terça-feira, 13 de abril de 2010

Reconhecimento e Gratidão


Affonso Soares e Zêus Wantuil


"O que demonstra, de modo brilhante, a intervenção de Deus na História, é o aparecimento, no tempo próprio, nas horas solenes, desses grandes missionários, que vêm estender a mão aos homens e os repor na senda perdida, ensinando-lhes a lei moral, a fraternidade, o amor de seus semelhantes, dando-lhes o grande exemplo do sacrifício de si pela causa de todos."



Não obstante sabermos, todos os espíritas, que a morte é tão somente uma transição natural, inerente à própria vida, e que não significa qualquer perda essencial para o ser, uma vez que o organismo físico, material, perecível, não passa de revestimento grosseiro, tomado à Natureza para a ela um dia retornar – não obstante, repetimos, tal compreensão adquirida nas fontes sagradas da III Revelação –, os espíritas estamos sensibilizados pelo passamento daquele que, durante sucessivas décadas, ofereceu aos homens o testemunho da fidelidade aos compromissos assumidos com o Alto para servir de medianeiro entre os dois planos de vida. Já não mais temos entre nós, no círculo grosseiro das formas, o muito amado médium Francisco Cândido Xavier.

Causaria estranheza identificarmos o querido irmão com o conteúdo da citação que colhemos da obra de Léon Denis, pois que estaríamos ferindo a memória do nosso homenageado, de cujos traços inconfundíveis de caráter sempre avultaram a humildade, a simplicidade, reforçadas pela consciência que sempre teve de sua mera condição de intermediário. Na verdade, a menção de tão profunda tese, desenvolvida pelo eminente discípulo de Allan Kardec, não a aplicamos ao saudoso médium, mas, sim, à coorte de missionários aos quais ele serviu de porta-voz no exercício abençoado de seu mandato mediúnico.

E era assim que ele, como lúcido estudioso e fiel praticante da Doutrina, se via, relembrando-nos a lição fundamental que nenhum médium pode desprezar: apagar-se, como João Batista, para deixar brilhar a Luz que jorra de Mais Alto. É o que o Chico sempre fez, não obstante haver merecido toda a carinhosa evidência que lhe ofereciam tanto os corações sofredores, revigorados pelas bênçãos provenientes de suas faculdades, como os corações de boa vontade, encantados com sua produção e sua personalidade de escol.


Revista O Reformador, abril de 2010

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