segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Sempre Lembrados: Bezerra de Menezes


Adolfo Bezerra de Menezes, nascido em Jaguaratema (antiga Freguesia do Riacho do Sangue), Ceará, em 29 de agosto de 1831, é o nosso homenageado do mês.

Dotado de uma inteligência notável, aos 11 anos de idade, iniciava um curso de Humanidades e aos 13 anos, já lecionava latim aos seus companheiros.
Seu pai, Antonio Bezerra de Menezes, homem rico, de caráter e bom coração, era explorado por parentes que se aproveitavam de seu sentimento de caridade, terminando assim, por perder boa parte da sua fortuna e a ter uma vida de privações.
Em dificuldades, com pouco dinheiro, o jovem Bezerra parte para o Rio de Janeiro a fim de seguir a carreira que tanto sonhava: “a medicina” e em novembro de 1852 ingressa em treinamento no Hospital da Santa Casa da Misericórdia.
Em 1856, doutora-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, elege-se em 1861 vereador pelo Partido Liberal, e devido a sua honestidade, passa a partir de então a sofrer durante a sua vida política, campanhas de injúrias e difamações por parte de seus opositores, porém, a sua nobre e caridosa alma suplantava a todas essas provações.
Dr. Bezerra nunca se negava a atender aos necessitados, dedicava-se aos menos favorecidos e onde quer que estivesse um sofredor, lá estava ele levando uma palavra de conforto; ficou conhecido assim pela alcunha de “médico dos pobres”.
Por volta de 1880, recebe do amigo e colega Dr. Carlos Travassos um exemplar de “O Livro dos Espíritos” que após contato com a leitura, sente-se familiarizado com a doutrina, convertendo-se definitivamente em 1886 ao Espiritismo.
Publica artigos espíritas, filosóficos e sua bibliografia antes e após conversão consta das seguintes obras: "A Escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação", "Breves considerações sobre as secas do Norte", "A Casa Assombrada", "A Loucura sob Novo Prisma", "A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica", "Casamento e Mortalha", "Pérola Negra", "Lázaro -- o Leproso", "História de um Sonho", "Evangelho do Futuro".
Escreveu também biografias de célebres, como o Visconde do Uruguai, o Visconde de Carvalas, entre outros. Foi um dos redatores de "A Reforma" e redator do jornal "Sentinela da Liberdade".
Houve em sua vida um fato bastante inusitado, digno de ser ressaltado em todas as suas biografias, quando ainda estudante de medicina e passando por dificuldades financeiras, necessitava de uma quantia de cinqüenta mil réis, moeda brasileira da época, para pagamentos de aluguel e taxas da faculdade, pois estava sob ameaça de despejo. Sem conseguir solução, ora a Deus pedindo um auxílio. Poucos dias após, em sua porta aparece um jovem simpático e gentil que, diz necessitar de aulas de matemática e lhe propõe à tarefa, a que ele reluta, alegando ser essa a matéria que menos dominava, o moço então insiste, oferecendo-lhe pagamento antecipado nos exatos cinqüenta mil reís que necessitava. Ainda relutante, aceita feliz a proposta, marcando dia e horário para início das aulas, porém o rapaz não mais aparece; Dr. Bezerra havia recebido meritoriamente de Deus, através daquele rapaz, o amparo que tanto precisava.
Em 1900, acometido de violento ataque de congestão cerebral, prostou-se no leito donde não mais se levantou, desencarnando no dia 11 de abril desse mesmo ano, levando uma romaria de pessoas a sua residência, a fim de prestar-lhe a última visita.

São frases suas:

"O médico verdadeiro não tem o direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto. O que não atende por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou tempo, ficar longe, ou no morro; o que sobretudo pede um carro a quem não tem como pagar a receita, ou diz a quem chora à porta que procure outro – esse não é médico, é negociante de negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros os gastos da formatura. Esse é um desgraçado, que manda, para outro, o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu espírito, a única que jamais se perderá nos vaivens da vida".

"A nós compete ter nos lábios a sincera resposta, ditada por um coração puro e bem intencionado, que, em chegando a qualquer parte, possa anunciar sua presença com palavras de amor e paz, harmonia e boa vontade, a fim de que nunca venha nossa aproximação de outros irmãos, ou nossa filiação a seus grupos de trabalho ou estudo, a constituir-se em motivo de perturbação e sofrimento."

"Se vossos olhos se afeiçoarem à contemplação da singeleza e da simplicidade, simples e singelos serão vossos corações."

"O pensamento, norteado pela caridade, não se deve deter nas simples aparências, mas buscar a essência de tudo, a sabedoria maior."

"Um dos aspectos notáveis da evolução espiritual humana é que todos os doentes da alma, à medida que se vão curando, vão se tornando médicos por sua vez."

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