terça-feira, 24 de março de 2020

Kardec, sempre


Por Simone M. de Almeida Prado

Assim como todas as ciências têm suas bases, pontos de partida sem os quais qualquer conhecimento sucumbe por carência de fundamentação, a ciência espírita tem suas bases sedimentadas a codificação feita por Allan Kardec. A observação e a experimentação, aliadas aos métodos dedutivo e indutivo, perpassados pelo crivo indispensável da razão, foram os instrumentos consagrados pelo codificador para sustentar o grandioso edifício da Doutrina Espírita.

Como o próprio nome diz, a Doutrina é dos Espíritos. Kardec, orientado pelos Espíritos Superiores, reuniu magistralmente os ensinamentos dos Espíritos, conjugando ciência, filosofia e religião, conferindo força e autoridade à Doutrina. Daí concluirmos que não há Espiritismo sem as obras codificadas por Kardec. E isso está claro como água cristalina, ao menos para os que compreenderam as obras básicas.

Todavia, muito se proclama que Kardec vivia em outros tempos, que usou a terminologia e os conceitos de sua época, por isso seu trabalho, no todo ou em parte, jaz ultrapassado. De tão equivocada e pretensiosa alegação, surgem ideias cada vez mais audaciosas. Todas, portanto, nascidas da incompreensão do Espiritismo, o grande desconhecido, como dizia J. Herculano Pires. Ao sabor de levianas interpretações, as bases sofrem sérios abalos e rupturas. Um erro abre espaço a erros ainda maiores e assim, pouco a pouco, caminha-se para a extinção completa dos ensinamentos principais. Não há conhecimento real que encontre suporte confiável partindo de premissas distantes da razão, que o bom senso recomenda.

E bom senso pede coerência com os preceitos contidos na codificação, a fim de evitar que misticismos e engodos, que tanto dificultam a marcha do progresso, sufoquem a boa semente, como foi feito com o Cristianismo em outros tempos. Nem mesmo a caridade, que no Espiritismo encontra seu verdadeiro significado à luz das palavras do Cristo, autoriza a cumplicidade com o erro, com os desvios em nome dessa virtude.

Não há dúvidas de que o Espiritismo, tendo sua natureza progressiva, evoluirá. No entanto, é indispensável compreender que essa evolução não dispensa as bases traçadas pelos Espíritos Superiores e codificadas por Allan Kardec. Aceitar práticas e "novas revelações" estranhas e incoerentes com os ensinamentos espíritas equivale a negligenciar todo o trabalho arquitetado minuciosamente nos Planos Superiores.

A Terceira Revelação restaura os ensinamentos puros de Jesus, comprometidos com a Verdade plena e destinados a libertar as consciências das trevas da ilusão. Toda e qualquer revelação nova, portanto, será acrescentada pela Espiritualidade Maior, no devido tempo, de forma a jamais desdizer o que fora demonstrado sob a supervisão do Governador do planeta, nosso Mestre Jesus. Por isso o trabalho de Kardec nunca será ultrapassado, pois dele a Espiritualidade se serviu para relembrar os ensinamentos cristãos na sua mais fiel interpretação.

Nenhum comentário:

^