domingo, 11 de junho de 2017

A Gênese Espiritual


Origem e natureza dos Espíritos


Princípio vital


Existe na matéria orgânica um princípio especial, que ainda é incompreensível e não podemos por ora definir: o princípio vital. Ativo no ser vivente, esse princípio se acha extinto no ser morto. A química, que decompõe e recompõe corpos inorgânicos, jamais chegou a reconstituir sequer uma folha de árvore, o que mostra que existe algo nos corpos orgânicos que os corpos inorgânicos não possuem.

Os seres orgânicos, ao se formarem, assimilam o princípio vital, ou seja, esse princípio se desenvolve em cada indivíduo por efeito da combinação dos elementos básicos que constituem os corpos orgânicos. Se esses elementos - o oxigênio, o hidrogênio, o nitrogênio e o carbono – não se aliassem, no momento da formação, ao princípio vital, dariam origem simplesmente a um corpo inorgânico. O princípio vital modifica a constituição molecular de um corpo, dando-lhe propriedades especiais.

A extinção do princípio vital


A atividade do princípio vital é alimentada durante a vida pela ação do funcionamento dos órgãos. Cessada essa ação, por motivo da morte, o princípio vital se extingue. A partir dessa extinção, a matéria se decompõe em seus elementos constitutivos (oxigênio, carbono, nitrogênio etc.), os quais poderão agregar-se para formar corpos inertes ou inorgânicos, ou manter-se dispersos, até a formação de novas combinações.

A título de comparação, podemos dizer que na combinação dos elementos para a formação dos corpos orgânicos desenvolve-se eletricidade. Os corpos orgânicos seriam verdadeiras pilhas elétricas, que funcionariam enquanto os elementos dessas pilhas se acham em condições de produzir eletricidade: eis a vida. Quando essas condições desaparecem, eles deixam de funcionar: eis a morte. O princípio vital não seria, pois, mais que uma espécie particular de eletricidade, denominada eletricidade animal, que durante a vida se desprende pela ação dos órgãos e cuja produção cessa quando se dá a morte.

Princípio espiritual


Se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente há-de ter uma causa inteligente. A existência do princípio espiritual é um fato que não precisa de demonstração, pois ele se afirma pelos seus efeitos. Ninguém há que não faça distinção entre o movimento mecânico de um sino que o vento agita e o movimento intencional do mesmo sino para se dar um sinal, um aviso. Ora, não podendo a própria massa desse sino pensar, tem-se de concluir que o move uma inteligência à qual ele serve de instrumento para que se manifeste.

O princípio espiritual tem existência própria. Individualizado, o elemento espiritual constitui os seres chamados Espíritos, que são individualidades inteligentes, incorpóreas, que povoam o Universo, Criados por Deus, independem da matéria. Prescindindo do mundo corporal, agem sobre ele e, corporificando-se através da carne, recebem estímulos, transmitindo impressões, em intercâmbio expressivo e contínuo.

Havendo seres que vivem e não pensam, quais as plantas, e corpos humanos que ainda se revelam animados de vida orgânica quando já não há qualquer manifestação de pensamento, como na morte encefálica, é justo concluir que a vida orgânica reside num princípio inseparável da matéria, mas independente da vida espiritual. A vida e a inteligência originam-se, portanto, de dois princípios distintos. Uma procede do princípio vital; a outra, do princípio espiritual.

A natureza dos Espíritos


A natureza dos Espíritos é algo do qual pouco ou nada sabemos. Seria o Espírito um ser imaterial? Respondendo a essa pergunta, O Livro dos Espíritos nos explica: “Imaterial não é bem o termo; incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender que, sendo criação, o Espírito há-de ser alguma coisa. É matéria quintessenciada, mas sem analogia para vós outros, e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance de vossos sentidos” (L.E., item 82).

Na mesma questão, logo abaixo, Kardec observou: “Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque, pela sua essência, diferem de tudo o que conhecemos sob o nome de matéria”. Um povo de cegos careceria de termos para exprimir a luz e seus efeitos; ora, nós somos verdadeiros cegos com relação à essência dos seres inteligentes que povoam o espaço infinito.


Fonte: Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Princípios Básicos da Doutrina Espírita.

Bibliografia:
A Gênese, de Allan Kardec, itens 5 e 6, 16 e 18.
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, itens 47 e 82.
Evolução em dois mundos, de André Luiz, psicografada por Chico Xavier, págs. 31, 32, 35 e 79.
Estudos espíritas, de Joanna de Ângelis, psicografada por Divaldo P. Franco, pág. 33.

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