Por Simone M. de Almeida Prado
Assim como todas as ciências têm suas bases, pontos de partida sem os quais qualquer conhecimento sucumbe por carência de fundamentação, a ciência espírita tem suas bases sedimentadas a codificação feita por Allan Kardec. A observação e a experimentação, aliadas aos métodos dedutivo e indutivo, perpassados pelo crivo indispensável da razão, foram os instrumentos consagrados pelo codificador para sustentar o grandioso edifício da Doutrina Espírita.
Como o próprio nome diz, a Doutrina é dos Espíritos. Kardec, orientado pelos Espíritos Superiores, reuniu magistralmente os ensinamentos dos Espíritos, conjugando ciência, filosofia e religião, conferindo força e autoridade à Doutrina. Daí concluirmos que não há Espiritismo sem as obras codificadas por Kardec. E isso está claro como água cristalina, ao menos para os que compreenderam as obras básicas.
Todavia, muito se proclama que Kardec vivia em outros tempos, que usou a terminologia e os conceitos de sua época, por isso seu trabalho, no todo ou em parte, jaz ultrapassado. De tão equivocada e pretensiosa alegação, surgem ideias cada vez mais audaciosas. Todas, portanto, nascidas da incompreensão do Espiritismo, o grande desconhecido, como dizia J. Herculano Pires. Ao sabor de levianas interpretações, as bases sofrem sérios abalos e rupturas. Um erro abre espaço a erros ainda maiores e assim, pouco a pouco, caminha-se para a extinção completa dos ensinamentos principais. Não há conhecimento real que encontre suporte confiável partindo de premissas distantes da razão, que o bom senso recomenda.
E bom senso pede coerência com os preceitos contidos na codificação, a fim de evitar que misticismos e engodos, que tanto dificultam a marcha do progresso, sufoquem a boa semente, como foi feito com o Cristianismo em outros tempos. Nem mesmo a caridade, que no Espiritismo encontra seu verdadeiro significado à luz das palavras do Cristo, autoriza a cumplicidade com o erro, com os desvios em nome dessa virtude.
Não há dúvidas de que o Espiritismo, tendo sua natureza progressiva, evoluirá. No entanto, é indispensável compreender que essa evolução não dispensa as bases traçadas pelos Espíritos Superiores e codificadas por Allan Kardec. Aceitar práticas e "novas revelações" estranhas e incoerentes com os ensinamentos espíritas equivale a negligenciar todo o trabalho arquitetado minuciosamente nos Planos Superiores.
A Terceira Revelação restaura os ensinamentos puros de Jesus, comprometidos com a Verdade plena e destinados a libertar as consciências das trevas da ilusão. Toda e qualquer revelação nova, portanto, será acrescentada pela Espiritualidade Maior, no devido tempo, de forma a jamais desdizer o que fora demonstrado sob a supervisão do Governador do planeta, nosso Mestre Jesus. Por isso o trabalho de Kardec nunca será ultrapassado, pois dele a Espiritualidade se serviu para relembrar os ensinamentos cristãos na sua mais fiel interpretação.
Há um dia
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