Como distinguir a perfeição? Qual sua verdadeira essência? Onde ela se estrutura?
É fácil responder. Ela está na caridade. A caridade em toda sua extensão e abrangência, claro que não restrita na esmola ou na doação de coisas materiais. Mas, sim, a caridade, especialmente, dos relacionamentos. A caridade implica a prática de todas as outras virtudes.
Claro! A caridade é amor, é tolerância, é paciência, é humildade, é resignação ativa, é perdão! O amor – ou caridade – compreende, aceita, auxilia, acolhe!
Basta lembrar a famosa Epístola de Paulo sobre a caridade. Basta lembrar os ensinos de Jesus ou mesmo a caridade de Deus para conosco, em todos os sentidos.
A caridade não acusa e, mais, estende as mãos do auxílio. Atua no dever de amparar, vai ao encontro das misérias, inclusive das ocultas. Ela é solidária, ela confia, ela usa a fé e a esperança. A caridade jamais marginaliza, não tem preconceitos, não despreza, nem humilha. Ela, a caridade, é mãe de todas as virtudes, porque sempre se coloca no lugar do outro, pensa sempre na dificuldade alheia. A caridade não tem remorso, nem arrependimento, nem guarda culpas, porque suas ações são sempre no sentido da bondade, da solidariedade, da fraternidade.
E há um detalhe encantador: quando estamos em dúvida sobre qualquer questão de relacionamentos ou decisões a tomar, basta consultá-la. Ela responderá com critério e justiça, bondade e acolhimento, dará o norte para a ação.
A caridade não é omissa, ela age sempre no bem.
A caridade é virtude excelente, imprescindível. É a âncora que salva dos precipícios ou dos desastres morais. Notem os amigos que à sombra dessa excelente virtude viveremos em paz na Terra, porque nos respeitaremos e nos auxiliaremos mutuamente, e no Céu também porque estaremos em harmonia com a própria consciência. Lembrando que céu e inferno são meros estados de consciência, ou seja, estaremos no céu da serenidade, da harmonia, da paz de consciência ou no inferno do arrependimento, da culpa, do remorso...
A caridade salva, isto é, preserva dos desastres e quedas morais, porque ela é exatamente preventiva das misérias morais e sociais. A caridade sempre socorre, estende a mão, observa, avalia se os próprios gestos não trarão prejuízos e por aí afora. Vejamos, pois, a extensão da palavra e da própria virtude em si. Ela é doce, benfazeja, tranquila, perene e serena.
Por isso Allan Kardec proclamou: Fora da caridade não há salvação. E estabeleceu como instrumentos de ação o tripé: Trabalho, Solidariedade, Tolerância.
Orson Peter Carrara
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