quarta-feira, 31 de julho de 2013

As Asas da Libertação


Se pretendes mergulhar nos fluidos superiores da Vida, desvendando os complexos mecanismos da existência, ora e medita.

A prece levar-te-á ao norte seguro e a meditação fixar-te-á no centro das aspirações superiores, harmonizando-te.

Se desejas permanecer em paz integral, consolidando as conquistas espirituais, renuncia e esquece todo o mal.

A renúncia ensinar-te-á libertação das coisas e das conjunturas afligentes e o esquecimento de qualquer mal ser-te-á o pilotis para a libertação plena.

Se planejas integração no bem, ampliando a visão do amor, trabalha e serve ao próximo.

O trabalho enriquecer-te-á de valores inquestionáveis e o serviço da caridade ao próximo, proporcionar-te-á oportunidade de iluminação pessoal com doação de felicidade aos outros.

Se queres a consciência tranquila no teu processo de busca e de redenção, persevera e acompanha os que sofrem, não os deixando a sós.

A perseverança no bem dar-te-á generosidade natural e a companhia ao lado dos infelizes far-te-á sábio pelas técnicas de amor que aprenderás a utilizar para o êxito no ministério.

As duas primeiras linhas do comportamento podem ser a tua vertical de silencioso crescimento para Deus, na luta íntima, sem testemunhas, muitas vezes chorando e sofrendo, como se o solo da alma fosse rasgado para que se fixasse a trave em que te apoias e amparas.

As duas atitudes outras são a linha horizontal da tua vivência espiritual e fraterna com as criaturas humanas do teu caminho.

Já não é a busca em estrangulamento das paixões, mas a doação em sorrisos de alegria, distribuindo estímulos e coragem em nome do amor que reflete o Grande Amor.

Uma cruz a tua vida!

Nela, de braços abertos, tu te encontras.

Já não há dor, nem aflição.

Lentamente verás transformar-se a trave horizontal em asas de luz, e, livre, ascenderás na direção do Sublime Crucificado, que a todos nos aguarda em confiança de paz.


Joanna de Angelis

Psicografia do médium Divaldo Pereira Franco.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

O Maior Mandamento

“Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito [...]. Amarás o teu próximo com a ti mesmo.” (Mateus, 22:37 e 39.)


Dentre todos os ensinamentos do Mestre, Ele destacou esse como resumo de toda a lei e todos os profetas. É um verdadeiro roteiro de vida para nós.

O Cristo também nos lembra, em outro precioso ensinamento:

“sois deuses”, ou seja, trazemos em nós a centelha divina, a força criadora, o Eu superior que é nossa verdadeira luz e na qual se encontra toda a plenitude de sabedoria e amor de Deus em nós.

Reconhecermos ser mais do que acreditamos ser, é nos libertarmos dos sentidos tão voltados para os limitados conceitos materialistas ainda muito cultivados.

Tomar consciência do verdadeiro é, antes de tudo, modificar-se para obter uma visão holística de todo o dinamismo da vida.

Vivemos em um mundo onde os conceitos de felicidade têm-se voltado à satisfação da personalidade humana através de conquistas e sensações direcionadas ao prazer do corpo físico, assim como à vaidade que causa o sentimento de superioridade aparente nos grupos sociais. Temos direcionado o que entendemos como amor a atitudes de posse, controle, medo, ciúme, manipulação alheia, na crença de que assim estaremos plantando a nossa felicidade e a dos nossos entes queridos.

Seguimos, muitas vezes, conceitos, crenças, modelos, tomando como base o procedimento utilitarista da sociedade em vários campos.

Todo esse cenário nos mostra muitos seres humanos em seus conflitos íntimos, familiares, quando percebemos a insatisfação contínua, a busca desenfreada de alegrias, os sentimentos doentios que se manifestam através de comportamentos depressivos, condutas impulsivas e compulsivas, desencontros entre casais, pais, filhos e, principalmente, diante das atitudes causadas pelo caráter fraco, social e político.

A maturidade espiritual diante dos ensinamentos de Jesus nos leva a entender, então, que o conceito de amor deve ser modificado, tornando-se uma busca incessante de Deus, que cada um traz dentro de si.

Podemos exercitar esse amor através da educação de nossos sentimentos, de nossa personalidade.

Educando-nos através do conhecimento, podemos modificar nossas atitudes, transformando o imediatismo em perseverança, o pessimismo em novas perspectivas de crescimento e, acima de tudo, compreendendo e aceitando que somos todos iguais em potencialidades, com conhecimentos diferentes, caracterizando cada um no seu grau evolutivo. Assim, com um novo posicionamento diante da vida, saímos da multidão de aflitos, passando a caminhar com o discernimento de quem conhece, a calma de quem confia, a bondade de quem ama, a liberdade de quem sabe que é dono de si mesmo e autor de tudo o que lhe acontece.

Sendo o amor a nós mesmos o modelo de amor ao próximo, devemos compreender que, amar ao nosso irmão é, antes de tudo, nos fazer melhores seres humanos, para que possamos emitir pensamentos, ações, palavras, sentimentos e atitudes que realmente retratem Deus dentro de nós. Amar-nos, construindo atitudes e pensamentos saudáveis que irão provocar em nós a verdadeira cura.

Libertando-nos de males tão comuns como a maledicência, o ciúme, a inveja, a corrupção, o egoísmo, passamos a compreender que toda ação gera uma reação em nós mesmos.

Pensando e agindo como seres de luz, modificamos nossa posição, entendendo que a compreensão da caridade também se torna mais verdadeira e ativa.

Entendemos, então, que o amor é a força que transforma os sentimentos, e a caridade é a ação contínua e natural provocada por esse sentimento vivo em nós.

Passamos a ser, naturalmente, caridosos. Nossas ações se transformam, nossos pensamentos são mais saudáveis, nossas idéias mais ricas, nossas palavras mais limpas, e nosso ser se torna mais harmônico, nosso caminhar é de calma, confiança e certeza, fazendo-nos ver o outro como irmão, que está no mesmo caminho e, se permanece no erro, é porque ainda não descobriu em si esse maravilhoso tesouro.

A caridade se manifesta através do perdão que liberta o ser da culpa, das prisões íntimas, provocadas pelos erros passados. A caridade provoca também o sentimento de perdão ao próximo, pois compreendemos a fragilidade que nos é comum e nos leva a atitudes equivocadas, fazendo com que as energias deletérias da mágoa se transformem em fluidos curadores, a refletirem em nós a saúde integral, do corpo e do espírito.

Mas, além do perdão, a caridade é, também, benevolência e indulgência, como a entendia Jesus (O Livro dos Espíritos, questão 886). Nossas atitudes passam a ser não mais a da crítica ou a do julgamento, mas a de compreender e auxiliar o próximo.

Atuamos, então, levando, quando necessário, primeiro o alimento material, pois que a fome enfraquece o corpo físico para que, depois de restauradas as energias, possamos indicar a verdadeira fonte de vida, como já o fez o Mestre ao nos ensinar pelo exemplo.


Fidel Nogueira

Revista Reformador, ed. novembro de 2008.

sábado, 27 de julho de 2013

Esmola


"Dai antes esmola do que tiverdes." - Jesus. (Lucas, 11:41)

A palavra do Senhor está sempre estruturada em luminosa beleza que não podemos perder de vista.

No capítulo da esmola, a recomendação do Mestre, dentro da narrativa de Lucas, merece apontamentos especiais.

"Dai antes esmola do que tiverdes."

Dar o que temos é diferente de dar o que detemos.

A caridade é sublime em todos os aspectos sob os quais se nos revele e em circunstância alguma devemos esquecer a abnegação admirável daqueles que distribuem pão e agasalho, remédio e socorro para o corpo, aprendendo a solidariedade e ensinando-a.

É justo, porém, salientar que a fortuna ou a autoridade são bens que detemos provisoriamente na marcha comum e que, nos fundamentos substanciais da vida, não nos pertencem.

O Dono de todo o poder e de toda a riqueza no Universo é Deus, nosso Criador e Pai, que empresta recursos aos homens, segundo os méritos ou as necessidades de cada um.

Não olvidemos, assim, as doações de nossa esfera íntima e perguntemos a nós mesmos:

Que temos de nós próprios para dar? Que espécie de emoção estamos comunicando aos outros? Que reações provocamos no próximo? Que distribuímos com os nossos companheiros de luta diária? Qual é o estoque de nossos sentimentos? Que tipo de vibrações espalhamos?

Para difundir a bondade, ninguém precisa cultivar riso estridente ou sorrisos baratos, mas, para não darmos pedras de indiferença aos corações famintos de pão da fraternidade, é indispensável amealhar em nosso espírito as reservas da boa compreensão, emitindo o tesouro de amizade e entendimento que o Mestre nos confiou em serviço ao bem de quantos nos odeiam, perto ou longe.

É sempre reduzida a caridade que alimenta o estômago, mas que não esquece a ofensa, que não se dispõe a servir diretamente ou que não acende luz para a ignorância.

O aviso do Instrutor Divino nas anotações de Lucas significa: - dai esmola de vossa vida íntima, ajudai por vós mesmos, espalhai alegria e bom ânimo, oportunidade de crescimento e elevação com os vossos semelhantes, sede irmãos dedicados ao próximo, porque, em verdade, o amor que se irradia em bênçãos de felicidade e trabalho, paz e confiança, é sempre a dádiva maior de todas.


Mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, constante do livro “Fonte Viva", de 1956, publicado pela Federação Espírita Brasileira.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Cáritas


Eu sou o sol que aquece a vida, em nome da vida que criou o sol.

Sou eu quem reverdece o campo em beijos cálidos após a demorada invernia.

Eu sou a força que sustenta as criaturas tombadas, a fim de que se ergam, e as desiludidas, para que recomecem o trabalho do próprio crescimento.

Eu sou o pão que alimenta os corpos e as almas, impedindo-os de experimentar deperecimento.

Sou eu a música que enternece o revoltado, e sou o poema de esperança que canta alegria onde houve devastação.

Por onde eu passo, um rastro luminoso fica vencendo a sombra que cede lugar à claridade libertadora.

Eu sou o medicamento que restaura as energias abaladas, e sou o bálsamo que suaviza o ardor das chagas purulentas que levam à agonia e à alucinação.

Sou a gentileza que ouve pacientemente a narrativa do sofrimento e nunca se cansa de ser solidária, conquanto a aflição se espraie entre as criaturas.

Eu sou o fermento que leveda a massa e dá-lhe forma para aprimorar-lhe o sabor.

Sou eu a paz que visita o terreno árido, adornando-lhe a paisagem fúnebre.

Eu sou o perfume carreado pela brisa mansa para aromatizar os seres e os jardins.

Sou eu a consolação que sussurra palavras de fé aos ouvidos da amargura e soergue aqueles que já não confiam em ninguém, aturdidos pelas frustrações e feridos pelas dores pungentes.

Eu sou a madrugada que ressuscita todos aqueles que são tidos como mortos ou que estão adormecidos, a fim de que possam voltar ao convívio dos familiares saudosos e em angústias devastadoras.

Sou eu a água refrescante que sacia a sede de todas as necessidades e limpa os detritos da alma degenerada, preparando-a para os renascimentos felizes.

Eu sou o hálito divino sustentando a criação e penetrando por todas as partículas de que se constitui.

Convido minha irmã, a fé, para que ofereça resistência ao viajor cansado e o alente em cada passo, concedendo-lhe combustível para nunca desistir.

Eu me apoio na irmã esperança que possui o encanto de reerguer e amenizar a aspereza das provações.

Quando elas chegam, o prado queimado se renova, porque se me associam, fazendo que arrebentem flores e frutos onde a morte parecia dominar...

As duas, a fé e a esperança, constituem os elementos vitais da minha alma, a fim de que permaneça conduzindo todos os seres.

O Senhor enviou-me em Seu nome, com a missão de lembrar a Sua presença no Mundo, desde quando me usou para que as criaturas que Lhe desafiaram a justiça e a misericórdia, pudessem recomeçar o processo de evolução.

Vinde comigo ao banquete suntuoso da ação contínua do bem e embriagai-vos de felicidade.

Eu sou a caridade!

* * *

A caridade para ser legítima não dispensa a fé que lhe oferece vitalidade; e esta para ser nobre deve firmar-se no discernimento da razão como normativa salutar.



Redação do Momento Espírita, com base em mensagem do Espírito Cáritas, psicografia de Divaldo Pereira Franco, em 06.01.99, na cidade do Salvador – BA.
Em 28.12.2007.

terça-feira, 23 de julho de 2013

A Caridade da Gratidão


Entre a Gratidão e a Ingratidão



As regras de etiqueta social ditam normas que a pessoa deve seguir, no caso de ser beneficiada com algum obséquio. A retribuição e a gentileza fazem parte do conjunto de preceitos dessa cartilha de bons modos.

A gratidão, porém, é uma virtude moral que transcende a simples retribuição por bons modos expressos em regras de conduta social que dão o verniz da civilização.

Já a ingratidão, antípoda da primeira, é uma doença da alma que denota o atraso moral em que nos encontramos. Filha do egoísmo, é causa de muitas frustrações e decepções para os corações humanos.

Os Espíritos superiores recomendam que ante a ingratidão conservemos o equilíbrio, pois o ingrato é um enfermo digno de piedade a nos testar a abnegação e a perseverança na prática do bem.

Na vida social, todos somos devedores uns dos outros, seja nos pequenos como nos grandes lances da existência, em que precisamos do socorro alheio. Acima de tudo, somos devedores do Criador que nos cobre de bênçãos diárias, às quais não damos valor, pois as consideramos triviais em nossas vidas, como o corpo que envergamos– essa maravilhosa máquina –, o ar, a água, o alimento, a afeição dos entes queridos etc.

Por mais que expressemos gratidão a Deus, jamais conseguiremos retribuir, à altura, a infinitude das dádivas recebidas, a começar pela própria existência. Isso, porém, não deve constituir obstáculo para continuarmos a expressar gratidão em todas as circunstâncias da vida, sejam elas boas ou más. Essa gratidão consiste não apenas em louvar, mas sobretudo em servir a Deus.

E como podemos servi-lo?

Saiba compreender o que significa servir a Deus.
Deus, a Onipotência absoluta e Infinita, de nada precisa.
Entretanto, quer ser servido, mas indiretamente, através de suas manifestações, que são as criaturas, animadas ou inanimadas.
Todas as vezes que servimos a um semelhante, a um animal, a uma planta, estamos servindo a Deus, porque Deus se manifesta ao homem através do próprio homem.1

Aquele que reconhece o bem recebido de outrem demonstra, ao contrário do ingrato, humildade e bondade de coração. Toda vez que sinceramente agradecemos um benefício prestado por alguém crescemos em virtude. A gratidão pode ser expressa por uma simples prece, que repercutirá em prol do benfeitor e de nós próprios:

[...] Nesse sentido, as preces ou mesmo apenas as vibrações de alegria e reconhecimento de todas as criaturas encarnadas ou desencarnadas beneficiadas pelos requeredores, funcionam à guisa de abonos e cauções de significado muito importante para cada um, tanto ali quanto em qualquer lugar [...].2

Quando fazemos o bem, quase sempre estamos semeando para o futuro, cujos frutos aparecerão em momentos oportunos. As pessoas mais endurecidas, embora muitas vezes a princípio não demonstrem, são impactadas pelo exemplo daquele que pratica o bem.

Não raro, quando desencarnam, a lembrança do bem que lhes fizeram vem à tona, contribuindo para o seu despertamento espiritual.

Portanto, um benefício nunca é praticado em vão.

“Ao fazer o bem, não devemos esperar receber nada em troca”


Um exemplo dessa afirmação encontramos no capítulo 14, do livro Nosso Lar, em que o Ministro Clarêncio, ao ser procurado por André Luiz, que postulava trabalho na Colônia, informou-lhe que, graças ao bem feito por ele em favor do próximo, na Terra, quando médico, ainda que de forma displicente, estava sendo beneficiado, no mundo espiritual, com as preces dos Espíritos agradecidos pelas dádivas recebidas.

A revolta contra a ingratidão evidencia que o benfeitor procura, na Terra, a recompensa pelos seus atos, demonstrando, com isso, egoísmo e orgulho. Portanto, ao fazer o bem, não devemos esperar receber nada em troca:

Deveis sempre ajudar os fracos, embora sabendo de antemão que aqueles a quem fizerdes o bem não vos agradecerão por isso. Ficai certos de que, se a pessoa a quem prestais um serviço o esquece, Deus o levará mais em conta do que se o beneficiado vos houvesse pago com a sua gratidão. Deus permite que às vezes sejais pagos com a ingratidão, para experimentar a vossa perseverança em praticar o bem. [...]3

Se alguém retribui com ingratidão o bem que lhe fizemos, lembremo-nos de que é sempre melhor receber do que exercê-la em relação ao próximo:

Bendize, assim, os ingratos e ora por eles, porquanto estão em piores condições do que supões, e, se puderes, ajuda-os mais, pois a felicidade é sempre maior naquele que cultiva o amor e a misericórdia, jamais em quem recebe e esquece, beneficia-se e despreza o benfeitor.4

A ingratidão dos filhos para com os pais é a que apresenta o caráter mais deprimente e fere mais o coração. Contudo, nada acontece por acaso. Em grande parte das vezes, os inimigos de outrora foram reunidos pelos laços reencarnatórios pela lei de causa e efeito, para que resgatem no amor e no perdão os débitos do passado.

Enfim, a revolta contra a ingratidão equipara-se a um gesto de vingança contra quem ainda desconhece os segredos do amor que nasce da caridade legítima.

Por tudo isso, é preciso aprender a ser grato. É que nem todos têm essa facilidade. Muitos ocultam tais sentimentos, com receio de expor a própria fragilidade, ou acham que o benefício recebido não é tão importante que mereça reconhecimento. Entretanto, “todas as concessões do Pai Celeste são preciosas no campo de nossa vida”.5

Não é apenas por meio de coisas materiais que podemos ser gratos a outrem. Ante as leis divinas, a fidelidade, a afeição e o respeito por quem nos beneficiou têm imenso valor.

São infinitos os modos de expressar a gratidão, e os mais valiosos são aqueles que brotam dos sentimentos puros da alma.

Embora a ingratidão seja uma fonte de amargura para o benfeitor, esse deve lastimar o ingrato, o qual um dia colherá, na dor, o arrependimento pela sua atitude impensada. Aprenderá pelo sofrimento o que é a insensibilidade do coração:

[...] Lembrai-vos de que o próprio Jesus foi injuriado e desprezado neste mundo [...], e não vos admireis de que o mesmo aconteça convosco. Que o bem que houverdes feito seja a vossa recompensa na Terra e não vos importeis com o que dizem os que receberam os vossos benefícios. A ingratidão é uma prova para a vossa perseverança na prática do bem; ser-vos-á levada em conta e aqueles que vos desprezaram serão tanto mais punidos, quanto maior lhes tenha sido a ingratidão.6

A gratidão é um dos caminhos que nos levam a Deus. Entre a gratidão e a ingratidão, fiquemos com a primeira, que é aquela que nos garante a paz, a harmonia e a afeição dos companheiros de jornada evolutiva.

Christiano Torchi

Revista Reformador, ed. Junho de 2012, (Feb).

Referências:
1PASTORINO, Carlos T. Minutos de sabedoria. 39. ed. Petrópolis:Vozes, 2000. p. 214.
2XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Sexo e destino. Pelo Espírito André Luiz. 32. ed. 3. reimp. atualizada. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Pt. 2, cap. 10, p. 363.
3KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 13, it. 19, p. 281-282.
4FRANCO, Divaldo P. Leis morais da vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 9. ed. Salvador: LEAL, 1999. Cap. 48, Ingratidões, p. 179.
5XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. ed. esp. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 1995. Cap. 155, Aprendamos a agradecer, p. 352.
6KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Q. 937.

domingo, 21 de julho de 2013

A Caridade em Frases


Frases psicografadas pelo médium Chico Xavier que refletem sobre a caridade.

Onde a caridade aparece aí está a presença de Deus.
Emmanuel, Uberaba, 27 de junho de 1994


É necessário saibamos comungar a esperança e o sofrimento, a provação e a dificuldade dos outros, abençoando os irmãos que nos partilham a marcha e ensinando-lhes, pela cartilha de nossas próprias ações, o caminho renovador, suscetível de oferecer-lhes a bênção da paz.
Emmanuel, extraído do livro Alvorada do Reino – Emmanuel


Guardemos a correta atitude do aprendiz do Senhor que não desconhece o sacrifício de si mesmo como estrada única para a ascensão a que se propõe.
Emmanuel, extraído do livro Canais da Vida – Emmanuel


Não olvidemos que, tanto quanto possível, ao invés de rogarmos auxílio, antes de tudo devemos auxiliar, na certeza de que, se a nossa palavra elucida e reanima, somente a nossa atitude positiva na prática dos princípios que propagamos será bastante forte para reformar-nos.
Emmanuel, extraído do livro Canais da Vida – Emmanuel


Quem ama não discute. Serve em silêncio, semeia o bem à distância da preocupação de recompensa e segue adiante.
Agostinho, extraído do livro Doutrina e Aplicação - Esp. Diversos


Não firamos, onde não possamos auxiliar.
André Luiz, extraído do livro Doutrina e Aplicação - Esp. Diversos


Quanto mais auxiliardes aos outros, mais amplo auxílio recebereis da Vida Mais Alta.
Bezerra de Menezes, extraído do livro Caridade - Espíritos Diversos


Transformemos nossas experiências de cada dia em atos de serviço aos nossos semelhantes.
Dando, receberemos. Auxiliando, seremos auxiliados.
Emmanuel, extraído do livro União em Jesus - Autores Diversos


Aprimora-te na apresentação pessoal, pois, ao próprio lírio no charco Deus concedeu direito à beleza digna para a glória da natureza; mas, quanto possas, comparece nos círculos de angústia em que mães sofredoras se agoniam entre a necessidade e o desespero, oferecendo-lhes alguma bênção de amparo, de maneira a enfeitar-lhes a face com o sorriso da esperança.
Emmanuel, extraído do livro Caridade - Espíritos Diversos


Problemas, dificuldades, aflições, incompreensões, obstáculos, crises, dores, lutas e sacrifícios surgirão na senda, por desafios da construção que nos compete realizar...
Entretanto, para a romagem possuímos a Caridade, como sendo a luz inextinguível que o Mestre nos legou.
Fabiano, extraído do livro Caridade - Espíritos Diversos.


Não olvides que a caridade, é o coração no teu gesto.
Meimei


Espalharás o ouro à mancheias, entretanto, se não sabes emoldurar de carinho a tua manifestação de bondade, as moedas de tua bolsa serão, muitas vezes, escárnio e humilhação, sobre a dor dos infortunados.
Emmanuel


Vale mais a tua frase, vazada em solidariedade e entendimento, para o companheiro que jaz sob o gelo do desânimo, que todos os tesouros amoedados da Terra.
Emmanuel


Vale mais teu braço amigo ao irmão caído no precipício do sofrimento, que a mais ampla biblioteca do mundo em cintilações verbalísticas na tua boca.
Emmanuel, extraído do livro Caridade - Espíritos Diversos


Lembra-te de que só o amor pode curar as chagas da penúria e da ignorância e aprende a doá-lo aos que te rodeiam, nas maneiras em que te exprimes, porque a caridade não é uma voz que fala, mas um poder que irradia.
Emmanuel , extraído do livro Caridade - Espíritos Diversos


Darás ao faminto, não somente a côdea de pão que lhe mitigue a fome, mas também o carinho da palavra fraterna, com que lhes restaurem as energias.
Emmanuel, extraído do livro Caridade - Espíritos Diversos


Não apenas entregarás ao companheiro, abandonado à intempérie, a peça que te sobra ao vestiário opulento, mas agasalhá-lo-ás em teu sorriso espontâneo a fim de que se reerga e prossiga adiante, revigorado e tranquilo.
Emmanuel, extraído do livro Caridade - Espíritos Diversos


Depende de ti acordar e viver, valorizando o tempo que o Senhor te confere, estendendo o dom de ajudar e aprender, amar e servir.
Emmanuel, extraído do livro Coragem - Espíritos Diversos


Não existem criaturas nas quais não consigamos identificar o lado nobre, o ângulo mais claro, o tópico da esperança ou a boa parte.
Emmanuel, extraído do livro Instrumentos do Tempo - Emmanuel


A beneficência alivia a provação.
A caridade extingue o mal.
A beneficência auxilia.
A caridade soluciona.
Emmanuel


Não olvides o silêncio para a calúnia, a bondade para com todos, a gentileza incessante, a frase amiga que reconforta, a roupa que se fez inútil para o corpo, susceptível de ser aproveitada pelo irmão mais necessitado, o pão dividido, a prece em comum, a conversação edificante, o gesto espontâneo de solidariedade...
Ninguém é tão pobre que não possa dar alguma coisa aos semelhantes, e aquele que se compadece e ajuda cede ao próximo algo de si mesmo.
Emmanuel, extraído do livro Instrumentos do Tempo


Diante de alguém que se haja habituado à perturbação, refere-se à paz que reajuste a concórdia.
Emmanuel, extraído do livro Instrumentos do Tempo - Emmanuel.


A bondade é o princípio da elevação
Mariano José Pereira da Fonseca, extraído do livro Falando à Terra - Espíritos Diversos


Não somente falar, mas verificar, sobretudo, o que damos com as nossas palavras.
Emmanuel, extraído do livro Coragem - Espíritos Diversos


Frases reunidas no livro “Antologia da Caridade", de Francisco Cândido Xavier, ditadas por Espíritos diversos.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

A Caridade Segundo o Apóstolo Paulo


O que é a caridade? Seria darmos esmolas, levarmos comida aos necessitados, comprarmos uma rifa beneficente? Fazer isso nos daria a consciência tranquila do dever cumprido como cristãos?

Paulo, nesta passagem, mostra aos cristãos de Corinto que a caridade é algo muito mais profundo e importante do que apenas darmos o que nos sobra aos carentes. Embora isto também seja um ato caritativo, não resume a grandiosidade desta virtude.

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine".

Este trecho é um alerta a todos os que são oradores, sejam espíritas, católicos, evangélicos, umbandistas, ou qualquer pregador que fale dos ensinos divinos. De nada adianta ser belo na palavra e pobre de ações. O exemplo de mudança íntima, de luta constante contra as imperfeições, deve fazer parte da vida dos que se dedicam a divulgar a mensagem cristã. Conheceremos se a árvore é boa pelos frutos, alertou Jesus. Caso contrário, a palavra será como o sino que tine, ou seja, fará muito barulho e chamará a atenção, mas não modificará os corações e inteligências a que é direcionada.

"E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria."

Ter conhecimento espiritual não faz do ser um indivíduo caridoso. É Jesus mesmo que se diz agradecido a Deus, por haver escondido os mistérios divinos dos sábios e os revelado aos simples (Mateus, cap. XI), referindo-se ao sentimento e à fé nos ensinamentos espirituais. A mediunidade e o entendimento das Leis do universo dão sim ao ser maior responsabilidade frente à vida, e de posse disso devem seus detentores modificar suas condutas e buscar a humildade.

A fé também não é sinônimo de caridade, pois sem obras é morta, segundo o apóstolo Tiago, em sua Epístola, cap. II, vers. 17. Com a afirmativa de que por mais fé que tivermos em Deus e em nossas próprias forças nada seremos se não tivermos a caridade, Paulo chama a atenção dos religiosos em geral. Muitos de nós acreditamos que a crença inabalável é porta aberta para ajuda do Alto. Porém, se não nos ajudarmos, praticando aquilo em que cremos através do bom exemplo, qual a vantagem de possuir fé?

“E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria".

Dar esmolas e acabar com a necessidade material do próximo é muito importante. Mas preciso é alertar às pessoas que tudo depende da intenção. Se fizermos a doação material com o objetivo de aparecermos aos outros, ou então para aliviarmos nossa consciência, estaremos nos enganando. Além disso, corremos o risco de ajudar ao necessitado, mas humilhá-lo ao mesmo tempo, com um ar de superioridade que o ferirá.

A doação desinteressada deve brotar da compreensão da Lei de Deus, tornando-nos irmãos de quem ajudamos e tendo como único fim o amparo e alívio do sofredor.
Ainda neste trecho, Paulo instrui de que nada adianta nos auto flagelarmos, com o intuito de mostrarmos para quem nos vê que somos crentes em Deus. Mais importante que castigar o corpo, com privações e sofrimentos, é sufocar as más tendências, verdadeiras mães de nossas desgraças.

"A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; não trata com leviandade; não se ensoberbece".

O apóstolo mostra que a verdadeira caridade traz a resignação, que é o entendimento das dificuldades da vida como obstáculos a serem vencidos, objetivando o progresso espiritual. Alia a bondade para com todos, independente do momento, pois a vingança e o ódio corroem o sentimento e turbam os sentidos racionais, enquanto o perdão enobrece o ser. Diz ainda que a prudência deve fazer parte de quem busca a caridade, pois ser leviano traz consequências inesperadas, e o orgulho do homem pode contribuir para o afastamento de Deus.

"Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade".

Em um mundo onde o que mais vale é a satisfação pessoal, mesmo em detrimento da paz alheia, a caridade busca decência e fraternidade. Com certeza, esta dor do próximo será revertida em desespero, rancor, violência, que mais cedo ou mais tarde, acabará voltando-se contra nós mesmos.

Irritar-se é a melhor forma de perdermos a razão, por isso a paciência e a sensatez fazem parte da caridade, levando o homem a pensar antes de agir. Assim, devemos lembrar ao assistente que a justiça irá se fazer mais presente em nossa sociedade, libertando os seres das mentiras e intrigas que envolvem interesses pessoais. É a verdade prevalecendo, e só ela pode nos libertar da ignorância, disse Jesus.

"Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta".

Tudo tem sua hora. Saber esperar é próprio da caridade. Quando o ser amplia sua visão além da vida material, vê no horizonte a luz necessária para manter-se animado e vivo. Busca na sabedoria cristã o esclarecimento para suas dúvidas, deixando de lado o desespero. É o caminho do equilíbrio proporcionado pela caridade.

"Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade. Mas a maior destas é a caridade" (Paulo, I Coríntios, cap. XIII, vers. 1 ao 13).

Mudança íntima, humildade, obras, exemplo, doação desinteressada, resignação, bondade, perdão, prudência, decência, razão, tranquilidade, sabedoria, justiça, amor ao próximo como a si mesmo. Com tudo isso, o apóstolo Paulo nos diz o que é a verdadeira caridade: um conjunto de atributos morais e intelectuais, que fará do Espírito ser dono de seu próprio destino.

A fé e a esperança, indispensáveis para uma existência sensata e confiante, são assessoras da caridade, que será o sentimento principal a ser buscado pelo homem de bem, libertando de seu egoísmo e encaminhando-o para o Reino de Deus.


Grupo Espírita Apóstolo Paulo (texto adaptado de roteiro para palestra)

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Caridade



Caridade é, sobretudo, amizade.
Para o faminto é o prato de sopa.
Para o triste é a palavra consoladora.
Para o mau é a paciência com que nos compete ajuda-lo.
Para o desesperado é o auxilio do coração.
Para o ignorante é o ensino despretensioso.
Para o ingrato é o esquecimento.
Para o enfermo é a visita pessoal.
Para o estudante é o concurso do aprendizado.
Para a criança é a proteção construtiva.
Para o velho é o braço irmão.
Para o inimigo é o silencio.
Para o amigo é o estimulo.
Para o transviado é o entendimento.
Para o orgulhoso é a humildade.
Para o colérico é a calma.
Para o preguiçoso é o trabalho sem imposição.
Para o impulsivo é a serenidade.
Para o leviano é a tolerância.
Para o maledicente - é o comentário bondoso.
Para o deserdado da Terra - é a expressão de carinho.
Caridade é amor, em manifestação incessante e crescente.
É o sol de mil faces, brilhando para todos,
é o gênio de mil mãos, ajudando, indistintamente,
na obra do bem, onde quer que se encontre,
entre justos e injustos, bons e maus, felizes e infelizes,
porque, onde estiver o Espírito do Senhor,
aí se derrama a claridade constante dela,
a beneficio do mundo inteiro.


Emmanuel
Francisco Cândido Xavier. Da obra: Viajor, ditada pelo Espírito Emmanuel.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Aprendizado do Amor



Reclamamos muito e nada ou pouco fazemos para mudar a nós mesmos. Ansiamos por reformar os demais. Queixamo-nos uns dos outros e nos agredimos, mental ou verbalmente.

É mais do que tempo de nos movermos para o Amor, ainda que lentamente.
E, quando o fizermos, conquistaremos “(...) a paz de Deus, que excede todo o entendimento, (...).” – Paulo, Fp 4:7.

Aprenderemos a exercitar a caridade, conforme nos lecionam os Espíritos, na questão 886, de O Livro dos Espíritos:

“886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, tal como Jesus a entendia?
Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”

E só o faremos exercitando a compaixão, nas variadas circunstâncias da vida.
Assim, a pouco e pouco, esse belo sentimento implantar-se-á em nosso íntimo.
Construamos obras externas – necessárias e úteis, sim, se nelas cultivarmos o amor incondicional –, mas priorizemos a transformação interior, eis que só ela nos conduzirá ao progresso real, que nos harmonizará com as Leis de Deus.

Esta a construção definitiva e, portanto, a mais importante.

A fé sem obras é morta; mas estas, sem o Amor, são vazias, dispensáveis e inúteis.

Movidos pela compaixão, seremos mais produtivos, afáveis, fraternos; e cultivaremos, ao mesmo tempo, outras virtudes preciosas: a amizade, a indulgência, a paciência, a solidariedade, a aceitação do outro como ele é. Cresceremos todos, juntos, construindo, a pouco e pouco, a felicidade perene.
Dificuldades e crises oferecem-nos oportunidades de crescer para o amor. São estes os momentos mais preciosos de nossas vidas.

Se as superarmos, com fraternidade, seremos promovidos, na escala espiritual. Ou não, se as desperdiçarmos.

É o que nos exemplifica o Espírito André Luiz, em Nosso Lar, quando de seu retorno à família, no lar terreno, ao socorrer o padrasto de seus filhos. Sua generosidade elevou-o à condição de “Cidadão de Nosso Lar”. Ao vencer a si mesmo, foi promovido espiritualmente.

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Ao contrário, com o desamor, a irritação, a indiferença, banimos o diálogo, o afeto, a simpatia e nos agredimos uns aos outros.

“Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta e irrita.” – José, Espírito protetor.1

Imitemos o Bom Samaritano, com aqueles que os céus nos enviam, necessitados ou feridos, à margem do caminho evolutivo; ou com os demais, de diversas condições, carentes de oportunidades, para que também cresçam e deem sua cota de amor à obra do Cristo.

Aqueles que hoje seguem conosco, enfermos, problemáticos, serão curados pela ação silenciosa, plena de misericórdia, de nosso amado Mestre! Transformados, agirão também na divulgação da mensagem cristã, nesta ou em futuras encarnações!

Dois significativos exemplos dessa natureza nos são oferecidos no livro Paulo e Estêvão.

Em primeiro lugar, o deste último, após ser socorrido na Casa do Caminho, aonde chegou enfermo, débil. Amparado e esclarecido na humilde e abençoada escola de almas, tornou-se ali dedicado trabalhador, até o momento final de sua existência, no doloroso martírio, em Jerusalém.

O segundo exemplo é o do próprio Saulo, ao encontrar e compreender Jesus! A partir daí, serviu e amou – numa das mais belas transformações porque passou um ser humano, com renúncias e o esquecimento de si mesmo, a ponto de afirmar, quase ao fim daquela existência, que “(...) já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim (...)”.2 – Paulo, Gl, 2:20. Também ele, em Roma, foi submetido ao martírio, havendo sido degolado!

Libertado do corpo, foi recebido por Jesus – ladeado por Estêvão e Abigail – que lhe afirma:

“(...) Vem, agora, a meus braços, pois é da vontade de meu Pai que os verdugos e os mártires se reúnam, para sempre, no meu reino!...”3

Ainda em Paulo e Estêvão, lemos que Pedro, em momentos difíceis, pensou em se afastar de Jerusalém, vencido, derrotado. Numa noite, enquanto orava, sentiu que alguém se aproximava suavemente:

“Era o Mestre! (...) Fitou-me grave e terno e falou:
– Pedro, atende aos ‘filhos do Calvário’, antes de pensar nos teus caprichos!”3

Todos pagaram elevado preço para o aprendizado do amor. A nós não nos pede tanto o Divino Mestre!

Aprendamos também a atender aos ‘filhos do Calvário’, à nossa volta, familiares, ou não!


Gebaldo José de Sousa


Referências:
1. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. reimp. Rio de Janeiro, FEB, 2011. Cap. 10, it. 16.
2. BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.
3. XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel. 23.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987. Pt 2, Cap. 10, p. 553 e 390, respectivamente.
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