitos contidos na codificação, a fim de evitar que misticismos e engodos, que tanto dificultam a marcha do progresso, sufoquem a boa semente, como foi feito com o Cristianismo em outros tempos. Nem mesmo a caridade, que no Espiritismo encontra seu verdadeiro significado à luz das palavras do Cristo, autoriza a cumplicidade com o erro, com os desvios em nome dessa virtude.

Não há dúvidas de que o Espiritismo, tendo sua natureza progressiva, evoluirá. No entanto, é indispensável compreender que essa evolução não dispensa as bases traçadas pelos Espíritos Superiores e codificadas por Allan Kardec. Aceitar práticas e "novas revelações" estranhas e incoerentes com os ensinamentos espíritas equivale a negligenciar todo o trabalho arquitetado minuciosamente nos Planos Superiores.

A Terceira Revelação restaura os ensinamentos puros de Jesus, comprometidos com a Verdade plena e destinados a libertar as consciências das trevas da ilusão. Toda e qualquer revelação nova, portanto, será acrescentada pela Espiritualidade Maior, no devido tempo, de forma a jamais desdizer o que fora demonstrado sob a supervisão do Governador do planeta, nosso Mestre Jesus. Por isso o trabalho de Kardec nunca será ultrapassado, pois dele a Espiritualidade se serviu para relembrar os ensinamentos cristãos na sua mais fiel interpretação.

domingo, 22 de março de 2020

A Razão de Ser do Espiritismo


Quando o obscurantismo da fé dominava as mentes, levando-as ao fanatismo desestruturador da dignidade e do comportamento; quando a cultura, enlouquecida pelas suas conquistas no campo da ciência de laboratório, proclamava a desnecessidade de qualquer preocupação com Deus e com a alma, face à fragilidade com que se apresentavam no proscênio do mundo; quando a filosofia divagava pelas múltiplas escolas do pensamento, cada qual mais arrebatadora e irresponsável, inculcando-se como portadora da verdade que liberta o ser humano de todos os atavismos e limitações; quando a arte rompia as ligações com o clássico, o romântico e a beleza convencional, para expressar-se em formulações modernistas, impressionistas, abstracionistas, traduzindo, ora a angústia da sua geração remanescente dos atavismos e limitações do passado, ora a ansiedade por diferentes paradigmas de afirmação da realidade; quando se tornavam necessários diversos comportamentos sociais e políticos para amenizar a desgraça moral e econômica que avassalava a Humanidade; quando a religião perdia o controle sobre as consciências e tentava rearticular-se para prosseguir com os métodos medievais ultramontanos e insuportáveis; quando as luzes e as sombras se alternavam na civilização, surgiu o Espiritismo com a sua razão de ser para promover o homem e a mulher, a vida e a imortalidade, o amor e o bem a níveis dantes jamais alcançados.

Realizando uma revolução silenciosa como poucas jamais ocorridas na História, tornou-se poderosa alavanca para o soerguimento do ser humano, retirando-o do caos do materialismo a que se arrojara ou fora atirado sem a menor consideração, para que adquirisse a dignidade ética e cultural, fundamentada na identificação dos valores morais, indispensável para a identificação dos objetivos essenciais e insuperáveis da paz interna e da consciência de si mesmo durante o trânsito corporal.

Logo depois, no Collège de France, proclamando ser Jesus um homem incomparável, no seu memorável discurso, o acadêmico e imortal Ernesto Renan confirmava, a seu turno, embora sem qualquer contato com a Doutrina nascente, a humanidade do Rabi galileu, rompendo a tradição dogmática do Homem Deus ou do ancestral Deus feito homem.

Sob a ação do escopro inexorável das informações de além-túmulo, o decantado repouso ou punição eterna, o arbitrário julgamento mais punitivo que justiceiro, cediam lugar à consciência da vida exuberante que prossegue morte afora impondo a cada qual a responsabilidade pela conduta mantida durante a trajetória encerrada.

As narrações da sobrevivência tocadas pela legitimidade dos fatos, fundamentadas na lógica da indestrutibilidade do ser espiritual, davam colorido diferente às paisagens da Eternidade, diluindo as fantasias e mitos que as adornaram por diversos milênios.

Permitiu que o ser humano se redescobrisse como Espírito imortal que é, preexistente ao berço e sobrevivente ao túmulo, facultando-lhe compreender a finalidade existencial, que é imergir no oceano do inconsciente, onde dormem os atos pretéritos e as construções que projetam diretrizes para o momento e o futuro, a fim de diluir as volumosas barreiras de sombra e de crueldade a que se entregou e que lhe obnubila a compreensão da sua realidade, emergindo em triunfo, para que lobrigue a imarcescível luz da verdade que o há de conduzir pelos infinitos roteiros do porvir.

Intoxicado pelos vapores da organização fisiológica, mergulhado em sombras que lhe impedem o discernimento, vagando pelos dédalos intérminos da busca da realidade, somente ao preço da fé raciocinada e lógica, portadora dos instrumentos que se derivam dos fatos constatados, o homem e a mulher podem avançar com destemor pelas trilhas dos sofrimentos inevitáveis, que são inerentes à sua condição de humanidade, vislumbrando níveis mais nobres que devem ser conquistados.

O Espiritismo traçou novos programas para a compreensão da vida e a mais eficaz maneira de enfrentá-la, desafiando o materialismo no seu reduto e os materialistas no seu cepticismo, oferecendo-lhes mais seguras propostas de comportamento para a felicidade ante as vicissitudes do processo existencial.

Não se compadecendo da presunção dos vazios de sentimento e soberbos de conhecimentos em ebulição de ideias, demonstrou a sua força arrastando desesperados que foram confortados, violentos que se acalmaram, alucinados que recuperaram a razão, delinquentes que volveram ao culto do dever, perversos que se transformaram, ateus que fizeram as pazes com Deus, ingratos que se reabilitaram perante os seus benfeitores, miseráveis morais que se enriqueceram de esperança e de alegria de viver, construindo juntos o mundo de bem-estar por todos anelado.

O Espiritismo trouxe a perfeita mensagem da justiça divina, por enquanto mal traduzida pela consciência humana, contribuindo para a transformação da sociedade, mas sem a revolução sangrenta das paixões em predomínio, que sempre impõe uma classe poderosa sobre as outras que são debilitadas à medida que vão sendo extorquidos os seus parcos recursos até a exaustão das suas forças, quando novas revoluções do mesmo gênero explodem, produzindo desgraça e ódios que nunca terminam...

Trabalhando a transformação moral do indivíduo, propõe-lhe o comportamento solidário e fraternal, a aplicação da justiça corretiva e reeducativa quando delinqui, conscientizando-o de que as suas ações serão também os seus juízes e que não fugirá de si mesmo onde quer que vá.

Todo esse contributo moral foi retirado do Evangelho de Jesus, especialmente do Seu Sermão da montanha, no qual reformulou os valores humanos até então aceitos, demonstrando que forte não é o vencedor de fora, mas aquele que vence a si mesmo, e poderoso, no seu sentido profundo, não é aquele que mata corpos, mas não é capaz de evitar a própria morte.

Revolucionando o pensamento ético e abrindo espaço para novo comportamento filosófico, a Sua palavra vibrante e a Sua vivência inigualável, colocaram as pedras básicas para o Espiritismo no futuro alicerçar, conforme ocorreu, os seus postulados morais através da ética do amor sob qualquer ponto de vista considerado.

Nos acampamentos de lutas que se estabeleciam no Século XIX, quando a ciência e a razão enfrentavam a fé cega e a prepotência das Academias e dos seus membros fascinados como Narciso por si mesmo, o Espiritismo surgiu como débil claridade na noite das ambições perturbadoras e lentamente se afirmou como amanhecer de um novo dia para a Humanidade já cansada de aberrações de conduta como fugas da realidade e sonhos de poder transitório, transformados em pesadelos de guerras infames, cujas sequelas ainda se demoram trucidando vidas e dilacerando sentimentos.

A razão de ser do Espiritismo encontra-se na sua estrutura doutrinária, diversificada nos seus aspectos de investigação científica ao lado das demais correntes da ciência, do comportamento filosófico com a sua escola otimista e realista para o enfrentamento do ser consigo mesmo e da vivência ético-moral-religiosa que se estrutura em Deus, na imortalidade, na justiça divina, na oração, na ação do bem e sobretudo do amor, única psicoterapia preventiva-curativa à disposição da Humanidade atual e do futuro.

Victor Hugo

Psicografia de Divaldo Pereira Franco, no dia 7 de junho de 2001, em Paris, França.

sexta-feira, 20 de março de 2020

A História do Espiritismo – Allan Kardec

A história do espiritismo é uma dramatização em áudio produzida pelo médium e escritor espirita, Jorge Rizzini. Nela podemos conhecer um pouco mais sobre os fatos e pesquisas realizadas por Allan Kardec que culminaram na codificação da doutrina dos espíritos.

quarta-feira, 18 de março de 2020

Entrevista com Marcelo Gulão Pimentel

“O historiador, espírita ou não, deve ter compromisso com a verdade”

Autor da Dissertação de Mestrado intitulada: “O Método de Allan Kardec para Investigação dos Fenômenos Mediúnicos”, o confrade fala-nos sobre o objeto de sua pesquisa. Marcelo Gulão Pimentel (foto) nasceu na cidade de Magé (RJ) e reside atualmente em Juiz de Fora-MG. É membro do NUPES-Humanas, grupo de estudos do Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (NUPES) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) dedicado a História e Filosofia das Pesquisas em Espiritualidade. Professor de História e coordenador das disciplinas Sociologia e Filosofia do Colégio Naval (RJ), é autor da Dissertação de Mestrado intitulada: “O Método de Allan Kardec para Investigação dos Fenômenos Mediúnicos (1854-1869)”.

Marcelo conversou conosco:

O que o levou a pesquisar o método utilizado por Allan Kardec quando da Codificação da Doutrina Espírita?

Em primeiro lugar, porque Allan Kardec pode ser considerado um dos pioneiros na investigação dos fenômenos mediúnicos, sendo um influente intelectual que indiretamente proveu psicólogos e psicopatologistas com novas abordagens da mente humana, tornando o médium passível a investigações por parte da Psicologia Experimental. Em segundo lugar, porque apesar de Allan Kardec ser o escritor francês mais lido no Brasil, de o Espiritismo ser o terceiro maior grupo religioso do país e de existirem diversos trabalhos acadêmicos sobre o tema, o método de Allan Kardec para elaboração do Espiritismo ainda é pouco conhecido tanto no meio espírita quanto no meio acadêmico.

É possível estabelecer um parâmetro diferenciador entre os estudos empreendidos por Allan Kardec e os textos mediúnicos que a ele chegavam?

Sim. Podemos entender os textos mediúnicos como a matéria-prima de seu trabalho. Mais do que um sistematizador, ou codificador do Espiritismo, Kardec se destacava como pesquisador ativo na busca e análise de informações que compuseram os princípios do Espiritismo. É o que pudemos observar nas primeiras doze edições da Revista Espírita, onde é possível perceber seu método. Os médiuns eram tidos como um meio de acesso direto a dados empíricos a respeito do mundo espiritual, e para se assegurar da credibilidade dos dados coletados, ele procurou ampliar sua base de informações utilizando diversos médiuns, de diferentes contextos geográficos, muitas vezes desconhecidos uns dos outros. No decorrer de sua pesquisa, Kardec contou com um número cada vez maior de correspondentes (no início contava com cerca de treze médiuns, enquanto em 1864 relatava contar com correspondentes de cerca de mil centros espíritas), o que foi de grande importância na obtenção do grande número de relatos mediúnicos diversificados com os quais ele criou, desenvolveu e reformulou os seus princípios acerca do mundo espiritual. Kardec enfatizava a descrição e a interpretação do conteúdo das mensagens obtidas durante o transe mediúnico, comparando semelhanças e diferenças entre elas em busca de informações úteis que pudessem integrar sua teoria. Ele dava uma grande ênfase na análise do conteúdo das informações, sendo menos relevante a autoria das mensagens. Kardec se utilizava de casos históricos acerca dos fenômenos mediúnicos e também de pesquisas de campo, visitando médiuns e locais onde as manifestações espirituais se davam. Através da observação dos fenômenos, Kardec discutiu as principais teorias propostas à época para explicar experiências espirituais e psíquicas, teorias que ainda são debatidas pela psicologia e pela medicina na atualidade.

Como os espíritas acadêmicos podem conciliar sua opção doutrinária com os métodos muitas vezes céticos que encontramos nas Universidades?

Acho importante que os acadêmicos, céticos e espiritualistas saibam diferenciar ciência de seus pressupostos metafísicos. A concepção espiritualista é um pressuposto metafísico, bem como o materialismo. Cabe aos acadêmicos pensar a ciência como um método que sugere a investigação racional com base empírica, livre de dogmas e aberta a todo tipo de investigação ancorada nesses elementos. É certo que há acadêmicos que misturam seus pressupostos metafísicos com a ciência, mas se o pesquisador se propõe a um estudo embasado no rigor científico, ele terá espaço na academia.

Em sua opinião a Codificação necessita revisões periódicas e, nesse caso, como empreendê-las?

Sim. Acredito que todas as obras de grande alcance científico, filosófico e moral necessitam de revisões periódicas para que elas possam oferecer respostas às demandas de nossa sociedade, que está em constante transformação. Para uma revisão do Espiritismo, acredito ser necessário analisar toda a obra de Kardec, principalmente a Revista Espírita. Os princípios que compõem os escritos de Kardec evoluem com o tempo e estão vinculados ao momento histórico do período. Dessa forma, os escritos de Kardec devem ser entendidos em sua unidade.

A Revista Espírita ainda é bastante desconhecida do público que frequenta os Centros Espíritas. Por que isso acontece e quais implementos deveriam ser dados para que ela seja mais estudada?

Acredito que o motivo para o pouco conhecimento da Revista Espírita pelo público que frequenta os Centros Espíritas seja o fato de a tradução dos volumes realizados pela FEB seja de 2004. Penso que a criação de grupos de estudos sistematizados voltados à Revista Espírita poderia contribuir nesse ensejo. (1)

Você esteve na França coletando dados e informações para elaborar seu trabalho de pesquisa. O que mais chamou sua atenção quando lá esteve em se tratando de busca de dados espíritas?

É interessante ressaltar a carência de dados sobre Kardec e o Espiritismo. Mesmo entre os historiadores franceses especializados no século XIX, não há muitas informações. Felizmente, pude contar com a ajuda de pessoas como Charles Kempf, que prestou grande auxílio e orientação nessa busca.

Qual a diferença entre os estudos científicos tradicionais e os estudos científicos empreendidos por Allan Kardec quando da Codificação do Espiritismo?

Penso que as ciências positivas do século XIX (física e química, principalmente) ressaltam a importância do experimento em seus estudos. Segundo Kardec, o Espiritismo não era da alçada da ciência por analisar um objeto (Espíritos) que não estava sujeito a estudos experimentais por se tratarem de seres inteligentes não sujeitos aos caprichos do homem, e, por conseguinte, das experiências de laboratório. Kardec enfatizava que o Espiritismo era uma ciência de observação que requer condições especiais para sua análise. Kardec lançava mão de diversos métodos para investigação dos fenômenos mediúnicos como a análise do conteúdo das mensagens psicografadas, a comparação com outras mensagens de regiões distintas atribuídas ao mesmo Espírito, pesquisas de campo para observação direta dos fenômenos, investigação de fenômenos semelhantes ocorridos na história, análise de interpretações divergentes sobre as manifestações etc. Atualmente, esses aspectos são integrantes da metodologia de diversas disciplinas acadêmicas consideradas ciências, como a História, a Sociologia e a Psicologia.

Fora do meio espírita existem pesquisadores sérios em assuntos tanto dos fenômenos mediúnicos quando nos estudos sobre saúde e espiritualidade. Onde o ponto de convergência entre eles e o Espiritismo?

Pensando no Espiritismo desenvolvido por Kardec, o ponto de convergência entre eles está no objetivo de sua investigação, ou seja, na busca de uma explicação para os fenômenos mediúnicos e suas possíveis implicações.

Qual o seu destaque para o método de pesquisa e trabalho de Allan Kardec?

Destaca-se a forma como Kardec aplica o seu método na formulação dos princípios do Espiritismo. É possível acompanhar por meio da Revista Espírita como sua investigação sistemática das mensagens escritas por médiuns distintos, atribuídas a Espíritos de diferentes ordens sociais e estágios morais do estado da alma após a morte, conduziu para o desenvolvimento de sua teoria das sensações dos Espíritos. Por outro lado, também é possível acompanhar como Kardec rejeita, em um primeiro momento, a existência da possessão espiritual, para depois de uma extensa investigação despertada pelo episódio dos possessos de Morzine retificar sua opinião e aceitar a possibilidade de um Espírito se apoderar do corpo de outro.

Você defendeu sua tese dissertação de mestrado na Universidade Federal de Juiz de Fora com foco para o método utilizado por Allan Kardec para a investigação dos fenômenos mediúnicos. A que conclusão chegou com tão relevante estudo?

A primeira constatação desse estudo é a de que Kardec merece ser lembrado como um intelectual francês que desenvolveu pesquisas pioneiras sobre a mediunidade no século XIX.

Utilizando-se de sua vasta erudição, como professor, escritor e membro de diversas sociedades científicas, Kardec realizou uma ampla abordagem da causa dos fenômenos psíquicos surgidos a partir das mesas girantes. Ele propôs uma abordagem empírica e racional para o assunto, até então considerado metafísico, na qual foram produzidas várias discussões pertinentes sobre aspectos epistemológicos e metodológicos de exploração dos fenômenos mediúnicos.

Allan Kardec não parece ter sido apenas um "codificador" das comunicações mediúnicas, um compilador de documentos oriundos de diversas fontes em uma só obra. Em sua metodologia, é marcante a presença da observação empírica. Um aspecto central do trabalho de Kardec foi a busca de “naturalização” da dimensão espiritual, que era tida como parte da natureza, regida por leis naturais passíveis de serem investigadas cientificamente. As comunicações mediúnicas eram interpretadas como evidências empíricas analisadas por meio de métodos qualitativos, em que eram avaliadas a sua utilidade e a replicabilidade das informações a partir do que chamou de controle universal das informações dos Espíritos. Com este método, Kardec elaborou os princípios fundamentais do Espiritismo. Percebe-se também o processo de construção gradual e de reformulação das teorias explicativas com base nas observações empíricas das experiências mediúnicas. Ao reconstruirmos os elementos constituintes do ensaio teórico das sensações dos Espíritos e da possessão, percebemos como Kardec utilizava as informações obtidas nos fenômenos mediúnicos para o desenvolvimento e teste de suas hipóteses. Sem tomar esses depoimentos como verdades absolutas, ele abria a possibilidade de revisão dos seus conceitos, quando novas evidências contrariassem hipóteses já estabelecidas. O caso da possessão é um dos mais ilustrativos exemplos.

Como foi demonstrado, durante os últimos 15 anos de sua vida, em que ele se dedicou ao estudo da mediunidade, Kardec desenvolveu uma investigação sistemática dos fenômenos que se mostra mais sofisticada do que é perceptível à primeira vista em seus livros. Parte substancial dos seus livros são apresentações didáticas da “filosofia espírita”, das conclusões teóricas de seus estudos, bem como seus aspectos racionais.

Tais investigações são relevantes porque preenchem uma importante lacuna na história da psiquiatria, da psicologia, da parapsicologia e das religiões. Existe um campo vasto a ser explorado. Um melhor entendimento pode oferecer novas perspectivas para o conhecimento sobre as relações entre ciência e espiritualidade no século XIX, bem como o resgate de seus aspectos metodológicos pode contribuir para novos estudos no tema por pesquisadores atuais.

Fale-nos um pouco sobre o Programa de Pós-Graduação em Saúde Brasileira da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Minha pesquisa foi desenvolvida em um dos núcleos de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Saúde Brasileira da Universidade Federal de Juiz de Fora. O Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (NUPES) visa gerar estudos acadêmicos nessa área através de um grupo interdisciplinar que envolve psiquiatras, psicólogos, filósofos, sociólogos e historiadores, que têm por objeto aspectos das relações entre saúde e espiritualidade, entendida como algo referente ao domínio do espírito, à dimensão não material ou extrafísica da existência. Este grupo já produziu diversos trabalhos de alcance internacional que podem ser baixados através do site www.ufjf.br/nupes.

Qual deve ser o papel do historiador espírita?

Prefiro utilizar o termo historiador do Espiritismo, pois um historiador espírita pode não querer estudar sobre o Espiritismo e um historiador do Espiritismo pode não ser espírita, nem precisa ser simpatizante do Espiritismo. Contudo, aquele que deseja estudar o Espiritismo deve ter o compromisso com o rigor científico que uma abordagem histórica deve ter em qualquer trabalho. Ainda que seja espírita, um historiador não deve deixar de abordar um ponto que possa ser interpretado como nocivo ao Espiritismo. O historiador, sendo ele espírita ou não, deve ter compromisso com a verdade que os fatos revelam.

Ciência, Filosofia, Religião. Este tripé de sustentação da Doutrina Espírita às vezes é questionado. Uns querem mais a ciência, outros a religião. O tema é histórico, uma vez que a discussão vem dos primórdios do Espiritismo no Brasil. Qual a sua posição neste assunto?

O Espiritismo é uma religião bem estabelecida no Brasil, com milhões de adeptos que a entendem dessa forma. Acredito que a questão decorre do fato de que os aspectos científicos são, atualmente, pouco estudados.

Muito obrigado e, por favor, deixe-nos suas palavras finais.

Agradeço pelo espaço e fica o convite para que outras pessoas busquem estudar o Espiritismo com mais profundidade. Existe um vasto campo de pesquisa nessa temática que pode ser explorado academicamente em diversas áreas do conhecimento.(2)

Notas:

(1) É importante lembrar que faz 50 anos que a EDICEL publicou a coleção da Revue Spirite traduzida para o idioma português por Júlio Abreu Filho. Com base nessa tradução, publicamos nesta revista nas edições 37 a 208 o estudo metódico e sequencial dos 12 volumes publicados no período de 1858 a 1869. Clicando em http://www.oconsolador.com.br/37/estudandoasobrasdekardec.html o leitor terá acesso ao texto que deu início a esse estudo. (Nota da Redação)

(2) Para contato com Marcelo Gulão Pimentel, eis seu endereço eletrônico: mgulao@yahoo.com.br

segunda-feira, 16 de março de 2020

Planejamento Espiritual da Missão de Kardec


Por Paulo Oliveira

O tema desta reflexão é por demais profundo e importante, pois nos remete a nada mais nada menos do que ao grande Codificador da Doutrina dos Espíritos, cuja missão foi a de trazer para o nosso planeta Terra a doutrina consoladora, prometida por nosso senhor Jesus Cristo, já no final de sua missão terrena, quando estava reunido com seus discípulos no cenáculo, celebrando a Páscoa judaica, conforme registrado no Evangelho de João, cap. 14, dos versículos 15 a 17:

“Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós”.

Com essa profecia, revela o Mestre que a construção do caminho para Deus, destinação de todos nós Espíritos criados por Ele, atingia novo patamar. A mensagem do Evangelho de amor dava seu primeiro passo junto à população espiritual da Terra. Abriam-se aí as portas para o futuro espiritual de todos nós que compomos a população encarnada e desencarnada deste planeta.

No entanto, como estamos suficientemente informados pelas instruções dos Espíritos superiores, as missões que temos a desempenhar, em sua diversidade e complexidade variadas, não necessariamente se completam em uma só existência. Muitas vezes aqui abarcamos para retomar o trabalho iniciado em encarnação precedente, com vistas a uma continuidade futura.

No caso do eminente Espírito Hippolyte Léon Denizard Rivail, que adotaria o pseudônimo de Allan Kardec, assumiu uma missão que sequer podemos divisar a sua avultada complexidade, graças ao nosso desenvolvimento espiritual ainda acanhado.

Assim, para tratarmos do tema a que nos propusemos a desenvolver, falando do planejamento da missão de Allan Kardec, vamos também salientar que uma tarefa missionária como essa não se improvisa de véspera, ou seja, não se define de um dia para o outro. Há sim uma programação estudada nos mínimos detalhes e antecipada de séculos, para que a ideia seja construída, comunicada e finalmente assimilada.

Recebemos as notícias da Terceira Revelação, a Doutrina dos Espíritos, há exatos 159 anos, e, todavia, estamos lutando para conhecer o bê-á-bá dessa mensagem de luz.

Como vimos há pouco, Jesus no Sermão do Cenáculo fala claramente que sua mensagem não era completa e que OUTRO CONSOLADOR, o Espírito Verdade, viria complementar a mensagem divina, que se iniciara com Moisés e fora aclarada e aperfeiçoada por Jesus. Lembremos que a condição necessária para essa nova revelação foi estabelecida pelo Mestre nas transparentes palavras “se me amais, guardai os meus mandamentos”, significando que esse Consolador prometido viria somente quando os seres humanos tivessem, pelo menos, registrado a mensagem do Evangelho e estivessem dispostos a observá-la, embora ainda não tão facilmente compreendida e praticada.

Essa assimilação certamente deveria levar algum tempo, até porque as novas ideias não são assimiladas de pronto, exigindo séculos de vivência e transformação. Dessa forma, no limiar do século XIX, vemos uma forte movimentação nas ciências, na filosofia, na sociologia, na política etc., que denota a busca de um anseio de abertura para novos patamares do pensamento e do conhecimento.

Vamos verificar um movimento libertário que deu margem a grandes modificações no mundo político e social de então, que foi a Revolução Francesa, marcada pela queda da Bastilha ocorrida em 14/07/1789, em Paris, França.

Nesse período, diz-nos Emmanuel em “A Caminho da Luz”, livro psicografado por Francisco C. Xavier, surge um dos enviados do Alto, cuja grandiosa missão era unificar e preparar o ambiente para a chegada da nova revelação. Seu nome, Napoleão Bonaparte, mas que, cego pela vaidade e ambição, teve seus pensamentos dominados pela volúpia do poder, desviando-se do roteiro que tinha aceitado e se comprometido.

Nessa mesma época, informa-nos Emmanuel também, sobre a vinda do Espírito que assumiria a identidade de Allan Kardec: “... assembleias numerosas se reúnem e confraternizam nos espaços, nas esferas mais próximas da Terra. Um dos mais lúcidos discípulos do Cristo baixa ao planeta, compenetrado de sua missão consoladora” (A Caminho da Luz – XXII – A REVOLUÇÃO FRANCESA – Emmanuel-Chico Xavier.)

Humberto de Campos, pela psicografia também de nosso querido Chico, no livro Cartas e Crônicas, descreve-nos essa assembleia ocorrida na noite de 31 de dezembro de 1799, nas esferas Superiores.

Relata que “legiões de Espíritos sábios e benevolentes” reúnem-se para marcar a entrada do novo século, e cita, entre outros, a presença de Sócrates, Platão, Aristóteles, Agostinho, Fénelon, Giordano Bruno, Tomás de Aquino, São Luís de França, São Vicente de Paulo, Spinoza, Erasmo, Gutenberg, Galileu, Pascal e Dante Alighieri.

Em dado momento, à frente de um grupo de Espíritos encarnados no planeta, temporariamente desdobrados de seus corpos físicos, está a figura de Napoleão Bonaparte, o qual é recebido por alguns desses Espíritos, que o saúdam e o acolhem, quando dos recantos do infinito abre-se uma estrada de luz, pela qual descem como que estrelas e que se transformam em figuras humanas nimbadas de luz celestial.

“Dentre todos, no entanto, um deles avultava em superioridade e beleza. Tiara rutilante brilhava-lhe na cabeça, como que a aureolar-lhe de bênçãos o olhar magnânimo, cheio de atração e doçura. Na destra, guardava um cetro dourado, a recamar-se de sublimes cintilações...”

Esse o Espírito que fora escolhido, pelo planejamento divino, a abrir os caminhos da nova revelação consoladora, que faria da mensagem cristã, deturpada e relegada aos cultos exteriores, ao longo dos séculos, agora revivificada e relembrada, restabelecendo todas as coisas.

Allan Kardec surge novamente no cenário planetário “dois meses antes de Napoleão Bonaparte sagrar-se imperador”, nascendo em Lyon aos 3 de outubro de 1804” (A Caminho da Luz – XXII – A REVOLUÇÃO FRANCESA.)

Mas quem é esse Espírito iluminado que veio nos trazer esse conhecimento da Verdade?

Em Mateus, cap. 17:10-13, o evangelista nos relata que, após a ocorrência da transfiguração no Monte Tabor, Jesus descia do monte com seus discípulos, quando estes lhe perguntaram:

- “Por que dizem, então, os escribas que é necessário que Elias venha primeiro? E Jesus, respondendo, disse-lhes:

- Em verdade Elias virá primeiro e restaurará todas as coisas. Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do Homem. Então, entenderam os discípulos que Ele lhes falara de João Batista”.

Os apóstolos referiam-se à profecia feita por Malaquias que dizia: “Eis que eu vos enviarei o Profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor”. (Malaquias, IV, 5.)

Vemos nas palavras de Jesus uma clara mensagem que o Espírito Elias, que é considerado o mais poderoso dos profetas do Antigo Testamento, é João Batista, o maior profeta, aquele que foi o PRECURSOR DO CRISTIANISMO, e que voltava para anunciar a chegada do Messias, o maior enviado de Deus.

Nessa mesma ocasião o Divino Mestre, dando a conhecer a todos o grande Espírito que o precedera, como revelador da sua vinda, disse: “João é um profeta, muito mais que profeta, porque é da sua pessoa que está escrito: eis, aí envio ante a tua face o meu anjo, que há de preparar o teu caminho”.

Cairbar Schutel, o grande Apóstolo do Espiritismo no Brasil, em seu livro Parábolas e Ensinos de Jesus, afirma:

“Na Antiga Dispensação, Elias é o mais poderoso dos profetas; na Nova Dispensação, João Batista é o maior; na Novíssima, Allan Kardec é o elevado bom senso, a sublimação da profecia em seu mais elevado nível”.

E conclui: “Elias apelou para as águas e para o fogo; João para a água e para o sofrimento; Allan Kardec para o sentimento e para a razão, mas os três são um mesmo Espírito. Um fere e castiga, outro corrige e ensina, o último vivifica e salva!”

Com essa retumbante revelação feita pelo Bandeirante do Espiritismo no Brasil, ajuda-nos com sua análise precisa e consistente a entender que esse Espírito maravilhoso, que é Allan Kardec, caminha na estrada do Mestre há milênios, e que está comprometido com a completude de sua missão, junto a nós, habitantes da Terra, nos seus diversos planos da vida.

Muito bem, entendido um aspecto apenas do planejamento divino no tocante à implantação do amor no coração da humanidade, trabalho esse de enormes proporções e que demanda a infinita paciência e persistência de Espíritos abnegados, vamos abordar agora o início da missão terrena de Kardec.

O prof. Hippolyte-Léon-Denizard Rivail ficou sabendo sobre o fenômeno das mesas girantes no ano de 1854, através do Sr. Fortier, que era um magnetizador e que lhe trazia a notícia de que não eram somente as pessoas que se podiam magnetizar, mas também mesas que giravam e se movimentavam livremente.

De pronto isso não causou nenhum espanto ao Prof. Rivail, pois que entendia que o “fluido magnético, espécie de eletricidade, pode perfeitamente agir sobre os objetivos inertes e fazê-los movimentarem-se”. Em outra situação, o mesmo Sr. Fortier informa ao Prof. Rivail de que não só se podia magnetizar os objetos, como uma mesa, mas que esta também respondia a questões quando perguntada. A isso respondeu ele:

- “Isto agora, repliquei-lhe, é outra questão. Só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula. Até lá, permita que eu não veja no caso mais do que um conto para fazer-nos dormir em pé”.

Em maio de 1855, Kardec teve o seu primeiro contato com o fenômeno em casa de Sra. Plainemaison, quando assistiu a mesas que se movimentavam e ensaiavam respostas, de forma muito rudimentar, através de uma cesta. Kardec percebeu que ali havia mais coisa do que um simples divertimento. Havia uma lei natural que não era conhecida, a qual dedicou o resto de sua vida para pesquisar, entender e estabelecer um corpo de Doutrina.

Kardec recebe a primeira revelação de sua missão em 30/04/1856, na casa do Sr. Roustan, e o Espírito se manifesta, utilizando do médium que movia uma cesta de bico, instrumento inicialmente usado para obtenção das mensagens escritas.

No dia 12 de junho de 1856, por intermédio da srta. Aline, o Espírito Verdade lhe fala sobre sua missão como codificador do Espiritismo. Kardec não percebia o que poderia justificar nele tal graça, quando tantos outros possuíam talento e qualidades que ele não reunia. O Espírito Verdade confirmou o que alguns Espíritos já haviam dito, recomendando-lhe discrição, se quisesse se sair bem:

- "Não esqueças que podes triunfar, como podes falir", advertiu. "Neste último caso, outro te substituiria, porquanto os desígnios de Deus não assentam na cabeça de um homem."

Daí em diante, não parou mais de pesquisar e estudar os fenômenos, cujas análises e conclusões associadas com mensagens recebidas dos Espíritos responsáveis pela nova revelação ficaram registradas na Codificação Espírita, que é composta pelos cinco livros básicos: O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868). Também publicou outros livros e principalmente a Revista Espírita (1858-1869). Anos depois do seu desencarne veio à luz o livro Obras Póstumas (1890).

Seu lema, pelo qual pautou seu trabalho, foi sempre: “Observar, comparar e julgar, essa a regra que constantemente segui”.

Ao tempo de seu contato inicial com as comunicações espíritas, foi-lhe informado pelo Espírito Zéfiro, protetor da família Baudin, que ambos haviam vivido na Gália, atualmente região da França, no ano 58 a. C quando da invasão de Júlio Cesar a toda aquela região.

Informou-lhe que era um grande chefe druida, sacerdote do povo Celta, e que seu nome à época era Allan Kardec, nome que então assumiria para assinar toda a sua obra da codificação espírita, diferenciando-a de sua produção anterior como pensador, professor e pesquisador no campo da pedagogia e matemática, entre outras.

Vemos que a divulgação da nova revelação veio ao longo tempo, sempre conduzida pelo mesmo Espírito, que assumiu a missão de construir a estrada que deveria levar-nos todos em direção de Deus, por meio dos conhecimentos adquiridos ao longo de séculos.

A filosofia religiosa dos Celtas era muito avançada. Acreditavam numa divindade única. Não admitiam templos, suas cerimônias eram realizadas ao ar livre, nos campos e florestas, debaixo de grandes carvalhos. Acreditavam na imortalidade da alma, na reencarnação, no livre-arbítrio, na lei de causa e efeito, na evolução espiritual, na inexistência de penas eternas. Criam ainda na existência de esferas espirituais evolutivas e na proteção de seres superiores.

Há várias outras informações da presença de Allan Kardec entre nós, com identidades diferentes.

Por revelação mediúnica ele viveu como o mártir Jan Huss, célebre pensador, sacerdote e reformador tcheco, nascido no ano de 1369. Suas ideias libertadoras anteciparam, em quase um século, a reforma proposta por Martinho Lutero (1517), as quais confrontavam o poder papal e da igreja católica.

Vemos, portanto, que uma tarefa como a de iluminar o espírito humano para o caminho de ascensão para Deus nunca foi uma tarefa fácil e que demandou a dedicação pessoal desse Espírito de escol que, vivenciando experiências diversas, trouxe-nos o alento, a esperança e a consolação, conforme a promessa deixada por Jesus com relação à doutrina consoladora que surgiria por meio da inspiração do Espírito Verdade.

Para encerrar esta pequena reflexão, vamos recorrer novamente à mediunidade de Chico Xavier e às informações trazidas por Humberto de Campos (Espírito), que nos descreve o momento em que o mestre lionês retorna ao plano espiritual.

Diz-nos Humberto de Campos que quando o corpo de Kardec ainda não havia baixado ao túmulo, uma multidão de Espíritos veio saldar o mestre no limiar do sepulcro. Eram antigos homens do povo, seres infelizes que ele havia consolado e redimido com suas ações prestigiosas, e, quando se entregavam às mais santas expansões afetivas, uma lâmpada maravilhosa caiu do céu sobre a grande assembleia dos humildes, iluminando-a com uma luz que, por sua vez, era formada de expressões do seu “O Evangelho segundo o Espiritismo”, ao mesmo tempo em que uma voz poderosa e suave dizia do Infinito:

- “Kardec, regozija-te com a tua obra! A luz que acendeste com os teus sacrifícios na estrada escura das descrenças humanas vem felicitar-te nos pórticos misteriosos da mortalidade... O mel suave da esperança e da fé que derramaste nos corações sofredores da Terra, reconduzindo-os para a confiança da minha misericórdia, hoje se entorna em tua própria alma, fortificando-te para a claridade maravilhosa do futuro. No céu estão guardados todos os prantos que choraste e todos os sacrifícios que empreendeste... Alegra-te no Senhor, pois teus labores não ficaram perdidos. Tua palavra será uma bênção para os infelizes e desafortunados do mundo, e ao influxo de tuas obras a Terra conhecerá o Evangelho no seu novo dia!...”.

Como uma homenagem a esse querido amigo Allan Kardec, colocamos a mensagem abaixo, recebida em 2013:

Mensageiro do Amor


No limiar de nova era,
hostes celestes anunciavam,
Que aqui novos tempos chegavam,
Renovando toda a Terra!

Descia dos céus o doce viajante,
De ternura e de amor exemplo.
E a luz brilhou nesse momento,
assinalando o eterno instante.

Nascia o codificador,
amparado pela mão divina.
Trazendo ao mundo luz cristalina:
O Espiritismo Consolador!

Luta árdua e espinhosa missão,
Exigiram do gentil mestre lionês
intenso esforço e lucidez,
Fragilizando o dócil coração.

E após fincar em solo íngreme,
da nova Doutrina o fundamento.
Voa de volta, livre, ao firmamento,
De Jesus, o mensageiro insigne.

Um Espírito amigo
(Mensagem recebida em 23/05/2013 pelo médium Paulo Oliveira.)
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