sábado, 31 de março de 2018

Gaston Luce em Pensamentos


A Religião


A religião, é o ser e o vir a ser, e não somente escutar ou aceitar. Ela não exclui nem a ciência, nem o método; ela é eminentemente pragmática. É compreensível, portanto, como o Espiritismo bem compreendido e recebido no seu sentido verdadeiro, se ajusta plenamente às exigências da religião. Uma religião experienciada, não uma religião aprendida, eis que ela ensina, e nós temos visto mesmo pela aprovação de alguns eclesiásticos, que o Cristianismo não é outra coisa. (Gaston Luce, Espiritismo e Renovação)

quinta-feira, 29 de março de 2018

Especial Semana Santa


JESUS, O EDUCADOR DE ALMAS


Por José Passini

A Humanidade, nos dias atuais, tem mais liberdade para buscar o conhecimento, com mais amplitude e profundidade, o que significou, para o mundo, a vinda de Jesus, o Mestre mais perfeito que a Terra conheceu, aquele que baseou seus ensinamentos na pedagogia do exemplo. Não há um só ensinamento dele que tenha ficado sem o seu testemunho pessoal. Jesus foi simples e minucioso no que ensinou verbalmente, e farto na exemplificação. Por isso é que se deve tomá-lo como o Mestre e Guia a ser seguido, e não como um simples intermediador entre o homem e Deus, que teria selado uma pretensa aliança com o Criador, através do oferecimento do seu sangue para a salvação da Humanidade, conforme interpretações equivocadas de teólogos.

O próprio conceito de religião foi modificado a partir dos seus ensinamentos. Com Jesus, aprende-se que religião não é algo mágico a ser levado a efeito no interior dos templos. Não mais aquela ideia de que religião é prática mística, contemplativa, ritualística, cheia de oferendas e fórmulas repetitivas vivenciadas no interior das assim chamadas “Casas de Deus”. Religião, conforme seus ensinamentos e, principalmente seus exemplos, passou a ser, para aquele que lhe entendeu as lições, um novo modo de viver, de se relacionar com o próximo, em todos os ambientes, em todos os momentos. Ensinando que Deus está presente em todo o universo, alargou os limites dos templos, transformando o mundo num templo imenso: “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo, 14: 2).

Jesus não foi um Mestre de gestos largos, de atitudes místicas e contemplativas, que vivesse confinado em ambiente religioso, ou em local distante, isolado do convívio diário, longe da vida prática. Nem era um profissional religioso: era um simples carpinteiro, que causou espanto em alguns, diante do que falava e fazia: “... donde lhe vêm estas coisas? E que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos? Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas, e de Simão? E não estão conosco aqui suas irmãs? E escandalizavam-se nele.” (Mc, 6: 2 e 3).

Jesus foi um educador de almas, que sempre enfatizou a necessidade do empenho da criatura no sentido de educar-se, de progredir, conforme ensinou no Sermão do Monte: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens (...).” (Mt, 5: 16). Toda a mensagem religiosa do Mestre fundamenta-se no esforço da criatura no sentido de revelar essa herança divina que todos trazemos. Nada de graças, além da graça da vida. Nada de privilégios: “(...) e então dará a cada um segundo as suas obras.” (Mt, 16: 27).

Sua mensagem é um verdadeiro desafio, no sentido de transcender os limites da lei antiga, que preconizava “olho por olho, dente por dente”: “(...) se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” (Mt, 5: 20). “Ouvistes o que foi dito: amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; (...).” (Mt, 5: 42 e 43).

Jesus não desejou discípulos passivos, encantados, deslumbrados. Pelo contrário, sempre buscou tocar o sentimento, juntamente com o apelo para que a criatura raciocinasse, a fim de saber, de compreender porque deveria agir desse ou daquele modo. O Sermão do Monte, que para muitos é apenas um hino ao sentimento, é, também, uma forte mensagem à inteligência, ao raciocínio: “E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus dará bens aos que lhos pedirem?” (Mt, 7: 9 a 11).

A fé raciocinada começou, inquestionavelmente, com Jesus: “Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?” (Mt, 6: 26). Ao ensinar a criatura a não criar fantasias sobre a fé, mostra a linha divisória entre aquilo que deve ser objeto da preocupação do homem, e o que deve ser entregue a Deus, perguntando: “E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?” (Mt, 6: 27).

A educação religiosa que Jesus propicia ao homem leva-o a conscientizar-se de que não será através de orações repetidas que estaremos agradando a Deus: “E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.” (Mt, 6: 7). Nem através de oferendas ou bajulações: “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta.” (Mt, 5: 23 e 24).

No Seu trabalho educativo do Espírito humano, Jesus mostrou a importância do bom relacionamento com o próximo como caminho para Deus, conforme bem entendeu o Apóstolo João, que registrou: “Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (I Jo, 4: 20).

Significativo é o diálogo entre o doutor da lei e Jesus, conforme relatado no Evangelho de Lucas (10: 25 a 37): “Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” Ali se vê um homem, conhecedor profundo das leis religiosas, a ponto de citá-las de cor, logo que inquirido por Jesus: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.” (Deu, 6:5 e Lev. 19: 18). Efetivamente, os judeus sabiam de cor esses dois mandamentos maiores. Entretanto, quando Jesus lhe disse: “Faze isso e viverás”, aquele homem não compreendeu, porque para ele não havia conexão entre o preceito religioso, que lhe enfeitava o campo intelectual, com a vida prática, a ponto de perguntar: “Quem é o meu próximo?” Por saber disso, é que o Mestre contou-lhe a Parábola do Bom Samaritano, mostrando que o samaritano fez sua oferenda a Deus, não diante de um altar, mas através do mais legítimo representante de Deus: o próximo!

Ele próprio deu-se como exemplo no serviço a Deus na pessoa do próximo. Curava sempre, impondo as mãos sobre os doentes, embora não precisasse fazê-lo para curar (vide cura do servo do centurião: Mt, 8: 5 a 13), mas o fez para ensinar, recomendando que se fizesse o mesmo: “... e porão as mãos sobre os enfermos e os curarão.” (Mc, 16: 18). Deixou bem claro, também, a gratuidade da prática religiosa: “... de graça recebestes, de graça dai.” (Mt, 10: 8).

Vê-se, assim, que Jesus trouxe à Terra uma mensagem religiosa sem precedentes. Simples, sem ser superficial; profunda, sem ser complicada.

Uma concepção religiosa libertadora não agrada àqueles que desejam exercer o poder religioso. Estes procuram conservar a religião como algo mágico, místico, extático, complexo a ponto de a ela só terem acesso os doutos e os sábios, pessoas pretensamente especiais, que estariam mais habilitadas a intermediarem as mensagens das criaturas ao Criador. Jesus concedeu carta de alforria à Humanidade, em relação à intermediação sacerdotal, ao informar a criatura humana de que ela tem o direito legítimo e inalienável de se comunicar com seu Criador, diretamente, em qualquer lugar onde se encontre: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em oculto; e teu Pai, que vê secretamente, te recompensará.” (Mt, 6: 6).

Jesus libertou a criatura humana também da necessidade do comparecimento ao templo, a fim de ali encontrar-se com Deus. O Mestre jamais convidou alguém a orar num templo. Pelo contrário, quando a Samaritana manifestou-se no sentido de adorar a Deus no Templo de Jerusalém, o Mestre desautorizou tal atitude, dizendo-lhe: "Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Deus é espírito e importa que os que O adoram O adorem em espírito e em verdade." (Jo, 4: 21 e 24). Para Jesus não havia santuários, lugares especiais. Seus ensinamentos, suas curas, suas orações sempre foram levados a efeito onde quer que ele se encontrasse.

Ele foi crucificado exatamente pela coragem de contrapor-se ao poderio sacerdotal, àquela verdadeira ditadura religiosa. Infelizmente, com o passar dos tempos, o eixo da mensagem cristã foi-se desviando, saindo da área do estudo, da meditação à luz da oração consciente, passando às práticas exteriores.

Essas verdades religiosas simples, que estiveram ao alcance de humildes pescadores, de viúvas e de deserdados, foram, com o passar do tempo, relegadas a segundo plano, tendo sido postos em primeiro lugar o ritual, a solenidade, o manuseio de objetos de culto, a vela, o vinho, a fumaça, os cantochãos, todo um conjunto imenso de práticas exteriores alienantes, buscadas no judaísmo e no paganismo romano, que distanciavam o homem cada vez mais do esforço de auto-aprimoramento preconizado por Jesus.

Os pronunciamentos libertadores de Jesus não foram objeto de estudo pelos teólogos, que criaram as liturgias, os sacramentos, e, pior ainda, a hedionda teoria das penas eternas, desfazendo a imagem do Deus Misericordioso, tão bem delineada pelo Mestre.

A mensagem cristã foi apequenada, podada, enxertada por aqueles que dela se apossaram, construindo uma religião atemorizadora e salvacionista, com base em atitudes místicas e na crença de que seria o sangue de Jesus o remissor dos pecados da Humanidade. Foi enfatizada a adoração extática a Jesus-morto, em detrimento do esforço em seguir Jesus-vivo.

Bibliografia:
A Bíblia Sagrada:
Trad. João Ferreira d’Almeida
Ed. Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira – 1937

terça-feira, 27 de março de 2018

A Música e o Espírito: Autumn Leaves - George Davidson

O piano romântico de George Davidson interpretando a canção em sagração ao outono, “Autumn Leaves”, do compositor húngaro naturalizado francês Joseph Kosma.

domingo, 25 de março de 2018

Mensagem da Semana


Tolerância


As coisas muito grandiosas tomam forma através do silêncio, solitude e tolerância.

Tolerância é a habilidade de acomodar diferentes opiniões e indiferentes atitudes, mantendo o autorrespeito e respeitando os outros.

Para reforçar o hábito da tolerância, procure ter uma mente aberta em relação a tudo.

Procure entender que cada ser humano possui, dentro de si uma bagagem de conceitos, experiências e memórias absolutamente singulares. A tolerância é o poder que valoriza essas histórias pessoais, com respeito e amor.

Onde houver tolerância em uma tarefa ou relacionamento, haverá sucesso.

(Brahma Kumaris)

sexta-feira, 23 de março de 2018

Gaston Luce em Pensamentos


Reencarnação e Livre-arbítrio


A reencarnação é uma consequência da lei de causa e efeito. Com o homem e seu livre-arbítrio nasceu a ideia da responsabilidade. É impossível separar uma noção da outra. O animal está determinado por seus instintos, o homem é livre em sua vontade, que esclarece sua consciência. (Gaston Luce, Espiritismo e Renovação)

quarta-feira, 21 de março de 2018

Artigo do Mês


As Marcas do Cristo


Por Waldenir A. Cuin

Paulo de Tarso, de forma determinante, gravou em si, mediante renúncia, perseverança e determinação, as reconhecidas marcas do Cristo, desenvolvendo notável trabalho na divulgação das valiosas e imprescindíveis lições de Jesus.

Seu labor incansável e destemido, numa época extremamente hostil para a implantação de novas ideias, principalmente aquelas que contrariavam os hábitos e costumes dos poderes dominantes, contribuiu sobremaneira para que o cristianismo ganhasse a popularidade dos dias presentes.

Francisco Cândido Xavier impregnou-se pelas marcas do Cristo trabalhando mais de setenta anos na mediunidade, tendo publicado, aproximadamente, quatrocentos e cinquenta livros psicografados, oferecendo-nos um manancial incomensurável de ensinamentos espirituais, além de exemplificar intensamente, pela vida toda, como deve se portar um verdadeiro cristão.

Madre Tereza de Calcutá carregou as marcas do Cristo ao vivenciar as lições evangélicas, através das ações sociais e beneméritas em favor dos povos pobres e sofridos do oriente, espalhando o amor e o bem em todas as direções.

Irmã Dulce, na Bahia, mostrou em si as marcas do Cristo ao desenvolver um profícuo labor em prol de crianças e pessoas carentes, construindo obras filantrópicas de profundo alcance e valor social, minimizando o sofrimento, a dor e a angústia de inúmeras criaturas.

Francisco de Assis, na Itália, foi marcado pelo Cristo, despojando-se da vida abastada que tinha, para grassar o Evangelho de Jesus no seio do povo sofrido da sua comunidade, deixando um legado de humildade, abnegação e caridade.

Jerônimo Mendonça, em Minas Gerais, mesmo vivendo em uma maca, tetraplégico e cego, evidenciou as marcas do Cristo edificando creche, centro espírita, gráfica, publicando livros, discos e realizando palestra pelo Brasil inteiro, sem medir esforços ou apresentar cansaço, sempre tendo em meta socorrer os irmãos com necessidades.

Mahatma Gandhi, na Índia, patenteou as marcas do Cristo, libertando o povo indiano da opressão britânica, lutando destemidamente sem usar violência.

Martin Luther King, nos Estados Unidos, carregou o Cristo marcado em si, defendendo os direitos das mulheres e dos negros, trabalhando sem detença, por uma sociedade mais justa, fraterna e humana. Foi extremamente sábio quando disse: “O que mais preocupa não é o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons".

Inúmeras criaturas, das mais variadas formas e métodos, souberam carregar as marcas do Cristo, aplainando nossas estradas para que possamos caminhar com mais tranquilidade, conforto e segurança.

Resta, então, perguntar: quais são as marcas do Cristo em nós? Será que as temos?

Reflitamos...

sábado, 17 de março de 2018

Gaston Luce em Pensamentos


A Ciência e a Moral


Na realidade, a ciência é uma coisa e a moral é outra. Vocês podem combinar a moralidade com a religião, a moralidade com o conhecimento, mas com a ciência material, não! A moral se baseia nos sentimentos, a ciência no intelecto. (Gaston Luce, Espiritismo e Renovação)

quinta-feira, 15 de março de 2018

Mensagem da Semana


O Mestre e o Samurai


Certo dia, um Samurai, que era um guerreiro muito orgulhoso, veio ver um Mestre Zen. Embora fosse muito famoso, ao olhar o Mestre, sua beleza e o encanto daquele momento, o samurai sentiu-se repentinamente inferior.

Ele então disse ao Mestre: - "Por que estou me sentindo inferior? Apenas um momento atrás, tudo estava bem. Quando aqui entrei, subitamente me senti inferior e jamais me sentira assim antes. Encarei a morte muitas vezes, mas nunca experimentei medo algum. Por que estou me sentindo assustado agora?"

O Mestre falou: - "Espere. Quando todos tiverem partido, responderei."

Durante todo o dia, pessoas chegavam para ver o Mestre, e o samurai estava ficando mais e mais cansado de esperar. Ao anoitecer, quando o quarto estava vazio, o samurai perguntou novamente: - "Agora você pode me responder por que me sinto inferior?"

O Mestre o levou para fora. Era uma noite de lua cheia e a lua estava justamente surgindo no horizonte. Ele disse: - "Olhe para estas duas árvores, a árvore alta e a árvore pequena ao seu lado. Ambas estiveram juntas ao lado de minha janela durante anos e nunca houve problema algum. A árvore menor jamais disse à maior "Por quê me sinto inferior diante de você? Esta árvore é pequena e aquela é grande - este é o fato, e nunca ouvi sussurro algum sobre isso."

O samurai então argumentou: - "Isto se dá porque elas não podem se comparar."

E o Mestre replicou: - "Então não precisa me perguntar. Você sabe a resposta.

Quando você não compara, toda a inferioridade e superioridade desaparecem. Você é o que é e simplesmente existe. Um pequeno arbusto ou uma grande e alta árvore, não importa, você é você mesmo. Uma folhinha da relva é tão necessária quanto a maior das estrelas. O canto de um pássaro é tão necessário quanto qualquer grande orador, pois o mundo será menos rico se este canto desaparecer. Simplesmente olhe à sua volta. Tudo é necessário e tudo se encaixa. É uma unidade, ninguém é mais alto ou mais baixo, ninguém é superior ou inferior. Cada um é incomparavelmente único. Você é necessário e basta. Na Natureza, tamanho não é diferença. Tudo é expressão igual de vida."

Conto Zen

terça-feira, 13 de março de 2018

Gaston Luce, Considerações de um Biógrafo

Amigo pessoal e biografo de Léon Denis, Gaston Luce descreve no prólogo da primeira edição da obra (reproduzido na íntegra abaixo), a lacuna deixada para si e para a doutrina espírita após o desencarne do “Apóstolo do Espiritismo”, bem como resume toda a sua trajetória imprimindo no texto a personalidade íntegra e resoluta do eminente orador, escritor e mestre espírita.



Prólogo


A morte de Léon Denis, ainda tão recente, deixou um grande vazio nas fileiras espíritas do Ocidente e por todas as partes do mundo onde sua obra penetrou.

Esse vazio não será preenchido tão cedo, não que o talento seja raro em nosso meio, mas porque o prestígio literário se reveste aqui de méritos verdadeiramente excepcionais.

Embora o eco da potente voz do apóstolo, prosseguindo em sua missão na “outra vida”, ainda não nos tenha chegado, temos, desde agora, o dever de nos dedicarmos à sua obra, na qual sua doutrinação aparece em toda a sua plenitude e seu poder, dela retirando os mais substanciosos ensinamentos.

Tarefa mais urgente não existe e nada há de mais reconfortante.

Enquanto numerosos ensaios filosóficos se esforçam, numa preocupação louvável, em nos arrancar de um niilismo absurdo e degradante, sem que consigam alcançá-lo, os livros de Léon Denis são os libertadores. A fé que extraímos deles é contagiante, geradora de esperança e de coragem varonil.

Eis por que tantos leitores de todas as classes sociais e de todas as regiões encontraram nelas virtudes particularmente eficazes.

Sem dúvida alguma, devemos dar crédito à Ciência, desejar o maior êxito nas atuais pesquisas da Metapsíquica, evitando, porém, repisar os mesmos temas.

Entretanto, é preciso considerar, com o autor de O Grande Enigma, que tudo quanto constitui tema de nossas investigações já foi registrado, apresentado de maneira perfeita pelos instrutores da mais remota Antiguidade, e que nós perdemos, em definitivo, um precioso tempo, recomeçando sempre a mesma tarefa, enquanto que a humanidade vai à deriva e mergulha mais profundamente no erro.

É suficiente reler os livros do mestre Denis para compreendermos o sentido de suas repetidas advertências, entendermos a razão de suas apreensões pelas catástrofes motivadas pelos nossos erros e a nossa insensata cegueira.

Homens de pouca fé, repete ele, juntamente com o Justo, quando, então, ireis abrir os olhos para a luz, quando, então, reconhecereis a palavra da verdade?

A nova revelação que o Espiritismo nos apresenta, alicerçada em bases experimentais, é, acima de tudo, de ordem moral: eis o que não se pode esquecer.

O Espiritismo será científico ou não subsistirá.

Certamente, esta afirmativa é excelente, com a condição de que não o subordinem a uma ciência vacilante e tímida, com a condição de que ele não se afaste do verdadeiro caminho da alma.

Léon Denis está entre aqueles que se recusam a subordinar a filosofia, a velha sabedoria humana, somente às regras da experimentação, porque em semelhante domínio não se trata mais de matéria tangível. A concepção exclusivamente mecânica do mundo é insuficiente e apenas o testemunho dos sentidos torna-se de flagrante indigência.

Assim, não se querendo limitar unicamente aos fatos, volta-se para a mais evidente realidade, a do espírito (razão, consciência, sentimento), a única que pode conduzir à Causa Primária e liga verdadeiramente o homem ao Universo.

Concepção religiosa? Se assim o quisermos. Porém, a característica do homem não é a de ser um animal religioso?

Consciente de sua pequenez, no seio da criação, Léon Denis mantém uma invencível fé na imanente justiça, na perfeição das leis eternas, na bondade de Deus. Daí sua permanente serenidade.

O que caracteriza sua filosofia são os altos voos, é o amor ao aperfeiçoamento. Sua última palavra de ordem é: Santifica-te! Eleva-te! – a vida é uma ascensão – sempre para mais alto!

Uma tal existência, consagrada exclusivamente à busca da verdade, ao estudo e à meditação, não deixaria transparecer os aborrecimentos e as inquietações tão comuns.

Aparentemente tranquila, apenas deixando entrever o drama interior, tal vida lembra mais um rio que flui do que um lago tumultuoso.

É que a fase das tempestades e dos erros está dominada e amplamente superada pelo “apóstolo”. Ele já se adiantou e marcha resolutamente, adiante de nós, para nos mostrar o caminho.

Ao descrever sua vida consagrada ao serviço de um ideal, de uma causa nobre, voluntariamente negligenciamos tudo quanto não era documento oficial ou testemunho insuspeito.

O método pode parecer insuficiente, porém, com toda certeza, é o menos suscetível de sofrer deformações.

Ao demais, este trabalho deseja apenas fornecer elementos básicos, ele não pretende esgotar o assunto de uma só vez.

Conduzindo nossa pesquisa às próprias fontes, entre os papéis que o mestre nos deixou, em suas anotações de viagem e também em suas obras, onde ele depositou – muito raramente – por aqui, por ali, valiosos fragmentos autobiográficos, conseguimos encontrar o encadeamento dos mais marcantes fatos dessa longa e bela existência de beneditino leigo.

Limitamo-nos, voluntariamente, aos fatos importantes, aos acontecimentos essenciais de sua mocidade, de suas estreias, de seu proveitoso apostolado, de sua laboriosa velhice.

Reproduzimos, todas as vezes que foi necessário, as opiniões dos seus contemporâneos; extraímos de sua correspondência as passagens interessantes, respeitando a maior discrição. Enfim, deixamos a palavra ao orador e ao escritor, em todas as circunstâncias em que ele desempenhou um papel capital, a fim de que nossa narrativa fosse suficientemente segura e bem viva. Também ali acrescentamos o nosso testemunho pessoal.

Que possamos, em nosso desejo de reverenciar tão querida memória, ter posto convenientemente em destaque a figura do bom mestre de Tours, o apóstolo do Espiritismo, como era denominado o destemido mensageiro da Boa Nova, cujo nome desperta por toda parte no mundo, entre todos aqueles que leram seus livros, um sentimento profundo de reconhecimento e de piedosa veneração, servindo, ao mesmo tempo, a uma causa – bela entre todas.

Gaston Luce

Do livro Léon Denis, O Apóstolo do Espiritismo, de Gaston Luce.

domingo, 11 de março de 2018

Gaston Luce em Pensamentos


Jesus Salvador


“O homem, nesse mundo de perdição, tem necessidade de um Salvador porque o esforço que deve fazer, que deve consentir para sua libertação, ultrapassa seus próprios meios. Ora, "esse Salvador apareceu na pessoa de Jesus» cito ainda Allan Kardec e é Ele que deveria ser "a verdadeira âncora de Salvação".

Esta âncora divina tocou o sol, se fixou na Terra um certo tempo, brilhou aos olhos dos homens, de alguns homens, com um fausto único. O Cristo se fez nosso igual pela encarnação a fim de viver nossa vida e se colocar ao nosso alcance em toda a medida do possível. Ele não somente ensinou a lei, mas pregou pelo exemplo de sua mansuetude, humildade e paciência em sofrer sem murmurar as piores injustiças, os tratamentos mais ignominiosos e as maiores dores. Por sua presença, purificou a Terra saturada de ódio bestial e de crueldade, arrancando-a do jugo implacável do adversário. E após sua vinda, jamais interrompeu sua ação salvadora e a cruz tem brilhado sempre sobre o mundo como sinal de redenção e amor.” (Gaston Luce, Espiritismo e Renovação)

sexta-feira, 9 de março de 2018

Mensagem da Semana


Pergunte-se


Você, que reclama o que não recebe, já pensou no que não dá?

Você, que se lamenta porque sofre, já pensou no quanto faz sofrer?

Você, que acusa a ignorância, já avaliou seus conhecimentos?

Você, que condena o erro, já percebeu quanto erra?

Você, que se diz amigo sincero, já se analisou com sinceridade?

Você, que se queixa da penúria, já viu quanto possui mais que os outros?

Você, que critica o mundo, já fez algo para melhorá-lo?

Você, que sonha com o céu, quanto já fez para extinguir o inferno?

Você, que se diz modesto, não terá orgulho de parecer humilde?

Você, que condena o mal, tem procurado difundir o bem?

Você, que deplora a indiferença, tem semeado o amor?

Você, que se aflige com a pobreza, tem usado bem suas riquezas?

Você, que se dói com os espinhos, tem cultivado rosas?

Você, que tanto lamenta as trevas, tem espalhado luz?

Você, que se ocupa consigo mesmo, tem se preocupado com os outros?

Você, que se sente tão pequenino, tem procurado crescer?

Você, que se queixa da solidão, tem buscado companhia de um amigo?

Você, que se revolta contra a doença, que tem feito pela saúde?

Você, que almeja a concórdia, tem combatido a discórdia?

Você, que se diz servo de Deus, tem servido para alguma coisa?


Fonte: Mensagens e reflexões

quarta-feira, 7 de março de 2018

Música Espírita: Quando Eu Penso em Jesus

Canção que faz parte do repertório do DVD Comebh 25 anos, gravado no ano de 2007 com participação de Willi de Barros (autor da música), Cacau, Vanessa Santos, Cássio Fajardo e diversos outros músicos espíritas em apresentação ao vivo.

segunda-feira, 5 de março de 2018

Gaston Luce em Pensamentos

O Espiritismo como revelação

“Moisés revelou aos homens o conhecimento de um Deus único, foi a primeira revelação. Cristo ensinou a vida futura e a lei de Amor: foi a segunda revelação. O Espiritismo é uma consequência da doutrina do Cristo; pode ser considerado como a terceira revelação, a da nova era que se anuncia, abrindo um novo ciclo de evolução da humanidade. A firmeza dessas proposições não poderia nos escapar. Toda a obra do mestre, com efeito, e insisto sobre esse ponto, se agrega em torno de uma ideia central que parece ter-se perdido de vista e pode se traduzir assim: a doutrina espírita é resultante do ensinamento coletivo e concordante dos Espíritos de Deus. Este ensinamento se encontra no Evangelho de Jesus, o que aponta sua origem crística.” (Gaston Luce, Espiritismo e Renovação)

sábado, 3 de março de 2018

Sempre Lembrados: Gaston Luce


Gaston Luce nasceu em 03 de março de 1880, na região de Touraine que foi uma antiga província da França. Tornou-se conhecido como o grande poeta de Touraine devido à grande maestria de um beletrista na composição dos poemas que enfatizam a alma humana.

Gaston Luce foi companheiro de difusão doutrinária do Espiritismo e amigo pessoal de Léon Denis. Como o seu biografo publicou a obra chamada “Léon Denis, O Apóstolo do Espiritismo”.

Casou-se com Ângela Luce, médium, que lhe propiciou um campo bem vasto para seus estudos e experiências no campo da mediunidade. Desde então, a comprovação da imortalidade da alma e as diversas reencarnações do espírito humano passaram a não serem mais meras teorias obscuras, e sim, verdades absolutas comprovadas.

De mero pesquisador dos fenômenos mediúnicos ele acabou se tornando o grande difusor da causa do Espiritismo. Nas décadas de 30 e 40 a sua figura era proeminente nos meios espíritas da Europa, sendo que o seu trabalho se fundamentou na força moral do exemplo e da experiência dos ideais espíritas e cristãos.

Foi um grande colaborador com a Imprensa Espírita Francesa, particularmente na "La Revue Spirite", "Atlantis", e "Survie".

Gaston Luce desencarnou em 11 de janeiro de 1965 em Paris.


Bibliografia de Gaston Luce:

Poesia

- Ma Touraine. Le Divan, 1913 (Prix Archon-Despérousesl (épuisé).
- Des Lumières s'éteignent. Figuière, 1919 (épuisé).
- Les Jardins de Ronsard. Le Divan, 1924.
- La Harpe d'argent. Edition du Panier fleuri, Tours, 1930.

Obras

- Léon Denis, 1'apôtre du spiritisme. Edit. Jean Meyer, 1928, 8, rue Copernic, Paris.
- Spiritisme et renovation, 1937, Edité à compte d'auteur Imprimerie A. Chopin Lezay.
- Le Spiritualisme et les temps nouveaux, 1946 Le Colombier 14, rue Élise-Dreux - Tours
- Jehanne de Domrémy: Voix du Ciel, voix de France.
- De Platon à Dante. Edition Psyché, 36, rue du Bac, Paris.
- La Chevalerie. Edit. Atlantis, 46, rue de Montreuil, Vincennes.
- L'Inspiration. Edit. Atlantis, 46, rue de Montreuil Vincennes.

quinta-feira, 1 de março de 2018

Homenageado do Mês


O homenageado do mês, Gaston Luce, nasceu em 03 de março de 1880, em Touraine, antiga província da França, ficando conhecido como grande poeta devido a beleza e maestria de suas composições em que sempre se destacava a alma humana. Foi amigo pessoal e biografo de Leon Denis, tendo publicado a obra “Léon Denis, O Apóstolo do Espiritismo”. Foi também um dos grandes colaboradores da divulgação espírita, especialmente pela participação na “La Revue Spirite”, “Atlantis” e “Survie”, publicando as seguintes obras:

- Léon Denis, 1'apôtre du spiritisme. Edit. Jean Meyer, 1928, 8, rue Copernic, Paris.
- Spiritisme et renovation, 1937, Edité à compte d'auteur Imprimerie A. Chopin Lezay.
- Le Spiritualisme et les temps nouveaux, 1946 Le Colombier 14, rue Élise-Dreux - Tours
- Jehanne de Domrémy: Voix du Ciel, voix de France.
- De Platon à Dante. Edition Psyché, 36, rue du Bac, Paris.
- La Chevalerie. Edit. Atlantis, 46, rue de Montreuil, Vincennes.
- L'Inspiration. Edit. Atlantis, 46, rue de Montreuil Vincennes.

Destacaremos nesse mês em nossas postagens um pouco da sua vida, pensamento e trabalho junto a doutrina espírita.
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