sexta-feira, 9 de junho de 2017

A Gênese Orgânica na Visão Espírita


Formação primária dos seres vivos


À medida que o globo terrestre foi adquirindo as condições necessárias às suas existências, as diversas espécies animais foram aparecendo. O estudo das camadas geológicas do globo atesta a presença das mesmas espécies animais em pontos afastados uns dos outros. Essa multiplicação generalizada e, de certo modo, contemporânea, fora impossível com um único tipo primitivo.

Como apareceram os primeiros seres vivos na Terra?

À época de Kardec, duas teorias buscavam explicar o aparecimento dos primeiros seres vivos na Terra: uma, defendendo que as diversas espécies surgiram de um único casal primitivo, que gerou outros que foram se reproduzindo; outra, sustentando que muitos casais foram germinados simultaneamente em diversos pontos do globo, proliferando-se, em seguida.

Kardec entende que a segunda hipótese é a mais provável, tendo-a como resultante da observação. Segundo os estudos das camadas geológicas da Terra, em terrenos de idêntica formação, são encontradas as mesmas espécies em enormes proporções e em pontos do globo muito afastados uns dos outros. Essa multiplicação generalizada e contemporânea fora impossível com um único tipo primitivo, fazendo crer que foram muitos os casais germinados simultaneamente em pontos diferentes. Por outro lado, destaca o Codificador, seria duvidar da previdência do Criador admitir-se que ele teria depositado num único casal a incumbência pela reprodução da espécie, considerando que a vida de um indivíduo nascente encontra-se sujeita a vicissitudes de natureza diversas. Os atuais conhecimentos da ciência corroboram o entendimento de Kardec, no sentido de que a geração de cada espécie foi múltipla e simultânea, esclarecendo mais, que os indivíduos de uma espécie provêm, por evolução, de outras espécies.

Conclusão
No início, a Terra continha, volatilizados no ar, as substâncias constitutivas para a formação dos seres vivos. Pelo mesmo processo pelo qual se formaram os seres inorgânicos – a ocorrência de circunstâncias favoráveis à combinação desses elementos pela afinidade molecular, sob o império das leis e forças da Natureza - surgiram os primeiros seres vivos.

Princípio vital


O que vem a ser o princípio vital?

O princípio vital, também conhecido como fluido vital, fluido magnético ou fluido elétrico animalizado, é algo ainda um tanto indefinível para nós. Podemos conceituá-lo, de acordo com o ensinamento dos Espíritos, como um dos elementos necessários à constituição do Universo. É o elemento de ligação entre o princípio inteligente e a matéria, que pelo princípio vital é animalizada. É a força motriz dos corpos orgânicos (vegetais, animais e homens).

Como se comprova a sua existência?

A existência do princípio vital é comprovada pela sua atuação sobre a matéria, animalizando-a. Sem ele, a matéria é inorgânica, sem vida. Sua presença na matéria orgânica é comprovada pelo fato de não poder ela ser reconstituída após a sua degradação. Kardec cita como exemplo uma folha vegetal, que, depois de morta, não pode ser recomposta.

A matéria inorgânica, ao contrário, como não conta com a presença do princípio vital, pode ser reconstituída em laboratórios, através dos conhecimentos trazidos pela Química.

Qual a origem do princípio vital?

O princípio vital tem a sua origem no fluido cósmico universal, de onde é extraído e do qual se constitui uma variação.

Como foi observado durante o estudo, sendo uma variação do fluido cósmico universal, fonte de um dos elementos gerais do Universo, que é a matéria, podemos concluir que o princípio vital é também um elemento material, ou seja, é matéria.

Como é ele absorvido e mantido pelos seres orgânicos?

O princípio vital é absorvido pela matéria e nela mantido por uma espécie de mecanismo resultante da combinação dos elementos que constituem seus órgãos. Kardec compara esse processo ao do calor que se desenvolve pelo movimento de uma roda. Deixando a roda de se movimentar, o calor extingue-se. Tal acontece com o princípio vital, que se extingue com a paralisação dos órgãos do corpo físico. Os corpos humanos, compara, ainda, o Codificador, seriam como pilhas elétricas, " que funcionam enquanto os elementos dessas pilhas se acham em condições de produzir eletricidade: é a vida. Deixam de funcionar quando tais condições desaparecem: é a morte."

Conclusão
Toda matéria, seja ela orgânica ou inorgânica, é constituída dos mesmos elementos extraídos da matéria cósmica universal. Nos corpos orgânicos, todavia, além do princípio inteligente, há um princípio especial ainda indefinido para nós, que é o princípio vital.

Geração espontânea


Como podemos entender o processo de geração espontânea dos seres vivos, defendido à época desta obra (A Gênese, de Allan Kardec) por alguns cientistas?

A teoria de geração espontânea dos seres vivos, em voga à época em que Kardec escreveu "A Gênese", sustentava a possibilidade da formação de seres orgânicos pela simples reunião dos elementos que os constituem, sob condições favoráveis, sem germens previamente produzidos pelo modo ordinário de geração. Seria a continuação do mesmo processo pelo qual se formaram os primeiros seres que surgiram na Terra.

Por que esta teoria não mais é aceita pela ciência?

De acordo com o resultado de pesquisas experimentais realizadas por Pasteur, restou comprovado por este cientista que os microrganismos estão presentes em toda parte, podendo qualquer matéria inanimada ser facilmente contaminada por eles. Diante disso, a comunidade científica passou a rejeitar a Teoria da Geração Espontânea dos seres vivos, passando a adotar em seu lugar a teoria denominada "Biogênese", segundo a qual uma forma de vida somente se origina a partir de outra, preexistente.

Conclusão
A teoria da geração espontânea dos seres vivos encontra-se refutada pela ciência. Hoje, é aceita a teoria denominada "Biogênese", segundo a qual todo o organismo vivo é gerado por outro. É o que restou comprovado das experiências laboratoriais realizadas pelo cientista francês Louis Pasteur, demonstrando que os microrganismos estão presentes em toda parte, podendo qualquer matéria inanimada ser facilmente contaminada por eles.

Escala dos seres orgânicos


Qual a teoria adotada por Kardec para explicar os diferentes tipos de seres vivos?

Allan Kardec, inspirado, naturalmente, pela Espiritualidade Superior que nos trouxe a Terceira Revelação, foi precursor da teoria evolucionista, consagrada, mais tarde, por Charles Darwin. Segundo essa teoria, as diversas espécies orgânicas que se conhece resultam do aperfeiçoamento sucessivo de cada uma delas, dando origem a uma outra, que se seguiria, num verdadeiro processo escalonado de evolução.

Nesse sentido a conclusão de Kardec, no item 25 do capítulo que estamos estudando, de que, se passarmos de um anel a outro dessa senda evolutiva, sem solução de continuidade, " ... chega-se, sem transição brusca, da planta aos animais vertebrados. Compreende-se, então, a possibilidade de que os animais de organização complexa não sejam mais do que uma transformação ou um desenvolvimento gradual, a princípio insensível, da espécie imediatamente inferior e, assim, sucessivamente, até ao primitivo ser elementar."

É a afirmação daquele princípio trazido pelos Espíritos, na resposta à questão 540 do Livro dos Espíritos, segundo o qual " ... Ë assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também, começou pelo átomo."

Que finalidade teria essa cadeia evolutiva dos seres vivos, isto é, a sucessivas passagens do mais simples vegetais aos animais de formação mais complexas?

A finalidade da cadeia evolutiva por que passa a matéria orgânica, desde o mineral até a condição humana, é dotar o elemento inteligente do Universo de um organismo físico adequado ao estado evolutivo em que se encontre, possibilitando-lhe progredir rumo à perfeição possível, quando atingirá o estado crítico.

O Espiritismo traz em seu seio uma filosofia marcadamente progressista do ser inteligente. Enquanto não atinge o seu objetivo final, o princípio inteligente vai sendo elaborado através de uma composição física compatível com as suas necessidades evolutivas.

No início da caminhada, habita o mineral, que é constituído de matéria inerte e que somente possui uma força mecânica. Esgotada essa fase, ingressa no reino vegetal, onde os corpos, além da matéria inerte, são dotados de vitalidade. Em seguida, ascende ao reino animal, onde passa a habitar corpos mais complexos, compostos também de matéria inerte e de vitalidade, mas já dotados de uma espécie de inteligência instintiva e limitada, individualizada.

Finalmente, chega ao estado humano, que alguns consideram um quarto reino e, outros, um grau mais avançado do reino animal. Nessa fase, além de todas as faculdades adquiridas e acumuladas durante a longa trajetória percorrida nos reinos inferiores, recebe uma outra, especial, ainda indefinida para nós, que lhe dá a consciência do seu futuro, o livre-arbítrio para pensar e agir e o conhecimento de Deus.

O homem é, segundo os Espíritos, um ser à parte.

Conclusão
Entre os reinos vegetal e animal, nenhuma delimitação há nitidamente marcada. Nos extremos dos dois reinos, nenhuma analogia aparente haverá. Mas, se passarmos passo a passo de um extremo a outro, sem solução de continuidade, chegaremos, sem transição brusca, da planta aos animais vertebrados. Cada espécie não é mais do que uma transformação gradual da que lhe é imediatamente inferior. Assim, sucessivamente, desde o primitivo ser elementar.
É assim que acontece da glande ao carvalho, do pólipo ao elefante.

Gênese orgânica - O homem corpóreo


Qual a semelhança entre o corpo físico do homem e do animal?

O corpo físico do homem difere dos corpos dos animais apenas no aspecto formal. Do ponto de vista de sua constituição material, ambos são constituídos pelos mesmos elementos. Segundo explicação Kardec, hoje corroborada pela ciência, não há em seu corpo um único átomo diferente do que é encontrado nos corpos dos animais. A matéria é a mesma, sujeita ao mesmo processo de nascimento, vida, morte e transformação. Ao perder a vitalidade, assim como ocorre com os animais, seus elementos constitutivos são devolvidos à natureza, indo gerar novos corpos minerais, vegetais e animais, por meio de novas combinações.

Como podemos interpretar a afirmação de Kardec, no sentido de que "o homem é o último anel da animalidade na Terra"?

Os seres orgânicos constituem-se de corpos que estão submetidos a uma cadeia evolutiva que se eleva pouco a pouco, progredindo lenta e ininterruptamente. Assim, cada espécie é um aperfeiçoamento resultante da transformação da que está imediatamente abaixo. Do ponto de vista material, sendo constituído dos mesmos elementos que compõem os corpos dos animais, o homem é parte integrante dessa cadeia evolutiva, constituindo-se o ponto culminante de todo esse processo, no que se refere à vida na Terra. Por essa razão, Kardec afirma que "o homem é o último anel da animalidade na Terra", que define bem toda a trajetória que o princípio inteligente pode cumprir no planeta, no que diz respeito à matéria.

Em que o Espiritismo se difere do materialismo, quanto à explicação da gênese?

Diferente das ciências materialistas, o Espiritismo, quando pesquisa sobre o surgimento do homem na Terra, não se limita à matéria orgânica. As ciências materialistas consideram o homem apenas no seu aspecto material, limitando suas pesquisas à matéria orgânica. O Espiritismo demonstra que, além da matéria, há no homem um princípio espiritual, imaterial para os nossos sentidos, que tem vida própria e que é indestrutível. Enquanto as ciências terrenas se satisfazem com a explicação da gênese orgânica, pesquisando sobre o surgimento do homem tão somente no tocante ao seu corpo físico, o Espiritismo não as contesta, porém, vai além, prosseguindo a pesquisa para entender a criação e a evolução desse princípio espiritual. Vai, inclusive, além da gênese mosaica, que também se limitou ao aspecto material.

Conclusão
Do ponto de vista unicamente material, o homem possui a mesma composição de todos os animais. Nele são os mesmos os órgãos, com as mesmas funções específicas e mesmas são as condições de nutrição, respiração, secreção e reprodução. Como todos os animais, ele nasce, vive e morre. Seu corpo se decompõe e se transforma, pelas leis e forças universais que regem a matéria, em novos corpos minerais, vegetais e animais. É o resultado final de uma cadeia que se inicia no mineral e passa pelo vegetal, cujo objetivo é a evolução do princípio espiritual.

Fonte: Estudo do CVDEE- www.cvdee.org.br

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