sábado, 21 de novembro de 2020

Ciência e Ateísmo

 


Por José Carlos Leal 

No meu artigo sobre Deus, (publicado na edição do Correio Espírita de junho-19), chamei atenção para um equívoco muito comum: de afirmar que a ciência leva à descrença e ao consequente ateísmo e que o cientista é uma espécie de pessoa debochada, que ri da divindade e que por ela não tem respeito. Esta figura equivocada encontra-se na representação popular do cientista maluco, do Gênio do Mal, que as histórias em quadrinhos imortalizaram, como os personagens do Doutor Silvana e Lex Luthor. Na última década, porém, é mais injusto, principalmente quando vivemos em um cosmo ordenado, que possui suas próprias leis e que essas leis podem ser estudadas pela mente humana. 

Nos últimos anos, um número cada vez maior de cientistas sérios e honestos começam a estudar esse fantástico quebra-cabeças chamado natureza e, quanto mais se aprofundam nesse estudo, mais ficam perplexos diante daquilo que encontram. O Universo descoberto pela ciência é muito mais fantástico e maravilhoso do que todos os mitos antigos. O que se sabe hoje, no campo da física, por exemplo, é mais inacreditável que o mais inacreditável dos mitos antigos. 

Há cerca de quatro séculos, a ciência entrou em conflito com a religião, porque a primeira parecia ameaçar a segunda de destruir o lugar aconchegante da espécie humana em um cosmo feito sob medida por Deus. A ciência ocupa um lugar incômodo ao dizer ao homem comum: “Olha, não é bem assim.” Desse modo agiu Copérnico, Kepler, Darwin ou Einstein. 

Porém, as pessoas comuns não gostam disso; não gostam que se coloquem em cheque as verdades e a ciência tem tido essa tarefa ingrata. Tem-se, assim, a impressão de que a ciência procura diminuir o papel do homem, dizendo, com Kepler, que ele não é o centro do Universo, ou com Darwin, mostrando que ele não é um anjo decaído, mas um animal em processo evolutivo e muitas pessoas detestam essas coisas. 

É necessário, entretanto, que se tenha uma visão totalmente diferente da ciência. A ciência, longe de apresentar os homens como produtos incidentais de forças físicas cegas, sugere a existência de um projeto inteligente, um Universo dirigido por leis sábias que podem ser lidas pelos métodos da matemática. Essa tendência da ciência caminha a passos largos, não na direção do ateísmo, mas de um encontro com Deus, mais cedo ou mais tarde. 

Outrossim, disse Linus C. Pauling “A ciência é a busca da verdade, não um jogo no qual uma pessoa tenta bater seus oponentes, prejudicando outras pessoas”. (Linus Carl Pauling, 1901-1994). “A ciência, concordando com Pauling, é a procura da verdade, como a religião também é. A diferença entre as duas é uma questão de método”.

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