quinta-feira, 14 de outubro de 2021

A gênese das crenças religiosas e a revivescência do Cristianismo


 

Por Rogerio Coelho

Jesus desaferrolhou as arcas do conhecimento enobrecido e distribuiu-lhe os tesouros

“Um dia, o sublime Espírito do Cristo desceu à Terra para fundar um Reino e lançou os alicerces da sua construção na Alma humana, dando início à edificação de um País como jamais alguém houvera sonhado”. Joanna de Ângelis

Segundo Emmanuel[1]: “a gênese de todas as religiões da humanidade tem suas origens no coração augusto e misericordioso de Jesus. Não queremos, com as nossas exposições, divinizar – dogmaticamente – a figura luminosa do Cristo, e sim, esclarecer a Sua gloriosa ascendência na direção do Orbe Terrestre, considerada a circunstância de que cada mundo, como cada família, tem seu chefe supremo, ante a justiça e a sabedoria do Criador.

 Fora erro crasso julgar como bárbaros e pagãos os povos terrestres que ainda não conhecem diretamente as lições sublimes do Seu Evangelho de redenção, porquanto a Sua desvelada assistência acompanhou, como acompanha a todo tempo, a evolução das criaturas em todas as latitudes do Orbe. A história da China, da Pérsia, do Egito, da Índia, da Arábia, de Israel, da Grécia, dos celtas e dos romanos, está alumiada pela luz dos Seus poderosos emissários. E muitos deles tão bem desempenharam seus grandes e abençoados deveres, que foram tidos como sendo Ele próprio, em reencarnações sucessivas e periódicas do Seu divinizado amor...

No “Manava-Darma”, encontramos a lição do Cristo; na China encontramos Fo-Hi, Láo-Tsé, Confúcio; nas crenças do Tibet, está a personalidade de Buda e no Pentateuco encontramos a figura de Moisés; no Alcorão vemos Maomet. Cada raça recebeu os Seus instrutores, como se fosse Ele mesmo, chegando das resplandecências de Sua glória estelar.

(...) Até à palavra simples e pura do Cristo, a humanidade terrestre viveu etapas gradativas de conhecimento e de possibilidades, na senda das revelações espirituais. Os milênios, com as suas experiências consecutivas e dolorosas, prepararam os caminhos d`Aquele que vinha, não somente com a Sua palavra, mas, principalmente, com a Sua exemplificação salvadora. Cada emissário trouxe uma das modalidades da grande lição que foi teatro a região humilde da Galileia. É por esse motivo que numerosas coletividades asiáticas não conhecem a lição direta do Mestre, mas sabem do conteúdo da Sua palavra, em virtude das próprias revelações do seu ambiente, e, se a Boa-Nova não se dilatou no curso dos tempos, pelas estradas dos povos, é porque os pretensos “missionários” do Cristo, nos séculos posteriores aos Seus ensinos, não souberam cultivar a flor da Vida e da Verdade, do Amor e da Esperança que os Seus exemplos haviam implantado no mundo, abafando-a nos templos de uma falsa religiosidade, ou encarcerando-a no silêncio dos claustros. A planta maravilhosa do Evangelho foi, então, sacrificada no seu desenvolvimento e contrariada nos seus mais lídimos objetivos”.

Aduz André Luiz[2]: “(...) com Jesus, a religião como sistema educativo, alcança eminência inimaginável: nem templos de pedra, tampouco rituais, hierarquias efêmeras ou ascendência de poder humano... O Mestre desaferrolha as arcas do conhecimento enobrecido e distribui-lhe os tesouros. Dirige-se aos homens simples de coração, curvados para a gleba do sofrimento e ergue-lhes a cabeça trêmula para o Céu. Aproxima-se de quantos desconhecem a sublimidade dos próprios destinos e assopra-lhes a Verdade, vazada em amor, para que o Sol da Esperança lhes renasça no ser. Abraça os deserdados e fala-lhes da Providência Infinita. Reúne, em torno de Sua glória, que a humildade escondia os velhos e os doentes, os cansados e os tristes, os pobres e os oprimidos, as mães sofredoras e as crianças abandonadas e entrega-lhes as bem-aventuranças celestes. Ensina que a felicidade não pode nascer das posses efêmeras que se transferem de mão em mão, e sim da Caridade e do entendimento, da modéstia e do trabalho, da tolerância e do perdão. Afirma-lhes que a Casa de Deus está constituída por muitas moradas, nos mundos que enxameiam o firmamento, e que o homem deve nascer de novo para progredir na direção da Sabedoria Divina. Proclama que a morte não existe e que a Criação é beleza e segurança, alegria e vitória em plena Imortalidade.

Pelas revelações com que vence a superstição e o crime, a violência e a perversidade, paga na cruz o imposto de extremo sacrifício aos preconceitos humanos que Lhe não perdoam a soberana grandeza, mas reaparecendo redivivo, para a mesma humanidade que O escarnecera e crucificara, desvenda-lhe, em novo cântico de humildade, a excelsitude da Vida Eterna.

 (...) Erige-se, então, a partir d`Ele, o Evangelho em código de harmonia, inspirando o devotamento ao bem de todos até o sacrifício voluntário, a fraternidade viva, o serviço infatigável aos semelhantes e o perdão sem limites.

Iniciam-se em todo o Orbe as imensas alterações... A crueldade metódica cede lugar à compaixão. Os troféus sanguinolentos da guerra desertam dos santuários. A escravidão de homens livres é sacudida nos fundamentos para que se anule de vez. Levanta-se a mulher da condição de alimária para a dignidade humana. A filosofia e a ciência admitem a caridade no governo dos povos. O ideal da solidariedade pura começa a fulgir sobre a fronte do mundo...

Moisés instalara o princípio da justiça, coordenando a vida e influenciando-a de fora para dentro. Jesus inaugurou na Terra o princípio do Amor, a exteriorizar-se do coração, de dentro para fora, traçando-lhe a rota para Deus. E eis que o Cristianismo grandioso e simples ressurge agora no Espiritismo, induzindo-nos à sublimação da vida íntima, para que nossa Alma se liberte da sombra que a densifica, encaminhando-se, renovada, para as culminâncias da Luz”.

Completa e finaliza o Mestre Lionês[3]: “somente as religiões estacionárias podem temer as descobertas da Ciência, as quais funestas só o são às que se deixam distanciar das ideias progressistas, imobilizando-se no absolutismo de suas crenças. Elas, em geral, fazem tão mesquinha ideia da Divindade, que não compreendem que assimilar as Leis da Natureza, que a ciência revela, é glorificar a Deus em Suas obras. Na sua cegueira, porém, preferem render homenagens ao Espírito do mal, atribuindo-lhe essas Leis. 

Uma religião que não estivesse, por nenhum ponto, em contradição com as Leis da Natureza, nada teria que temer do progresso e seria invulnerável”.

Todas as religiões que se encontram fora do “fio-de-prumo” divino estão se suicidando, mas, enquanto não desaparecem de vez, ainda estão gerando e dinamizando a incredulidade com a qual a humanidade se vê a braços atualmente.

A Doutrina Espírita que é a materialização da promessa de Jesus acerca do “Consolador” não teme o progresso científico, antes o acoroçoa, porque em nenhum de seus pontos básicos colide com a verdade. Daí o fato de constituir-se desde já na Religião do Futuro, tendo em Jesus o único e verdadeiro Pastor.

 

[1] -XAVIER, F. Cândido. A Caminho da luz. 37. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2008, cap. IX.

[2] - XAVIER, F. Cândido. Evolução em dois mundos.  7. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1983, cap. XX.

[3] - KARDEC, Allan. A Gênese. 43. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. IV, item 10.

 

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