terça-feira, 17 de novembro de 2020

Alzheimer, nossa outra Infância


Por João Alberto Teodoro 

Não deixe de amar só porque as lembranças se foram. São folhas que foram levadas pelo vento. 

A gratidão é o retorno que seu coração deve externar. Ame enquanto existirem as folhas. A árvore da vida terá outras experiências e seus galhos terão novos brotos. 

Quantas sementes, essa mesma árvore deixou para você, quantos exemplos de vida estão em sua memória. 

Nos momentos em que você carinhosamente cuida desse ser que continua a brilhar, ela as vezes não tem palavras certas para expressar os sentimentos de gratidão. Mas o olhar muitas vezes perdido no tempo ainda tem um brilho, as vezes quase opaco. Esse brilho é uma palavra de gratidão pra você. 

Quem é você? Um desconhecido? Não importa que ela não se lembre de você. Você sabe quem é ela e sabe quão difícil foi a jornada para que você conseguisse chegar onde chegou. Nunca lhe faltaram o amor, o carinho e os conselhos. 

Poderíamos dizer que temos duas infâncias. 

A Primeira quando temos um Mundo Novo a se descortinar em nossa frente, e com passos indecisos, caímos, ralamos os joelhos, mas continuamos a andar, sempre com as mãos protetoras a nos segurar. 

Estamos aprendendo muitas coisas novas, ela com carinho nos ensina o certo e o errado. São os primeiros passos. 

Conversamos com amiguinhos invisíveis aos olhos dos outros, mas nós sabemos quem são. Gostamos quando no momento de comer o papá alguém faz aviãozinho, assim sorrindo nos alimentamos. 

A Segunda infância, caminhamos com passos vagarosos nos amparando nos moveis e paredes com medo de cair, também precisamos de um andador. Já não temos mais a mesma agilidade. Nossa coordenação já não existe, precisamos que alguém nos dê comida na boca. Isso muitas vezes nos entristece. Somos quase inúteis. É o que pensamos. 

Tudo às vezes é desconhecido, diante de nós aparece um mundo inseguro, não sabemos ao certo se nos pertence ou não. Não lembramos de nomes, de pessoas, as palavras são trocadas para expressar nosso sentimento. 

Duas infâncias uma com o dia nascendo despontando o Sol a iluminar nossos caminhos. A outra com a Noite chegando e com ela a escuridão, a incerteza. 

O que estou fazendo aqui, onde estou? Muitas vezes conversamos com pessoas as quais não são percebidas pelos demais. 

Eles pensam “Coitada esta gagá, falando sozinha” 

A Doutrina nos esclarece que esse momento pode ser considerado como mediunidade, como uma prova ou resgate para quem está cuidando e para todos os envolvidos. 

Lembre se. 

 Somos uma árvore quando jovem temos belos galhos com folhas verdes com uma copa volumosa. 

Com o passar do tempo os galhos ficam frágeis secam e as folhas caem. 

E esteja certo seu amor florescerá nessa árvore que lhe deu abrigo e te alimentou. 

Seja qual for o seu caso, aprenda com isso dando a criança velha tudo aquilo que ela lhe deu e que ela precisa: AMOR.

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