É natural que para quem chegou à grande descoberta do "Tu habitas in me" a vida espiritual se transforme. Quanto mais se avança tanto mais se penetra nas realidades espirituais, e tanto mais a forma perde importância e ganha a substancial essência.
Em outras palavras, surge o culto interior. O culto interior é um estado de alma que pode subsistir em qualquer forma, mesmo nas comuns, mas que não se exaure em manifestações físicas e vocais ou impressões sensoriais, e que tende a atingir no fundo do espírito a sensação da presença de Deus. Ocorre então um estranho fato: caem os absolutismos, a intransigência, a convicção de que o próprio ponto de vista possa ser o único para avaliar o infinito. Da verdade se obtém um conceito novo: o de que ela é algo não codificado nem codificável, mas infinito, para cuja aproximação é imperioso trabalhar e sofrer em cada dia. Passa a se conceber a verdade não mais como um cômodo assento em que nos refestelamos para repousar, como o fizeram os nossos ancestrais, mas como uma íngreme ladeira que importa galgar com a própria boa vontade. Ganhando em substância, podemos melhor compreender o valor relativo e transitório das formas e nelas enxergar cada vez menos uma razão de dissensões, de antagonismo. O evoluído é um ser que mais subiu em direção a Deus, Que é unidade, numa ascensão que não pode, pois, deixar de implicar unificação.
O homem comum pode muito bem acreditar ter cumprido todos os deveres espirituais, seguindo algumas práticas e observando uns tantos preceitos, após o que crê ele poder retornar aos seus instintos mais ou menos animalescos. O evoluído, ao contrário, sente sempre a presença de Deus e deve viver noite e dia em face de tal presença, Que ele sabe o que significa: viver em contínuo controle de si mesmo e no domínio da própria natureza animal inferior. Ele pode, pois, assumir liberdades formais, que não devem ser concedidas ao tipo comum, porque este faria mau uso delas, não possuindo na própria consciência o sentido da Lei. Quem possui esse sentido conhece as tremendas conseqüências decorrentes de qualquer erro, porque se o pode velar aos homens, não é possível ocultá-lo de Deus; sabe que é inútil procurar enganá-Lo com ardis ou escapatórias; sabe que é livre, por isso responsável, e que é impossível furtar-se às justas sanções.
A evolução conduz a substanciar cada vez mais o culto exterior, que é veste, com a alma do culto interior. Tal é o futuro do homem - e, por conseguinte, também o das suas religiões -, até que preponderará nele o culto interior. A evolução leva cada vez mais a sentir Deus, não apenas transcendente, mas também imanente, até que o indivíduo espiritualizado sinta a presença Dele não somente em si, mas em torno de si. Então se descobrirá que Deus está em toda parte, que o Seu templo é o universo e a alma, e que o Seu altar pode ser o coração do homem. É certo que o tipo do futuro buscará e orará a Deus de outra maneira e Lhe obedecerá com mais amor e convicção. Assim, a vida, entranhada do divino em cada ato e momento, transformar-se-á em algo diferente. O porvir está na interioridade, no desenvolvimento do "eu".
Pietro Ubaldi
Do livro "Deus e Universo", de Pietro Ubaldi, cap. 16
Em outras palavras, surge o culto interior. O culto interior é um estado de alma que pode subsistir em qualquer forma, mesmo nas comuns, mas que não se exaure em manifestações físicas e vocais ou impressões sensoriais, e que tende a atingir no fundo do espírito a sensação da presença de Deus. Ocorre então um estranho fato: caem os absolutismos, a intransigência, a convicção de que o próprio ponto de vista possa ser o único para avaliar o infinito. Da verdade se obtém um conceito novo: o de que ela é algo não codificado nem codificável, mas infinito, para cuja aproximação é imperioso trabalhar e sofrer em cada dia. Passa a se conceber a verdade não mais como um cômodo assento em que nos refestelamos para repousar, como o fizeram os nossos ancestrais, mas como uma íngreme ladeira que importa galgar com a própria boa vontade. Ganhando em substância, podemos melhor compreender o valor relativo e transitório das formas e nelas enxergar cada vez menos uma razão de dissensões, de antagonismo. O evoluído é um ser que mais subiu em direção a Deus, Que é unidade, numa ascensão que não pode, pois, deixar de implicar unificação.
O homem comum pode muito bem acreditar ter cumprido todos os deveres espirituais, seguindo algumas práticas e observando uns tantos preceitos, após o que crê ele poder retornar aos seus instintos mais ou menos animalescos. O evoluído, ao contrário, sente sempre a presença de Deus e deve viver noite e dia em face de tal presença, Que ele sabe o que significa: viver em contínuo controle de si mesmo e no domínio da própria natureza animal inferior. Ele pode, pois, assumir liberdades formais, que não devem ser concedidas ao tipo comum, porque este faria mau uso delas, não possuindo na própria consciência o sentido da Lei. Quem possui esse sentido conhece as tremendas conseqüências decorrentes de qualquer erro, porque se o pode velar aos homens, não é possível ocultá-lo de Deus; sabe que é inútil procurar enganá-Lo com ardis ou escapatórias; sabe que é livre, por isso responsável, e que é impossível furtar-se às justas sanções.
A evolução conduz a substanciar cada vez mais o culto exterior, que é veste, com a alma do culto interior. Tal é o futuro do homem - e, por conseguinte, também o das suas religiões -, até que preponderará nele o culto interior. A evolução leva cada vez mais a sentir Deus, não apenas transcendente, mas também imanente, até que o indivíduo espiritualizado sinta a presença Dele não somente em si, mas em torno de si. Então se descobrirá que Deus está em toda parte, que o Seu templo é o universo e a alma, e que o Seu altar pode ser o coração do homem. É certo que o tipo do futuro buscará e orará a Deus de outra maneira e Lhe obedecerá com mais amor e convicção. Assim, a vida, entranhada do divino em cada ato e momento, transformar-se-á em algo diferente. O porvir está na interioridade, no desenvolvimento do "eu".
Pietro Ubaldi
Do livro "Deus e Universo", de Pietro Ubaldi, cap. 16
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