domingo, 29 de novembro de 2020

É tempo de Amar e de Agradecer pela Vida

 


Por Gebaldo José de Sousa 

“Um vírus microscópico revela quanto somos pequeninos!” - Anônimo 

Ainda não amamos verdadeiramente. E a percepção do Amor é diferente para cada um de nós, habitantes de mundo de expiações e provas. 

A reencarnação nos favorece a convivência com pessoas de variadas condições evolutivas, permitindo-nos aprender com os mais evoluídos que nós e auxiliar os retardatários, ainda inferiores a nós – que assim se encontram por falta, ora do estudo, de interesse ou de oportunidades; ora por limitações de ordens diversas. Deus ajuda as criaturas através das criaturas. Daí o dever do auxílio recíproco. 

Nem amamos a nós mesmos, eis que não nos conhecemos, e trazemos a mente em desequilíbrio; alimentamo-nos e respiramos de formas incorretas; cultivamos incontáveis vícios – físicos e/ou mentais! Há, pois, muito o que aprender. 

E estas questões não se devem apenas à pobreza material: os suicídios nos dão notícias dolorosas da angústia que atinge jovens e adultos, em todo o mundo, especialmente nas sociedades mais ricas economicamente. Prósperos quanto aos bens materiais, mas paupérrimos espiritualmente. Materialistas, não creem na sobrevivência do Espírito e dão ênfase ao ‘vencer na vida’ a qualquer custo. 

Cada um se revela nos mínimos gestos ou palavras; estes, por cultivarem o egoísmo; aqueles, pelos dotes da fraternidade espontânea, que já conquistaram. 

Isso é fato de todos os tempos, mas em ocasiões como as que ora vivenciamos na Terra, a situação se aclara, pelos destaques que oferece em toda parte. A intolerância se revela em variados momentos e lugares. Veja-se as agressões no trânsito, a ocasionar tragédias. A indiferença com a dor do semelhante! 

Os modernos meios de comunicação divulgam e detalham esses dramas dolorosos de nossas cidades, várias vezes, à exaustão. 

A dor que hoje invade os corações em todas as latitudes deste orbe dá-nos oportunidade rara para o aprendizado ou desenvolvimento da mais preciosa das virtudes, que é amar! Mais que nunca é indispensável aprender a amar, além de exercitá-lo vida afora! 

A Imprensa – nas variadas expressões –, tradicionalmente focada nos escândalos e crimes, ora divide suas notícias entre a pandemia do covid-19, em curso em toda a Terra, e às manifestações de solidariedade, de esforços que se desenvolvem em todas as pátrias, amenizando dores dos que sofrem carências de toda ordem – até de afeto! 

Não obstante o pouco tempo observado, a diminuição de atividades e do fluxo de veículos permite à natureza renovar-se. O ar e as fontes de água, em certas regiões, estão menos poluídos; animais em zoológicos menos estressados e até procriam! 

Lições preciosas que ficarão para nós, ‘civilizados’. 

Dentre inúmeros depoimentos comoventes de que se tem notícia, veja-se o daquele italiano nonagenário, ao chorar quando lhe apresentaram a conta pelo uso do respirador que lhe salvou a vida. 

Quando imaginaram que chorava pelo desembolso de boa quantia em euros, ele levou os médicos às lágrimas, ao revelar que seu pranto se devia ao fato de haver respirado por toda sua longa vida, pelas bênçãos de Deus, sem nunca ter agradecido por isso! E lhes indaga qual seria sua dívida para com o Criador?! Por isso, o apóstolo Paulo nos diz: 

“Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”. 1 Ts 5:18. 

O pensamento de muitos é renovado pelo estímulo ao exercício do amor ao próximo, o cultivo da oração – tão esquecida no corre-corre dos tempos ‘modernos’ –, à meditação, à leitura de bons livros, à audiência da boa música, à convivência da família etc. 

E nos lembra a importância do afeto, que se revela nos abraços, nos sorrisos, nos gestos de carinho! Quanto são preciosos, e quanta falta ora nos fazem! 

Integramos a Família Universal e nossa evolução apenas se dará quando bem compreendermos essa verdade, trabalhando para eliminar as barreiras que ora nos separam: a pobreza, a fome, os preconceitos, o abandono, a vida em ambientes insalubres. 

Flagelos destruidores: 

‘Com que fim Deus fere a Humanidade por meio de flagelos destruidores?’ 

“Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos que a destruição é necessária para a regeneração moral dos Espíritos, (...)? 

(...) para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.”  LE, Q. 737. (1) 

‘(...) Deus não poderia empregar outros meios além dos flagelos destruidores?’ 

“Sim, e diariamente os emprega, pois deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. É o homem que não se aproveita desses meios. É preciso, pois, que seja castigado no seu orgulho e sinta a própria fraqueza.” LE, Q. 738. (2) 

‘Para o homem, os flagelos não seriam também provações morais, ao fazerem com que ele se defronte com as mais aflitivas necessidades?’

“Os flagelos são provas que dão ao homem a oportunidade de exercitar a sua inteligência, de demonstrar paciência e resignação ante a vontade de Deus, permitindo-lhe manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, caso o egoísmo não o domine.” LE, Q. 740. (3) 

Civilização completa:

“A civilização, como todas as coisas, apresenta gradações. Uma civilização incompleta é um estado transitório, que gera males especiais, desconhecidos do homem no estado primitivo; mas nem por isso deixa de constituir um progresso natural, necessário, que traz consigo o remédio para o mal que causa. 

À medida que a civilização se aperfeiçoa, faz cessar alguns dos males que gerou, e esses males desaparecerão com o progresso moral. 

De dois povos que tenham chegado ao mais alto grau da escala social, somente pode considerar-se o mais civilizado, na verdadeira acepção do termo, aquele onde exista menos egoísmo, menos cobiça e menos orgulho; onde os hábitos sejam mais intelectuais e morais do que materiais; onde a inteligência possa desenvolver-se com maior liberdade; onde haja mais bondade, boa-fé, benevolência e generosidade recíprocas; onde os preconceitos de casta e de nascimento sejam menos arraigados, porque tais preconceitos são incompatíveis com o verdadeiro amor do próximo; onde as leis não consagrem nenhum privilégio e sejam as mesmas para todos, tanto para o último, como para o primeiro; onde a justiça se exerça com menos parcialidade; onde o fraco encontre sempre amparo contra o forte; onde a vida do homem, suas crenças e opiniões sejam mais bem respeitadas; onde haja menos infelizes; enfim, onde todo homem de boa vontade esteja certo de não lhe faltar o necessário”. – Comentário de Allan Kardec, à Q. 793, de “O Livro dos Espíritos”. (4) 

Sem a pretensão de exauri-las, listamos acima algumas transformações necessárias à sociedade atual, para que se torne uma civilização completa! 

E concluímos dolorosamente quanto nos cabe trabalhar, por alcançá-la! (Grifos nossos.) 

Referência: 

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. impr. Rio de Janeiro: FEB, 2011, q. 737, p. 456. 

2. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. impr. Rio de Janeiro: FEB, 2011, q. 738, p. 457. 

3. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. impr. Rio de Janeiro: FEB, 2011, q. 740, p. 458. 

4. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. impr. Rio de Janeiro: FEB, 2011, q. 793, p. 484/5.

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Frutos


 

Por Leda Maria Flaborea 

O homem moderno vive a era da inteligência, trazendo frutos desenvolvimentistas nas áreas das Ciências tecnológicas, médicas, de progresso nos transportes, meios de comunicação, segurança, tendo por objetivo tornar sua vida mais confortável, mais segura e mais fácil possível. Frutos do uso racional da inteligência. 

Deve o homem, agora, ingressar em nova era: o tempo do desenvolvimento da humanidade, da sensibilidade, do autoconhecimento para aplicar, de forma equânime, todos os recursos que lhe foram colocados à disposição – para a evolução material – pela Misericórdia Divina. Mas, mesmo vivendo numa época de predominância de tudo que seja material, é indispensável que esse homem, responsável por tanto progresso, faça um balanço de como esses recursos estão sendo utilizados em benefício do próximo – e em seu próprio benefício – para que não se perca a utilidade de tantas descobertas. 

Se isso é verdadeiro para a vida física, muito mais o é para a espiritual. Não nos ateremos a questões irrelevantes ou contestações inócuas, para nos lembrarmos que mesmo diante de quadros aterradores, provocados pelo próprio homem, há pontos de luzes – obra desse mesmo homem – que são inquestionáveis.  

Almas existem que continuam lutando para que o bem prevaleça em situações que, às vezes, nos parecem sem saída ou sem sentido. E, mesmo essas almas, entregues ao trabalho no Bem, sentem o peso de todas as iniquidades praticadas pela humanidade que está sobre o planeta. Por essa razão, é necessário examinarmos a qualidade das nossas ações. É importante verificarmos de que modo estamos praticando os ensinamentos iluminados que Jesus nos deixou. O que estamos deixando de fazer, apesar de não ignorar como fazê-lo. 

O amor ao próximo como a si mesmo não se configura como letra morta, nesse momento pelo qual tanto o planeta como a humanidade que nele habita passam. Muito pelo contrário, nunca se fez tão necessário – nunca mesmo, na história da evolução humana, da qual somos seus agentes – percebermos a importância desse ensinamento; nunca a solidão esteve tão presente; nunca a miséria moral plantou tão fundas raízes; nunca o medo e a angústia foram tão condutores das ações; nunca tamanho vazio existencial tomou conta do homem em seu caminhar. A presença desse vazio, dessa solidão que traz medos e angústias, entretanto, apesar do aparente mal que causam, é sinal de que é preciso modificar algo, preencher esse espaço para que essas dores passem.  

Todo o progresso material conquistado não resolve o problema da existência humana porque ele não está na solução prática da vida física, do corpo, mas nas respostas que o Espírito busca, após haver saciado seus caprichos e desejos e resolvido seus interesses. Ele, o Espírito, quer saber, nessa etapa de sua existência, de onde veio, para onde vai, por qual razão sofre tanto – muitas vezes, mesmo possuindo tudo – e o que fazer para mitigar esse sofrimento. O homem já está se cansando do que tem. A novidade já não o atrai e, como criança em loja de brinquedo, percebe que nada é diferente. Então, ele se pergunta: “O que me falta? Por que esse vazio tão grande, essa insatisfação?”. Falta o acordar para a vida do Espírito, a verdadeira vida. 

Para aqueles que já despertaram e que já iniciaram essa busca, torna-se vital essa avaliação das ações, para que não se perca o esforço, para que a semeadura seja boa e a colheita farta. O homem que luta, que refaz caminhos, que tem a coragem de rever os enganos, colherá os frutos doces da vindima do Senhor. Não sem razão, o meigo Rabi da Galileia ensina-nos que pelos frutos seremos conhecidos.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Infância Consciencial

 


Por Luiz Guimarães Gomes de Sá 

Ainda no sono da ignorância, o homem, apesar dos ensinamentos do Cristo, ainda permanece na insensatez diante das sábias palavras do Mestre e do seu exemplo que consolida o amor como único caminho para a redenção. 

Alijado dos compromissos morais, ele busca incessantemente o poder material como se fosse o horizonte de luz que sempre brilhará. Nesse equívoco milenar, caminha nas trevas colhendo dores e sofrimentos que encontra nesse rumo tortuoso. 

Sem perscrutar o seu valioso interior que é o reduto da sua elevação espiritual, segue como um nômade nesse universo de incertezas, sem aperceber-se de que os percalços da vida servem de lição na infinita escola de aprendizado em que todos nós estamos matriculados. 

Sem esforçar-se para sair desse Dédalo, que o torna réu inserido no cárcere que ele próprio construiu, não se dá conta de que o caminho escolhido outrora e que ainda faz parte do seu trajeto necessita ser modificado. 

A ambição ombreada com egoísmo e orgulho forma a tríade que o leva ao precipício das amarguras diuturnamente. As alternativas existem e sempre somos amparados pelos Anjos Guardiães para que busquemos novos rumos como porta de saída dessa turbulência existencial. 

A visão obtusa do amanhã espiritual fortalece o seu estado de sofrimento, visto que o que é transcendental foge-lhe à razão pelo desconhecimento da verdadeira essência da vida. Nas Bem-Aventuranças, o Mestre deixou evidente que a consolação virá adiante, mercê da nossa fé, perseverança e resignação. Nem acomodação nem lamúrias. Coragem sempre para enfrentar os desafios da vida. 

Jamais iremos colher bons frutos se a semeadura não preceder a escolha das boas sementes. Conhecendo a imortalidade do Espírito, teremos condições de compreender o porquê das nossas provas e expiações através das reencarnações. 

O autoconhecimento descortinará horizontes mais abrangentes que nos darão a consciência da nossa real existência. A par desse universo interior e sempre ajudado pela espiritualidade, conseguiremos galgar degraus evolutivos a cada dia, nesse processo infinito de crescimento espiritual. 

Enquanto não buscarmos novos caminhos, já que os percorridos até agora não foram suficientes para a nossa reforma interior, não desfrutaremos da felicidade. Enquanto não entendermos que somos irmãos e filhos de um único Pai, e convivermos em fraternidade, não teremos a almejada Paz. 

A maturidade consciencial não se adquire no açodamento, mas pela paciência e perseverança no estudo daquilo que não vemos, mas sentimos. Essa consciência é a razão que ecoa no coração. Em O Livro dos Espíritos, questão 621, temos: “Onde está escrita a lei de Deus? – Na consciência”. Disso tudo inferimos que essa consciência precisa despertar. É dela que iremos extrair tudo aquilo de que necessitamos e, dela, também teremos condições de entender o real sentido da vida.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

A Crítica

 


Por Divaldo Pereira Franco 

A crítica é uma conduta filosófica decorrente da análise de um fato, uma produção literária, artística ou de qualquer natureza. Tem a finalidade de analisar e opinar a respeito daquilo que é observado. 

Há, no entanto, dois tipos de críticas: a positiva (ou edificante) e a negativa (muitas vezes de caráter destrutivo). 

Tudo quanto ocorre torna-se motivo de crítica, sendo uma séria maneira de estudo daquilo que se deseja comentar.

Não deveria, no entanto, ter o caráter destruidor, que muitas vezes é manifestado pelo sentimento perverso daquele que a elabora. Mesmo quando merece uma análise negativa, não se deve revesti-la do sentimento colérico, porém de uma análise profunda em relação ao seu conteúdo. 

Através da História temos visto um perfeito retrato das emoções culturais de cada época, quando de referência à crítica de arte, literatura, arquitetura, etc… 

Quando Goethe, o extraordinário escritor alemão publicou o seu livro WERTHER, sofreu as mais diferentes críticas, e porque o tema delicado induzisse ao suicídio, diversos países proibiram a sua publicação e o condenaram. Com o tempo, a evolução do processo do raciocínio e da análise, tornou-se clássico da literatura mundial. 

Não há muito, quando Paris desejou ampliar a estrutura, a fachada do Museu do Louvre e foi apresentado o projeto atual, ocorreram críticas rigorosas contra o arquiteto, considerado incapaz para a realização de tal porte, e hoje permanece com a sua audaciosa beleza, desafiando a agressividade de que foi vítima. 

Na literatura como na arte especialmente, no vestuário como no comportamento da sociedade, muito combate extravagante e feroz tentou impedir a sua aceitação, e não poucos artistas, escritores, arquitetos chegaram ao cúmulo de suicidar-se face à impiedade com que foram tratados… 

Os tempos mudaram e as suas obras são hoje consideradas como frutos da genialidade e da grandeza de que eram portadoras. 

Vivemos um momento grave nesse aspecto, em razão da facilidade da comunicação virtual. As pessoas facilmente opinam em tudo, mesmo sem qualquer conhecimento do tema, numa exibição, às vezes, vergonhosa, em razão da sua falta de capacidade analítica e de estudo em torno da questão comentada. 

Algumas de temperamento irascível, não dispondo de argumentos justos para comentar o que não é correto, investem contra o autor com quem não simpatizam, ofendendo-o com acusações desonestas e mentirosas, algumas vezes, frutos da inveja e do complexo de inferioridade. 

O crítico veraz nunca abandona a obra em análise para comentar o seu autor, interessado somente na qualidade do estudo a que se dedica. 

Criticar é fácil, especialmente quando não se tem condições…                                              

Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, 23 de janeiro 2020

sábado, 21 de novembro de 2020

Ciência e Ateísmo

 


Por José Carlos Leal 

No meu artigo sobre Deus, (publicado na edição do Correio Espírita de junho-19), chamei atenção para um equívoco muito comum: de afirmar que a ciência leva à descrença e ao consequente ateísmo e que o cientista é uma espécie de pessoa debochada, que ri da divindade e que por ela não tem respeito. Esta figura equivocada encontra-se na representação popular do cientista maluco, do Gênio do Mal, que as histórias em quadrinhos imortalizaram, como os personagens do Doutor Silvana e Lex Luthor. Na última década, porém, é mais injusto, principalmente quando vivemos em um cosmo ordenado, que possui suas próprias leis e que essas leis podem ser estudadas pela mente humana. 

Nos últimos anos, um número cada vez maior de cientistas sérios e honestos começam a estudar esse fantástico quebra-cabeças chamado natureza e, quanto mais se aprofundam nesse estudo, mais ficam perplexos diante daquilo que encontram. O Universo descoberto pela ciência é muito mais fantástico e maravilhoso do que todos os mitos antigos. O que se sabe hoje, no campo da física, por exemplo, é mais inacreditável que o mais inacreditável dos mitos antigos. 

Há cerca de quatro séculos, a ciência entrou em conflito com a religião, porque a primeira parecia ameaçar a segunda de destruir o lugar aconchegante da espécie humana em um cosmo feito sob medida por Deus. A ciência ocupa um lugar incômodo ao dizer ao homem comum: “Olha, não é bem assim.” Desse modo agiu Copérnico, Kepler, Darwin ou Einstein. 

Porém, as pessoas comuns não gostam disso; não gostam que se coloquem em cheque as verdades e a ciência tem tido essa tarefa ingrata. Tem-se, assim, a impressão de que a ciência procura diminuir o papel do homem, dizendo, com Kepler, que ele não é o centro do Universo, ou com Darwin, mostrando que ele não é um anjo decaído, mas um animal em processo evolutivo e muitas pessoas detestam essas coisas. 

É necessário, entretanto, que se tenha uma visão totalmente diferente da ciência. A ciência, longe de apresentar os homens como produtos incidentais de forças físicas cegas, sugere a existência de um projeto inteligente, um Universo dirigido por leis sábias que podem ser lidas pelos métodos da matemática. Essa tendência da ciência caminha a passos largos, não na direção do ateísmo, mas de um encontro com Deus, mais cedo ou mais tarde. 

Outrossim, disse Linus C. Pauling “A ciência é a busca da verdade, não um jogo no qual uma pessoa tenta bater seus oponentes, prejudicando outras pessoas”. (Linus Carl Pauling, 1901-1994). “A ciência, concordando com Pauling, é a procura da verdade, como a religião também é. A diferença entre as duas é uma questão de método”.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Antes de Crer é preciso Compreender

 


Por Amilcar Del Chiaro

Ser espírita é uma questão de livre opção, por isso, estão equivocados aqueles que pensam que estamos atrás de adeptos. Aliás, Allan Kardec afirmou que para ser espírita, antes de crer, é preciso compreender. Compreender o quê? O que é o Espiritismo, do que se ocupa, qual a sua finalidade. Através do estudo da Doutrina Espírita, que está contida essencialmente na obra Kardequiana, O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, A Gênese, Obras Póstumas, O Que é o Espiritismo e outros opúsculos, aprendemos que a Doutrina Espírita trata essencialmente de: a. Existência de Deus como Pai soberanamente justo e bom, inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. b. Existência e imortalidade da alma e seu destino. Trata, também, da sua preexistência. c. Comunicabilidade entre vivos e mortos, ou numa linguagem espírita, encarnados e desencarnados, através da mediunidade, ponte feita com um material que se chama amor, por onde transitam nossos amados que viajaram antes, ou aqueles que nos odeiam, para exercer perseguições. d. A reencarnação, que é sempre progressiva e na humanidade. 

A finalidade da reencarnação não é a de quitar erros do passado, e sim, a de levar o espírito a perfeição, destinação superior que lhe foi dada pelo criador. O Espiritismo é cristão, e a sua moral é a evangélica, porque é a melhor que existe. Entretanto é preciso compreender que ele está acima dos dogmas, e aberto a todas as filosofias e religiões, porque Jesus de Nazaré não pertence a uma seita ou a um povo, é um missionário sem pátria, sem sectarismo. O objetivo essencial do Espiritismo é o de melhorar o homem moral e intelectualmente, para que o homem melhore o mundo. Embora o Espiritismo ensine ao homem que a sua verdadeira pátria é a espiritual, ele não se preocupa em levar o homem para o céu, e sim, fazer da Terra um mundo melhor, de paz, harmonia, justiça. Viver com dignidade é uma das nossas lutas, e para viver com dignidade o homem deve ter o suficiente, como uma casa onde construa um lar. É preciso ter alimentos, roupas, escola em todos os níveis, assistência médica e dentária, emprego, lazer. Aprendemos, ainda, com o Espiritismo, que a prece é um ato de adoração a Deus. Ela não muda as leis do universo, mas dá forças, coragem, ânimo e fé. Através da prece ligamo-nos com Deus, e criamos um ambiente de fraternidade e de união com os nossos entes queridos desencarnados. Queremos deixar bem claro que o Espiritismo não admite a mediunidade profissional. Daí de graça o que de graça recebeste, é o lema orientador do Espiritismo, pois ninguém pode arbitrar um preço ao trabalho dos espíritos, e nem obrigá-los a se manifestarem. Está aí, em linhas gerais, que precisam ser aprofundadas, as finalidades do Espiritismo. Reiteramos nossa argumentação de abertura: O Espiritismo aconselha, que, antes de crer, é preciso compreender.

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Alzheimer, nossa outra Infância


Por João Alberto Teodoro 

Não deixe de amar só porque as lembranças se foram. São folhas que foram levadas pelo vento. 

A gratidão é o retorno que seu coração deve externar. Ame enquanto existirem as folhas. A árvore da vida terá outras experiências e seus galhos terão novos brotos. 

Quantas sementes, essa mesma árvore deixou para você, quantos exemplos de vida estão em sua memória. 

Nos momentos em que você carinhosamente cuida desse ser que continua a brilhar, ela as vezes não tem palavras certas para expressar os sentimentos de gratidão. Mas o olhar muitas vezes perdido no tempo ainda tem um brilho, as vezes quase opaco. Esse brilho é uma palavra de gratidão pra você. 

Quem é você? Um desconhecido? Não importa que ela não se lembre de você. Você sabe quem é ela e sabe quão difícil foi a jornada para que você conseguisse chegar onde chegou. Nunca lhe faltaram o amor, o carinho e os conselhos. 

Poderíamos dizer que temos duas infâncias. 

A Primeira quando temos um Mundo Novo a se descortinar em nossa frente, e com passos indecisos, caímos, ralamos os joelhos, mas continuamos a andar, sempre com as mãos protetoras a nos segurar. 

Estamos aprendendo muitas coisas novas, ela com carinho nos ensina o certo e o errado. São os primeiros passos. 

Conversamos com amiguinhos invisíveis aos olhos dos outros, mas nós sabemos quem são. Gostamos quando no momento de comer o papá alguém faz aviãozinho, assim sorrindo nos alimentamos. 

A Segunda infância, caminhamos com passos vagarosos nos amparando nos moveis e paredes com medo de cair, também precisamos de um andador. Já não temos mais a mesma agilidade. Nossa coordenação já não existe, precisamos que alguém nos dê comida na boca. Isso muitas vezes nos entristece. Somos quase inúteis. É o que pensamos. 

Tudo às vezes é desconhecido, diante de nós aparece um mundo inseguro, não sabemos ao certo se nos pertence ou não. Não lembramos de nomes, de pessoas, as palavras são trocadas para expressar nosso sentimento. 

Duas infâncias uma com o dia nascendo despontando o Sol a iluminar nossos caminhos. A outra com a Noite chegando e com ela a escuridão, a incerteza. 

O que estou fazendo aqui, onde estou? Muitas vezes conversamos com pessoas as quais não são percebidas pelos demais. 

Eles pensam “Coitada esta gagá, falando sozinha” 

A Doutrina nos esclarece que esse momento pode ser considerado como mediunidade, como uma prova ou resgate para quem está cuidando e para todos os envolvidos. 

Lembre se. 

 Somos uma árvore quando jovem temos belos galhos com folhas verdes com uma copa volumosa. 

Com o passar do tempo os galhos ficam frágeis secam e as folhas caem. 

E esteja certo seu amor florescerá nessa árvore que lhe deu abrigo e te alimentou. 

Seja qual for o seu caso, aprenda com isso dando a criança velha tudo aquilo que ela lhe deu e que ela precisa: AMOR.

domingo, 15 de novembro de 2020

Sobre a Meditação


Por Cristina Sarraf

(Dedicado a Juliana Figueiredo)

Trechos do capítulo XV do livro Liberte-se do passado, conferências de Jiddu Krishnamurti, editora Cultrix, 9ª- edição, 1993, escolhidos e ordenados por Cristina Sarraf 

Pautamos nossa vida pelos Princípios do Espiritismo e com eles vamos ampliando e aprofundando o entendimento deles mesmos, de nós próprios e de tudo e todos que compõem essa encarnação. 

Lidar conosco requer recursos, técnicas, estratégias que não estão listadas nesses Princípios e nem nos textos de Kardec, por serem estes, científico-filosóficos. 

Mas podemos escolher alguns que não os neguem, combinando com eles, e nos ajudando no autoconhecimento. 

Uma dessas técnicas, muito antiga, vinda do Oriente e apresentada sobre inúmeras formas, muitas regras e variantes da prática, é a meditação. 

Nosso profundo respeito e admiração pelo livre pensador Jiddu Krishnamurti, é a causa da escolha de suas orientações sobre a meditação. 

Ele nos diz: 

“Meditação não é seguir um sistema; não é imitação constante. Meditação não é concentração. ” 

“A mente é o que é.” ” Só a mente frustrada, limitada, superficial, condicionada, está sempre a buscar o mais. 

Toda exigência de mais nasce da dualidade: “sou infeliz e tenho que ser feliz”. Quando uma pessoa se esforça para ser boa, nesse ser bom está o seu oposto –ser mau. Tudo o que se afirma contém o seu oposto, de modo que o esforço pra dominar a mente torna mais forte aquilo contra o qual se luta: o domínio dos condicionamentos. 

A meditação exige uma mente sobremodo vigilante, porque é a compreensão da totalidade da vida, na qual não existe mais nenhuma espécie de fragmentação (separação das partes). 

Meditação não é controle do pensamento, porque, quando o pensamento é controlado, gera conflito na mente; mas, quando se compreende a estrutura e origem do pensamento, então ele não interfere. Essa compreensão da estrutura do pensar é sua própria disciplina, que é meditação. 

Por isso, meditar é estar cônscio de cada pensamento e de cada sentimento, nunca dizendo que é certo ou errado, porém simplesmente observando e acompanhando seu movimento. Nessa observação, o movimento total do pensamento e do sentimento é compreendido. 

É dessa compreensão que vem o silêncio. 

O silêncio criado pelo pensamento é estagnação, porém o silêncio que vem quando o pensamento compreendeu a sua própria origem, sua própria natureza, compreendeu que nenhum pensamento é livre, porém sempre é velho, esse silêncio é meditação, na qual o meditador não interfere, porque a mente se esvaziou do passado. 

Se você lê este texto durante uma hora, isso é meditação. Se você recolhe algumas palavras e junta algumas ideias, para sobre elas refletir mais tarde, isso então já não é meditação. Pois meditar é um estado em que a mente olha todas as coisas com toda a atenção e não apenas algumas partes dela. 

Ninguém pode nos ensinar a prestar atenção. Se algum sistema nos ensina a estarmos atentos, estaremos atentos ao sistema, e isso não é atenção. 

A meditação é uma das maiores artes da vida – talvez a maior de todas – mas não se pode de modo nenhum aprendê-la de alguém – e essa é que é a sua beleza. Ela não tem técnica e, por conseguinte, nenhuma autoridade.

Quando você está aprendendo a se conhecer realmente, quando você se observa, observa sua maneira de andar, de comer, o que você diz, sua tagarelice, seu ódio, seu ciúme… quando você está cônscio de tudo isso em si mesmo, sem nenhuma escolha, isso faz parte da meditação. 

Assim, a meditação pode ocorrer quando você está sentado num ônibus ou passeando numa floresta toda de luz e sombra, ou ouvindo o canto dos pássaros, ou olhando o rosto de uma pessoa… 

Na compreensão dada pela meditação há amor, e o amor não é produto de sistemas, de hábito, e observância de um método. O amor não pode ser cultivado pelo pensamento.” 

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

O Reinado de Amor


Por Maria de Lourdes Duarte  

Estamos a atravessar tempos difíceis. Isso não constitui segredo para ninguém. Tempos atormentados, dolorosos, em que, inegavelmente, a Humanidade está sendo posta à prova na sua capacidade de superação, resiliência, cooperação, esperança… Não só a Humanidade como um todo, mas cada um de nós, individualmente, está perante a oportunidade de provar a si mesmo e à sua consciência o que vale realmente como Ser Espiritual que é, carregado dos mais diversos valores adquiridos ao longo da já longa jornada evolutiva. 

Por todo o lado, vemos o reconhecimento, mais ou menos generalizado, de que agora, como nunca, a Terra está a passar por um momento crucial, em que será dado mais um passo determinante para o cumprimento do seu destino. Mesmo entre pessoas com poucos conhecimentos no que respeita a espiritualidade, ou de crenças mais tradicionais onde o progresso planetário não é objeto de estudo, parecem ter, com a atual situação pandêmica, começado a tomar consciência de que “algo de superior” tem de estar a presidir aos acontecimentos, proporcionando-nos oportunidades valiosas de reflexão e mudança, assim como possibilitando ao próprio planeta e à sua Natureza aproveitarem o ensejo para se regenerarem de alguns dos estragos que temos vindo a infligir-lhes com a nossa irresponsabilidade e interesses economicistas desenfreados. 

Nós, espíritas, sabedores do fato de que já por cá temos andado vezes e vezes sem conta, acompanhando e vivenciando numerosas épocas históricas com as respectivas oportunidades de aprendizagem, dizemos mais: agora, mais uma vez, uma nova oportunidade nos está sendo facultada pelo Amor do Pai, que não se cansa de nos incentivar e conduzir na senda do progresso. Mais uma oportunidade, que não será, certamente a última, como não é, isso sabemos, a primeira. O que aprendemos com as oportunidades que nos foram dadas anteriormente? Dizem alguns que nada temos aprendido. Continuamos a incidir nos mesmos erros. E que, passado este tempo de desespero e dor, tudo continuará na mesma. Temos uma propensão para o erro, e egoisticamente, passado o susto, continuaremos a agir da mesma forma e depressa esqueceremos as reflexões que agora fazemos. 

Nada de mais errado. Não podemos cair na tentação do negativismo, que não nos deixará avançar e encarar com coragem as mudanças de atitude que se fazem tão necessárias. Se nos convencermos de que somos incapazes de mudar, nada faremos para contrariar essa ideia. Cairemos na posição de estacionamento (já que o retrocesso é contra a Lei de Progresso a que não podemos fugir). Deus não nos dá prova superior às nossas forças. Não nos daria oportunidades que saberia, de antemão, que seríamos incapazes de encarar. Se aqui estamos, precisamente nesta época, a viver os acontecimentos atuais, e não na posição de desencarnados, é porque Deus, e os Espíritos que nos assistem e orientam, nisso viram utilidade para a nossa caminhada evolutiva. E eles esperam e contam ver-nos sair vitoriosos. 

Tentemos refletir na questão colocada acima: se muitas outras oportunidades já nos foram dadas, o que teremos aprendido com elas? Tudo. Foram elas que fizeram de nós o que hoje somos. A inteligência, o conhecimento, a sensibilidade com que olhamos e analisamos a situação atual, a piedade, a nossa visão pessoal das coisas e das situações, o modo como vemos e aceitamos os outros, como sentimos a sua dor e o sofrimento, a capacidade de refletir nos próprios atos, o desejo de crescer a nível pessoal e de com isso contribuir para um mundo melhor… tudo isso é o resultado do somatório das aprendizagens realizadas no caminho percorrido ao longo dos milênios. Mas também o orgulho que ainda nos tolhe, a preguiça de avançar mais rapidamente, de sair da nossa zona de conforto e de trabalhar pelo bem comum, a tendência ao desânimo e ao desespero perante as dificuldades, o comodismo, o egoísmo… também eles são o resultado das oportunidades desperdiçadas e das aprendizagens que poderíamos ter feito e não fizemos. 

Apesar disso, em resultado da tal sensibilidade cultivada e apurada desde vidas anteriores, hoje, talvez como nunca em épocas anteriores, sentimos cada vez mais a dor do outro como nossa. E olhamos o mundo como a casa comum, que é necessário amar e preservar como um verdadeiro lar onde todos têm direito ao seu quinhão de felicidade e bem-estar. Isso leva-nos a importantes reflexões. A atual pandemia veio pôr a descoberto o quanto temos andado a “brincar” com os recursos que Deus nos concede, como bens comuns. Em vez de, colocando a inteligência e os conhecimentos adquiridos ao serviço do progresso geral, tornarmos este planeta um verdadeiro lar em que todos possam encontrar um lugar de trabalho e aperfeiçoamento, alçando o planeta a condições mais elevadas na escala dos mundos, em nome dos interesses mesquinhos de uns, agravamos a situação de pobreza e miséria de outros. Em vez de os povos se unirem e amarem, como membros de uma família universal, dividimo-nos e guerreamo-nos, deixando certas zonas planetárias completamente entregues ao sofrimento que poderia ser combatido e minorado com a boa vontade dos países mais favorecidos materialmente. 

Por interesses políticos, econômicos, consumistas, racistas, até religiosos, acentuamos as diferenças sociais entre os povos, realidade que esta pandemia veio pôr a descoberto, mostrando que alguns países não têm a mínima condição para o combate ao vírus que a todos atormenta. Mas o que é de notar, até os países que se julgam ricos e cientificamente e tecnologicamente avançados estão em dificuldades, perante uma situação que é de todos, e para a qual não estavam (pasme-se!) minimamente preparados. Talvez agora nos apercebamos todos da importância da mudança de paradigma e da adoção de outras atitudes, abandonando as ideias velhas e nos preparando para um futuro mais digno e harmonioso. 

Jesus ofereceu-nos a solução. Desde há mais de dois mil anos nos tem alertado para a necessidade de construir o Reino de Deus, o Reino do Amor. Construí-lo dentro de nós e no mundo que habitamos. Mas, tristemente, o mundo ocidental, de tradição maioritariamente judaico-cristã, na ilusão orgulhosa de detentor da verdade, é o que tem perpetuado os maiores erros, é o que mais tem falhado. Que temos feito das lições e das advertências de Jesus? 

“Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, insistia o Mestre, fazendo da Lei do Amor a principal condição para a construção do Reino de Deus. Mas, compreendendo a dificuldade que teríamos no cumprimento dessa tão “simples” condição, também avisou: “O meu reino não é deste mundo”, ou seja, não seria neste mundo, pelo menos tão cedo, que essa lei se cumpriria. Mas terá de ser assim para sempre? 

Em O Livro dos Espíritos, Capítulo XI, Amar o próximo como a si mesmo, o Espírito Lázaro explica-nos: “O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado”. No mesmo capítulo, garante-nos o Espírito Fénelon: “O amor é de essência divina. Desde o mais elevado até o mais humilde, todos vós possuís, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado”. As advertências dos Espíritos que se manifestam na Codificação Espírita mostram-nos que o cultivo do sentimento do amor é algo que está ao alcance de todos e é imprescindível o apuramento desse sentimento, tal como Jesus nos ensinou. 

Estaremos nós, atualmente, mais aptos à vivência do amor? Estamos convictos que sim. Reparemos que é nos momentos em que a dor aperta, nos momentos de calamidade maior, em que a segurança geral se vê abalada, que a nossa sensibilidade mais desperta, e, com ela, os sentimentos de solidariedade, compaixão, partilha… Vemos isso despertar por todo o lado, de uma forma bastante evidente. Atitudes negativas que antes tolerávamos como rotineiras, em relação a humanos e até mesmo animais, hoje parecem-nos inconcebíveis e repugnantes. Por quê? Porque evoluímos. Já não somos os mesmos. Ou antes, somos os mesmos, mas diferentes, porque aprendemos e apuramos o sentimento. Temos estado a crescer intelectualmente e moralmente. A passinhos curtos, talvez demasiado curtos, mas estamos em crescimento constante. E por isso, de vez em quando, a Espiritualidade Superior dá-nos um “empurrãozinho” piedoso, para que acordemos e avancemos com passos mais seguros. Por quê? Por Amor. Sempre por Amor. 

O Amor é o motor que faz avançar o Universo. Foi por Amor que Deus nos criou. Foi por Amor que Jesus desceu dos Páramos Superiores até ao nosso mundo atrasado, para nos fazer subir com Ele. É por Amor que temos numerosos Amigos Superiores a trabalhar incansavelmente para que agarremos todas as oportunidades de crescimento e possamos fazer a nossa amada Terra avançar na escala dos mundos. 

É por Amor, com o Amor e pela prática do Amor que haveremos de construir aqui mesmo na Terra o Reino de Deus, solicitado no Pai Nosso, quando pedimos ao Pai “venha a nós o Vosso Reino, assim na Terra como nos Céus”. Faça-se aqui na Terra o que já se está fazendo nos Céus: o Reino do Amor, da Harmonia, da Paz, da Solidariedade entre os homens e entre os povos. Será esse o reino de Deus, em qualquer lugar e em qualquer tempo que nos encontremos. Se não estivesse ao nosso alcance, Jesus não no-lo teria anunciado. E não nos teria ensinado como alcançá-lo. 

É hoje e aqui o tempo certo. É esta a hora de enfrentarmos o desafio com Coragem e Fé. Não desperdicemos mais uma oportunidade que Deus nos concede… mais uma vez. Inauguremos, de uma vez por todas, o Reinado do Amor. 

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Falando um pouco mais sobre o Bullying

 


Por Carlos Pereira 

Bullying. Quem hoje em dia não ouviu falar ou conhece essa palavra de origem inglesa? 

O Bullying é um termo usado para descrever determinados atos de violência física ou psicológica intencionais e repetitivos, geralmente oriundos do preconceito ou da intolerância e que são praticados por um ou por um grupo de indivíduos com a finalidade de intimidar ou agredir a um outro indivíduo (ou mesmo a um grupo de indivíduos) incapazes de se defender. Ele pode acontecer tanto no ambiente escolar, de trabalho, familiar como também através das redes sociais (Cyberbullying). Refletindo um pouco sobre essa definição, podemos facilmente chegar à conclusão de que se trata de um ato de extrema covardia e crueldade para com o próximo. 

Todo aquele que se proclama cristão, tendo eleito Jesus como modelo e guia sabe que O Mestre nos conclama em seu evangelho ao mandamento maior, ou seja, a Lei de Amor (“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.” (Mateus, 22:34 a 40.) E ainda no evangelho nos orienta com a máxima, “Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas”. (Mateus, 7:12.) Partindo desses princípios, podemos facilmente chegar à conclusão de que o bullying é uma ação que vai de encontro a lei de amor e caridade e que invariavelmente nos coloca compromissados com a lei natural de causa e efeito. 

É muito importante para nós, que estamos conhecendo ou mesmo já estamos caminhando na doutrina espírita, que nos aprofundemos um pouco mais ao estudo dessas leis, para compreendermos os mecanismos naturais da justiça divina e assim, abolirmos de vez essa pratica danosa de nossas vidas.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

A Bioquímica prova a Lei de Causa e Efeito

 


Por Rogério Coelho 

A estrutura do DNA é a resultante daquilo que nosso Espírito determina para si. 

“A cada um será dado segundo as suas obras.” - Jesus. (Mt., 16:27.) 

Existe um livro - hoje raro - que não consta dos catálogos das distribuidoras de livros espíritas, de autoria de C. Torres Pastorino, intitulado: “Técnica da mediunidade”, editado pela Sabedoria Livraria Editora Ltda. no ano de 1970, constituído por um ensaio do qual muitos tópicos foram publicados pela Revista Sabedoria, contendo farta ilustração. 

Apesar de sua linguagem científica e escorreita, vez que o autor era detentor de vasta cultura geral, é um livro de leitura agradável, acessível, apreciável e instrutiva. 

Vamos extratar algo de seu conteúdo, para deleite e instrução de todos nós, e em especial para os trabalhadores da área da mediunidade com Jesus. Observemos como o autor consegue mostrar com muita propriedade a ciência moderna, ratificando os postulados legados por Jesus, ora confirmados pela Doutrina Espírita, no que se refere à Lei de Ação e Reação: “após alguns milênios de conhecimento da Lei de Causa e Efeito, quer por meio das revelações espirituais, quer pelas filosofias, sobretudo orientais, chegou a vez da comprovação científico-experimental dessa Lei... 

Em estudos e pesquisas laboratoriais de bioquímica, os biólogos descobriram que dentro do núcleo ultramicroscópico da célula, existe o DNA. Trata-se de um ácido de açúcar desoxidado, em cuja composição são encontrados: fósforo sob a forma de ácido fosfórico (H3 PO4); açúcar sob forma de desoxirribose; e quatro bases de nitrogênio: adenina, guanina, citosina e timina.  Essas bases de nitrogênio são, precisamente, a quota de ‘prana’ [1] que alimenta cada célula, pois do nitrogênio formam-se os aminoácidos, que são os blocos construtivos das proteínas. 

Segundo James D. Watson e Francis Crick, o DNA (ácido desoxirribonucleico) do inglês (Deoxyribosenucleic Acid), é constituído por dois cordões (duas cadeias de polinucleotídeos) entrelaçados entre si, formando dupla hélice, possuindo dez nucleotídeos em ambas as cadeias em cada volta da espiral. As cadeias são helicoidais para a direita, mas têm direção oposta, isto é, são antiparalelas. Entre os dois cordões, há travessas ligando-os a intervalos regulares, assim como degraus de uma escada de caracol. Tais cordões e travessas que permanecem comprimidos e enroscados dentro do núcleo, só são percebidos por microscópios eletrônicos poderosíssimos com capacidade de aumentar a imagem mais de 300.000 vezes. 

Os cordões se complementam mutuamente, e é interessante observar que a sucessão de bases numa cadeia rege a sucessão oposta. Essa disposição pode ter aplicação genética. Pouco se sabe a respeito da sequência dos nucleotídeos, na estrutura primária do DNA, exceto que ela não depende do acaso. Lógico que nada sendo casual, muito menos o seria o princípio determinante da vida de uma criatura, o módulo pelo qual são regidos todos os esquemas físicos de um corpo que vai servir de veículo a um Espírito eterno; toda a programação das atitudes, das qualidades, dos defeitos; todas as determinantes da saúde e das enfermidades genéticas (mesmo que só se manifestem muitos anos depois do nascimento); das perfeições e das deficiências; todas as ocorrências somáticas e sua periodicidade e respectivas consequências. 

A estrutura do DNA não depende mesmo do acaso, nem mesmo dos genitores: é a resultante daquilo que nosso Espírito determina para si mesmo, automaticamente, por sintonia vibratória própria, influindo na constituição interna do cérebro de cada célula, para que ela reproduza o melhor modelo e o mais perfeito esquema que sirva para a caminhada evolutiva desse EU que, durante predeterminada temporada, vai empreender uma viagem de instrução, aprendizado e experiências, no plano mais denso da matéria. O DNA traça o roteiro ‘turístico’ dessa viagem evolutiva naquele período, e concomitantemente vai marcando as paradas nos portos das dores e nas festas nas cidadelas das alegrias... 

A determinação do módulo é paulatina e gradativamente construída durante uma vida, pela gravação nesse cérebro-relógio celular de nossos atos, palavras e, sobretudo de todos os nossos pensamentos e desejos, desde que tenham força, intensidade, constância e capacidade para moldá-las. Nesse DNA vamos, diariamente, numa vida, gravando o que nos ocorrerá na vida seguinte: é a construção lenta, mas segura, de um carma infalível e inevitável. Não depende do acaso e sim da árvore que nascerá, da plantação que formos realizando ao longo de nossa vida...

 O DNA, portanto, tem importância biológica fundamental nas células animais, vegetais e bacterianas, e em alguns vírus, como depositário da informação genética. 

Em cada zigoto, os genes constituídos pelo DNA são portadores de um código cifrado, que constitui a programação básica que preside a todas as transformações químicas no interior da célula da qual se origina o corpo humano. É, pois, no zigoto que o Espírito reencarnante vai gravar o programa de sua vida inteira. Aí ele escreve por efeito de sua frequência vibratória e como consequência do que traz em seu períspirito ou corpo astral, o código cifrado, que vai presidir a todas as transformações físicas, químicas, orgânicas, biológicas de todas as células, no transcorrer de sua existência terrena”. 

Isso nos leva a concluir o seguinte: quando a moderna Genética Molecular estiver mais desenvolvida, poderá trazer esclarecimentos precisos e informações claras acerca da intimidade do organismo somático com desdobramentos até mesmo para a área metafísica. 

Continuemos a seguir o raciocínio de Pastorino: “(...) o modelo de Watson e Crick diz que quando uma célula se divide (mitose) ela transmite suas características, por meio do código genético, às novas células formadas. Os bioquímicos tentam decifrar esse código, e chegam a afirmar que contêm tão numerosas informações num ser humano que, segundo o D. George W. Beadle, se um digitador transcrevesse em palavras o código DNA de apenas uma célula, ocuparia o espaço equivalente a várias enciclopédias!... 

As fitas do DNA guardam o arquivo de incomensurável número de informações indispensáveis no decurso de uma vida inteira tal como as fitas magnéticas dos gravadores, ou as memórias dos computadores: são instruções, projetos, previsões, com lugar e tempo demarcados, de tudo o que deve ocorrer ao corpo físico”. 

Evidentemente, que “no andar da carruagem” o nosso livre-arbítrio será sempre o artífice dos moldes futuros, competindo ao DNA tão somente o registro e a dinamização do acervo sob sua guarda, que, por sua vez fomenta nossas alegrias ou tristezas em decorrência do bom ou mal aproveitamento das oportunidades a todos oferecidas pela misericórdia de Deus. 

Continua Pastorino: “(...) por tudo isso afirmamos sempre que a célula, com sua Centelha Divina, possui MENTE. Logicamente não se trata de um ‘intelecto’ com livre-arbítrio, mas da fita de um cérebro eletrônico, que depois vai ser colocado na máquina seguinte (no corpo da seguinte encarnação) para dar todas as informações no momento preciso de sua execução. Não falha, e tampouco precisa de temperatura especial ou de eletricidade para trabalhar.

Cremos que está bastante claro: realmente a ciência médica, ou melhor, a Bioquímica, descobriu a Lei do Carma e a sua dinâmica. 

Isso faz-nos compreender que tudo o que temos que passar na vida, já está perfeitamente determinado, não por uma divindade externa, boa para uns e vingativa para outros, mas por nós mesmos. Somos nós que, numa vida, plasmamos a gravação em nosso DNA, e depois somos obrigados a ouvir-lhe a voz severa e inacessível a rogos e choradeiras”. 

Evidentemente o nosso períspirito atua como absorvente dessas informações e, em parceria com o DNA, Espírito e corpo somático colherão compulsoriamente os frutos da sementeira que livremente tivermos feito.

 

[1] - Prana é o nome dado pelos hindus à energia radiante do Sol, que vitaliza tudo o que vive através da fotossíntese e da respiração.

sábado, 7 de novembro de 2020

Benefícios da Pandemia

 


Por Orson Peter Carrara 

Ao lado dos desastres causados na saúde e na economia (aí incluídos os empregos, naturalmente), pela pandemia do Covid-19, com todos os desdobramentos já conhecidos e aqueles que ainda nem imaginamos e que surgirão pela frente, considerando também os aspectos psicológicos e mentais na vida de muitas famílias – seja pelas dolorosas circunstâncias de morte e sepultamentos ou os impactos emocionais daí decorrentes – há que se buscar também os efeitos positivos da complexa ocorrência: 

a) O vírus nos igualou. Já não é a cultura, nem a posição social, nem a inteligência ou o poder que determina os desdobramentos. Todos a ele estamos sujeitos, se não nos precavermos. Isso disciplina uma nova mentalidade no comportamento social, embora a teimosia de muitos em assimilar tais lições; 

b) Embora aparentemente um paradoxo, nos aproximamos mais, apesar de fisicamente distantes. Fizemos descobertas incríveis com a tecnologia já disponível, embora não a houvéssemos valorizado antes em seu aproveitamento agora largamente utilizado; 

c) Alcançamos mais exata noção de nossa fragilidade e pequenez diante dos poderes que verdadeiramente governam a vida; 

d) Apesar de insistente e ainda presente, o vírus concentrou atenções e cuidados, deixando em segundo plano – pelo menos na mídia – os absurdos da corrupção e da criminalidade; 

e) Pais e filhos passaram a conviver mais diretamente, com as lições em casa e convivência mais amiúde; 

f)  Casais e profissionais de todas as categorias tiveram que reinventar suas rotinas, até por questão de sobrevivência. 

g)  Largas adaptações em todos os segmentos sinalizam um novo tempo e uma nova forma de conduzir o cotidiano. 

Claro que mais itens podem ser acrescidos e as preocupações não se centralizam em tais benefícios, antes buscamos as questões de sobrevivência, principalmente, e sentimos falta, por ser natural, imensa falta, da convivência social mais intensa, como habituados que estávamos. 

A realidade, contudo, apresentou-se, exigindo adaptações. E essa nova realidade pode suscitar uma grande pergunta, entre tantas outras: “Qual nossa tarefa, nossa missão, daqueles que estamos e continuamos, homens e mulheres, em empresas e instituições, considerando a continuidade da vida social, ainda que adaptada?” 

Breve reflexão indica que nosso compromisso comum pode ser dividido em três principais itens: a) Instruir (isso cabe em todos os segmentos) = quem tem mais experiência deve preparar pessoas e transferir conhecimentos e experiências para quem está chegando e vai continuar, já que todos somos gradativamente e continuamente substituídos na sequência natural da vida humana; b) Auxiliar o progresso = Nosso dever maior é fazer o que precisa ser feito, portanto, oferecer nosso esforço e trabalho em favor do progresso geral de todos; c) Melhorar as instituições = A evolução da mentalidade humana produziu muitos conhecimentos que se distribuíram em variados segmentos das artes, da cultura, do esporte, da educação, da indústria etc. E todo esforço de melhora em todos os segmentos deve ser permanente meta a ser perseguida, visando ao bem da coletividade, aperfeiçoando métodos e práticas que resultem sempre na melhoria contínua da vida social. 

Há um encadeamento natural na vida e seus segmentos. E todos podemos ser úteis de alguma forma, não havendo missão ou tarefa menor ou maior. Todas são importantes. 

Mas estávamos excessivamente dominados pelo egoísmo (que ainda teima), iludidos por paixões variadas, seduzidos por posses e posições temporárias, envaidecidos muitas vezes por sonhos impraticáveis e mesmo cegos em situações variadas, gerando aflições e tumultos que nem percebíamos. 

A pandemia chacoalhou a vida social, fazendo refletir. Estamos realmente conseguindo retirar lições da finalidade de sua vinda, ou será preciso outra? O tempo dirá.

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Lições de Vida

 


Por Édo Mariani

Com o título acima, o então articulista da Folha de São Paulo, Luciano Mendes de Almeida, em texto publicado no referido jornal, comentou certa vez, com bastante propriedade, a situação em que vivia o nosso país – e com certeza ainda vive nos tempos atuais:

“A corrupção tem por raiz o anseio desregrado de enriquecimento que leva a buscar até meios ilícitos para conseguir o seu propósito. Se analisarmos esse comportamento, percebemos o individualismo de quem pensa somente no seu próprio proveito e se esquece dos outros e, além disso, a ilusão de escolher o enriquecimento a todo custo como meta de vida. É preciso corrigir o erro. A riqueza é projetada como miragem e provoca um dinamismo de sofreguidão que descontrola a percepção de valores e acarreta desvios de conduta. Nessa perspectiva perde-se o empenho pelo bem do próximo e o respeito às exigências da solidariedade. Com efeito, um dos efeitos do enriquecimento é a busca de vida cômoda demais, a acumulação doentia de bens materiais e a procura de vantagens pessoais sem atender ao dever de cidadania de auxiliar os que se encontram em extrema necessidade. O remédio para esses desvios está na educação para a solidariedade que nasce da estima do próximo e do reconhecimento de que o direito do outro a condições humanas de vida tem total procedência sobre meu bem-estar. À luz do Evangelho, cresce ainda mais a responsabilidade pelo próximo, a quem devemos amar e ajudar como Cristo nos ensina, escolhendo até uma vida mais simples, em sintonia com a maioria do povo”.

A sofreguidão com que, nos dias atuais, a maioria dos encarnados busca a riqueza material indica claramente a falência dos ensinamentos da educação moral e emocional do ser humano. Vestindo a armadura de um materialismo desenfreado, o homem luta pela posse dos bens perecíveis, iludido de que tais conquistas proporcionarão a si e familiares o gozo da vida na visão ilusória de que a felicidade aguardada consiste em vivenciar os prazeres que o corpo físico lhe oferece.

Assim, pensando e agindo, fecha-se em não cogitar de onde viemos, por que aqui estamos e quais são os objetivos visados pela oportunidade que a vida nos oferece para a nossa evolução espiritual, no atendimento à lei divina que consiste em nos encaminhar para a felicidade tão sonhada por todos, que deve ser conquistada com o  esforço de cada um reparando os erros cometidos em outras existências, nos atentar para a importância de trabalharmos estudando para aprender vivenciando o aprendizado, no atendimento  aos ensinamentos deixados por Jesus, nosso Mestre e Senhor.

A educação intelectual é importante. O homem tem necessidade de se instruir para uma vida consciente e independente, mas apenas a educação intelectual não faz o homem de bem, é também necessária a educação moral e espiritual, que aprimora os sentimentos para que o amor e o saber, juntos, complementem a personalidade individual criando então o homem de bem.

Os Espíritos superiores nos ensinam que “dois são os mandamentos da lei: Amai-vos, o primeiro; instruí-vos, o segundo”.

Falta ao homem o conhecimento do verdadeiro fundamento da bondade, das responsabilidades e consequências que advêm de seus atos. O homem está esquecido que há mais de dois mil anos houve Alguém que nos alertou a esse respeito, ensinando que “a cada um será dado segundo suas obras”.

O homem não tem certeza de que ele é um Espírito imortal e de que sua vida não termina no túmulo. A imortalidade da alma é uma verdade. Ninguém morre ou, nas palavras de Charles Richet, em carta dirigida a Cairbar Schutel, “A morte é a porta da vida”.

O Espiritismo, através da ciência espírita, vem provar essa realidade. Os fatos espíritas pesquisados por cientistas de nome nos dão a certeza de que somos Espíritos e que aqui estamos matriculados na escola da Terra, a fim de aprender as lições que ela nos proporciona. Nossa morada real, porém, é o mundo espiritual.

As religiões precisam unir-se para proclamar essas verdades aos quatro ventos, mostrando, de forma racional, a dimensão da imortalidade. O dia em que os ensinamentos cristãos ganharem a consciência da generalidade das pessoas, o mundo se transformará e a paz será uma constante. Pairará sobre os homens a certeza de que só o amor, lei divina, poderá nos proporcionar a felicidade que, em vão, é procurada na contingência da matéria e da riqueza, que passam.

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Valores e Virtudes: O que importa mais desenvolver?

 


Por Anselmo Ferreira Vasconcelos 

No presente texto adentramos o ferramental indispensável à construção da nossa própria luz – algo ainda extremamente negligenciado pela maioria dos humanos. Simplesmente posto, os pilares de tal realização são as nossas conquistas no campo dos valores morais e virtudes. Essas dimensões são vitais para o desenvolvimento da nossa espiritualidade. Consideremos inicialmente as inúmeras capacidades e competências demandadas dos indivíduos na atualidade. Em outras palavras, para que possamos enfrentar a experiência corporal com relativa chance de êxito precisamos – gostemos ou não – dominar muitas habilidades e instrumentos. A propósito, o advento da explosão tecnológica - calcada na inteligência artificial - só faz crescer a lista de obrigações de cunho profissional. Posto isto, o valor humano está fortemente atrelado ao domínio desses campos. Essa é a realidade nua e crua. 

No entanto, a lista de deveres não se circunscreve apenas e tão somente às coisas da carreira e profissão. É preciso dilatar a visão da vida para outras fronteiras e perspectivas. Posto isto, também Deus – nosso Criador - espera algo de nós em aspectos e pontos mais transcendentes. Nesse sentido, cumpre lembrar que Jesus – o seu mais graduado missionário entre nós, com quem tinha conexões diretas - recomendou-nos a aquisição de luz interior: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 5: 16). 

Com efeito, todos nós tendemos a dispor de certo valor intrínseco – refiro-me a características e qualidades positivas –, produtos do nosso esforço e autoaperfeiçoamento. É também pertinente lembrar que buscar a Deus em nossas decisões e ações é antídoto eficaz contra o erro. Assim sendo, servir a Deus é acrescentar mais valor em nós mesmos (capital espiritual). E é com esse eventual patrimônio – aumentado ou estacionado - que nos reapresentaremos um dia perante a espiritualidade maior para o devido ajuste de contas, aliás, como temos feito reiteradamente ao longo dos milênios, embora não guardemos tal lembrança em nossa memória. Vale destacar que o conceito de valores morais, que basicamente engloba juízos, pensamentos e opiniões, está vinculado à noção de “certo” ou “errado” dentro de um contexto maior de sociedade. 

Mais ainda, há sociedades que permanecem cristalizadas a princípios e condutas (valores, enfim) absolutamente imorais na Terra. Desse modo, para alguns povos do Oriente Médio, por exemplo, a figura de um mártir – elemento capaz de imolar-se em suposto benefício à pátria por meio de atos terroristas – é vista com veneração e reconhecimento. No entanto, à medida que os indivíduos se desenvolvem, também as sociedades passam a condenar certos hábitos e práticas que exaltam a violência e desajuste social. Assim sendo, no Ocidente, tamanho louvor a um assassino nos escandaliza profundamente. 

Dito isto, só o fator espiritual – despertando-nos para realidades mais sublimadas – poderá nos ajudar no correto entendimento da real importância de adquirirmos inquebrantáveis valores universais. Dessa maneira, devidamente equipados pelo cultivo de uma fé estribada em argumentos, ideais e princípios lógicos, poderemos e deveremos ampliar o nosso valor. Nessa perspectiva, que nos aproxima inquestionavelmente mais do Criador, vale destacar as elevadas observações do Espírito Emmanuel, contidas no livro Dicionário da Alma (psicografia de Francisco Cândido Xavier): “A obtenção da fé reclama determinados valores de natureza espiritual. Buscar-lhe a luz positiva, exibindo um coração carregado de forças negativas das convenções terrestres, é o mesmo que reclamar água cristalina da fonte, trazendo um cântaro cheio de vinagre e detritos”. 

O sábio mentor ainda pondera que a criatura humana “vale pela sua expressão de sentimento e de consciência, e é dentro desses valores profundos que precisamos viver, para a consecução das finalidades mais elevadas e mais puras”. 

O outro pilar, como já antecipado, é o das virtudes. Preconizava Aristóteles (385-323 a.C.), o famoso filósofo grego, na sua memorável obra Nicomachean Ethics, que virtude diz respeito aos sentimentos e ações. Em outras palavras, as virtudes nos levam à obtenção das qualidades e predicados que nos alinham ao bem, da excelência moral e da conduta superior, enfim. O alinhamento da criatura inteligente a Deus (luz) pressupõe o desenvolvimento de salientes características e potencialidades no Espírito imortal. A começar pela renúncia aos males do egoísmo, orgulho e egolatria, que moldam a vida íntima da criatura humana hodierna em maior ou menor intensidade. 

Num mundo tão complacente com os erros e imperfeições comportamentais como o nosso, conquistar virtudes destoa quase que completamente. Basta observar o número de personagens que destilam bizarrices e conduta aviltante. Apesar disso, eles ganham a idolatria de muitos com menor discernimento ainda. Políticos e celebridades, a seu turno, entoam discursos agressivos, assim como proferem comentários e pareceres divorciados do equilíbrio e sensatez. 

Pode-se afirmar que a humanidade, infelizmente, não está comprometida com o erguimento de uma sociedade verdadeiramente virtuosa. Por isso, aceitamos com certa naturalidade a cultura dos excessos, dos vícios, da ausência de empatia e respeito. Não constitui uma diretriz geral de vida, como deveria ser, o hábito de fazer aos outros o que desejamos igualmente para nós mesmos. Portanto, os precários índices sociais e de desenvolvimento humano ora existentes refletem quão penoso é assimilar virtudes para nós. Seja como for, o fato é que a criatura que aspira a realizações espirituais necessita entesourar virtudes – único caminho para Deus. 

Como claramente propôs Jesus: “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5: 48). Posto isto, não podemos imaginar que vamos cooperar com os ideais celestes sem implementar amplas transformações em nossa maneira de ver e de ser. 

Respondendo à pergunta que intitula esse texto, pode-se inferir que valores e virtudes são ambas as argamassas do cidadão de bem e do indivíduo espiritualizado. A criatura que sente Deus pulsar em seu interior já se comove com a dor do próximo, se inquieta com a profusão de coisas erradas existentes, se aborrece em tomar parte de empreendimentos comerciais ou esquemas empresariais inspirados pelos ideais maliciosos e soezes etc. 

É chegada a hora de tomarmos uma posição perante todas as arbitrariedades que assolam o mundo. Tergiversarmos diante do mal ou aceitarmos a omissão como argumento à sobrevivência certamente não nos fará bem. Dizem os Mensageiros de Deus que temos claudicado vezes sem conta em nossa trajetória de Espíritos milenares. As desgraças que ora assolam o mundo requerem que pessoas fortes e destemidas deem a sua contribuição para o encaminhamento às soluções dos graves problemas humanos. O meu conselho, portanto, ao irmão(ã) que me lê, é o de seguir os ensinamentos de Jesus, que são puros e sábios. Invista na mudança do seu eu incorporando novos valores e virtudes. Coloque amor absolutamente em tudo que passar pela sua mão. Seja melhor, enfim, em todos os ângulos e aspectos.

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