sexta-feira, 23 de junho de 2017

Recesso Junino


Prezados leitores,

Em virtude das festividades juninas, comunico que a partir da presente data faremos uma breve pausa nas atualizações das postagens. Estaremos retornando rotineiramente a partir de 1/07.

Desejo um São João de paz e alegrias para todos!

Abraços fraternos!


Carlos Pereira - Manancial de Luz

quarta-feira, 21 de junho de 2017

O Papel da Ciência na Gênese

Qual é a origem do mundo? Qual é a verdadeira história da criação? Qual a gênese verdadeira?

A história da origem de quase todos os povos antigos se confunde com a religião deles, e por isso foram religiosos todos os seus primeiros livros. E como todas as religiões se ligam ao princípio das coisas, que é também o princípio da Humanidade, elas explicaram a formação e o arranjo do Universo de acordo com o estado de conhecimentos da época e de seus fundadores. Em consequência disso, os primeiros livros sagrados foram ao mesmo tempo os primeiros livros de ciência, assim como foram, durante muito tempo, o código único das leis civis.

Os meios de observação primitivos não podiam deixar de ser muito imperfeitos e por isso as primeiras teorias sobre o sistema do mundo continham muitos erros. E ainda que os meios de observação fossem tão completos quanto são hoje, os homens não teriam sabido utiliza-los. Aliás, tais meios são o fruto do desenvolvimento da inteligência e do consequente conhecimento das leis da Natureza. À medida, pois, que o homem foi se adiantando no conhecimento dessas leis, foi também penetrando os mistérios da criação e retificando as ideias que formara acerca da origem das coisas.

Enquanto a Ciência não lhe forneceu a chave para resolver o problema da criação o homem se mostrou impotente para isso. Assim, teve que esperar que a Astronomia lhe abrisse as portas do espaço infinito e lhe permitisse mergulhar aí o olhar; teve que esperar que pelo poder do cálculo se lhe tornasse possível determinar com rigorosa exatidão o movimento, a posição, o volume, a natureza e o papel dos corpos celestes; que a Física lhe revelasse as leis da gravitação, do calor, da luz, da eletricidade, que a Química lhe mostrasse as transformações da matéria e a Mineralogia os materiais que formam a superfície do globo; que a Geologia lhe ensinasse a ler, nas camadas terrestres, a formação gradual desse mesmo globo, o homem mostrou-se impotente para resolver o problema da criação. Coube à Botânica, à Zoologia, à Paleontologia, à Antropologia inicia-lo na filiação e sucessão dos seres organizados. Com a Arqueologia pode ele acompanhar os traços que a Humanidade deixou através das idades. Completando-se umas às outras, as ciências contribuíram com o que era indispensável para o conhecimento da história do mundo. Antes o homem só tinha como guia as suas primeiras hipóteses. Antes que ele possuísse esses elementos, todos os comentadores da Gênese cuja razão esbarrava em impossibilidades materiais giravam dentro de um círculo do qual só conseguiram sair quando a Ciência abriu caminho, fendendo o velho edifício das crenças. Tudo então mudou de aspecto e em vez de uma Gênese imaginária surgiu uma Gênese Positiva e, de certo modo, experimental. O campo do Universo se estendeu ao infinito. Acompanhou-se a formação gradual da Terra e dos astros, segundo leis eternas e imutáveis que demonstram muito melhor a grandeza e a sabedoria de Deus, do que uma criação miraculosa, tirada repentinamente do nada, qual mutação à vista por efeito de súbita ideia da Divindades, após uma eternidade de inação.

Sendo, pois, impossível, conceber a Gênese sem os dados que a Ciência fornece, pode dizer-se com inteira verdade que: a Ciência é chamada a constituir a verdadeira Gênese, segundo a lei da Natureza.

Denizart Castaldeli (Centro Espírita Batuíra)

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Os Fluidos


I. Natureza e propriedades dos fluidos


Elementos fluídicos


1. A Ciência resolveu a questão dos milagres que mais particularmente derivam do elemento material, quer explicando-os, quer lhes demonstrando a impossibilidade, em face das leis que regem a matéria. Mas os fenômenos em que prepondera o elemento espiritual, esses, não podendo ser explicados unicamente por meio das leis da natureza, escapam às investigações da Ciência. Tal a razão por que eles, mais do que os outros, apresentam os caracteres aparentes do maravilhoso. É, pois, nas leis que regem a vida espiritual que se pode encontrar a explicação dos milagres dessa categoria.

2. O fluido cósmico universal é, como já foi demonstrado, a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da natureza. (Cap. X.) Como princípio elementar do universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou de ponderabilidade, que é, de certa maneira, consecutivo àquele. O ponto intermédio é o da transformação do fluido em matéria tangível. Mas, ainda aí, não há transição brusca, porquanto podem considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo médio entre os dois estados. (Cap. VI, itens 10 e seguintes.)

Cada um desses dois estados dá lugar, naturalmente, a fenômenos especiais: ao segundo pertencem os do mundo visível e ao primeiro os do mundo invisível. Uns, os chamados fenômenos materiais, são da alçada da Ciência propriamente dita, os outros, qualificados de fenômenos espirituais ou psíquicos, porque se ligam de modo especial à existência dos Espíritos, cabem nas atribuições do Espiritismo. Como, porém, a vida espiritual e a vida corporal se acham incessantemente em contato, os fenômenos das duas categorias muitas vezes se produzem simultaneamente. No estado de encarnação, o homem somente pode perceber os fenômenos psíquicos que se prendem à vida corpórea; os do domínio espiritual escapam aos sentidos materiais e só podem ser percebidos no estado de Espírito.

3. No estado de eterização, o fluido cósmico não é uniforme; sem deixar de ser etéreo, sofre modificações tão variadas em gênero e mais numerosas talvez do que no estado de matéria tangível. Essas modificações constituem fluidos distintos que, embora procedentes do mesmo princípio, são dotados de propriedades especiais e dão lugar aos fenômenos peculiares ao mundo invisível.

Dentro da relatividade de tudo, esses fluidos têm para os Espíritos, que também são fluídicos, uma aparência tão material quanto a dos objetos tangíveis para os encarnados e são, para eles, os Espíritos, o que são para nós as substâncias do mundo terrestre. Os Espíritos os elaboram e combinam para produzirem determinados efeitos, como fazem os homens com os seus materiais, ainda que por processos diferentes.

Lá, porém, como neste mundo, somente aos Espíritos mais esclarecidos é dado compreender o papel que desempenham os elementos constitutivos do mundo onde eles se acham. Os ignorantes do mundo invisível são tão incapazes de explicar a si mesmos os fenômenos a que assistem e para os quais muitas vezes concorrem maquinalmente, como os ignorantes da Terra o são para explicar os efeitos da luz ou da eletricidade, para dizer de que modo é que veem e escutam.

4. Os elementos fluídicos do mundo espiritual escapam aos nossos instrumentos de análise e à percepção dos nossos sentidos, feitos para perceberem a matéria tangível e não a matéria etérea. Alguns há, pertencentes a um meio diverso a tal ponto do nosso, que deles só podemos fazer ideia mediante comparações tão imperfeitas como aquelas mediante as quais um cego de nascença procura fazer ideia da teoria das cores.

Mas entre tais fluidos, há os tão intimamente ligados à vida corporal, que, de certa forma, pertencem ao meio terreno. Em falta de observação direta, seus efeitos podem observar-se, como se observam os do fluido do ímã, fluido que jamais se viu, podendo-se adquirir sobre a natureza deles conhecimentos de alguma precisão. É essencial esse estudo, porque está nele a chave de uma imensidade de fenômenos que não se conseguem explicar unicamente com as leis da matéria.

5. A pureza absoluta, da qual nada nos pode dar ideia, é o ponto de partida do fluido universal; o ponto oposto é o em que ele se transforma em matéria tangível. Entre esses dois extremos, dão-se inúmeras transformações, mais ou menos aproximadas de um e de outro. Os fluidos mais próximos da materialidade, os menos puros, conseguintemente, compõem o que se pode chamar a atmosfera espiritual da Terra. É desse meio, onde igualmente vários são os graus de pureza, que os Espíritos encarnados e desencarnados, deste planeta, haurem os elementos necessários à economia de suas existências. Por muito sutis e impalpáveis que nos sejam esses fluidos, não deixam por isso de ser de natureza grosseira, em comparação com os fluidos etéreos das regiões superiores.

O mesmo se dá na superfície de todos os mundos, salvo as diferenças de constituição e as condições de vitalidade próprias de cada um.

Quanto menos material é a vida neles, tanto menos afinidades têm os fluidos espirituais com a matéria propriamente dita.

Não é rigorosamente exata a qualificação de fluidos espirituais, pois que, em definitivo, eles são sempre matéria mais ou menos quintessenciada.

De realmente espiritual, só a alma ou princípio inteligente. Dá-se-lhes essa denominação por comparação apenas e, sobretudo, pela afinidade que eles guardam com os Espíritos. Pode dizer-se que são a matéria do mundo espiritual, razão por que são chamados fluidos espirituais.

6. Quem conhece, aliás, a constituição íntima da matéria tangível?

Ela talvez somente seja compacta em relação aos nossos sentidos; prová-lo-ia a facilidade com que a atravessam os fluidos espirituais e os Espíritos, aos quais não oferece maior obstáculo, do que o que os corpos transparentes oferecem à luz.

Tendo por elemento primitivo o fluido cósmico etéreo, à matéria tangível há de ser possível, desagregando-se, voltar ao estado de eterização, do mesmo modo que o diamante, o mais duro dos corpos, pode volatilizar-se em gás impalpável. Na realidade, a solidificação da matéria não é mais do que um estado transitório do fluido universal, que pode volver ao seu estado primitivo, quando deixam de existir as condições de coesão.

Quem sabe mesmo se, no estado de tangibilidade, a matéria não é suscetível de adquirir uma espécie de eterização que lhe daria propriedades particulares? Certos fenômenos, que parecem autênticos, tenderiam a fazer supor esse estado. Ainda não conhecemos senão as fronteiras do mundo invisível; o porvir, sem dúvida, nos reserva o conhecimento de novas leis, que nos permitirão compreender o que se nos conserva em mistério.

Fonte: A Gênese, Allan Kardec, cap.XIV, 1-6.

sábado, 17 de junho de 2017

O Dilúvio Bíblico segundo o Espiritismo



O dilúvio bíblico, também conhecido como "dilúvio asiático", cuja realidade não se pode contestar, deve ter sido ocasionado pelo levantamento de uma parte das montanhas daquela região. É o que sugere a existência de um mar interior, comprovada pelas observações geológicas, que ia do mar Negro ao oceano Boreal e de outros, cujas águas são salgadas e que não têm nenhuma comunicação com outro mar, como o mar Cáspio. Os inúmeros lagos espalhados pelas imensas planícies da Tartália e as estepes da Rússia parecem ser restos daquele antigo mar.

Por ocasião do levantamento das montanhas do Cáucaso, posterior ao dilúvio universal, parte daquelas águas foi movida para o norte, na direção do oceano Boreal; outra parte, para o sul, em direção ao oceano Índico, inundando e devastando precisamente a Mesopotâmia e toda a região em que habitaram os antepassados do povo hebreu.

Embora se tenha estendido por uma grande superfície, é atualmente comprovado que esse dilúvio foi apenas local e que não pode ter sido causado pela chuva. Por mais torrencial que esta fosse e ainda que se prolongasse por quarenta dias, como consta na Gênese mosaica, estudos comprovam que a quantidade de água caída das nuvens não bastaria para cobrir toda a Terra, até acima das mais altas montanhas.

Para os homens de então, que não conheciam mais do que uma extensão muito limitada da superfície do globo e que nenhuma ideia tinham da sua configuração, desde que a inundação invadiu os lugares conhecidos, invadida fora, para eles, toda a Terra. Além disso, há que se considerar a forma imaginosa e figurativa da descrição, peculiar ao estilo oriental, já não surpreenderá o exagero da narração bíblica.

O dilúvio asiático foi, evidentemente, posterior ao aparecimento do homem na Terra, visto que a lembrança dele se conservou pela tradição em todos os povos daquela parte do mundo, os quais o consagraram em suas teogonias.

Conclusão
O dilúvio bíblico, conforme narrado no Antigo Testamento, retrata o grau de evolução intelectual da humanidade àquela época. Os conhecimentos científicos eram ainda muito precários. Pensavam os homens que a Terra era uma área plana e que sua extensão era restrita aos locais até onde lhes era permitido o acesso. Como o dilúvio inundou toda a área em que vivia os ascendentes do povo hebreu, para o povo de então toda a Terra fora inundada, ideia que passou de geração a geração, até chegar ao tempo de Moisés. Atualmente, é ponto pacífico para a ciência que, embora o dilúvio tenha se estendido por uma grande superfície, foi apenas local, naquela região onde viviam os ascendentes do povo hebreu.

Fonte: Estudo do CVDEE- www.cvdee.org.br

quinta-feira, 15 de junho de 2017

A Raça adâmica e o Povoamento da Terra


De acordo com o ensino dos Espíritos, foi uma dessas grandes imigrações, ou, se quiserem, uma dessas colônias de Espíritos, vinda de outra esfera, que deu origem à raça simbolizada na pessoa de Adão e, por essa razão mesma, chamada raça adâmica.

Quando ela aqui chegou, a Terra já estava povoada desde tempos imemoriais, como a América, quando aí chegaram os europeus.

Mais adiantada do que as que a tinham precedido neste planeta, a raça adâmica é, com efeito, a mais inteligente, a que impele ao progresso todas as outras.

A Gênese no-la mostra, desde os seus primórdios, industriosa, apta às artes e às ciências, sem haver passado aqui pela infância espiritual, o que não se dá com as raças primitivas, mas concorda com a opinião de que ela se compunha de Espíritos que já tinham progredido bastante.

Tudo prova que a raça adâmica não é antiga na Terra e nada se opõe a que seja considerada como habitando este globo desde apenas alguns milhares de anos, o que não estaria em contradição nem com os fatos geológicos, nem com as observações antropológicas, antes tenderia a confirmá-las.

No estado atual dos conhecimentos, não é admissível a doutrina segundo a qual todo o gênero humano procede de uma individualidade única, de há seis mil anos somente a esta parte.

Tomadas à ordem física e à ordem moral, as considerações que a contradizem se resumem no seguinte:

Do ponto de vista fisiológico, algumas raças apresentam característicos tipos particulares, que não permitem se lhes assinale uma origem comum.

Há-se, pois, de considerar as raças negras, mongólicas, caucásicas como tendo origem própria, como tendo nascido simultânea ou sucessivamente em diversas partes do globo.

O cruzamento delas produziu as raças mistas secundárias.

Os caracteres fisiológicos das raças primitivas constituem indício evidente de que elas procedem de tipos especiais.

As mesmas considerações se aplicam, conseguintemente, assim aos homens, quanto aos animais, no que concerne à pluralidade dos troncos. (Cap. X, nos 2 e seguintes.)

Adão e seus descendentes são apresentados na Gênese como homens sobremaneira inteligentes, pois que, desde a segunda geração, constroem cidades, cultivam a terra, trabalham os metais. São rápidos e duradouros seus progressos nas artes e nas ciências.

Não se conceberia, portanto, que esse tronco tenha tido, como ramos, numerosos povos tão atrasados, de inteligência tão rudimentar, que ainda em nossos dias rastejam a animalidade, que hajam perdido todos os traços e, até, a menor lembrança do que faziam seus pais.

Tão radical diferença nas aptidões intelectuais e no desenvolvimento moral atesta, com evidência não menor, uma diferença de origem.

Independentemente dos fatos geológicos, da população do globo se tira a prova da existência do homem na Terra, antes da época fixada pela Gênese.

Sem falar da cronologia chinesa, que remonta, dizem, a trinta mil anos, documentos mais autênticos provam que o Egito, a Índia e outros países já eram povoados e floresciam, pelo menos, três mil anos antes da era cristã, mil anos, portanto, depois da criação do primeiro homem, segundo a cronologia bíblica.

Documentos e observações recentes não consentem hoje dúvida alguma quanto às relações que existiram entre a América e os antigos egípcios, donde se tem de concluir que essa região já era povoada naquela época.

Forçoso então seria admitir-se que, em mil anos, a posteridade de um único homem pôde povoar a maior parte da Terra.

Ora, semelhante fecundidade estaria em antagonismo com todas as leis antropológicas.

Na Exposição Universal de 1867, apresentaram-se antiguidades do México que nenhuma dúvida deixam sobre as relações que os povos desse país tiveram com os antigos egípcios.

As escavações puseram a descoberto, por toda parte, três camadas de civilizações, que dão ao mundo americano uma antiguidade fabulosa.

” É assim que todos os dias a Ciência opõe o desmentido dos fatos à doutrina que limita a 6.000 anos a aparição do homem na Terra e pretende fazê-lo derivar de um tronco único.

Ainda mais evidente se torna a impossibilidade, desde que se admita, com a Gênese, que o dilúvio destruiu todo o gênero humano, com exceção de Noé e de sua família, que não era numerosa, no ano de 1656 do mundo, ou seja, 2.348 anos antes da era cristã.

Em realidade, pois, daquele patriarca é que dataria o povoamento da Terra.

Ora, quando os hebreus se estabeleceram no Egito, 612 anos após o dilúvio, já o Egito era um poderoso império, que teria sido povoado, sem falar de outros países, em menos de seis séculos, só pelos descendentes de Noé, o que não é admissível.

Notemos, de passagem, que os egípcios acolheram os hebreus como estrangeiros.

Seria de espantar que houvessem perdido a lembrança de uma tão próxima comunidade de origem, quando conservaram religiosamente os monumentos de sua história.

Rigorosa lógica, com os fatos a corroborá-la da maneira mais peremptória, mostra, pois, que o homem está na Terra desde tempo indeterminado, muito anterior à época que a Gênese assinala.

O mesmo ocorre com a diversidade dos troncos primitivos, porquanto demonstrar a impossibilidade de uma proposição é demonstrar a proposição contrária.

Se a Geologia descobre traços autênticos da presença do homem antes do grande período diluviano, ainda mais completa é a demonstração.

Fonte: Livro A Gênese, de Allan Kardec.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Pensamentos Espíritas

“Ninguém quer saber o que fomos, o que possuíamos, que cargo ocupávamos no mundo; o que conta é a luz que cada um já tenha conseguido fazer brilhar em si mesmo.”

Chico Xavier

domingo, 11 de junho de 2017

A Gênese Espiritual


Origem e natureza dos Espíritos


Princípio vital


Existe na matéria orgânica um princípio especial, que ainda é incompreensível e não podemos por ora definir: o princípio vital. Ativo no ser vivente, esse princípio se acha extinto no ser morto. A química, que decompõe e recompõe corpos inorgânicos, jamais chegou a reconstituir sequer uma folha de árvore, o que mostra que existe algo nos corpos orgânicos que os corpos inorgânicos não possuem.

Os seres orgânicos, ao se formarem, assimilam o princípio vital, ou seja, esse princípio se desenvolve em cada indivíduo por efeito da combinação dos elementos básicos que constituem os corpos orgânicos. Se esses elementos - o oxigênio, o hidrogênio, o nitrogênio e o carbono – não se aliassem, no momento da formação, ao princípio vital, dariam origem simplesmente a um corpo inorgânico. O princípio vital modifica a constituição molecular de um corpo, dando-lhe propriedades especiais.

A extinção do princípio vital


A atividade do princípio vital é alimentada durante a vida pela ação do funcionamento dos órgãos. Cessada essa ação, por motivo da morte, o princípio vital se extingue. A partir dessa extinção, a matéria se decompõe em seus elementos constitutivos (oxigênio, carbono, nitrogênio etc.), os quais poderão agregar-se para formar corpos inertes ou inorgânicos, ou manter-se dispersos, até a formação de novas combinações.

A título de comparação, podemos dizer que na combinação dos elementos para a formação dos corpos orgânicos desenvolve-se eletricidade. Os corpos orgânicos seriam verdadeiras pilhas elétricas, que funcionariam enquanto os elementos dessas pilhas se acham em condições de produzir eletricidade: eis a vida. Quando essas condições desaparecem, eles deixam de funcionar: eis a morte. O princípio vital não seria, pois, mais que uma espécie particular de eletricidade, denominada eletricidade animal, que durante a vida se desprende pela ação dos órgãos e cuja produção cessa quando se dá a morte.

Princípio espiritual


Se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente há-de ter uma causa inteligente. A existência do princípio espiritual é um fato que não precisa de demonstração, pois ele se afirma pelos seus efeitos. Ninguém há que não faça distinção entre o movimento mecânico de um sino que o vento agita e o movimento intencional do mesmo sino para se dar um sinal, um aviso. Ora, não podendo a própria massa desse sino pensar, tem-se de concluir que o move uma inteligência à qual ele serve de instrumento para que se manifeste.

O princípio espiritual tem existência própria. Individualizado, o elemento espiritual constitui os seres chamados Espíritos, que são individualidades inteligentes, incorpóreas, que povoam o Universo, Criados por Deus, independem da matéria. Prescindindo do mundo corporal, agem sobre ele e, corporificando-se através da carne, recebem estímulos, transmitindo impressões, em intercâmbio expressivo e contínuo.

Havendo seres que vivem e não pensam, quais as plantas, e corpos humanos que ainda se revelam animados de vida orgânica quando já não há qualquer manifestação de pensamento, como na morte encefálica, é justo concluir que a vida orgânica reside num princípio inseparável da matéria, mas independente da vida espiritual. A vida e a inteligência originam-se, portanto, de dois princípios distintos. Uma procede do princípio vital; a outra, do princípio espiritual.

A natureza dos Espíritos


A natureza dos Espíritos é algo do qual pouco ou nada sabemos. Seria o Espírito um ser imaterial? Respondendo a essa pergunta, O Livro dos Espíritos nos explica: “Imaterial não é bem o termo; incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender que, sendo criação, o Espírito há-de ser alguma coisa. É matéria quintessenciada, mas sem analogia para vós outros, e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance de vossos sentidos” (L.E., item 82).

Na mesma questão, logo abaixo, Kardec observou: “Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque, pela sua essência, diferem de tudo o que conhecemos sob o nome de matéria”. Um povo de cegos careceria de termos para exprimir a luz e seus efeitos; ora, nós somos verdadeiros cegos com relação à essência dos seres inteligentes que povoam o espaço infinito.


Fonte: Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Princípios Básicos da Doutrina Espírita.

Bibliografia:
A Gênese, de Allan Kardec, itens 5 e 6, 16 e 18.
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, itens 47 e 82.
Evolução em dois mundos, de André Luiz, psicografada por Chico Xavier, págs. 31, 32, 35 e 79.
Estudos espíritas, de Joanna de Ângelis, psicografada por Divaldo P. Franco, pág. 33.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

A Gênese Orgânica na Visão Espírita


Formação primária dos seres vivos


À medida que o globo terrestre foi adquirindo as condições necessárias às suas existências, as diversas espécies animais foram aparecendo. O estudo das camadas geológicas do globo atesta a presença das mesmas espécies animais em pontos afastados uns dos outros. Essa multiplicação generalizada e, de certo modo, contemporânea, fora impossível com um único tipo primitivo.

Como apareceram os primeiros seres vivos na Terra?

À época de Kardec, duas teorias buscavam explicar o aparecimento dos primeiros seres vivos na Terra: uma, defendendo que as diversas espécies surgiram de um único casal primitivo, que gerou outros que foram se reproduzindo; outra, sustentando que muitos casais foram germinados simultaneamente em diversos pontos do globo, proliferando-se, em seguida.

Kardec entende que a segunda hipótese é a mais provável, tendo-a como resultante da observação. Segundo os estudos das camadas geológicas da Terra, em terrenos de idêntica formação, são encontradas as mesmas espécies em enormes proporções e em pontos do globo muito afastados uns dos outros. Essa multiplicação generalizada e contemporânea fora impossível com um único tipo primitivo, fazendo crer que foram muitos os casais germinados simultaneamente em pontos diferentes. Por outro lado, destaca o Codificador, seria duvidar da previdência do Criador admitir-se que ele teria depositado num único casal a incumbência pela reprodução da espécie, considerando que a vida de um indivíduo nascente encontra-se sujeita a vicissitudes de natureza diversas. Os atuais conhecimentos da ciência corroboram o entendimento de Kardec, no sentido de que a geração de cada espécie foi múltipla e simultânea, esclarecendo mais, que os indivíduos de uma espécie provêm, por evolução, de outras espécies.

Conclusão
No início, a Terra continha, volatilizados no ar, as substâncias constitutivas para a formação dos seres vivos. Pelo mesmo processo pelo qual se formaram os seres inorgânicos – a ocorrência de circunstâncias favoráveis à combinação desses elementos pela afinidade molecular, sob o império das leis e forças da Natureza - surgiram os primeiros seres vivos.

Princípio vital


O que vem a ser o princípio vital?

O princípio vital, também conhecido como fluido vital, fluido magnético ou fluido elétrico animalizado, é algo ainda um tanto indefinível para nós. Podemos conceituá-lo, de acordo com o ensinamento dos Espíritos, como um dos elementos necessários à constituição do Universo. É o elemento de ligação entre o princípio inteligente e a matéria, que pelo princípio vital é animalizada. É a força motriz dos corpos orgânicos (vegetais, animais e homens).

Como se comprova a sua existência?

A existência do princípio vital é comprovada pela sua atuação sobre a matéria, animalizando-a. Sem ele, a matéria é inorgânica, sem vida. Sua presença na matéria orgânica é comprovada pelo fato de não poder ela ser reconstituída após a sua degradação. Kardec cita como exemplo uma folha vegetal, que, depois de morta, não pode ser recomposta.

A matéria inorgânica, ao contrário, como não conta com a presença do princípio vital, pode ser reconstituída em laboratórios, através dos conhecimentos trazidos pela Química.

Qual a origem do princípio vital?

O princípio vital tem a sua origem no fluido cósmico universal, de onde é extraído e do qual se constitui uma variação.

Como foi observado durante o estudo, sendo uma variação do fluido cósmico universal, fonte de um dos elementos gerais do Universo, que é a matéria, podemos concluir que o princípio vital é também um elemento material, ou seja, é matéria.

Como é ele absorvido e mantido pelos seres orgânicos?

O princípio vital é absorvido pela matéria e nela mantido por uma espécie de mecanismo resultante da combinação dos elementos que constituem seus órgãos. Kardec compara esse processo ao do calor que se desenvolve pelo movimento de uma roda. Deixando a roda de se movimentar, o calor extingue-se. Tal acontece com o princípio vital, que se extingue com a paralisação dos órgãos do corpo físico. Os corpos humanos, compara, ainda, o Codificador, seriam como pilhas elétricas, " que funcionam enquanto os elementos dessas pilhas se acham em condições de produzir eletricidade: é a vida. Deixam de funcionar quando tais condições desaparecem: é a morte."

Conclusão
Toda matéria, seja ela orgânica ou inorgânica, é constituída dos mesmos elementos extraídos da matéria cósmica universal. Nos corpos orgânicos, todavia, além do princípio inteligente, há um princípio especial ainda indefinido para nós, que é o princípio vital.

Geração espontânea


Como podemos entender o processo de geração espontânea dos seres vivos, defendido à época desta obra (A Gênese, de Allan Kardec) por alguns cientistas?

A teoria de geração espontânea dos seres vivos, em voga à época em que Kardec escreveu "A Gênese", sustentava a possibilidade da formação de seres orgânicos pela simples reunião dos elementos que os constituem, sob condições favoráveis, sem germens previamente produzidos pelo modo ordinário de geração. Seria a continuação do mesmo processo pelo qual se formaram os primeiros seres que surgiram na Terra.

Por que esta teoria não mais é aceita pela ciência?

De acordo com o resultado de pesquisas experimentais realizadas por Pasteur, restou comprovado por este cientista que os microrganismos estão presentes em toda parte, podendo qualquer matéria inanimada ser facilmente contaminada por eles. Diante disso, a comunidade científica passou a rejeitar a Teoria da Geração Espontânea dos seres vivos, passando a adotar em seu lugar a teoria denominada "Biogênese", segundo a qual uma forma de vida somente se origina a partir de outra, preexistente.

Conclusão
A teoria da geração espontânea dos seres vivos encontra-se refutada pela ciência. Hoje, é aceita a teoria denominada "Biogênese", segundo a qual todo o organismo vivo é gerado por outro. É o que restou comprovado das experiências laboratoriais realizadas pelo cientista francês Louis Pasteur, demonstrando que os microrganismos estão presentes em toda parte, podendo qualquer matéria inanimada ser facilmente contaminada por eles.

Escala dos seres orgânicos


Qual a teoria adotada por Kardec para explicar os diferentes tipos de seres vivos?

Allan Kardec, inspirado, naturalmente, pela Espiritualidade Superior que nos trouxe a Terceira Revelação, foi precursor da teoria evolucionista, consagrada, mais tarde, por Charles Darwin. Segundo essa teoria, as diversas espécies orgânicas que se conhece resultam do aperfeiçoamento sucessivo de cada uma delas, dando origem a uma outra, que se seguiria, num verdadeiro processo escalonado de evolução.

Nesse sentido a conclusão de Kardec, no item 25 do capítulo que estamos estudando, de que, se passarmos de um anel a outro dessa senda evolutiva, sem solução de continuidade, " ... chega-se, sem transição brusca, da planta aos animais vertebrados. Compreende-se, então, a possibilidade de que os animais de organização complexa não sejam mais do que uma transformação ou um desenvolvimento gradual, a princípio insensível, da espécie imediatamente inferior e, assim, sucessivamente, até ao primitivo ser elementar."

É a afirmação daquele princípio trazido pelos Espíritos, na resposta à questão 540 do Livro dos Espíritos, segundo o qual " ... Ë assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também, começou pelo átomo."

Que finalidade teria essa cadeia evolutiva dos seres vivos, isto é, a sucessivas passagens do mais simples vegetais aos animais de formação mais complexas?

A finalidade da cadeia evolutiva por que passa a matéria orgânica, desde o mineral até a condição humana, é dotar o elemento inteligente do Universo de um organismo físico adequado ao estado evolutivo em que se encontre, possibilitando-lhe progredir rumo à perfeição possível, quando atingirá o estado crítico.

O Espiritismo traz em seu seio uma filosofia marcadamente progressista do ser inteligente. Enquanto não atinge o seu objetivo final, o princípio inteligente vai sendo elaborado através de uma composição física compatível com as suas necessidades evolutivas.

No início da caminhada, habita o mineral, que é constituído de matéria inerte e que somente possui uma força mecânica. Esgotada essa fase, ingressa no reino vegetal, onde os corpos, além da matéria inerte, são dotados de vitalidade. Em seguida, ascende ao reino animal, onde passa a habitar corpos mais complexos, compostos também de matéria inerte e de vitalidade, mas já dotados de uma espécie de inteligência instintiva e limitada, individualizada.

Finalmente, chega ao estado humano, que alguns consideram um quarto reino e, outros, um grau mais avançado do reino animal. Nessa fase, além de todas as faculdades adquiridas e acumuladas durante a longa trajetória percorrida nos reinos inferiores, recebe uma outra, especial, ainda indefinida para nós, que lhe dá a consciência do seu futuro, o livre-arbítrio para pensar e agir e o conhecimento de Deus.

O homem é, segundo os Espíritos, um ser à parte.

Conclusão
Entre os reinos vegetal e animal, nenhuma delimitação há nitidamente marcada. Nos extremos dos dois reinos, nenhuma analogia aparente haverá. Mas, se passarmos passo a passo de um extremo a outro, sem solução de continuidade, chegaremos, sem transição brusca, da planta aos animais vertebrados. Cada espécie não é mais do que uma transformação gradual da que lhe é imediatamente inferior. Assim, sucessivamente, desde o primitivo ser elementar.
É assim que acontece da glande ao carvalho, do pólipo ao elefante.

Gênese orgânica - O homem corpóreo


Qual a semelhança entre o corpo físico do homem e do animal?

O corpo físico do homem difere dos corpos dos animais apenas no aspecto formal. Do ponto de vista de sua constituição material, ambos são constituídos pelos mesmos elementos. Segundo explicação Kardec, hoje corroborada pela ciência, não há em seu corpo um único átomo diferente do que é encontrado nos corpos dos animais. A matéria é a mesma, sujeita ao mesmo processo de nascimento, vida, morte e transformação. Ao perder a vitalidade, assim como ocorre com os animais, seus elementos constitutivos são devolvidos à natureza, indo gerar novos corpos minerais, vegetais e animais, por meio de novas combinações.

Como podemos interpretar a afirmação de Kardec, no sentido de que "o homem é o último anel da animalidade na Terra"?

Os seres orgânicos constituem-se de corpos que estão submetidos a uma cadeia evolutiva que se eleva pouco a pouco, progredindo lenta e ininterruptamente. Assim, cada espécie é um aperfeiçoamento resultante da transformação da que está imediatamente abaixo. Do ponto de vista material, sendo constituído dos mesmos elementos que compõem os corpos dos animais, o homem é parte integrante dessa cadeia evolutiva, constituindo-se o ponto culminante de todo esse processo, no que se refere à vida na Terra. Por essa razão, Kardec afirma que "o homem é o último anel da animalidade na Terra", que define bem toda a trajetória que o princípio inteligente pode cumprir no planeta, no que diz respeito à matéria.

Em que o Espiritismo se difere do materialismo, quanto à explicação da gênese?

Diferente das ciências materialistas, o Espiritismo, quando pesquisa sobre o surgimento do homem na Terra, não se limita à matéria orgânica. As ciências materialistas consideram o homem apenas no seu aspecto material, limitando suas pesquisas à matéria orgânica. O Espiritismo demonstra que, além da matéria, há no homem um princípio espiritual, imaterial para os nossos sentidos, que tem vida própria e que é indestrutível. Enquanto as ciências terrenas se satisfazem com a explicação da gênese orgânica, pesquisando sobre o surgimento do homem tão somente no tocante ao seu corpo físico, o Espiritismo não as contesta, porém, vai além, prosseguindo a pesquisa para entender a criação e a evolução desse princípio espiritual. Vai, inclusive, além da gênese mosaica, que também se limitou ao aspecto material.

Conclusão
Do ponto de vista unicamente material, o homem possui a mesma composição de todos os animais. Nele são os mesmos os órgãos, com as mesmas funções específicas e mesmas são as condições de nutrição, respiração, secreção e reprodução. Como todos os animais, ele nasce, vive e morre. Seu corpo se decompõe e se transforma, pelas leis e forças universais que regem a matéria, em novos corpos minerais, vegetais e animais. É o resultado final de uma cadeia que se inicia no mineral e passa pelo vegetal, cujo objetivo é a evolução do princípio espiritual.

Fonte: Estudo do CVDEE- www.cvdee.org.br

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Deus e o Infinito



A questão Deus sempre empolgou o homem na história do pensamento, tornando-se o centro natural de todo o processo de conhecimento. É assim que O Livro dos Espíritos inicia-se o conceito de Deus. Tal tema é de suma importância, pois da compreensão clara da existência de Deus depende nossa apreensão da realidade, assim como a forma de pautar nossa existência.

Que é Deus? (LE, perg. 1) Ao que respondem os Espíritos: Deus é a Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas. Vê-se assim que a Doutrina Espírita define Deus a partir do princípio da causalidade, segundo o qual Deus constitui o fundamento que torna possível o mundo e os seres. A partir desse conceito, Deus deixa de ser tão somente uma questão de fé, para revelar-se de forma racional, na Inteligência que rege as formas da natureza.

Ao buscar definir Deus, porém, é muito comum ao entendimento humano associá-lo à visão de algo que lhe permanece desconhecido, e portanto, à noção de infinito. No entanto, esclarecem os Espíritos que Deus não é o infinito, pois, definir Deus como sendo o infinito, é tomar o atributo de uma coisa por ela mesma, definir uma coisa ainda não conhecida, por outra que também não o é (LE, perg.3).

A) PROVAS E ATRIBUTOS DA DIVINDADE – PANTEÍSMO

PROVAS:

NÃO HÁ EFEITO SEM CAUSA (LE, perg. 4)
A Doutrina Espírita fundamenta a concepção de Deus a partir do axioma: Não há efeito inteligente sem causa inteligente, e à grandeza do efeito corresponde a grandeza da causa (LE, Prolegômenos). O universo mostra-se organizado inteligentemente em todas as suas dimensões. Seria absurdo supor que a inteligência da estrutura universal fosse resultado de um simples acaso.

UNIVERSALIDADE DO SENTIMENTO INTUITIVO DE DEUS
Poder-se-ia pensar que o conceito de Deus fosse uma questão relativa à cultura dos homens, ou seja, o efeito da educação ou produto de ideias adquiridas. No entanto, se o sentimento da existência de um ser supremo não fosse mais que o produto de um ensinamento, não será universal, nem existiria, como as noções científicas, senão entre os que tivessem podido receber esse ensinamento (LE, perg. 6).

A ORDEM DO UNIVERSO:
A Inteligência de Deus revela-se como uma tendência à ordem e harmonia no universo material, e a uma tendência moralizante no universo espiritual. A harmonia que regula as forças do Universo revela combinações e fins determinados, e por isso um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso, seria uma falta de senso, porque o acaso é cego e não pode produzir efeitos inteligentes. Um acaso inteligente já não seria acaso (LE, perg.8).

ATRIBUTOS:

DEUS É ETERNO: Por eterno entende-se aquilo que não tem começo nem fim. Se Deus tivesse tido um princípio, teria saído do nada; ora, o nada não existe. Por outro lado, se tivesse sido criado por outro ser, então este último é que seria Deus.

É IMUTÁVEL: Se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo não teriam nenhuma estabilidade (LE, perg. 13).

É IMATERIAL: Sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria, pois de outra forma Ele não seria imutável, estando sujeito às transformações da matéria (LE, perg. 13).

É ÚNICO: Se houvesse muitos Deuses, não haveria unidade de vistas nem de poder na organização do Universo (LE, perg. 13)

É TODO-PODEROSO: Se não tivesse o poder soberano, haveria alguma coisa mais poderosa ou tão poderosa quanto Ele, que assim não teria feito todas as coisas. E aquelas que Ele não tivesse feito, seriam obra de um outro Deus. E então não seria único (LE, perg. 13).

É SOBERANAMENTE JUSTO E BOM: Sua sabedoria revela-se pela natureza de suas leis de amor, que regem a justiça por todo o Universo (LE,perg. 13).

PANTEÍSMO:

Deus define-se, portanto, especificamente pelas suas qualificações, e a prova de sua existência está no princípio da causalidade, segundo o qual Deus é o fundamento primário que torna possível o Universo e os seres. No entanto, não se deve por isso compartilhar da opinião de que todos os seres e corpos do Universo seriam partes da divindade, tal qual afirma o Panteísmo.

O Panteísmo (Pan=tudo, teo=Deus), entende-se o sistema filosófico que identifica a divindade com o mundo, e segundo o qual Deus é o conjunto de tudo quanto existe. Mas, ao confundir o Criador com as criaturas ter-se-ia uma concepção materialista, onde Deus e matéria identificar-se-iam. Ora, a matéria se transformando sem cessar, Deus nesse caso, não teria nenhuma estabilidade e estaria sujeito a todas as vicissitudes e mesmo a todas as necessidades da humanidade; faltar-lhe-ia um dos atributos essenciais da Divindade: a imutabilidade (LE, perg. 16). Deus não é o Universo, mas nele permanece em suas leis imutáveis que lhe conferem ordem e harmonia.

A inteligência de Deus se revela nas suas obras, como a de um pintor no seu quadro; mas as obras de Deus não são o próprio Deus, como o quadro não é o pintor que o concebeu e executa (LE, perg. 16). Consequentemente, o pintor e o quadro não se confundem, mas permanece a ideia do autor enquanto sendo a essência do quadro; da mesma forma Deus e a criação não se confundem, mas permanece a inteligência como sendo a própria essência, geradora e mantenedora da obra.

B) O MAIOR MANDAMENTO

Certa feita reuniram-se os fariseus, e um deles, doutor da lei, fez a Jesus a seguinte pergunta para prová-lo: Mestre, qual é o maior mandamento da lei? Respondeu Jesus: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito”. Este é o maior e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este é: ”Amarás teu próximo como a ti mesmo”. Nesses dois mandamentos se reúnem toda a lei e os profetas (MT 22:34-40).

Quando Jesus exorta-nos a esse imperativo moral, ele propõe aos homens a vivência do amor, pois este consiste na expressão da natureza divina, assim como a natureza originária que caracteriza a alma humana. O amor permanece, assim, como sendo a essência divina, ou seja, o liame que liga os homens entre si e com Deus. Efetivamente, esse primeiro mandamento está necessariamente vinculado ao segundo, visto que não se pode amar a Deus sem amar aos homens, nem amar aos homens sem amar a Deus.

Toda busca do ser humano consiste em chegar a Deus, o qual converte-se em objeto de conhecimento e de adoração. Amar a Deus é uma lei natural haja visto a universalidade do sentimento divino, inerente a todo ser humano. Essa ligação, porém, dá-se em pensamento, em sentimento, através da prece, da adoração e da doação de si. O amor a Deus, porém, não ao se restringe a um determinado templo ou altar, mas antes consiste em uma vivência interior, que se dá na intimidade de cada indivíduo. É assim que, certa feita, uma samaritana interpela Jesus: Nossos pais adoravam neste monte, mas vós dizeis que é em Jerusalém que se deve orar. Ao que Jesus respondeu: Não adorareis o Pai neste monte, nem em Jerusalém. Vós adorais quem não conheceis, nós adoramos o que conhecemos (...) Mas, vem a hora, e já chegou, quando os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade (Jô 4:20-25).

Adorar em espírito consiste em uma ligação interior com Deus a partir de uma consciência espiritualizada. No entanto, a adoração sem conhecimento acaba por ser uma relação abstrata, algo misterioso e, portanto, não vivenciado plenamente. A verdadeira adoração é aquela que busca a identificação com Deus em essência, pela consciência dessa essência divina em si mesmo – e no próximo.

“Amar ao próximo como a si mesmo significa fazer aos outros o que quereríamos que nos fizessem”, eis a expressão mais completa da caridade, porque ela resume todos os deveres para com o próximo. Não se pode ter, neste caso, guia mais seguro do que tomando como medida do que se deve fazer aos outros, o que se deseja para si mesmo (ESE-Cap. XI, item 4). Com esta máxima, Jesus ensina-nos a virtual fusão dos seres entre si em um sentimento universal, induzindo os homens, assim, à superação do egoísmo, do personalismo, os maiores entraves ao progresso do Espírito.

Amar a Deus consiste em submeter-se às Suas leis, atendendo, ao mesmo tempo, ao imperativo da prática do bem sincero para com os semelhantes.

Fonte: Estudos Espíritas
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