quinta-feira, 29 de outubro de 2015

A infatigável busca pela Partícula Fundamental da Matéria


Na Grécia Clássica, o filósofo Leucipo de Mileto e seu discípulo Demócrito de Abdera fundamentaram a teoria atomista, segundo a qual a menor partícula da matéria seria o átomo, tido como uma esfera sólida, indivisível e impenetrável.

A concepção acerca da porção mínima da matéria começou a mudar quando Sir William Crookes (1832-1919), físico e químico inglês, conhecido no meio espírita pelas experiências efetuadas com a médium inglesa Florence Cook (1856-1904), realizou ensaios que levaram à conclusão sobre a existência dos raios catódicos. Foi investigando os ensaios de Crookes que o físico alemão Gotthilf-Eugen Goldstein (1850-1930) vislumbrou a existência do próton, em 1886, e o físico britânico Joseph John Thomson (1856-1940) entreviu, em 1897, a existência do elétron. Ambas as descobertas colaboraram para que se sepultasse, definitivamente, o Atomismo de Leucipo e Demócrito. O átomo não era mais a mínima fração da matéria.

Desde que tais descobertas foram efetivadas, até os dias de hoje, a corrida em busca da menor subdivisão da matéria tem ocupado o tempo e a mente de físicos teóricos. No decorrer de diversas teorizações e experimentações, fracionou-se o próton em quarks, entreviram-se novas partículas atômicas, os férmions, os hadrons, dentre outras. Enfim, busca-se a mínima fração que venha a compor a essência primordial de toda a matéria existente, seja ela em seu estado gasoso, líquido, sólido ou plasmático. Como consequência de tais investigações, surgem hipóteses diversas, as mais conhecidas são: a do Bóson de Higgs – espetaculosamente chamada “partícula de Deus” – e a Teoria das Supercordas.

Cerca de 15 anos antes de Crookes desenvolver a ampola que resultou na descoberta dos raios catódicos, em meados do século XIX, um grupo de pessoas, praticamente desconhecidas dos cientistas da época, se reunia em Paris. Durante seus encontros, o seleto grupamento realizava um trabalho sério e disciplinado. Porém, mesmo considerando sua circunspecção, provavelmente quase todos os especialistas da Física e da Química repudiariam seus propósitos ao saber que eles buscavam respostas para questões humanas cruciais, não por meio da prática empirista, única reconhecida como válida pela Ciência, mas por meio de perguntas realizadas a Espíritos que outrora animaram personalidades na Terra.

Em determinada ocasião, o educador, escritor e tradutor francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869), dirigente daqueles encontros, o qual, posteriormente, viria a ser conhecido como Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, deparou-se com um dilema. O professor queria melhor entender como se davam as relações entre espírito e matéria. Para tanto, seria necessário aprofundar-se nas indagações e nos estudos.

Foi quando os Espíritos da Codificação explicaram que toda a matéria existente no Universo, inclusive aquela que constituía o corpo espiritual – perispírito –, deriva de um único e primordial elemento, e deram a esse elemento o nome de Fluido Cósmico Universal. Para Kardec e seus seguidores, estivessem ou não habituados às questões da Física, a resposta satisfazia, principalmente por considerar-se a fidedignidade de suas fontes. Partindo daquela informação, o Codificador aprofundou-se no estudo das questões dos fluidos, desenvolvendo interessantíssimos trabalhos sobre o tema.

Infelizmente, a esmagadora maioria dos físicos e químicos de hoje desconhecem as perguntas e respostas dadas durante aquelas reuniões. É até provável que debochassem, se ouvissem o termo “fluido” como referência à unidade básica de toda a matéria existente, ainda que aquele vocábulo estivesse perfeitamente contextualizado ao momento histórico em que foi concebido. Ainda assim, devemos aproveitar a oportunidade para estabelecer correlações entre o Espiritismo e a Ciência humana. Enquanto aquele atesta a existência de uma origem basilar para toda a matéria universal, os representantes da Ciência contemporânea empenham-se em pesquisas, porque estão convictos da existência de uma única fonte para toda a matéria existente no Universo.

Afinal, todos falam sobre a mesma coisa, mesmo que divirjam na terminologia adotada e no método utilizado para conceber a ideia. Em futuro próximo, quando a Espiritualidade e a Ciência não estiverem em lados tão opostos do conhecimento humano, estabelecer-se-á um diálogo entre essas duas áreas, e dúvidas, como a da procedência da matéria, serão mais facilmente dirimidas. Nessa hora, indubitavelmente, Espíritos dos físicos e químicos que pesquisaram a constituição íntima da matéria colaborarão de forma imprescindível, consolidando mais uma conquista em benefício da evolução humana, rumo à sua imperiosa ascensão espiritual.


Licurgo Soares de Lacerda Filho


Referências:

Disponível em: http://www.portalsaofrancisco.com.br/ . Acesso em: 2/5/2011.
Disponível em: . http://www.mundofisico.joinville.udesc.br/ Acesso em: 2/5/2011.
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.
LOUREIRO, Carlos Bernardo. As mulheres médiuns. 3. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2006. PALHANO JR. L. Dicionário de filosofia espírita. Rio de Janeiro: CELD, 2009.

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