sábado, 30 de outubro de 2021

Solitude, Solidão e Solicitude

 


Por Orson Peter Carrara

As três palavras são muito parecidas, sonoridade semelhante, mas suas definições são bem distintas. E podem abrir universos de exemplos e abordagens. Aqui a abordagem é motivada pela curiosidade cultural das três palavras.

Vejam que interessante:

Solitude é o estado de privacidade de uma pessoa, não significando, propriamente, estado de solidão. Pode representar o isolamento e a reclusão, voluntários ou impostos, porém não diretamente associados a sofrimento.

Solidão: estado de quem se acha ou se sente desacompanhado ou só; isolamento. Ou ainda sentir-se triste e infeliz devido ao isolamento social. E também não necessariamente em sofrimento.

Solicitude: boa vontade, desejo de atender da melhor maneira possível a alguma solicitação; empenho, interesse, atenção. Ou ainda afã e diligência em tratar, alcançar ou conseguir algum fim.

Outras palavras e exemplos podem ser trazidos com a mesma ocorrência de semelhança em letras e sonoridade, mas fiquemos apenas com essas com o objetivo de buscar a importância de cada uma delas.

Afinal podemos estar em estado de solitude, com ou sem solidão, e exercitar a solicitude. Ou ser solícito, com ou sem solitude ou solidão… Muito interessante os exemplos que podem se encaixar nessa linha de raciocínio. E igualmente podemos estar nos três estados, individualmente em cada um ou nos três ao mesmo tempo. Quantas situações! Ou em apenas dois, como por exemplo, em solitude e solidão, sem solicitude. Confundiu? É que as variadas circunstâncias ou situações humanas podem nos situar em quadros como os acima citados.

As três são úteis e o importante é que vivamos essas experiências com solicitude, ainda que nos utilizemos ou não da solidão ou da solitude. Em privacidade ou solitário, a disposição de boa vontade é sempre a marca da moralidade.

Nos embates da atualidade o que se vê mais é solitude desrespeitada, a solidão provocada e muitas vezes sofrida ou vivida com egoísmo, e pouca solitude, exceto se nos próprios interesses. Por isso os sofridos quadros morais que estamos vivendo. Melhor que transformemos a nossa possível solidão ou nossa solitude em posturas práticas de solicitude. Aí a vida fluirá com mais abundância.

Por isso afirma Auta de Souza na bela página Sublime Encontro:

“Se procuras o Cristo Soberano

Por excelso refúgio às próprias dores,

Busca hoje e amanhã, por onde fores,

O torturado coração humano.

Desce ao vale dos grandes amargores,

Onde revelam sofrimento insano

A aflição, a miséria e o desengano,

Entre flagelos purificadores.

Desce à feição do Sol na noite fria,

Guardando a caridade por teu guia,

Ajudando e servindo cada hora…

E, ante a luz da Divina Primavera,

Encontrarás o Cristo que te espera,

Crucificado em cada ser que chora”.

 

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Paz na Terra


 

Por Divaldo Pereira Franco

Mohandas Karamchand Gandhi enunciou: Se um único homem atingisse a mais elevada qualidade de amor, isto seria suficiente para neutralizar o ódio de milhões.

Ele próprio atingiu essa qualidade de amor e conseguiu libertar do tacão do Império Britânico centenas de milhões de indianos e paquistaneses através dos seus jejuns e da não violência.

Inspirado em Jesus Cristo, a quem muito amou, compreendeu que qualquer discriminação é inferioridade moral da criatura humana perante a vida e que o falso poder a que se atribui o ser humano é nada mais do que conflito da personalidade, insolência e pequenez moral. Com muita frequência vemos os pigmeus espirituais levantarem a clava do ódio contra as minorias raciais, sexuais, políticas, sociais, religiosas e outras tantas, impondo a sua falsa superioridade, por mais esteja demonstrado que não se encontra na cor da pele ou no destaque na comunidade, na aparente beleza física ou econômica o biótipo padrão ideal, isento das misérias e necessidades que acompanham a forma física das criaturas. Todos experimentamos alegrias e tristezas, beleza e deformidades, grandeza e indignidade, conhecimento e estupidez, longevidade e brevidade orgânica, por sermos constituídos de igual massa celular sujeita às variações e aos processos degenerativos.

Criam-se bolsões de intolerância e falsa cultura com objeções e desprezo aos diferentes na aparência e absolutamente idênticos na essência.

De epiderme negra, o Mahatma indiano ergueu o ser humano à altura das conquistas intelecto-morais, quando se resolveu vencer-se, superar os conflitos do ego e compreender que todos procedemos da molécula que um dia na intimidade das águas oceânicas formou os organismos unicelulares, como os vírus, e cresceram através dos bilhões de anos até a fantástica estrutura organizada de trezentos bilhões de células em circuito especializado. O corpo, este laboratório fantástico, que produz todos os elementos de que necessita para viver, é o envoltório material da energia pensante que procede da Inteligência Suprema do Universo.

Na sua obra genial O idiota, Dostoiévski coloca na boca de um personagem cristão: A beleza salvará o mundo.

Parafraseando-o, repito a mensagem de Jesus: O amor anula a multidão de pecados, por ser o amor a alma da vida e a vida da alma.

Vivemos o momento do desespero: pandemia, agressividade, desrespeito aos valores éticos, preconceitos infelizes, paixões asselvajadas, porque o ser humano perdeu o endereço de Deus, que é o Amor.

Se cada um de nós alcançar a sua mais elevada qualidade, acabaremos com o ódio de milhões.

Façamos a experiência de amar, e haverá paz na Terra!

Divaldo Pereira Franco, professor, médium e conferencista.

 

terça-feira, 26 de outubro de 2021

O que somos?

 


Por Luiz Guimarães Gomes de Sá

Pergunta intrigante, não? Fisicamente nós sabemos quem somos, bastando olhar para o espelho. Mesmo mudando a aparência com o passar dos anos, o perfil da nossa identidade pouco se altera, dependendo das transformações que realizamos no âmbito interior.

Porém, há um aspecto a ser observado e que em geral negligenciamos sobre esse “eu” desconhecido de nós mesmos. Como ele será? Quem já se deu conta da necessidade de descortinar virtudes e defeitos que nos impulsionam no dia a dia das nossas andanças evolutivas?

Dificilmente damos conta dessa imperiosa necessidade, pois valorizamos aquilo que é palpável, desconsiderando o que é sutil, mas que é a nossa verdadeira essência: o Espírito. Essa falta recai praticamente em todos nós por conta da nossa vida centrada em tudo que é material.

Desconhecemos ainda muitos mistérios que nos esperam na vida futura e, por isso mesmo, devemos nos aprofundar nesse questionamento, pois quando nos conhecermos intimamente iremos reconhecer o quanto nos falta em virtudes que nos elevem para um amanhã auspicioso.

No livro Autodescobrimento: uma busca interior, 17ª Ed. 2013, pág. 40, psicografia de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis, temos: “O trabalho por libertar-se desses verdadeiros verdugos do Eu superior torna-se imprescindível ao desenvolvimento da emoção, ao seu engrandecimento, para estabelecer e seguir as linhas de manifestação equilibrada”.

O crescimento interior nos levará a um elevado estado de espírito remetendo-nos à lucidez onde repousa a felicidade. O mergulho que deveremos realizar diferencia-se por completo daquele que o homem já realizou ao pesquisar os mistérios das profundezas dos mares e do infinito dos céus... Esse trabalho trará a certeza de que existe um Ser superior a tudo e a todos pelas reflexões que realizarmos. Nessa busca, o ser humano encontrará o princípio fundamental de sua existência.

Temos na Q. 919 de O Livro dos Espíritos: “Qual o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir ao arrastamento do mal?” R. — Um sábio da Antiguidade vos disse: “Conhece-te a ti mesmo”.

A cada parada no “porto dos ajustes” que nossa consciência nos pede será motivo de novas reflexões. Esse entendimento será tão mais regozijante quanto melhor nos conduzamos na viagem de curso breve que fazemos visando ao desfrute da felicidade no Reino de Deus na condição de Espíritos Puros.

Em João, 8: 31-32, consta: “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”

Essa verdade corresponderá às conquistas adquiridas que estarão sempre na razão direta do esforço e da perseverança nesse empreendimento. Fortalecendo a Fé, superando os desafios e mantendo-se firme na esperança ao vivenciarmos o exemplo de Jesus, tenhamos a certeza de que estamos construindo o caminho da redenção.

 

^