sábado, 29 de fevereiro de 2020

O Sentimento de Caridade


Por Ricardo Baesso de Oliveira

O conceito, relativamente recente, de comportamento pró-social, apresentado pela psicologia - as ações humanas que aumentam o bem-estar do próximo e da coletividade -, transcende a modernidade, e pode ser visto em autores muito antigos.

Relativamente aos textos bíblicos, Paulo, antecipando-se aos conceitos da psicologia social, se valeu da palavra grega ágape, para referir-se a um tipo de amor que transcende o amor romântico, o amor maternal e o amor entre amigos. Ágape se identifica como um tipo de amor incondicional, que nada espera em troca, que não se justifica, que é puro e espontâneo, capaz de amar até mesmo os inimigos.

A Vulgata, que traduziu a Bíblia do grego para o latim, traduziu a palavra ágape pelo termo latino caritas, ou seja, o que é caro, de alto valor, digno apreço, e que chegou até nós pela palavra caridade.

Em nossos dias, a caridade perdeu, em grande parte, seu valor, pois vem sendo relacionada apenas à esmola, à filantropia - uma ação que, muitas vezes, promove a indolência e gera uma atitude de acomodação no beneficiado.

Allan Kardec se utilizou muitas vezes do termo caridade, mas dando a ele uma conotação muito mais profunda, ao relacioná-lo à bondade, à tolerância nas relações humanas e ao esquecimento das ofensas (O Livro dos Espíritos, item 886). Em artigo denominado Uma reconciliação pelo Espiritismo, publicado na Revista Espírita, setembro de 1862, Kardec colocou que a caridade resume todos os nobres impulsos da alma para com o próximo, apresentando-a como um continuum, que varia desde a simples esmola até o amor aos inimigos, que é o suprassumo da caridade.

Observamos que Kardec apresenta a caridade com um espectro, que varia conforme o mérito da ação, que se relaciona, obviamente, com a dificuldade em praticá-lo. Em um extremo do espectro Kardec coloca a simples esmola (que também é uma forma de caridade, embora de menor valor, porque, geralmente, custa-nos menos esforço: damos o que nos sobra). No outro extremo, Kardec coloca o amor aos inimigos, que considera o suprassumo da caridade, pois exige do envolvido uma grande dose de abnegação.

E, nesse texto, Kardec volta a se valer da expressão sentimento de caridade, já apresentada por ele em algumas passagens de O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. 17, itens 2 e 3 e cap. 28, item 5) e em O Livro dos Espíritos, itens 717 e 918. No comentário ao item 717, quando examinando a ação antissocial de indivíduos que açambarcam os bens da Terra, com prejuízo daqueles a quem falta o necessário, nosso codificador escreve que é o sentimento de caridade que leva os homens a se prestarem mútuo apoio. No item 918, por sua vez, Kardec, dissertando sobre as qualidades do verdadeiro homem de bem, escreve que, possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem contar com qualquer retribuição, e sacrifica seus interesses à justiça.

O que podemos entender por sentimento de caridade? Talvez Kardec se refira à vivência íntima do comportamento de ajuda, a interiorização da ação exterior e que dá significado profundo ao ato. Muitos de nós temos automatizado a ação caritativa, fazendo-a mecanicamente, sem enriquecê-la de um sentimento do belo, do nobre, do generoso. Sabemos que toda ação que beneficia alguém é meritória e credita o beneficiador, porque reduz o sofrimento alheio. Todavia, entendemos que só o comportamento de ajuda que se acompanha do sentimento de caridade representa crescimento espiritual real, ou seja, que ilumina de dentro para fora aquele que o pratica.

Sob esse aspecto, o sentimento de caridade pode ser entendido como a boa vontade permanente, o desejo incessante de ser útil, um estado íntimo de encantamento ante a possibilidade de efetivação do comportamento de ajuda, o estado de graça ante a experiência do bom e do útil.

Kardec conclui o artigo afirmando que um dos resultados do Espiritismo bem compreendido é desenvolver o sentimento de caridade e que, quando todos nós estivermos imbuídos desse belo e nobre sentimento, viveremos em permanente harmonia com o nosso próximo e que, se dois indivíduos podem viver em boa harmonia, o maior número também o pode. E, então, serão tão felizes quanto é possível sê-lo na Terra.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Leonardo da Vinci: Um Gênio sob a Visão Espírita



Por Raul Franzolin Neto

No ano passado, especificamente, no dia 2 de maio de 2019, comemoraram-se os 500 anos da morte de um dos maiores gênios da humanidade. Leonardo nasceu em Vinci, na província de Florença, Itália. Com apenas 68 anos de vida na Terra, foi inventor, pintor, cientista, engenheiro, escultor, arquiteto, botânico, músico, poeta, estilista, anatomista, matemático e, sobretudo, gênio.

Monalisa, sua mais famosa pintura, é a maior estrela do museu de Louvre em Paris, visitada por milhares de pessoas do mundo todo, todos os anos. O legado de da Vinci é realmente impressionante. Muitas obras originais nem podem ser exibidas ao público por serem muito valiosas, devendo ser preservadas, o máximo possível. Os manuscritos com desenhos sobre anatomia foram a base da medicina tradicional e beneficiaram toda a humanidade.

Além da Monalisa, outras obras como A Batalha da Anghiari, Homem Vitruviano, a escultura de cavalo de Sforza, o quadro da Santa Ceia, La Vergine dele Rocce, La Madonna Benois, La Bella Principessa e tantas outras imortalizaram o Mestre. Até hoje, biógrafos de Leonardo da Vinci tentam desvendar o incrível homem por trás de tantos trabalhos admiráveis e traços emocionantes. O que há por trás do olhar da Monalisa? E dos lábios? E as formas calculistas do Homem Vitruviano? O olhar e o dedo apontado para cima em San Giovanni Batista?

Diante do avançar da humanidade, vemos alguns gênios que se sobressaem ao extremo. Outros em maior número pulsam com exemplos admiráveis em países e regiões do mundo. Mas por que essa grande diferença de atividades marcantes entre os seres humanos? Como surgem esses gênios de tempos em tempos e locais? Será que é ao acaso?

Há uma convergência de pensamentos daqueles que acreditam na criação Divina em que tudo é obra de Deus. Mas por que Deus todo-poderoso, soberanamente justo e bom, criaria apenas um gênio em relação a milhões e milhões de homens que mantêm uma vida simples e comum na humanidade? Muitos se perguntam por que ele foi assim e eu não consigo fazer quase nada na vida? Houve uma espécie de sorteio divino?

Não, Deus não cria gênios. Ele cria todos os seres humanos iguais, mas cada um percorre o caminho que lhe convém de acordo com a sua vontade, o seu livre-arbítrio. Isso significa que quanto mais o Espírito evolui em seu trabalho para o bem comum, mais ele avança na liberdade de pensamento e em tarefas cada vez mais prodigiosas e humanitárias. Outro que segue o caminho da maleficência, estaciona na evolução e perde infinitas oportunidades de crescimento pessoal. Outro mesmo que não tenha maldade, mas não contribui para o bem, também pouco evolui. Isso faz com que ocorram as distâncias enormes entre os seres humanos diante da infinita escada evolutiva espiritual.

O gênio tem toda a sua bagagem elevada por sua própria conquista. Entretanto, sabemos que a evolução espiritual passa pelo crescimento moral e intelectual. Os dois nem sempre caminham juntos. Pode-se avançar muito o intelectual junto com a ambição, egoísmo, orgulho, passando-se por cima de quem quer que seja, sem se importar com nada. Nesse caso, estão os gênios com grande poder de persuasão sobre as massas, produzindo desajustes com sérias consequências na humanidade. Isso implicará em reencarnações adequadas para estacionar a evolução intelectual e avançar a moral, com desafios imensos a superar.

Assim, a humanidade precisa, de tempos em tempos, de verdadeiros gênios, evoluídos tanto intelectual quanto moralmente para estimular os avanços científicos mais rápidos em várias áreas e, ao mesmo tempo, dando seu exemplo de vida, principalmente quanto à humildade.

Leonardo da Vinci foi um exemplo de vida em todos os aspectos. Com tão pouco tempo na Terra, num ambiente extremamente carente de desenvolvimento tecnológico do final do Século XV e início do XVI, da Vinci deixou um sinal de como cada um pode evoluir. Como seria imaginar um Espírito desse nível, nos dias de hoje, com o avanço tecnológico gerado pela informática? Por outro lado, podemos sentir a sua grandeza moral, expressa em suas frases, tais como: “A pintura é poesia muda. A poesia é pintura muda. Ambas imitam a natureza com o melhor de sua potência, e ambas podem revelar princípios morais”; “Você nunca terá um domínio maior ou menor do que sobre si mesmo...”.

A ciência pode vasculhar o cérebro dos gênios em busca da resposta para tão grande efeito. Embora o Espírito necessite da matéria para sua vida na Terra, é no Espírito que a resposta para a Justiça Divina se encontra.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Recesso de Carnaval


Prezados leitores,

Começa hoje o recesso de carnaval do blog que se estenderá até o dia 26/02, (quarta-feira). Durante esse período faremos uma pausa nas atualizações, retornando normalmente no dia 27/02 (quinta-feira).

Um carnaval de Paz, alegria e fraternidade para todos!

São os votos de

Carlos Pereira – Manancial de Luz

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Energia, Pensamento e Vida


Por Wagner Ideali

Qual o sentido da vida? A humanidade procura essa resposta desde os primórdios da civilização, pois muitos filósofos, pensadores já fizeram esse questionamento e nunca tivemos uma resposta precisa e acertada. Joanna de Ângelis nos oferece uma resposta direta e objetiva quando ela nos diz que: “desenvolver Deus dentro de nós”. Assim, essa afirmação nos leva a pensar...

O Mestre Jesus nos disse “vós sois deuses”, e então ficamos pensando como desenvolver essa potencialidade?

Existem as energias físicas tais como as ondas magnéticas, elétricas, gravitacionais entre outras, que já temos condições de medi-las e interagir com elas.

Vamos também entender que temos as energias mentais provenientes do nosso corpo físico, que também somos capazes de medi-las para os necessários ajustes do nosso organismo.

No ponto mais alto temos as energias espirituais, que ainda não há instrumento para medi-las, mas Deus nos oferece os médiuns que conseguem medir, mas, como sabemos, de forma muitas vezes imprecisa. Ao estudar as energias espirituais poderemos então ter como realizar os tratamentos espirituais.

Sabemos que muito ainda há por fazer sobre as energias mentais e suas correlações com as energias espirituais.

O Espiritismo nos ensina que o Espírito deseja, o corpo age e depois recebe o retorno de sua ação que é captada pelos sentidos, devolvendo ao cérebro que, por fim, entrega essas sensações ao Espírito.

Assim, com essa rápida análise, começamos a perceber as palavras de Jesus quanto aos nossos profundos potenciais. Vamos pensar, falar e agir, mas dentro de uma nova dimensão, porque sabemos que o pensamento é vida, ele gera energias.

Atitudes enobrecedoras e ação construtiva vão pouco a pouco proporcionando um despertar da nossa divindade interior. Entre tantas coisas que Jesus fez na sua passagem pela Terra uma foi nos mostrar o potencial de transformação que nos oferecem o pensamento, a fala e as ações. Nunca vimos na humanidade uma capacidade tão gigantesca de manusear as energias como Ele o fez.

Sim, somos deuses, podemos fazer tudo que Ele, Jesus, fez, e muito mais, mas depende unicamente de nós mesmos. O que nos falta é aquela fé no tamanho de um grão de mostarda para mover as montanhas inerciais dentro de nós. Pois dia virá que poderemos dizer: “Não sei se estou no Pai ou se o Pai está em mim”.

Que Jesus nos abençoe hoje e sempre.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

“Espíritos Simpáticos”


Por Claudio Viana Silveira

“Os que encarnam numa mesma família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações.” (ESE, XIV, 8.)

Nosso caminho evolucional é comparado a longo deserto que percorremos da Infância Espiritual à Angelitude.

Nossos companheiros de travessia possivelmente se repetem a cada nova encarnação.

Reunimo-nos por simpatia, ou somos “Espíritos simpáticos”; e o núcleo de reunião mais necessário e justo é a família, quer seja ela corporal, espiritual ou satisfaça ambos os requisitos.

Quando afirmamos que “fulano é extremamente simpático”, é possível que seja ele educado, elegante e gentil: qualidades do corpo e do Espírito aí encarnado…

Mas quando o Codificador nos fala em “Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações”, simpáticos toma a conotação de “atração”.

Dessa forma, “simpático”, longe dos conceitos anteriores, passa a significar uma atração por conveniência: desejamos nos atrair por motivos nobres, ou nem tanto.

Se tivermos atração pelo bem, nos reuniremos com Espíritos afins. Se tivermos atração pelo mal, prazerosamente desejaremos nos reunir a Espíritos de tais tendências.

A atração, por conseguinte, é neutra; neutros não o são o bem ou o mal.

A família tem o poder de reunir pessoas de matizes diferentes: para que os maus sejam reeducados e regenerados pelos bons, e para que estes se consolidem como tal: instrutores e missionários.

Evidências se tornarão patentes: não nos reunimos única vez. Já fomos bons juntos, maus juntos, contraímos dívidas uns com os outros e não as saldamos totalmente…

… E, por isso, estamos juntos novamente, nós, afins ou simpáticos, amparando-nos na travessia do deserto Terreno.

sábado, 15 de fevereiro de 2020

O Estudo das Obras Fundamentais do Espiritismo


Por Geraldo Campetti

A leitura atenta e o estudo continuado das obras fundamentais do espiritismo sempre renovam nossa oportunidade de aprender. Dá a impressão, inclusive, de que estamos diante de um conteúdo inédito, quando nos certificamos, após algum tempo, de que já o havíamos lido anteriormente. Isso decorre, em nosso entendimento, de duas razões principais: a constante atualização dos conteúdos doutrinários expostos na obra básica da Codificação Espírita, e a oportuna necessidade de atualizarmos nosso entendimento acerca da mensagem evangélica pelo salutar hábito do estudo.

As orientações seguras advindas da Espiritualidade Superior nos recomendam, inclusive, que dediquemos pelo menos 15 minutos diariamente para a leitura de alguma obra escrita sob a responsabilidade de Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita.

Esse contato diário com a obra básica certamente nos colocará a par da sabedoria espiritual e da genialidade de Kardec ao ensejar que tais ensinamentos renovadores fossem materializados na Terra para acesso de todos nós, trabalhadores da última hora.

O estudo possibilita ampliar a visão e o entendimento, a reflexão e a prática, sobre tudo o que nos sensibiliza as percepções, dilatando gradativamente a nossa capacidade de compreensão, a zona lúcida, conforme expressão do estudioso francês Paul Gibier.

O estudo espírita pode ser individual, num processo persistente de autodesenvolvimento, e coletivo, quando nos predispomos a interagir algum grupo interessado em propósitos semelhantes de se reunir e aprender, pelo compartilhamento de lições e experiências.

Para o estudo individual, alimentemo-nos de boa vontade, separemos um tempo diário de pelo menos 15 minutos, e iniciemos com o propósito firme de ir adiante. No início, há que se vencer algumas resistências naturais. Depois, torna-se mais fácil.

Para o estudo em grupo, as casas espíritas ofertam várias possibilidades, aproveitando-se do material de excelente qualidade disponibilizado ao Movimento Espírita pela FEB. São os programas do Estudo Sistematizado, do Estudo Aprofundado, do Estudo e Prática da Mediunidade, de cursos específicos sobre as obras da Codificação e de algumas publicações subsidiárias.

Oportunidade de estudo e aprendizado não faltam. O que às vezes falta é a nossa boa vontade de estudar e aprender.

Enriqueçamos nossa trajetória presente, aproveitando a oportunidade de educação espiritual, propondo-nos à efetiva renovação íntima pelo exercício dos magnos mandamentos recomendados pelo Espírito da Verdade: amai-vos e instruí-vos!

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

O Reflexo das Emoções



Por Waldenir A. Cuin

“Vives sitiado pela dor, pela aflição, pela sombra ou pela enfermidade? Renova o teu modo de sentir, pelos padrões do Evangelho, e enxergarás o Propósito Divino da Vida, atuando em todos os lugares, com justiça e misericórdia, sabedoria e entendimento.” (Emmanuel, no livro Fonte Viva, item 67, psicografia de Francisco Cândido Xavier.)

Na condição de criaturas humanas, sendo racionais, pensamos, agimos, reagimos e temos sentimentos que geram emoções, e estas refletem diretamente em nosso corpo físico.

Emoções saudáveis decorrentes da alegria, otimismo, resignação e compreensão das reais finalidades da vida nos promovem bem-estar, já aquelas que nascem da tristeza, pessimismo, lamentação e inconformismo têm o potencial de nos causar danos e desequilíbrios, gerando desconforto e sofrimento.

Muitas doenças que assolam a nossa constituição orgânica têm como base forte os desajustes emocionais que cultivamos ao longo do tempo. E tais patologias nem sempre conseguem ser contornadas somente com o uso de medicação, embora os fármacos possam contribuir sobremaneira para o alívio desses padecimentos.

A maneira de encarar os desafios da vida precisa ser meticulosamente analisada, buscando a compreensão e o entendimento dos reais objetivos da nossa existência aqui na Terra, partindo do entendimento claro de que possuímos duas naturezas: a física e a espiritual.

Em realidade somos Espíritos criados por Deus para viver eternamente, em sucessivos processos reencarnatórios, buscando a perfeição que nos proporcionará a paz e a felicidade, que tanto ansiamos e que ainda não logramos encontrar. Possuímos, no momento, um corpo físico, mas existíamos antes dele e seguiremos vivendo após o seu término, portanto, não podemos pautar nossas ações, atitudes e comportamentos como se a nossa vida apenas cumprisse um pequeno roteiro do berço ao túmulo.

Indispensável, portanto, se torna a valorização dos nossos sentimentos e emoções, se realmente desejamos usufruir o conforto de dias mais serenos e tranquilos. Erradicar, definitivamente, o orgulho e o egoísmo que residem em nosso coração é tarefa inadiável e urgente, pois que essas terríveis chagas ostentam o nascedouro de tantas outras mazelas.

Ódio, mágoa, ressentimento, melindre, ciúme, avareza e tantos outros defeitos que ainda alimentamos com os nossos desequilíbrios emocionais carregam, de forma invisível, um enorme potencial destruidor com a capacidade extraordinária de arruinar a nossa saúde, nos conduzindo a experimentar o fel do sofrimento.

No entanto, o remédio para esses incômodos que tanto nos atormentam está facilmente ao alcance das nossas mãos, disponível a qualquer criatura há mais de dois mil anos: as sábias e imorredouras lições de Jesus Cristo, contidas em seu Evangelho, tão populares, mas pouco entendidas e praticadas.

Em momento algum podemos descartar o valor da medicina que veio em nosso auxílio, mas ignorar os ensinamentos do Cristo, diante da clareza e atualidade que carregam, será, sem dúvida, menosprezar, descuidadamente, um manancial infinito de bênçãos que está à disposição de quem dele quiser fazer uso.

A diminuta compreensão e o desuso das advertências cristãs permitiram a construção, atualmente, de uma sociedade angustiada, deprimida, pessimista e detentora de poucas esperanças e perspectivas de melhoria. No entanto, se nos aprofundarmos no exercício prático do roteiro cristão, em breve transformaremos o mundo que nos acolhe.

O remédio pode curar uma doença já instalada, mas a vivência evangélica será capaz de prevenir uma patologia ao ensinar, de forma coerente e equilibrada, como uma criatura deverá administrar as suas emoções.

A humanidade já perdeu tempo demais, sofreu muito, vem andando na contramão da lógica. Até quando... será que ainda não teremos “olhos de ver e ouvidos de ouvir”?

Reflitamos...

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

O Mestre e as Mulheres

Por Patrícia Carvalho Saraiva Mendes

Muito já se cantou e louvou a beleza e a importância da presença feminina no orbe.

Nada mais justo.

Em cada presença feminil, há sempre a expectativa de que ali pulse um coração maternal, capaz de acolher, de educar, de amar, numa palavra.

E, não obstante, quão dele se espere, quanto carece de ser amado e compreendido um coração de mulher!

Na verdade, se distendêssemos o olhar na esteira do tempo da vida humana na Terra, certamente veríamos que jamais alguém soube compreender tão bem o sentimento feminino, em sua complexa sensibilidade, como Jesus, o Mestre maior.

Da mesma forma, ninguém jamais conseguiu colocar tão bem a mulher em seu lugar de real valor, como Ele fez.

Quando o Mestre ergue espiritualmente Madalena, a Maria que tanto houvera se equivocado, enaltece-a a nova condição, exemplificando a forma de se portar diante do erro, porventura cometido, em exemplificação irreprochável:

Surpreendido pela aproximação da Madalena [...] não se entrega a acusações e lamentos, com respeito à sua conduta passada, mas sim, descerra-lhe ao espírito de mulher os horizontes da abnegação pura e sublime...

Assim agia Jesus, cujas lições ministradas quedam-se imorredouras.

Quando o Mestre pede a Marta que deixe Maria cuidar do que seria efetivamente essencial (Lucas, 10:38 a 42), ali leciona às mulheres de todas as épocas que não se perdessem no labirinto dos quefazeres compreensivelmente importantes, porém, não fundamentais, do cotidiano. Que não deixassem o mundo arrastá-las num torvelinho de tarefas inúteis, num roldão de coisas fúteis, os quais não as permitissem contemplar a beleza da vida sempre vicejante, janelas afora da locomotiva que conduz a existência material.

Não é para a matéria que foram feitas as mulheres...

Sem jamais desqualificar a Marta desavisada, Jesus alerta que, desprevenidas, as mulheres lamentavelmente haveriam de concentrar ideias, sentimentos e pensamentos “no desperdício das emoções”, perdendo mais que tempo, perdendo a oportunidade bendita da reencarnação.

E, somente agora, dois milênios passados daquela lição magistral, é que podemos dizer que já vislumbramos, em nosso aprendizado espiritual, quanto pode nos valer uma emoção bem direcionada. Quanto a atenção, voltada ao que tem valor efetivo, pode nos poupar, no futuro, lágrimas e ilusões desfeitas.

Em verdade, ninguém soube melhor ler um coração de mãe, de amiga, de filha e de irmã do que Jesus!

Quando se dirige à samaritana (João, 4:1 a 41), o Mestre mostra a todos que a “água da vida”, buscada em cada coração de mulher, que aguarda ser amado; em cada coração de mãe que espera entendimento; em cada coração de companheira, que se sente desamparado, somente da vivência do seu Evangelho poderia verdadeiramente brotar.

Ali, no poço de Jacó, o Mestre revela, a todas as mulheres, que não aguardassem nas luzes do mundo, nas ilusões da Terra, sempre corredias, sempre fugidias, as suas compensações. Não seria jamais, nos brilhos fastidiosos do planeta que as mulheres encontrariam o amor e o conforto afetivo a que seus corações almejam.

No trato com as mulheres, também Jesus permanece como o Modelo inesquecível, porque insuperável.

Ainda quando entrega sua Mãe Amantíssima no instante supremo do Gólgota, ao desvelo do discípulo querido, João, é porque também sabia que aquela mulher, conquanto fosse capaz de vivenciar o amor superlativo, nascido da intimidade mais oculta do seu coração, também merecia o cuidado do olhar filial (João, 19:26-27).

É de se reconhecer: ninguém soube ler tão bem a alma feminina, como Jesus!

Por fim, quando ressurreto, liberto do madeiro infame para a glória eterna, é para uma mulher, aquela mesma que houvera caído, que tanto houvera se desencaminhado em passado recente, que Ele aparece. É a Maria Madalena que Jesus primeiro se mostra.

De volta, ele chama aquela mulher, em pleno processo de redenção, para que, incumbida de avisar aos demais que o Mestre, sim, vivia ela também demonstrasse às mulheres do mundo inteiro que talvez elas não fossem, em muitas ocasiões, compreendidas, quiçá, em muitos momentos, não fossem valorizadas, mas, ainda assim, Ele convidava a todas a renunciar aos valores materiais, sem temor; deixar para trás o passado, sem duvidar; e amar a Deus, vendo-o no próximo, a bem da verdadeira felicidade que passaria a existir em seus corações.

Enfim, metaforicamente, Jesus deixava, em mãos femininas, a chave da vida, porquanto, em verdade, “a chave da vida é a glória de Deus”.

Quando suporta as dores da existência em favor de alguém; quando gera, em seu íntimo, outro ser; quando educa os filhos do mundo; quando cura a quem quer que seja; quando ensina, sem cobrar demonstrações de reconhecimento; finalmente, quando ama, toda mulher está, também, glorificando a Deus, na atitude sublime de buscar tornar a Terra o local que a Providência divina nos concedeu para o nosso aprendizado, num lugar melhor para se estar e viver.

Referências:

Francisco Cândido Xavier, Verdade e Amor. Por Espíritos diversos.
Francisco Cândido Xavier, Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel.
Francisco Cândi Xavier, Luz no Lar. Por Espíritos diversos.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

O Imenso Poder da Prece


Por Maria de Lurdes Duarte

Desde os tempos mais remotos, esquecidos no pó dos milênios que por nós foram passando, desde as eras em que o Homem ensaiava os primeiros passos terrestres, tomando consciência de si mesmo como Ser individual e distinto dos demais seres da Criação, que esse mesmo Homem se assumiu como Ser Espiritual em busca de um sentido maior para a sua existência. Observando os fenômenos da Natureza, que ultrapassavam a sua capacidade de compreensão, procurando assimilar o mundo que não entendia, cedo a Humanidade buscou fora de si mesma algo maior, responsável por tudo quanto existia e acontecia.

A crença em divindades, que muitas vezes se confundiam com a própria Natureza, ou os próprios fenômenos, teve suas origens nessa “certeza”, a princípio inconsciente, mas, de qualquer modo, inata, de que “há algo para além e acima de nós”. Nem de outro modo poderia ser. Sendo nós centelhas saídas das mãos do Criador, muito naturalmente trazemos em nós imprimida essa ideia inata de Deus e da nossa essência espiritual.

À medida que as eras foram passando e a inteligência humana se foi desenvolvendo, em contato com as inúmeras experiências que a Terra nos foi proporcionando, também a ideia que fomos fazendo dessa Entidade Suprema se foi paulatinamente modificando. Dos seres e fenômenos da natureza (floresta, sol, vento,), confundindo a obra com o seu Criador, passando aos inúmeros deuses do politeísmo, até chegar ao monoteísmo, passando do Deus à imagem e semelhança do Homem à ideia de Deus como Causa Primária de todas as coisas (como nos é apresentado pelo Espiritismo), a nossa compreensão da Divindade foi passando por diversos estágios, à medida das nossas possibilidades de busca e entendimento.

Mas o certo é que a nossa relação com Deus esteve sempre bem notória ao longo da História Humana, ainda que nem sempre tenha sido acionada da forma mais correta e satisfatória. Nessa busca de uma relação com o Divino, o Homem sempre sentiu necessidade de se colocar “nas suas mãos”, buscando Nele a proteção e o amparo para os seus anseios mais prementes, a princípio puramente materiais, mais tarde de cariz também espiritual.

É nesse contexto que a Prece surge como forma de nos relacionarmos com Deus, Entidade Superior de cuja bênção e proteção sempre sentimos precisar. No entanto, será a Prece realmente eficaz, ou apenas decorre de uma necessidade puramente humana e apenas tem sentido como forma de “alívio psicológico”, decorrente de uma crença instalada em nós? Diríamos que, nem que outra eficácia não tivesse para além dessa, já seria válida e oportuna.

Atentemos no que nos disse Jesus: “Por isso vos digo: todas as coisas que vós pedirdes orando, crede que as haveis de ter, e que assim vos sucederão” (Marcos, XI: 24). Foi uma garantia deixada pelo Mestre. A certeza de que as nossas Preces são ouvidas e atendidas.

Mas então podemos perguntar-nos: por que tantas e tantas vezes nos dirigimos a Deus em busca de socorro e nada acontece do que pedimos? Por que não são as nossas necessidades atendidas? Por que parece que Deus não nos ouve ou que permanece indiferente às nossas solicitações?

Perguntamos nós: Quereria Jesus dizer que tudo o que pedíssemos ser-nos-ia dado, indiscriminadamente, a nosso bel-prazer? Que Deus, pura e simplesmente, está “ao nosso serviço” e, sem esforço algum da nossa parte, tudo melhoraria nas nossas vidas em função de meia dúzia de palavras que proferíssemos nas horas de aflição?

Temos, quanto a isto, que ter em conta os aspectos relacionados com a nossa evolução, verdadeiro e único objetivo da existência terrena. Sendo assim, há que refletir: Por que sofremos? Por que experimentamos dificuldades? Por que temos experiências negativas que resultam em dor, amargura, decepção? ... Que finalidade tem tudo isso, senão fazer-nos amadurecer, saldar dívidas contraídas por nós mesmos, expurgar os nossos defeitos, crescer espiritualmente acima da inferioridade que ainda nos caracteriza? Seria o objetivo alcançado se bastasse pedir e os problemas fossem afastados? Que aprendizagem tiraríamos das experiências vividas? Sairíamos, ao fim de cada reencarnação, mais fortalecidos moralmente, e até intelectualmente, se tudo nos fosse dado à medida do nosso pedir? Facilmente depreendemos que não.

Cada reencarnação obedece a uma planificação, em que colaboramos e aceitamos, aquando da preparação da nossa vinda a cada existência terrena, contendo acontecimentos, situações e vicissitudes a que não podemos ou não devemos fugir, sob pena de inutilizarmos todo esforço empreendido em nosso favor pelas Entidades Espirituais que nos ajudaram nessa planificação, e não sairmos vitoriosos sobre nós mesmos e sobre as nossas imperfeições. Cabe-nos a nós utilizarmos o tempo que nos é dado com discernimento, resignação, coragem, esforço, se queremos dar passos visíveis na senda do progresso espiritual, moral e intelectual. Deus, como bom Pai, Sábio e Perfeito, ama-nos e respeita a nossa vontade e livre-arbítrio.

Qual então o papel da Prece, em função das nossas necessidades espirituais? Na empresa que cada reencarnação representa no todo da caminhada rumo à perfeição, não estamos sozinhos. Deus, direta ou indiretamente, através dos Espíritos que trabalham na sua seara, atua incessantemente sobre nós, inspirando-nos, fortalecendo-nos, amparando-nos em quedas maiores, ajudando-nos a levantar e seguir em frente quando erramos, vigiando para que tenhamos todas as condições para o sucesso (entendamos por sucesso a evolução espiritual). Quando oramos, estamos a atrair até nós essas Entidades benfazejas, entramos em sintonia com as forças do bem; por outro lado, afastamos de nós outras entidades menos sintonizadas com o bem e que poderiam resultar, com a sua presença, em entraves maiores e inspirações à desistência moral, à revolta, ao desânimo, que nos afastariam dos propósitos da luta. Podemos dizer que, com a Prece, vamos construindo uma muralha de segurança em nosso redor, onde só penetra quem vem por bem.

Para melhor compreender o verdadeiro poder da Prece é necessário percebermos o que acontece quando oramos e o modo como atua. Comecemos por lembrar que todos os Seres, encarnados e desencarnados, estão mergulhados num mesmo Fluido Universal, que se estende pelo Espaço. As vibrações do Fluido Universal, estendem-se pelo Infinito, do mesmo modo que as vibrações sonoras se transmitem pelo ar do nosso planeta. Em consequência disso, cada pensamento nosso, mal é expedido, entra nessa corrente fluídica e, podemos até dizer, deixa de ser exclusivamente nosso, porque passa a ter a possibilidade de ser captado por quem esteja a vibrar em sintonia. E o que é a Prece senão correntes de pensamento que dirigimos a Deus ou a entidades a quem podemos recorrer como intermediárias (sempre na convicção de que são apenas intermediários e nada se faz sem que Deus aprove)? Quando dirigimos o nosso pensamento ao alto, em busca de socorro, alívio, inspiração, força, essa corrente vai em direção aos Espíritos Superiores que, de acordo com a vontade de Deus que tudo prevê e a tudo provê, e de acordo com o nosso mérito e as nossas necessidades, nunca deixam de vir em nosso auxílio. O que acontece, quantas e quantas vezes, é que o que pedimos não é aquilo de que verdadeiramente precisamos, numa visão espiritual. Mas, quantas e quantas vezes também, a ajuda vem, mas de uma forma que nós não captamos de imediato: sob a forma de inspiração de soluções para os problemas, sob a forma de um amigo que Deus traz até nós para nos amparar, ou de mil e uma maneiras que a Providência Divina tem de chegar até nós. De uma coisa podemos e devemos estar certos: Deus espera por nós e nunca deixa de ouvir e atender às Preces que lhe dirigimos com Fé. Foi a promessa de Jesus. Quanto a isso, lembremo-nos: Quanto maior for a força e convicção do nosso pensamento (é aí que entra a Fé), maior a força com que esse pensamento entra na imensa corrente fluídica que vai percorrer o Espaço Infinito em direção ao Alto.

Orar por que e por quem? De acordo com os ensinamentos dos Espíritos, temos três fortes razões para orar: Louvar, Agradecer e Pedir. Costumaremos lembrar-nos destes três tipos de Preces? Comumente, dirigimo-nos a Deus quando estamos aflitos e as preces cumprem quase o exclusivo objetivo de pedir ajuda. O que é mais grave é que vemos Deus como um mercador de milagres (ainda não nos livramos totalmente da ideia de Deus criado à semelhança do Homem). Entramos em negociações do gênero “se me concederes determinada graça, faço isto e aquilo”. Esquecemo-nos de que Deus não necessita de nada e a única coisa que quer de nós é o esforço por superarmos as imperfeições que ainda nos desenfeitam a alma. O Louvar e o Agradecer, por vezes, ficam para segundo plano. Há, acima de tudo, que nos reeducarmos no que concerne à atitude que temos perante a Prece. Orar bem, não orar muito (não é a mesma coisa). Sendo a oração uma corrente de pensamento, não necessita de palavras, ou pelo menos, não necessita de muitas palavras, nem de frases feitas, ou de momentos ou lugares apropriados, a não ser o recôndito do nosso coração, a intimidade da nossa alma, a sinceridade de propósitos acompanhada pelas ações. Pensamento sem ação é pouco. Pedir sem pouco fazer vai contra o conselho de Jesus quando disse: “Ajuda-te e o Céu te ajudará”. (O Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo XXVII, item 7.)

“A forma não é nada, o pensamento é tudo. Faça cada qual a sua prece de acordo com as suas convicções e da maneira que mais lhe agrade, pois, um bom pensamento vale mais do que numerosas palavras que não tocam o coração”, diz-nos Kardec. (O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XXVIII.)

A Prece cumpre ainda outra função: a da Caridade. Caridade para com quem queremos ajudar, encarnado ou desencarnado) e podemos fazê-lo dirigindo o nosso pensamento até eles e atraindo as Forças do Bem que atuarão de acordo com as necessidades de cada um. Daí o imenso poder da oração pelos desencarnados, por aqueles a quem amamos, pelos amigos, pelos inimigos e pelos que não têm ninguém que ore por eles. A todos podemos beneficiar com essa força magnética poderosa que é o pensamento dirigido ao Alto com Amor e Fé. Imaginemos a alegria com que é recebido qualquer bom sentimento, naqueles que já partiram e necessitam de força e coragem para superar as situações difíceis em que porventura possam estar, como resultado das suas más ações terrenas, o alívio que uma prece sentida poderá proporcionar a essas almas carentes de coragem. E mesmo naqueles que se encontram em situações felizes, a alegria de serem recordados com Amor, como alívio para a saudade daqueles de nós que por cá deixaram.

Concluindo: A Prece é uma força poderosa, se saída do coração e da boa vontade de quem a usa, se acompanhada do esforço próprio. Não peçamos milagres ou benefícios materiais. Do Alto, esperemos e peçamos força, coragem, fé, discernimento, resignação.

Nas horas de maior aflição, digamos como Jesus no Calvário: “Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice, mas acima de tudo, faça-se a Tua vontade e não a minha” (Mateus, Capítulo 26: Versículo 39).

Bibliografia:

Alan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo;

Portal do Espírito: https://espirito.org.br.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Ao abrir a Janela


Por Yé Gonçalves

Ao abrir a janela, olho para o céu e fico surpreendido: – O tempo estava nublado. E agora? De repente, “a ficha caiu”, isto é, caí em mim e logo raciocinei: – Acima das nuvens existe um Sol que está sempre brilhando, apesar das barreiras formadas pelas nuvens. É o nosso Pai Celestial cuidando de todas as criaturas, através desse abençoado instrumento.

Diante disso, caros leitores, percebe-se que na vida é assim que acontece em relação à nossa caminhada evolutiva pelas veredas desta oficina Terra, campo de semeadura e de colheita, de esforço e de derramamento de muitos suores; enfim, de adversidades e de oportunidades de trabalho.

Então, precisamos acordar, a cada instante, permitindo-nos renascer com pensamentos mais elevados e com propósitos otimistas para a vida em cada amanhecer; abrir as janelas das nossas consciências e dos nossos corações, a cada momento, para recebermos as brisas leves e edificantes do refrigério das palavras do divino Mestre Jesus, repletas de ensinamentos de bom ânimo para o enfrentamento dos desafios evolutivos da vida.

Que possamos aprender a dançar ao estilo flutuante das árvores, aos sons das sinfonias vibracionais das passagens sublimes e leves das brisas sempre amigas; a cantar com o gorjear orquestrado dos pássaros, e a dar pulos de felicidade, assim como eles.

Que, a cada segundo, agradeçamos a Deus, nosso Pai de infinita misericórdia, pelo cuidado que Ele tem sempre para conosco, principalmente nas horas mais difíceis, em que nos sentimos sozinhos e esquecidos por todos; e nos momentos de crises diversas, tais como financeira, de relacionamento conjugal, de enfermidades, e de tantas outras situações adversas.

Não nos esqueçamos de que Ele, o nosso Pai de todo amor e de toda bondade, coloca-se à nossa disposição, a fim de nos indicar os caminhos de solução para os nossos problemas ou desafios, através dos ensinamentos sublimes do Evangelho de Jesus, da presença confortante da espiritualidade amiga e dos mais diversos companheiros encarnados nesta oficina Terra.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Seguindo as palavras…



Por Bruno Abreu

Há dois mil anos, Jesus Cristo passou na Terra, deixando-nos ensinamentos de amor e fraternidade. Pediu aos seus discípulos que espalhassem pelos quatro cantos os seus ensinamentos de esperança e amor, para que todos tivéssemos acesso às suas palavras. A essa altura, iniciaram eles uma jornada de evangelização, espalhando os profundos ensinamentos do Mestre da vida.

Seus discípulos, corajosamente, enfrentaram todas as adversidades do início do Cristianismo, a fim de partilhar com os outros a maior oferta que já existiu no nosso planeta: as diretrizes da harmonia humana, que mudariam o rumo desse planeta para a Lei de Amor.

Felizmente, conseguiram, através dos ensinamentos de geração a geração, manter viva esta coletânea de sabedoria que continua atual e viva até os nossos dias, por percebermos intuitivamente que esta é a Verdade, tendo-nos sido demonstrada pelo seu autor de forma fiel, não existindo nenhuma diferença entre os seus ensinamentos e a sua maneira de viver.

Certamente, como muitos de vocês, me questiono: por que nós - a humanidade - continuamos a viver envoltos em maldade e caos?

Esta é uma pergunta muito séria, tal que, se realmente a fazemos e queremos chegar à resposta, precisamos olhar para a humanidade toda, incluindo especialmente a nós próprios, e tentar entender o motivo pelo qual, com tantos livros, tantos ensinamentos e tantos exemplos, ainda continuamos presos ao sofrimento que causamos a nós próprios, seguindo um caminho de maldade e destruição.

Naturalmente nós procuramos a felicidade, cada ato que fazemos é na esperança de melhorar a nossa situação, porém, quase sempre é de uma forma individual. Quando não é desta forma, é com uma intenção familiar ou em relação a pessoas amigas com as quais trocamos preocupações, por sua amizade.

Os ensinamentos que nos são deixados através de palavras escritas por alguém – no caso de Jesus, pelos seus discípulos – são indicações de um caminho a percorrer de forma pessoal. No entanto, só palavras não bastam, é necessário compreender e assimilar esses ensinamentos, de tal forma que eles passem a ser as nossas próprias ações.

No tempo de Jesus, aqueles a que Ele se referia mais negativamente, com energia “severa”, eram os Doutores da Lei, caiados por fora, mas podres por dentro, chegando a afirmar que esses nada sabiam, pois se achavam donos da Lei, presos em suas próprias percepções e entendimentos.

A busca do Reino de Deus, que está dentro de nós, é uma caminhada humilde que muitas vezes fica bloqueada pelo orgulhoso “conhecimento” da palavra. Como nos diz Joanna de Ângelis, a caminhada é uma descoberta interior através de um renascimento constante do ser que tem, como característica, um dinamismo impressionante.

Nós podemos ver claramente no planeta a escuridão em que vivemos, não a escuridão da noite que termina diariamente com o nascimento do sol, mas uma escuridão criada pelo homem, através de suas ações, que tem como raiz ele próprio. À semelhança do sol que ilumina a Terra, nós temos esperado, ao longo dos tempos, pelos Profetas que nos trarão a paz e a serenidade, uma ideia ultrapassada. Têm reencarnado alguns, com base nos quais se criaram as Igrejas. A elas temos frequentado com a esperança de que seus rituais nos levem a tempos melhores e menos turbulentos. Mas, por ironia do destino, se assim podemos chamar o efeito que buscamos, elas têm separado ainda mais os homens e, em nome delas, temos lutado contra os próprios irmãos de diferentes ideologias religiosas. A verdade é que uma ideologia é sempre separatista e isoladora, de uma pessoa, ou de um grupo.

Poderemos ver facilmente uma escuridão na imagem da generalidade humana, através das guerras, da destruição planetária, da fome e de todos os problemas que há milhares de anos se têm mantido atuais. Depois, podemos ir diminuindo o foco de nosso olhar e perceber que essa escuridão também nos envolve e, na verdade, ela reside e nasce também em nós. A agressividade perante o próximo tem como origem a mesma raiz da agressividade de um país perante o outro; o que muda é a dimensão.

Os profetas que passaram na Terra nos deixaram mapas que poderemos utilizar, mas o início do caminho em todos esses guias está em nós. O caminho se inicia em você – dizem seus ensinamentos.

A luz humana não é algo que venha de forma externa; ela está dentro de nós. A solução de um determinado problema faz parte do problema em si próprio, ou seja, da compreensão do problema nasce a percepção e a consciência da solução. Na humanidade, a luz que contém a paz e a harmonia nasce da compreensão das trevas que nós mesmos criamos. Por isso alguns estudiosos famosos nos dizem que das trevas nasce a luz.

É fácil, de forma teórica, percebermos que, quando a humanidade deixar de criar o mal que cria, teremos tempos de paz e amor.

O autoconhecimento é a ferramenta essencial para criarmos esta consciência; e o exemplo pessoal, a arte correta para a espalharmos. E as palavras… É importante explicar que elas são, apenas, uma forma de se indicar a direção a percorrer. Têm unicamente esse valor.

Cuidado, meus irmãos, se os conhecimentos doutrinários nos trazem a sensação da sabedoria que nos leva a olhar para os erros do nosso próximo e a salientá-los, tentando constantemente alterar suas formas de ser. Assim, estamos a nos esquecer novamente do maior e mais difícil ensinamento: a indulgência, que nos leva ao caminho da paz e reconciliação com o próximo.
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