sábado, 6 de agosto de 2011

Pietro Ubaldi, Liberdade e Renúncia


Liberdade


Nem todas as obrigações palacianas lhe agradavam, mas ele as cumpriu até a sua libertação. A primeira liberdade se deu aos cinco anos, quando solicitou de sua mãe que o mandasse à escola, e aquela bondosa genitora atendeu o pedido do filho. A Segunda liberdade, verdadeiro desabrochamento espiritual, aconteceu no ginásio, ao ouvir do professor de ciência a palavra “evolução”. Minha primeira revelação interior me foi feita ao ouvir meu professor de ciências, no Liceu, proferir a palavra “Evolução”. Meu espírito teve um sobressalto: brotara ao vivo uma centelha, sentira uma idéia central. Tornei-me, a seguir, estudioso de Darwin, mas só para completar seu pensamento. Outra grande liberdade da alma e sobre a reencarnação, tornando-se reencarnacionista, aos vinte e cinco anos, dito por ele uma alocução, em 5 de outubro de 1951, na Federação Espírita do Estado de São Paulo: “Por acaso – digo acaso, mas por certo era obra da Providência – caiu em minhas mãos O Livro dos Espíritos de Allan Kardec. Eu era jovem, desorientado, não tinha, ainda, passado pela experiência dos grandes problemas da vida. Li com grande interesse e vos confesso que, em certo ponto, exclamei: achei!... Eureca! Poderia Ter eu repetido: encontrei, encontrei finalmente a solução que procurava e que me esclareceu!

Ela foi a primeira semente que deu origem ao meu adiantamento espiritual e daquele dia em diante se foi tecendo a trama luminosa no esclarecimento de tal forma que, ampliando-se, ele penetrou a ciência, a filosofia, a religião, os problemas sociais e os problemas de todo o gênero.

Devo, entretanto, confessar-vos precisamente aqui, nesta noite e neste local, que a Allan Kardec devo a primeira orientação e a solução positiva do problema mais complexo que, mais de perto, interessava-me, considerando minha condição de ser humano”. (...)

Daí por diante, os dois mundos, material e espiritual, começaram a fundir-se num só. A vida na Terra não poderia ter outra finalidade, além daquela de servir a Cristo e ser útil aos homens.


Renúncia Franciscana


Aos poucos, Pietro Ubaldi foi abandonando a riqueza, deixando-a por conta do administrador, Ettore Seste Pacini. Após 16 anos de enlace matrimonial, em 1927, com a desencarnação de seu pai, fez voto de pobreza, transferindo à família os bens que lhe pertenciam. Aprovando aquele gesto de amor ao Evangelho, Cristo lhe apareceu. Isso para ele foi a maior confirmação à atitude tomada. Em 1931, Pietro assumiu uma nova postura, estarrecedora para seus familiares: a renúncia franciscana. Daquele ano em diante iria viver com o suor do seu rosto e renunciava todo o conforto proporcionado pela família e pela riqueza material existente. Fez concurso para professor de inglês, foi aprovado e nomeado para o Liceu Tomaso Campailla, e Módica, Sicília – região situada no extremo sul da Itália – onde trabalhou somente um ano letivo. Em 1932 fez outro concurso e foi removido para a Escola Média Estadual Otaviano Nelli, em Gúbio, ao norte da Itália, e ficou mais próximo da família. Nessa urbe, também Franciscana, trabalhou durante vinte anos e fez dela a sua Segunda cidade natal, vivendo num quarto humilde de uma casa, pequena e pobre – pensão do casal Norina-Alfredo Pagani – Via della Cattedrale, 4/6, situada na encosta de um grande monte.


Revista Cristã de Espiritismo, trecho de artigo publicado em 30 de setembro de 2009

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