Por Juan Carlos Orozco
A beleza interior de uma pessoa está relacionada ao seu caráter, à sua personalidade, bondade ou excelência, e, muitas vezes, menos valorizada ou percebida do que a beleza física.
Sob o enfoque da Doutrina Espírita, como abordar as belezas física e espiritual? Que ensinamentos colher?
A beleza em si não é problema, pois ela expressa a qualidade daquilo que é belo ou agradável, como uma característica capaz de cativar o observador.
Pela Parábola dos Talentos, poderíamos considerar a beleza física como um bem ou recurso que a Providência nos empresta para ser empregada em benefício próprio e de nossos semelhantes.
Como empréstimo divino, podemos ter a beleza física em uma existência e noutra não, diante da sua temporalidade.
A beleza física será problema se aguçar o egoísmo, despertar o orgulho, evidenciar a soberba, incentivar a excessiva vaidade, estimular a promiscuidade, promover o comércio do corpo, ser objeto de sedução ou servir de menosprezo aos nossos semelhantes. Pela lei de causa e efeito, o mau uso da beleza física terá consequência.
Por outro lado, o conceito de beleza física é variável de acordo com a cultura e opinião pessoal. O que é belo para uma pessoa, pode não ser para outra.
Existem outros tipos de beleza nos reinos mineral, vegetal e animal, sendo que nem todos apresentam o esplendor da sua perfeição.
Além disso, há o envelhecimento da matéria e do corpo, modificando as suas aparências originais e afastando-os do belo relativo.
Já a beleza espiritual vem da pureza do coração e do esplendor da alma, e, muitas vezes, não a percebemos e tampouco valorizamos.
A beleza espiritual tem energia, luz, brilho, cor, vibração e frequência proporcional à intensidade do amor que temos para com Deus e para com o próximo como a nós mesmos.
Jesus disse: “a candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas”! (Mateus 6: 22-23)
Disse mais: “assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”. (Mateus 5: 16)
Pela Doutrina Espírita, somos esclarecidos que os Espíritos, em todas as épocas, são criados por Deus, nascem simples e ignorantes, e que pela pluralidade de existências fazem os seus caminhos evolutivos na busca da perfeição relativa à Humanidade, tendo Jesus como caminho, verdade e vida em direção ao Pai.
Temos conhecimento, ainda, da imortalidade do Espírito, que sobrevive ao corpo físico carregando a sua individualidade e as experiências de existências anteriores. Nascemos e renascemos, com o Espírito reencarnando em diferentes corpos físicos.
Assim como o Universo, a beleza se movimenta, modifica, evolui e reflete em toda as partes.
As belezas física e espiritual caminham juntas, mas uma independe da outra e têm suas estéticas específicas, umas temporárias e outras perenes.
A Humanidade caminha para uma nova era, em que ao alcançar o estágio de maturidade, a beleza moral tocará os Espíritos na direção da felicidade eterna.
Em cada estágio evolutivo da Humanidade, cresce o dever e a obrigação moral perante Deus, que irradia em elevadas formas, para refletir as virtudes eternas do esplendor da beleza de nossas obras aos nossos próprios olhos.
O Espírito Emmanuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, no livro “Roteiro”, “Na senda evolutiva”, ressalta: “ao longo do processo evolutivo, o Espírito cresce no conhecimento e aprimora-se na virtude, estruturando, pacientemente, no seio do espaço e do tempo, o veículo glorioso com que escalaremos, um dia, os impérios deslumbrantes da beleza imortal”. (Emmanuel, Roteiro)
Por tudo isso, comece a embelezar a sua alma: exercitar a humildade, a simplicidade, a mansidão, a paciência e a tolerância; espalhar amor, caridade, misericórdia e piedade; praticar o bem e o perdão incondicional; aumentar a fé e a confiança em Deus; erguer o irmão caído; proferir palavras de fé, esperança e consolo; e remover o egoísmo, o orgulho, a vaidade, o rancor, a raiva, o ódio, o sentimento de vingança, o ressentimento e a inveja.
Há o belo e o feio, como há a luz e a escuridão. Na beleza espiritual, o grau de beleza é medido na intensidade com que ela se aproxima do bem, porque a feiura abraça o mal.
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA.EMMANUEL (Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. Roteiro. 14ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2013.
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