quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Estudo das obras da Codificação Espírita


Caminho para a libertação


Pertencem à verdade todos aqueles que sabem ser necessário evoluir, à medida que adquirem os conhecimentos dos autênticos princípios que norteiam a natureza humana e que a conduzem ao aperfeiçoamento, à fraternidade, ao amor universal. E a seguem os que dedicam seus esforços, suas faculdades e seus principais cuidados à aplicação e à propagação da verdade incontestável. Jesus veio, pessoalmente, dar testemunho dessa realidade.

O Espiritismo surgiu para alentar o espírito humano, ensinando-lhe a cultivar o fruto sagrado das revelações espirituais, ao reabilitar o Cristianismo que a Igreja deturpara, semeando novamente os sublimes ensinamentos do Cristo no coração dos homens.

O bondoso Espírito Emmanuel faz um importante apelo aos que prosseguem nas fileiras do trabalho renovador:

Efetivamente, não alcançaremos a libertação verdadeira sem abolir o cativeiro da ignorância no reino do espírito. E forçoso será observar que o conhecimento é um tipo de aquisição que exige de nós caridade para conosco, porque, se é possível sanar as deficiências do corpo pelas doações da beneficência, como sejam o alimento ao faminto e o remédio ao doente, a luz do espírito não se transmite nem por imposição, nem por osmose. Quem aspire a entesourar os valores da própria emancipação íntima, à frente do Universo e da Vida, deve e precisa estudar. 1

O estudo da Doutrina Espírita se torna, dia a dia, essencial àqueles que desejam permanecer, de forma consciente, nas hostes do trabalho espírita, adquirindo saber aprofundado dos princípios doutrinários estabelecidos pelo Codificador.

O Espiritismo sério não pode responder por aqueles que o compreendem mal, ou que o praticam de modo contrário aos seus preceitos [...].2

Por isso, principalmente, O livro dos espíritos, O evangelho segundo o espiritismo e O livro dos médiuns são obras excepcionais da Codificação Espírita, além de A gênese e de O céu e o inferno, que as completam. Elas iluminam os caminhos daqueles que desejam permanecer na seara de amor e de caridade, em prol do seu aperfeiçoamento moral, e são fundamentais à compreensão das orientações que emanam do plano espiritual superior, sobre o destino dos homens, dando-lhes elementos indispensáveis à mais perfeita compreensão dos desígnios do Criador.

O imprescindível trabalho de unificação dentro do Espiritismo somente terá êxito quando todos os espíritas se agruparem em torno dos preceitos doutrinários, coordenados e codificados por Allan Kardec, aplicando-os nas instituições e nos centros espíritas a que pertençam e solidificando- -os nas realizações que representam a prática desse sistema tão útil à disseminação do Movimento Espírita.

Nestes tempos dolorosos em que as mais penosas transições se anunciam ao espírito do homem, só o Espiritismo pode representar o valor moral onde se encontre o apoio necessário à edificação do porvir. [...]3

Nem sempre, contudo, os adeptos da Doutrina Consoladora sustentam a pureza das determinações espíritas, como seria desejado, sem nenhuma vigilância de resguardar a unidade e os interesses gerais do Espiritismo. Atualmente, são cometidos absurdos em torno do estudo e da prática espírita sem qualquer cuidado na preservação da legítima interpretação dos ensinamentos doutrinários, o que causa inúmeros problemas aos seus profitentes. Afirma Kardec:

[...] A verdadeira Doutrina Espírita está no ensino que os Espíritos deram, e os conhecimentos que esse ensino comporta são por demais profundos e extensos para serem adquiridos de qualquer modo, que não por um estudo perseverante [...]. Porque, só dentro desta condição se pode observar um número infinito de fatos e particularidades que passam despercebidos ao observador superficial, e firmar opinião. [...]4

Aqueles que desconhecem a verdadeira orientação do Espiritismo se deixam iludir por fantasias e por certas condutas místicas, adulterando a essência das fundamentações teórico-doutrinárias, que são absolutamente claras para os que possuem a certeza da legitimidade de suas declarações. Ser espírita é adquirir o conhecimento das normas da Doutrina Consoladora, é aplicar os seus preceitos morais, é seguir os princípios que as consubstanciam. Kardec nos legou ricas observações a esse respeito. Obras póstumas, o livro organizado por P. G. Leymarie, contém escritos sobre o assunto:

A condição absoluta de vitalidade para toda reunião ou associação, qualquer que seja o seu objetivo, é a homogeneidade, isto é, a unidade de vistas, de princípios e de sentimentos, a tendência para um mesmo fim determinado, numa palavra: a comunhão de ideias. [...]

Dizer-se alguém espírita, mesmo espírita convicto, não indica, pois, de modo algum, a medida da crença; essa palavra exprime muito, com relação a uns, e muito pouco, relativamente a outros. Uma assembleia para a qual se convocassem todos os que se dizem espíritas apresentaria um amálgama de opiniões divergentes, que não poderiam assimilar-se reciprocamente, e nada de sério chegaria a realizar, sem falar dos interessados a suscitarem no seu seio as discussões a que ela abrisse ensejo. 5

Assevera Kardec que “o Espiritismo é uma questão de fundo; prender-se à forma seria puerilidade indigna da grandeza do assunto”.6 Se procurássemos compreender o autêntico sentido do Espiritismo, contribuiríamos para que os centros espíritas se achassem em condições de se unir, fraternalmente, combatendo o perigo da enganação, da falta de fé raciocinada e do fanatismo. Algumas instituições valorizam mais a forma, esquecidas de que o bom aproveitamento dos companheiros entusiastas e sinceros deve ser promovido, sobretudo, nos núcleos e grupos de estudos das lições imprescindíveis contidas na Codificação, a fim de que as atividades, em todas as áreas de atendimento, não reprimam a voz clara e orientadora do verdadeiro princípio doutrinário.

Sem o conhecimento cuidadoso do Espiritismo, ninguém pode, em sã consciência, considerar-se seguro na tarefa que executa! É urgente a leitura de suas obras fundamentais para ingressar nos trabalhos práticos oferecidos nos centros espíritas, mormente em relação à mediunidade. A teoria nos garante maior tranquilidade na ação a desenvolver.

Por outro lado, causa-nos espanto ler o conteúdo de certas obras, que estão sendo publicadas sem a devida precaução, no que tange à nitidez e à correção doutrinária. Trata-se de livros denominados espíritas, falsamente considerados como bons e recomendados para leitura de todos os trabalhadores da seara.

Esses falsos preceitos embaralham a mente dos novos adeptos da crença e de determinados companheiros mais experientes, que não reconhecem o valor do estudo espírita, a respeito da origem de suas diretrizes, de acordo com as excelentes explicações trazidas nas obras basilares.

O iluminado Espírito André Luiz nos chama a atenção para o grave problema, de modo a não esquecermos as responsabilidades que assumimos na divulgação de livros edificantes e nobres:

Sem exclusão de autor ou de tema versado, analisar minuciosamente as obras que venha a ler, para não sedimentar no próprio íntimo os tóxicos intelectuais de falsos conceitos, tanto quanto as absurdidades literárias em torno das quais giram as conversações enfermiças ou sem proveito.

Os bons e os maus pensamentos podem nascer de composições do mesmo alfabeto.7

As chamadas publicações complementares, que subsidiam e interpretam os livros da Codificação, a exemplo das Coleções dos Espíritos Emmanuel, André Luiz, Joanna de Ângelis, e de outros autores idôneos, são de leitura indispensável e devem ser criteriosamente analisadas, sem que, no entanto, se deixe de avaliá-las à luz das contribuições de Kardec, o que exige, por esse motivo, estudos mais rigorosos sobre as orientações dadas pelos Espíritos reveladores.

Somos humildes obreiros da Terceira Revelação; devemos estudar a Doutrina e propagá-la aos que desejam ser livres para o bem e pelo bem.


Clara Lila Gonzalez de Araújo

Referências:


1 XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Estude e viva. Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz. 13. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2012. Na escola da alma, p. 11 a 14.
2 KARDEC, Allan. O que é o espiritismo.
3. reimp de bolso. Rio de Janeiro: FEB, 2011. cap. 2, Noções elementares de Espiritismo, it. 6, p. 171. 3 XAVIER, Francisco C. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. 37. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2012. cap. 24, it. Restabelecendo a verdade, p. 249.
4 KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 92. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2012. Introdução, it. 17, p. 58.
5 ______. Obras póstumas. Trad. Guillon Ribeiro. 40. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. pt. 2, cap. Constituição do Espiritismo. it. 8, Do programa das crenças, p. 403 e 404.
6 ______. ______. it. 6, Amplitude de ação da Comissão Central, p. 399.
7 VIEIRA, Waldo. Conduta espírita. Pelo Espírito André Luiz. 32. ed. 1. reimp. Brasília: FEB, 2012. cap. 41

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