quinta-feira, 18 de maio de 2023

Deus e a lógica

 


 

Por Maria Lúcia Garbini Gonçalves

“E Jesus lhe respondeu: Amar a Deus, de todo o seu coração, de toda sua alma e com todo o seu entendimento” (grifo nosso) (1)

Isso foi o primeiro ensinamento que o Mestre pronunciou ao responder a um fariseu doutor da Lei que Lhe perguntou qual era o mandamento maior. E sabemos que se Jesus falou “Este é o maior e o primeiro mandamento” não seria por poucas razões.

A primeira impressão que uma pessoa sempre tem ao debruçar-se seriamente sobre uma obra da Codificação Espírita é sua lógica e  bom senso.

Kardec (2) já nos sinaliza essa característica em o Livro dos Espíritos: “Sua (do Espiritismo) força está na sua filosofia, no apelo que faz à razão e ao bom senso. Na antiguidade ele era objeto de estudos misteriosos, cuidadosamente ocultos ao vulgo. Hoje não tem segredos para ninguém: fala uma linguagem clara, sem ambiguidades; nada há nele de místico, nada de alegorias suscetíveis de falsas interpretações.”

Na época que Jesus reafirmou o primeiro mandamento que Moisés havia recebido, as palavras eram recebidas por mentes moldadas pelos limites da cultura e evolução da época. Hoje, devido ao progresso da humanidade nas diversas áreas do conhecimento, como a ciência, a filosofia, a psicologia, conseguimos entender mais cada ensinamento que Jesus nos deixou, de maneira mais precisa, principalmente após a Codificação Espírita.

No mandamento maior, quando o Mestre nos aconselha amar a Deus de toda a nossa alma e entendimento, Ele estava nos recomendando uma fé raciocinada, tal qual o Espiritismo prega.

Mais tarde, no Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec define que “Fé inabalável só é a que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade”.

Ou seja, Jesus estava mostrando que amar a Deus é algo muito lógico e que não fere a nossa razão, tanto que a ciência nunca esteve tão perto de aceitar Deus como agora, com os avanços que estão acontecendo.

Kardec, induzido pelos Espíritos Superiores, quando recebeu e compilou o primeiro livro da Codificação Espírita, O Livro dos Espíritos, a sua primeira pergunta aos Espíritos foi “O que é Deus?”. Não perguntou “Quem era Deus”, como se Deus fosse um senhor de barbas brancas e muito severo sentado lá no céu, com as falhas humanas. E a resposta à pergunta foi “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”. Ou seja, uma inteligência infinita, que gerou a matéria, que por sua vez, arranjou-se de tal modo a formar planetas e universos físicos, que em bilhões, trilhões, ou mais  de anos, na mais espetacular harmonia química e biológica gerou diferentes vidas adaptadas a viver em diferentes planetas, recebendo a proteção e cuidado de espíritos de outras dimensões, mais antigos na hierarquia de mundos também criados pelo mesmo pai, simples e ignorantes como nós, que progrediram e conseguiram evoluir em inteligência e espírito. Tudo isso no mais maravilhoso encadeamento de causa e consequência; de uma coisa gerando outra na mais perfeita lógica e encadeamento.

Tudo isso gerado pelo amor infinito do Pai. A nós cabe despertar os nossos sentidos para nos conectarmos ao Pai e a todos os espíritos do bem pela oração, pelo bem que praticamos.

Sentimos a brisa fresca no nosso rosto, pois sentimos o calor ou o frio, então mesmo sem enxergá-la sabemos que ela existe. Assim é sentir Deus, vislumbrando a natureza, os animais, o céu, os astros, as pessoas, cada uma com suas características e personalidade, mas que são irmãos com a mesma sede de amor e filhos do mesmo Pai. Isso  é amar a Deus em todo o nosso entendimento.

Sentimos uma dor no coração quando vemos uma criança passando fome e queremos ajudá-la.  Isso é amar a Deus. Ao ajudar qualquer ser neste universo, de qualquer reino, estaremos amando a Deus.

Diante das vicissitudes da vida, se somos persistentes e vamos à luta para a solução, e não desistimos, então as sincronicidades da vida acontecem e tudo dá certo, dentro das nossas necessidades. É Deus em nossa vida nos ensinando a lutar e não desistir. É a força interna que o nosso entendimento nos impele a aceitar, pois necessitamos dela “como o nosso pão de cada dia”.

Esta é a nossa melhor encarnação, isso ilustra a Lei do Progresso, criada por Deus. Quem quer o nosso progresso, só pode nos amar, então o nosso entendimento é retribuir esse amor.

A Lei de Ação e Reação é inevitável, através dela aprendemos a nos amar e amar ao próximo, e esse entendimento, nos leva fatalmente a amar a Deus sobre todas as coisas. Porque se fizermos, ou pensarmos algo ruim a respeito de nosso irmão, recolheremos os efeitos nocivos dos maus pensamentos em nosso organismo, e a vida logo nos ensina que as energias boas e ruins voltam ao emissor. Então a lógica é que devemos nos controlar, e ao fazer isso estaremos fazendo uma caridade ao próximo, e assim, amando a Deus com o consentimento de nossa razão.

Tudo na vida é lógica e razão. Estamos imersos em Deus.

 

Referências:

(1) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 11, item 1; e

(2) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Conclusão, item VI.

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