quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Magnetismo Pessoal



Por Mónica Barili


Jesus Cristo, em sua passagem pela Terra, foi a demonstração viva do magnetismo pessoal em sua expressão divina. A razão primária de seu magnetismo fundamentava-se no amor que dedicava aos seus semelhantes e, também, nos ensinamentos profundos que ministrava, através da sua vivência, de conselhos salutares e recomendações valiosas, com vistas a impulsionar a criatura para Deus.

Outro personagem que absorveu o grande magnetismo emanado do Cristo foi Paulo de Tarso. Sua presença e a autoridade de suas palavras fizeram com que ele se destacasse aos olhos de todos, como um gigante no processo de divulgação do Cristianismo nascente.

Em Allan Kardec, encontramos outro exemplo do missionário portador de grande magnetismo pessoal. Codificou uma doutrina nova e tornou-se o seu maior divulgador, atraindo a atenção de elevados contingentes de pessoas das mais variadas camadas sociais.

E nós? Entramos no terceiro milênio dominando muitos recursos tecnológicos, não conseguindo, entretanto, responder integralmente às questões voltadas aos aspectos morais e espirituais de nossas vidas. Verdades existem milenarmente profetizadas e o homem não tem assimilado as lições que induzem ao amor, e que constituem a lei para a felicidade.

Kardec lembra que o cristão é reconhecido pelas suas obras, assim como o fruto denuncia a natureza da árvore que o produz. A Doutrina Espírita, através das instruções dos Espíritos Superiores, conclama-nos à reforma íntima, buscando neste desiderato a conquista da paz no contínuo exercício do bem, na reformulação de nossos atos e consequente resgate das dívidas pretéritas.

Temos o dever de unir, reunir, somar sempre para que estejamos fortes e integrados na seara de Jesus. Devemos orar e vigiar sempre, porque estamos cercados de vícios morais nos quais a arrogância e a pretensa superioridade tentam dividir e anular os esforços daqueles que procuram a fraternidade como fórmula de ação, pela qual buscam atingir as realizações em favor do próximo e de si mesmos.

Daí a importância de atitudes como caridade e tolerância para com todos os que nos desfrutam a companhia no caminho da evolução espiritual, amando e perdoando, compreendendo e servindo. Estaremos, assim, construindo nossa própria felicidade!

Quanto mais desenvolvida a noção de responsabilidade, mais facilidade teremos no cumprimento do dever, pois a obrigação é o que a sociedade espera de nós, e o dever é o que a nossa consciência cobra de nós. Alguns já conseguem a renúncia e a abnegação, estágio este acima do dever, característica dos Espíritos superiores.

Léon Denis diz que não basta crer e saber. É necessário viver nossa crença, isto é, fazer penetrar, na prática diária da vida, os princípios superiores que adotamos. Assim, se quisermos atrair os nossos semelhantes, devemos, sobretudo, saber amar.

Bibliografia:
Revista Internacional de Espiritismo, artigo Responsabilidade e Espiritismo, de Edgard Abreu, Casa Editora O clarim - outubro de 2008, pág. 485.
Id, artigo Caridade e Tolerância, de Lucy Dias Ramos, Casa Editora O Clarim - outubro de 2008, pág. 465.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

A Cura pelo Passe Magnético

Paulo Henrique de Figueiredo, um dos maiores pesquisadores do país, editor, jornalista e criador da antiga revista Universo Espírita em uma entrevista ao programa Revolução Espírita explica a origem do magnetismo, bem como o mecanismo de cura através do passe magnético.



domingo, 25 de novembro de 2018

Crescer - Uma Necessidade na Prática do Magnetismo


Os temas relacionados ao Magnetismo são fascinantes. É raro alguém ficar indiferente quando o assunto é abordado convenientemente. Ele fascina, e o motivo é bastante simples e óbvio: convida-nos a conhecer e estudar faculdades nossas e diz que podemos muito. Aliado a isto, o estudo e a prática do Magnetismo nos colocam no limiar entre a matéria e o espírito. Qualquer um, desde que conhecedor de seus princípios, pode tocar, sentir, experimentar um contato direto com o mundo imaterial que nos cerca e irá descobrir o que Jesus desejou que entendêssemos quando proclamou que o ser humano também é um deus e que pelos poderes da fé nada seria impossível.

O Barão du Potet, reproduzindo orientação de um de seus sonâmbulos, assim nos diz a cerca do assunto: “O homem, criatura celeste, não foi de tal sorte abandonado por seu criador, que não lhe tenha restado um reflexo de sua divindade. Este reflexo é o que chamamos de magnetismo. É esse ascendente que faz a vontade do homem agir sobre os sentidos, a matéria e a vontade de outro homem”.[1]

J.P.F. Deleuze enumera entre as noções gerais e princípios para magnetizar dizendo que “o homem tem a faculdade de exercer sobre seus semelhantes uma influência proveitosa, dirigindo sobre eles, por sua vontade, o princípio que nos anima e nos faz viver”, e vai além afirmando que a primeira condição para magnetizar é querer fazê-lo. Ensina ainda que “a faculdade de magnetizar existe em todos os homens; mas nem todos a possuem no mesmo grau. Esta diferença de poder magnético entre os diversos indivíduos se dá em razão de que uns são superiores aos outros por certas qualidades morais ou físicas. Na ordem moral estas qualidades são: a confiança em nossas próprias forças, a energia da vontade, a facilidade de concentrar e manter nossa atenção, o sentimento de benevolência que nos une ao ser que sofre, a força de ânimo que faz com que mantenhamos a tranquilidade e conservemos o sangue frio em meio as mais alarmantes crises, a paciência que impede que nos fatiguemos em uma luta longa e penosa, o desinteresse que nos faz esquecer de nós mesmos para ocupar-nos somente daquele a quem cuidamos e que alijemos de nós a futilidade e a curiosidade”.[2]

Estas duas citações são suficientes para que nos deparemos com um fato: qualquer um pode magnetizar, mas nem todos obterão os mesmos resultados. A diferença não é feita pelo conhecimento formal, teórico ou mesmo prático (com a perfeição dos movimentos das técnicas). O grande diferencial é dado pelo coeficiente de desenvolvimento humano de cada magnetizador, ou seja, pelo seu crescimento moral, e neste brilha cristalino a necessidade de confiar em si mesmo como filho de Deus e no poder extraordinário da vontade.

É nesta linha de ideias que Allan Kardec também conduz nosso pensamento: “O poder da fé recebe uma aplicação direta e especial na ação magnética; por ela o homem age sobre o fluido, agente universal, lhe modifica as qualidades e lhe dá uma impulsão, por assim dizer, irresistível. Por isso, aquele que, a um grande poder fluídico normal junta uma fé ardente, pode, apenas pela vontade dirigida para o bem, operar esses fenômenos estranhos de cura e outros que, outrora, passariam por prodígios e que não são senão as consequências de uma lei natural”.[3]

É sabido que o exercício da fé e da vontade que é ensinado por estes grandes pensadores não é um exercício cego, tampouco aquele tido por artigo religioso. E mesmo a espiritualidade, ampliando as noções dos magnetizadores e inserido uma visão nova sobre muitos fatos, veio nos dizer que não falava de fé sob o aspecto religioso e, sim, como a “vontade de querer, e a certeza de que essa vontade pode receber seu cumprimento.”[4]

É frequente as pessoas duvidarem de sua própria fé, exatamente por que não sabem definir este sentimento e os referenciais culturais que temos não nos servem de boa base. Em geral, são tidas como pessoas de fé aquelas que seguem seus preceitos religiosos à risca, que são capazes de fazer romarias de joelhos, que aguardam a realização de milagres. Nada disso é fé, ao menos não no sentido em que os magnetizadores, Kardec e a espiritualidade nos levam a refletir.

A melhor definição de fé que encontrei até o momento é a expressa em O Evangelho Segundo o Espiritismo, na mensagem intitulada “A fé divina e a fé humana”, assinada por um espírito que, simplesmente, se deu a conhecer como um espírito protetor. Diz-nos ele que “a fé é o sentimento inato, no homem, de sua destinação futura; é a consciência que tem das faculdades imensas cujo germe foi depositado nele, primeiro em estado latente, e que deve fazer eclodir e crescer por sua vontade ativa.”[5]

Poderíamos substituir o termo fé (tão desgastado pela incompreensão) por confiança e auto-confiança. Confiança em Deus, nas leis que regem a vida e na justiça de sua aplicação; o Espiritismo é um manancial para adquirirmos essa confiança; e, a autoconfiança, decorrente do fato de nos reconhecermos criaturas celestes com reflexos da divindade, e para tanto, o Magnetismo é um exercício vital.

É uma verdadeira academia para desenvolvimentos nos músculos da alma de fé/confiança e vontade.

Unem-se, Magnetismo e Espiritismo, em um mesmo convite aos seus trabalhadores: a autotransformação, o esforço constante em tornar-se um ser humano melhor, em empregar uma vontade ativa no próprio crescimento e daí resultam os chamados “prodígios”; eles são a mera consequência do desenvolvimento das faculdades humanas, e assim, crescer, evoluir como ser humano é uma necessidade do magnetizador.

[1] Manual do Estudante Magnetizador.
[2] Instrucción Práctica Sobre El Magnetismo, Editora Amélia Boudet, Barcelona, 1998. (tradução livre)
[3] O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIX, item 5, IDE, Araras/SP.
[4] Idem, item 12.
[5] Idem

Jornal Vórtice ano II, n.º 06, novembro/2009

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Magnetismo e Água Fluidificada



1. O QUE É ÁGUA FLUIDIFICADA?

Trata-se da aplicação de magnetismo na água. Pode ser pela imposição das mãos ou pela oração. É efetuada também por benfeitores espirituais, por iniciativa própria ou atendendo à rogativa de alguém. No livro Nos Domínios da Mediunidade, psicografia de Chico Xavier, André Luiz descreve a ação de um benfeitor espiritual na fluidificação da água: .... Clementino abeirou-se do vaso e, de pensamento em prece, aos poucos se nos revelou coroado de luz. Daí a instantes, de sua destra espalmada sobre o jarro, partículas radiosas eram projetadas sobre o líquido cristalino que as absorvia de maneira total.

2. ESSE MESMO RECURSO NÃO PODE SER APLICADO A OBJETOS DE USO PESSOAL? HÁ CENTROS ESPÍRITAS QUE TÊM POR ROTINA A MAGNETIZAÇÃO DA ROUPA DOS BENEFICIÁRIOS, SOB A ALEGAÇÃO DE QUE TRAZEM BONS RESULTADOS.

Pode funcionar como placebo, porquanto roupas são maus receptores fluídicos. A água é o instrumento ideal, diríamos um receptor universal. No livro Segue-me, psicografia de Chico Xavier, diz Emmanuel: A água é dos corpos mais simples e receptivos da Terra. É como que a base pura, em que a medicação do céu pode ser impressa através de recursos substanciais de assistência ao corpo e à alma, embora em processo invisível aos olhos mortais.

3. QUAL A DIFERANÇA ENTRE O PASSE MAGNÉTICO E A ÁGUA FLUIDIFICADA?

O processo de magnetização é o mesmo, com a diferença de que no passe o magnetismo é aplicado diretamente no beneficiário. Nesse aspecto, podemos dizer que a água fluidificada assemelha-se a um passe engarrafado.

4. SENDO ASSIM O PASSE MAGNÉTICO PODE DISPENSAR A ÁGUA FLUIDIFICADA?

São recursos que se completam. O paciente recebe o passe no Centro Espírita e leva a água fluidificada para tomar em sua residência, até que retorne para continuidade do tratamento.

5. É NECESSÁRIO LEVAR A ÁGUA AO CENTRO OU PODE SER FLUIDIFICADA EM CASA?

Depende do interessado. Se ele se sente mais confiante levando-a ao Centro, é melhor que o faça, com o cuidado de colocar seu nome ou da pessoa que fará uso da água fluidificada. Isso permitirá que os benfeitores espirituais façam a dosagem adequada ao beneficiário.

6. USA-SE NO MEIO ESPÍRITA A FLUIDIFICAÇÃO DA ÁGUA NAS REUNIÕES DOMÉSTICAS DO CHAMADO EVANGELHO NO LAR: É RAZOÁVEL QUE SE USE UMA JARRA PARA TODOS?

A esse respeito, oportuno considerar a orientação de Emmanuel, na questão 103, do livro O Consolador, psicografia de Chico Xavier: A água pode ser fluidificada, de modo geral, em benefício de todos; todavia pode sê-lo em caráter particular para determinado enfermo e, neste caso, é conveniente que o uso seja pessoal e exclusivo.

7. COMO AGE A ÁGUA FLUIDIFICADA?

Atinge, especificamente, o corpo espiritual, o períspirito, onde se localiza a maior parte dos males que nos atingem. Daí sua ação benfazeja em males crônicos, pelos quais a medicina tradicional pouco pode fazer. Utilizada regularmente, com os valores da fé, que favorecem a plena assimilação fluídica, apresenta resultados surpreendentes. Sempre oportuno lembrar que Jesus, que aplicava com incomparável eficiência o magnetismo, dispensava os beneficiários de suas curas dizendo: Tua fé te salvou.

8. A ÁGUA FLUIDIFICADA NÃO CONTRARIA OS PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS, CONSIDERANDO QUE NÃO HÁ CULTO EXTERIOR NO ESPIRITISMO?

O médico que trata o paciente e o enfermeiro que lhe ministra determinado medicamento não estão exercitando um ritual. Da mesma forma, o passe magnético e a água fluidificada são recursos terapêuticos de caráter espiritual, que devem ser aplicados pelo Centro Espírita em favor da saúde humana. Isso implica, naturalmente, preparo adequado dos voluntários do serviço, cultivando estudo, oração e vivência dos princípios morais da Doutrina Espírita. Quanto aos beneficiários, devem ser informados de que receberão uma medicação de superfície. A cura legítima e definitiva exigirá empenho de renovação e perseverança no Bem.

Entrevista extraída da REVISTA INTERNACIONAL DE ESPIRITISMO dada por Richard Simonetti em novembro de 2012.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Música Espírita: O Passe (Ilumina)

Um momento musical que fala sobre a harmonização íntima e do ambiente com o vídeo da canção, “O Passe (Ilumina)”, de autoria do cantor e compositor Lourenço Cantineto.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

O Passe Magnético



Por Richard Simonetti

1 - O que é o passe magnético, aplicado nos Centros Espíritas?

Em sua expressão mais simples, é uma doação de energia magnética, semelhante à transfusão sanguínea. Se o paciente está anêmico, o sangue transferido para suas veias o revitaliza. Se há problemas com sua Alma, exprimindo-se em angústias e perturbações, o passe o ajuda a recompor-se.

2 – Como podemos definir esse magnetismo?

Trata-se de uma forma de energia a expandir-se dos seres vivos. No passe ela é controlada e exteriorizada por um ato da vontade. É o que faz o passista quando se posta junto ao paciente, guardando o propósito de beneficiá-lo.

3 – O passista é um médium?

Não no sentido literal. Ele não entra em transe, não atua como intermediário. Conta, porém, com a indispensável colaboração de benfeitores espirituais que controlam o serviço. Eles emitem um magnetismo espiritual que, associando-se ao magnetismo humano, torna o passe mais eficiente.

4 – O passe aplica-se apenas aos problemas da Alma?

Atende a todos os nossos males, tanto físicos quanto psíquicos. Quando a pessoa não consegue lidar com determinadas situações, pondo-se tensa e nervosa, sofre o que chamaríamos de “hemorragia magnética”. Perde vitalidade, fragilizando-se. Torna-se, então, vulnerável a influências espirituais deletérias. Revitalizando-a, o passe a ajuda a superá-los.

5 – Qual a condição básica para que o paciente se beneficie?

A fé. Isso está bem claro nas lições de Jesus. Ele costumava dispensar os beneficiários de suas curas dizendo-lhes: A tua fé te salvou. O Mestre não premiava a fé. Apenas demonstrava que sem ela fica difícil estabelecer a indispensável sintonia com o passista.

6 – Qual deve ser a postura do paciente, no momento do passe?

Orar com fervor, pedindo a proteção divina. Além da oração e da fé, há outro fator importante: o merecimento. Como ensinava Jesus, “a cada um, segundo suas obras”. Se os sentimentos que cultivamos naquele momento são importantes, fundamental é o Bem que façamos sempre.

7 – O passe estanca a “hemorragia magnética”?

Se o paciente tem uma anemia, decorrente de pequena hemorragia interna, a transfusão de sangue será mero paliativo. É preciso atacar esse problema, com medicamentos ou cirurgia. Algo semelhante ocorre com a desvitalização magnética. As causas devem ser eliminadas. Caso contrário, o tratamento não terá efeito duradouro.

8 – Como lidar com isso, tendo em vista os problemas e contrariedades do cotidiano?

Nossos males não decorrem desses dissabores, inerentes à existência humana. A origem está na maneira como lidamos com eles. Se cultivarmos a compreensão, a tolerância, a paciência, a caridade e os demais valores insistentemente preconizados e exemplificados por Jesus, evitaremos destemperos verbais e mentais que favorecem os desajustes que nos perturbam.

sábado, 17 de novembro de 2018

Mediunidade, Magnetismo & Moralidade




Por Rogério Coelho

"A moral é o bastão com que o homem há de dirigir os recursos que recebe da Providência."

“(...) O engrandecimento e a nobreza da mediunidade vinculam-se ao aperfeiçoamento moral do médium...”- François C. Liran

Segundo o ínclito Mestre Lionês, “(...) os médiuns são os intérpretes incumbidos de transmitir aos homens os ensinos dos Espíritos; santa é a missão que desempenham, visto ter por fim rasgar os horizontes da vida eterna.

Os Espíritos vêm instruir o homem sobre seus destinos, a fim de o reconduzirem à senda do bem, e não para o pouparem ao trabalho material que lhe cumpre executar neste mundo, tendo por meta o seu adiantamento, nem para lhe favorecerem a ambição e a cupidez. Aí têm os médiuns o de que devem compenetrar-se bem, para não fazerem mau uso de suas faculdades. Aquele que, médium, compreende a gravidade do mandato de que se acha investido, religiosamente o desempenha. Sua consciência lhe profligaria, como ato sacrílego, utilizar por divertimento e distração, para si ou para os outros, faculdades que lhe são concedidas para fins sobremaneira sérios e que o põem em comunicação com os seres d`além-túmulo.

Como intérpretes do ensino dos Espíritos, têm os médiuns de desempenhar importante papel na transformação moral que se opera. Os serviços que podem prestar guardam proporção com a boa diretriz que imprimam às suas faculdades, porquanto os que enveredam por mau caminho são mais nocivos do que úteis à causa do Espiritismo, pois pela má impressão que produzem, mais de uma conversão retardam. Terão, por isso mesmo, de dar contas do uso que hajam feito de um dom que lhes foi concedido para o bem de seus semelhantes.

O médium que queira gozar sempre da assistência dos bons Espíritos tem de trabalhar por melhorar-se... O que deseja que a sua faculdade se desenvolva e engrandeça tem de se engrandecer moralmente e de se abster de tudo o que possa concorrer para desviá-la do seu fim providencial.

(...) Lograr a assistência dos Espíritos superiores e afastar os Espíritos levianos e mentirosos, tal deve ser a meta para onde convirjam os esforços constantes de todos os médiuns sérios. Sem isso, a mediunidade se torna uma faculdade estéril, capaz mesmo de redundar em prejuízo daquele que a possua, pois pode degenerar em perigosa obsessão”.

Dissertando sobre os médiuns curadores, Allan Kardec ensina: “(...) uma grande força fluídica, aliada à maior soma possível de qualidades morais, pode operar, em matéria de curas, verdadeiros prodígios”.

Nesse passo, o notável beletrista espírita Deolindo Amorim, acrescenta:

“(...) A mediunidade está sujeita a sanções morais. O médium não é uma criatura biologicamente diferente das outras, nem é um ser privilegiado; mas, em função da mediunidade, que tem um fim superior, em qualquer grau que se manifeste, o médium não deixa de ter uma grande responsabilidade moral.

(...) Em sã consciência, todas as forças que a Natureza põe a serviço do homem devem ser empregadas para o bem. O magnetismo, de qualquer forma, é uma força que o homem não inventou nem adquiriu por compra. Logo, à luz da razão e da moral, a força magnética não é também propriedade do magnetizador. O homem, afinal de contas, não é dono de nenhuma força da Natureza; mas é sempre necessário considerar que a mediunidade se distingue do magnetismo, porque tem leis e fins especiais. O magnetismo, entretanto, não está absolutamente, como pode parecer, fora da lei moral.

O fato de um indivíduo ter força magnética e não provir essa força de Entidades espirituais, o que mostra a distinção entre o passe espírita e o passe magnético, não quer dizer que o indivíduo pode utilizar o magnetismo para fins de exploração. Quando o magnetizador tem boa formação moral, quando sabe, portanto, fazer bom uso de suas faculdades, não emprega a força magnética senão a serviço do bem. A distinção entre o magnetismo e a mediunidade não exclui o magnetizador da sanção moral quando faz de seus poderes magnéticos um instrumento do mal.

A Doutrina Espírita mostra que todos os recursos da Natureza devem ter um fim útil, porque esses recursos pertencem à grande obra da criação divina. Como a mediunidade, o magnetismo, os dons da inteligência, todos esses recursos podem ser úteis ou maléficos, conforme o estado moral de quem os possui. O magnetismo é, igualmente, um instrumento do bem, um meio de se aliviar o sofrimento do próximo. Logo, esse instrumento, que não é, convém repetir, propriedade do homem, deve ter aplicação honesta. Tanto em relação ao médium, que é instrumento dos Espíritos, como em relação ao magnetizador, que é instrumento de forças da Natureza, o “denominador comum” é sempre a moral. Sem a moral ensinada e exemplificada por Jesus, tanto a mediunidade quanto o magnetismo, como quaisquer outros dons, são instrumentos perigosos a serviço do mal. Implante-se a moral no homem, e todos os dons, venham da Natureza ou do Mundo Espiritual, serão empregados para o bem da Humanidade. A moral, portanto, é o bastão com que o homem há de dirigir e utilizar os recursos que recebe da Providência.

Assim abroquelado, o verdadeiro magnetizador poderá conseguir autênticos milagres terapêuticos, tendo sempre em vista o auxílio que o Alto nunca regateia a quem trabalha desinteressadamente, utilizando os recursos infinitos da Natureza...”

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Entrevista “Magnetismo e Espiritismo, Uma só Ciência”

Programa Atualidade Espírita, da TV Zoom, entrevista Rogério Alves da Silva abordando o tema “Magnetismo e Espiritismo, Uma só Ciência”. Rogério é um estudioso e profundo conhecedor do magnetismo, orador espírita da Associação Espírita Bezerra de Menezes e presidente do LAJE (Lar e Abrigo Amor a Jesus), em Conselheiro Paulino (RJ).

domingo, 11 de novembro de 2018

Magnetismo e Cura



Por Júlio Nunes

O criador do Mesmerismo ou Magnetismo animal foi o Alemão Franz Anton Mesmer em 1733. Mesmer desenvolveu várias teorias e técnicas de utilização do fluído magnético universal como terapêutica de cura das pessoas.

No Brasil, Jacob Melo dá continuidade ao Magnetismo, seguindo também os conceitos espíritas adotados por Alan Kardec; escreveu várias obras que ensinam os métodos e teorias de aplicação do Magnetismo. Estudioso, Pesquisador e Magnetizador, além de palestrante.

-Como atua o tratamento Magnético?

O tratamento por magnetismo atua no corpo físico e espiritual da pessoa, especificamente nos centros energéticos e periféricos, que são na maioria das vezes, os locais onde a grande concentração de energias desarmônicas verte em forma de doenças ao corpo físico, causando desconforto, ansiedade, problemas de natureza psíquica e emocional, e tantos outros males que afetam as pessoas.

O Magnetismo se dá pela constante interação da energia dos corpos, pela permuta recíproca desses elementos sutis, também conhecido como fluido universal.

-Quem são os Magnetizadores?

São pessoas comuns, médiuns, espiritualistas, com ou sem uma religião específica, mas integrados com as técnicas magnéticas e com conhecimento suficiente para movimentar as energias em favor dos assistidos.

-A quem se aplica?

Qualquer pessoa Adulto ou criança de diferente status, crença ou religião, mas previamente dispostas e confiantes a obter os resultados do tratamento.

-Explicação sobre- Passe / Magnetismo:

Livro – (O Consolador – pergunta 98 – Emmanuel – Psicografia de Chico Xavier – FEB)

“O passe é uma transfusão de energias psíquicas, com a diferença de que os recursos orgânicos são retirados de um reservatório limitado, e os elementos psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças espirituais”

Livro – (A GÊNESE – CAP. XIV – ITEM 33)

“A ação magnética pode produzir-se de muitas maneiras”:

1º ) “pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ação se acha adstrita à força e, sobretudo, à qualidade do fluido”;

2º) “pelo fluido dos Espíritos, atuando diretamente e sem intermediário sobre um encarnado, seja para o curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o indivíduo uma influência física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade está na razão direta das qualidades do Espírito”;

3º ) “pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veículo para esse derramamento. É o magnetismo misto, semiespiritual, ou, se o preferirem, humano-espiritual. Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece. Em tais circunstâncias, o concurso dos Espíritos é amiúde espontâneo, porém, as mais das vezes, provocado por um apelo do magnetizador”.

– Em quase todos os casos a ação do Magnetismo é Recomendada:

Quando a ação ordinária dos medicamentos comuns se torna insuficiente;
Depressão, instabilidade emocional arrasadora;
Quadros de Ansiedade;
Quadros terminais;
Situações em que não existe a manifestação da individualidade da pessoa;
Doenças comuns e outros sintomas fisio-psíquicos de natureza diversos.

– Em algumas situações não são recomendáveis a pratica do Magnetismo, ou o efeito pode ser neutro:

Estados alterados em que a pessoa está totalmente descrente das práticas aplicadas;
Nas situações em que elas não se sintam eletivas e confiantes para se submeterem aos procedimentos;
Sintomas que demonstrem possessão ou obsessão (nesse caso recomenda-se o tratamento de desobsessão em uma casa espírita);
Dor crônica forte (nesse caso recomenda-se a imediata transferência do paciente a um hospital mais próximo);
Agressividade física e moral com o magnetizador ou demais pessoas da casa.

– Cuidados necessários ao Magnetizador

Higiene do corpo físico

Higiene Mental

Alimentação adequada

Prática correta da respiração

Repouso adequado

Ausência de vícios (álcool, fumo, alimentação em excesso).

-Requisitos necessários do Magnetizador:

Humildade perante DEUS e os benfeitores espirituais;

Boa vontade (espírito de serviço);

Determinação (vontade firme direcionada para a realização do objetivo a alcançar);

Fé nas leis naturais e na eficácia do trabalho;

Prece constante (pensamento elevado);

Energia positiva (sem mágoas, sem raiva, etc.);

Equilíbrio emocional (Boas leituras, disciplina do pensamento, otimismo, etc.);

Sentimento de amor e dedicação ao próximo.

– Cuidados necessários do Assistido

Higiene do corpo físico;

Controle emocional;

Alimentação adequada;

Confiança no trabalho e na ajuda Divina.

– O que é uma Doença na visão espiritual?

Do Livro – (Joanna de Ângelis — livro: Plenitude, capítulo II)

“Doença é o resultado do desequilíbrio do corpo em razão da fragilidade emocional do espírito que o aciona (o desequilíbrio). Os vírus, as bactérias e os demais micro-organismos devastadores não são os responsáveis pela presença da doença, porquanto eles se nutrem das células quando se instalam nas áreas em que a energia se debilita”.

– Condição de cura – Lei de causa e efeito:

O Magnetizador deve sempre ter o cuidado de falar ao seu assistido, que a lei de causa e efeito é uma lei de DEUS:

“A cada um segundo as suas obras.” (Romanos. II:6)

-Advertência

Existem várias situações incuráveis, e seria ilusão crer que o tratamento com magnetismo livraria todas as pessoas das enfermidades. Segundo a ciência Espírita, muitas moléstias, como todas as misérias humanas, são expiações do presente, ou do passado, ou provas para o futuro.

O tratamento alternativo e mesmo o Espiritual, como no caso do Magnetismo, não substitui a medicina comum, nem se compromete a cura integral do Assistido. A verdadeira cura, na visão espiritualista, nasce na raiz da transformação do Ser, ou seja, no seu Espírito; equivalendo a dizer que, na grande maioria dos casos, somente uma transformação moral do indivíduo, ajustando-se aos determinismos estabelecidos pelas leis eternas do Criador, poderá reunir uma perfeita interação de seu corpo, mente e espírito, a fim de atingir a totalidade da cura por Ele pretendida.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Breve Histórico sobre Magnetismo



Por Adilton Pugliese

Identificar as origens da terapia espírita conhecida como passes é realizar longa viagem aos tempos imemoriais, aos horizontes primitivos da pré-história, porquanto essa técnica de cura está presente em toda a história do homem. "Desde essa época remota, o homem e os animais já conviviam com o acidente e com a doença. Pesquisas destacam que os dinossauros eram afetados' por tumores na sua estrutura óssea; no homem do período paleolítico e da era neolítica há evidência de tuberculose da espinha e de crises epilépticas".

"Herculano Pires diz que o passe nasceu nas civilizações antigas, como um ritual das crenças primitivas. A agilidade das mãos sugeria a existência de poderes misteriosos, praticamente comprovados pelas ações cotidianas da fricção que acalmava a dor. As bênçãos foram as primeiras manifestações típicas dos passes. O selvagem não teorizava, mas experimentava, instintivamente, e aprendia a fazer e a desfazer as ações, com o poder das mãos".

No Antigo Testamento, em II Reis, encontramos a expectativa de Naamá: "pensava eu que ele sairia a ter comigo, por-se-ia de pé, invocaria o nome do Senhor seu Deus, moveria a mão sobre o lugar da lepra, e restauraria o leproso".

Na Caldéia e na Índia, os magos e brâmanes, respectivamente, curavam pela aplicação do olhar, estimulando a letargia e o sono. No Egito, no templo da deusa Isis, as multidões aí acorriam, procurando o alívio dos sofrimentos junto aos sacerdotes, que lhes aplicavam a imposição das mãos.

Dos egípcios, os gregos aprenderam a arte de curar. O historiador Heródoto destaca, em suas obras, os santuários que existiam nessa época para a realização das fricções magnéticas.

Em Roma, a saúde era recuperada através de operações magnéticas. Galeno, um dos pais da medicina moderna, devia sua experiência na supressão de certas doenças de seus pacientes à inspiração que recebia durante o sono. Hipócrates também vivenciou esses momentos transcendentais, bem como outros nomes famosos, como Avicena, Paracelso...

Baixos relevos descobertos na Caldéia e no Egito, apresentam sacerdotes e crentes em atitudes que sugerem a prática da hipnose nos templos antigos, com finalidades certamente terapêuticas.

"Com o passar dos tempos, curandeiros, bruxas, mágicos, faquires e, até mesmo, reis (Eduardo, O Confessor; Olavo, Santo Rei da Noruega e vários outros) utilizavam os toques reais".

Depreendemos, a partir desses breves registros, que a arte de curar através da influência magnética era prática normal desde os tempos antigos, sobretudo no tempo de Jesus, quando os seus seguidores exercitavam a técnica da cura fluídica através das mãos. Em o Novo Testamento vamos encontrar o momento histórico do próprio Mestre em ação: E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da lepra. "Os processos energéticos utilizados pelo Grande Mestre da Galiléia são ainda uma incógnita. O talita kume! ecoando através dos séculos, causa espanto e admiração. A uma ordem do Mestre, levanta-se a menina dada como morta, pranteada por parentes e amigos".

Todos esses fatos longínquos pertencem ao período anterior a Franz Anton Mesmer, nascido a 23.05.1733 em Weil, Áustria. Educado em colégio religioso, estudou Filosofia, Teologia, Direito e Medicina, dedicando-se também à Astrologia.

"No século XVIII, Mesmer, após estudar a cura mineral magnética do astrônomo jesuíta Maximiliano Hell, professor da Universidade de Viena, bem como os trabalhos de cura magnética de J.J. Gassner, divulgou uma série de técnicas relativas à utilização do magnetismo humano, instrumentalizado pela imposição das mãos. Tais estudos levaram-no a elaborar a sua tese de doutorado - De Planetarium Inflexu, em 1766 - de cujos princípios jamais se afastou. Mais tarde, assumiram destaque as experiências do Barão de Reichenbach e do Coronel Alberto de Rochas".

Mesmer admitia a existência de uma força magnética que se manifestava através da atuação de um "fluido universalmente distribuído, que se insinuava na substância dos nervos e dava, ao corpo humano, propriedades análogas ao do imã. Esse fluido, sob controle, poderia ser usado como finalidade terapêutica".

Grande foi a repercussão da Doutrina de Mesmer, desde a publicação, em 1779, das suas proposições: A memória sobre a descoberta do Magnetismo Animal, passando, em seguida, a ser alvo de hostilidades e, em face das surpreendentes experiências práticas de terapia, conseguindo curas consideráveis, na época vistas como maravilhosas, transformar-se em tema de discussões e estudos.

"Em breve, formaram-se dois campos: os que negavam obstinadamente todos os fatos, e os que, pelo contrário, admitiam-nos com fé cega, levada, algumas vezes até à exageração".

Enquanto a Faculdade de Medicina de Paris "proibia qualquer médico declarar-se partidário do Magnetismo Animal, sob pena de ser excluído do quadro dos doutores da época", um movimento favorável às idéias de Mesmer levava à formação das Sociedades Magnéticas, sob a denominação de Sociedades de Harmonia, que tinham por fim o tratamento das moléstias.

Em França, por toda a parte, curava-se pelo novo método. "Nunca, diria Du Potet, a medicina ordinária ofereceu ao público o exemplo de tantas garantias", em face dos relatórios confirmando as curas, que eram impressos e distribuídos em grande quantidade para esclarecimento do povo.

Como destacamos, o Magnetismo era tema principal de observação e estudos, sendo designadas Comissões para estudar a realidade das técnicas mesmerianas, atraindo a atenção de leigos e sábios. Em 1831, a Academia de Ciências de Paris, reestudando os fenômenos, reconhece os fluidos magnéticos como realidade científica. Em 1837, porém, retrata-se da decisão anterior, e nega a existência dos fluidos.

Deduz-se que essa atitude dos relatores teria sido provocada pela forma adotada pelos magnetizadores para tornar popular a novel Doutrina: explorando o que se chamou A Magia do Magnetismo, utilizando pacientes sonambúlicos, teatralizando a série de fenômenos que ocorriam durante as sessões, e as encenações ruidosas, que ficaram conhecidas como a Câmara das Crises ou O Inferno das Convulsões, tendo como destaque central a Tina de Mesmer - uma grande caixa redonda feita de carvalho, cheia de água, vidro moído e limalha de ferro, em torno da qual os doentes, em silêncio, davam-se as mãos, e apoiavam as hastes de ferro, que saiam pela tampa perfurada, sobre a parte do corpo que causava a dor. Todos eram rodeados por uma corda comprida que partia do reservatório, formando a corrente magnética.

Todo esse aparato, porém, não era apropriado para convencer os observadores do efeito eficaz e positivo das imposições e dos passes.

Ipso facto, as Comissões se inclinaram pela condenação do Magnetismo, considerando que as virtudes do tratamento ficavam ocultas, enquanto os processos empregados estimulavam desconfiança e descrédito.

Os seguidores de Mesmer, entretanto, continuaram a pesquisar e a experimentar.

"O Marquês de Puységur descobre, à custa de sugestões tranquilizadoras aos magnetizados; o estado sonambúlico do hipnotismo; seguem os seus passos Du Potet e Charles Lafontaine".

No sul da Alemanha, o padre Gassner leva os seus pacientes ao estado cataléptico, usando fórmulas e rituais, admitindo a influência espiritual.

Em 1841, um médico inglês, o Dr.James Braid, de Manchester, surpreendeu-se com a singularidade dos resultados produzidos pelo conhecido magnetizador Lafontaine, assistindo uma de suas sessões públicas, ao agir sobre os seus pacientes, fixando-lhes os olhos e segurando-lhes os polegares.

Braid, em seus trabalhos e escritos científicos, procurou explicar o estado psíquico especial, que era comum nos fenômenos ditos magnéticos, sonambúlicos e sugestivos. Em seus derradeiros trabalhos passou a admitir a hipótese de dois fenômenos de efeitos semelhantes: um hipnótico, normal, devido a causas conhecidas e um magnético, paranormal, a exemplo da visão a distância e a previsão do futuro.

Outros pesquisadores seguiram-no: Charcot, Janet, Myers, Ochorowicz, Binet, Alphonse Búe e outros.

Em 1875, Charles Richet, então ainda estudante, busca provar a autenticidade científica do estado hipnótico, que segundo ele, mais não era que um estado fisiológico normal, no qual a inteligência se encontrava, apenas, exaltada".

Antes, porém, em Paris, o Magnetismo também atrairá a atenção do pedagogo, homem de ciências, Professor Hippolyte Léon Denizard Rivail. Consoante o Prof. Canuto Abreu, em sua célebre obra O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária, Rivail integrava o grupo de pesquisadores formado pelo Barão Du Potet (1796-1881), adepto de Mesmer, editor do Journal du Magnétisme e dirigente da Sociedade Mesmeriana. À página 139 dessa elucidativa obra, depreende-se que o Prof. Rivail freqüentava, até 1850, sessões sonambúlicas, onde buscava solução para os casos de enfermidades a ele confiados, embora se considerasse modesto magnetizador.

Os vínculos, do futuro Codificador da Doutrina Espírita, com o Magnetismo, ficam evidenciados nas suas anotações intimas, constantes de Obras Póstumas, relatando a sua iniciação no Espiritismo, quando em 1854 interessa-se pelas informações que lhe são transmitidas pelo magnetizador Fortier, sobre as mesas girantes, que lhe diz: "parece que já não são somente as pessoas que se podem magnetizar"..., sentindo-se à vontade nesse diálogo com o então pedagogista Rivail. São dois magnetizadores, ou passistas, que se encontram e abordam questões do seu íntimo e imediato interesse.

Mais tarde, ao escrever a edição de março de 1858 da Revista Espírita, quase um ano após o lançamento de O Livro dos Espíritos em 18.04.1857, Kardec destacaria: " O Magnetismo preparou o caminho do Espiritismo(...). Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas(...) sua conexão é tal que, por assim dizer, é impossível falar de um sem falar de outro". E conclui, no seu artigo: "Devíamos aos nossos leitores esta profissão de fé, que terminamos com uma justa homenagem aos homens de convicção que, enfrentando o ridículo, o sarcasmo e os dissabores, dedicaram-se corajosamente à defesa de uma causa tão humanitária.

É o depoimento inconteste do valor e da profunda importância da terapia através dos passes, e, mais tarde, em 1868, ao escrever a quinta e última obra da Codificação, A Gênese, abordaria ele a "momentosa questão das curas através da ação fluídica", destacando que todas as curas desse gênero são variedades do Magnetismo, diferindo apenas pela potência e rapidez da ação. O princípio é sempre o mesmo: é o fluido que desempenha o papel de agente terapêutico, e o efeito está subordinado à sua qualidade e circunstâncias especiais.

Os passes têm percorrido um longo caminho desde as origens da humanidade, como prática terapêutica eficiente, e, modernamente, estão inseridos no universo das chamadas Terapêuticas Espiritualistas.

Tem sido exitosa, em muitos casos, a sua aplicação no tratamento das perturbações mentais e de origem patológica. Praticado, estudado, observado sob variáveis nomenclaturas, a exemplo de magnoterapia, fluidoterapia, bioenergia, imposição das mãos, tratamento magnético, transfusão de energia-psi, o passe vem notabilizando a sua qualidade terapêutica, destacando-se seus desdobramentos em Passe Espiritual (energias dos Espíritos), Passe Magnético (energias do médium) e Passe Mediúnico (energias dos Espíritos e do médium), constituindo-se, na atualidade, em excelente terapia praticada largamente nas Instituições Espíritas.

Amparado por um suporte científico, graças, sobretudo, às experiências da Kirliangrafia ou efeito Kirlian, de que se têm ocupado investigadores da área da Parapsicologia, e às novas descobertas da Física no campo da energia, vem obtendo a aceitação e a prescrição de profissionais dos quadros da Medicina, sobretudo da psiquiátrica, confirmando a excelência do Espiritismo, que explica a etiologia das enfermidades mentais e oferece amplas possibilidades de cura desses distúrbios psíquicos, ampliando a ação terapêutica da Psicoterapia moderna.
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