quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A Fé segundo Pietro

Para encerrar o mês em homenagem a Pietro Ubaldi reservamos a mensagem" Fé", do seu livro "Ascese Mística", na qual o emérito missionário do Cristo descreve como se estabelece a relação entre o humano e o Divino em cada um de nós.





















"A fé não é uma renúncia às faculdades de pensar, ela é antes um estado de graça, que vê e conhece por outras vias e conserva em si a sua alegria infinita; é uma doação em que nada se perde, porque àquele amor e àquela confiança responde o Universo, retribuindo com novas doações; não é cegueira senão para os cegos, porque naquela cegueira se abre a visão e se revelam os céus e aparece fulgurante o pensamento de Deus."

Concebo a consciência como unidade radiante, o eu evolvido como noúre que tende perenemente à difusão, à dilatação de si mesma, que é centro de emanações contínuas. Como, pois, se rompe o círculo fechado da razão e se penetra no céu da intuição e da visão? Como se conquista, com os limitados meios de uma dimensão conceptual inferior, o domínio da dimensão superior? Com a fé. A técnica vibratória nos dá a chave do mistério.

A razão é objetiva. Quer, antes de crer, assegurar-se e, só debaixo de seu controle, confiar. Mas, o método da prudência e da segurança não é o método do vôo. Se não rompermos, por evolução, o círculo em que se fechou a razão, esta jamais sairá dele e dentro dele, impedida de evadir-se, retorna sempre sobre si mesma. E é impossível rompê-lo por evolução, a não ser mediante a introdução na consciência de fatores novos, capazes de lhe dilatarem a potencialidade. Fé é como se designa o ato psicológico com que se introduzem esses fatores novos.

Para que serve permanecer no campo da positividade e da segurança, se este é tão limitado e não oferece possibilidade de expansão? A verdade universal já está totalmente pronta e presente, escancarada diante de nossos olhos. Criá-la não é o que nos compete fazer, mas sim desenvolver a vista para vê-la. Retoma-se, pois, todo o problema, mediante uma transformação de consciência. " "

Não se trata de fé louca, do credo quia absurdum ("Creio porque é absurdo"), desesperada capitulação da razão que pretende ser sempre a única a falar, até fora de seu campo. Que esta se extinga para sempre, dobre-se em suas expressões caricatas e permaneça fechada em seu âmbito.

Podemos compreender que o problema do conhecimento na sua essência e integridade consiste num problema de unificação entre o eu humano e a Divindade, representa um problema de ascese mística, de revelação, porque em nossa consciência aquela Divindade é limitada somente por nossa capacidade de conceber, e se entrega à nossa alma em relação à sua potência de harmonização. Ora, aquele que, em vez de seguir estas vias e pôr-se em estado positivo de confiança que estabelece ressonância, se põe no estado vibratório negativo de dúvida e de desconfiança, que se afasta na dissonância, a si mesmo fechará automaticamente as portas do conhecimento.

Se nos pusermos em posição de resistência, em estado vibratório fechado, qual se nos recusássemos a subir, então nós mesmos nos deteremos e nos privaremos da recepção amplificadora que desce das correntes vivificantes difusas no todo. A razão é um círculo de forças fechadas, é um egoísmo conceptual que a si mesmo não sabe ultrapassar, não se dá por simpatia e não conhece as vias vibratórias da atração que levam à fusão com o não-eu e, portanto à sua dilatação até ele. Necessário se faz subjugar este equilíbrio e reconstruí-lo em mais alta e completa forma, embora seja mais instável e, não obstante, mais dinâmica. E a fé é o primeiro salto para a frente. A fé é, pois, ato criativo por excelência que acompanha a realidade em formação, que voluntariamente pode e sabe antecipar os futuros estados da evolução.

"No duvidoso tormento, tenho interrogado o mais profundo de mim mesmo, dizendo-me: "como posso eu confiar-me a um imponderável que em mim ainda não existe e ao qual devo eu mesmo criar?" E o profundo me tem respondido: crê, porque só a tua fé, base de impulsos ascensionais, tornará objetivas e tangíveis aquelas realidades mais altas que hoje te escapam"."


Do livro "Ascese Mística", de Pietro Ubaldi


Desencarnação de Pietro Ubaldi

S. Vicente (SP), célula máter do Brasil, foi a terceira cidade natal de Pietro Ubaldi. Aquela cidade praiana tem um longo passado na história de nossa pátria, desde José de Anchieta e Manoel da Nóbrega até Pietro Ubaldi que viveu ali o seu último período de vinte anos. O Mensageiro de Cristo, intérprete de Sua Voz, previu o dia, mês e ano do término de sua Obra – Natal de 1971 – com dezesseis anos de antecedência, em seu livro Profecias. Ainda profetizou que sua morte aconteceria logo depois dessa data. Tudo confirmado. Desencarnou no Hospital S. José, em S. Vicente, quarto n.º 5, à 0:30 hora, em 29 de fevereiro de 1972. (Biografia de Pietro Ubaldi, Revista Cristã de Espiritismo).

Imagem: Foto de Pietro Ubaldi em S. Vicente - Monismo

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