segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Herculano Pires e o Regresso à Pátria Espiritual



Nos últimos anos da vida física, a produção literária de Herculano Pires cresceu de maneira espantosamente fecunda. Nas estantes de seu escritório, montado no quarto de dormir, ficaram romances, crônicas, poesias, ensaios, para serem publicadas posteriormente. Entre os originais estava o livro “Educação para a Morte”, que tem o selo das Edições Correio Fraterno. Temática difícil de ser desenvolvida a contento do leitor. Mas Herculano soube colocar esse tema como ninguém o fez antes dele. Ele fala-nos da Morte como se estivesse falando da Vida.

A sua desencarnação deu-se na noite de nove de março de 1979, em virtude de um enfarto. Ele tinha 65 anos de idade, incompletos.

No dia da sua desencarnação, como de costume, estava sendo realizada uma reunião espírita na garagem de sua residência. Ele chegou da rua, entrou em casa e se dirigiu ao banheiro. Ao fechar a porta desse ambiente doméstico, sentiu-se mal e foi levado ao hospital. Os que estavam na garagem não tomaram conhecimento e a sessão continuou. No hospital ninguém esperava que Herculano fosse falecer na Unidade de Terapia Intensiva, esperava-se que ele ficasse bom. Mas, infelizmente, ele desencarnou.

O corpo de Herculano Pires foi enterrado no dia seguinte, às quatro horas da tarde, no Cemitério São Paulo, com grande acompanhamento. Instituições espíritas e culturais fizeram-se presentes. A União Brasileira de Escritores e a Academia Paulista de Letras enviaram flores. Falara à beira do túmulo o deputado e jornalista Freitas Nobre, em nome do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (a bandeira do sindicato cobria o caixão), o deputado e escritor Israel Dias Novaes, o qual frisou que naquele instante fazia-se o enterro de um grande brasileiro. E, entre outros, fez uso da palavra o escritor e jornalista Jorge Rizzini, em nome dos espíritas dos demais Estados. Herculano (Herculaninho) Ferraz Pires agradeceu as homenagens ao seu nobre pai.

Semanas depois, os filhos colocaram no túmulo desprovido de ornamento uma lápide de mármore, onde pode ser lida a primeira estrofe do soneto “Vida e Morte” escrito por Herculano Pires e oferecido à esposa Virginia no dia do aniversário de casamento. Ei-lo:


*“Vida e Morte”

Não procures no túmulo vazio
a alma querida que deixou a Terra.
A morte encerra a vida e a vida
encerra a morte — como eterno desafio.
Ninguém fica no túmulo sombrio
onde somente o corpo é que se enterra.
A alma se eleva além da vida e erra
em mares de bonança e de amavio.
Busca no céu, nos ares, no infinito,
na quinta dimensão, no firmamento,
o ser querido que te deixa aflito.
Hás de encontrá-lo quando, num momento,
rompendo as ilusões do teu conflito,
possas falar-lhe pelo pensamento”.

*Mensagem póstuma recebida por médium no dia do seu desenlace.



Referências:

“José Herculano Pires, O Missionário da Terceira Revelação”, trecho da matéria do Correio Fraterno do ABC. Julho de 2002. Por Cirso Santiago
Fonte: ADE-RJ

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