Selecionamos nesse artigo, respostas do médium espírita, Chico Xavier, em algumas das suas entrevistas e depoimentos para TVs, jornais e revistas em nosso país e que estão publicadas no livro “Chico Xavier, Entrevistas”, idealizado por Elias Barbosa e tendo como autores o próprio Chico e Emmanuel, o seu mentor espiritual.
OS ESPÍRITOS E O ESPIRITISMO
P – Mestre Chico Xavier, como é que os espíritos consideram o Espiritismo? Como uma Ciência experimental ou uma religião?
R – De início queremos agradecer aos nossos amigos da TV Tupi, canal 4, de São Paulo, na pessoa de nosso caro entrevistador, Saulo Gomes, a atenção que nos dispensa, proporcionando-nos, a alegria da presente visita à nossa Comunhão Espírita Cristã, aqui em Uberaba. Desejamos, também, com a permissão dos amigos, saudar e agradecer a atenção dos amigos telespectadores. Pedimos licença, ainda, para falarmos do entusiasmo com que nosso entrevistador a nós se referiu. Conhecemos nossa total desvalia e sabemos que as palavras do nosso caro Saulo Gomes nascem da sua generosidade, por méritos que não possuímos.
Feita essa ressalva, confessamo-nos ante um inquérito afetivo muito sério, que nos chama a grande responsabilidade, pois, entendemos estarmos diante de ouvintes que procuram a verdade.
...Confesso que, antes de me sentar aqui para a entrevista, pedi aos nossos amigos espirituais, especialmente ao nosso Emmanuel, que dirige nossas atividades mediúnicas desde 1931, que me ajudassem, pois, não tenho o dom da palavra, e me amparassem para que eu errasse o menos possível, nas respostas. Conto, assim, com o perdão de todos.
Os nossos amigos espirituais nos afirmam que apesar do Espiritismo englobar experimentações científicas valiosas para a Humanidade, devemos considerá-lo como doutrina que revive a Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, interpretado em sua pureza e em sua simplicidade para os nossos dias.
De nossa parte consideramos o Espiritismo como religião, em vista das conseqüências morais que a Doutrina Espírita apresenta para a nossa vida e para o nosso trabalho.
OS AVARENTOS E A MISSÃO DO DINHEIRO
P – Nosso Chico Xavier, nós variamos muito no estilo das perguntas porque sabemos que é necessário e oportuno levar ao grande público uma autêntica lição, principalmente, de humanidade. Daí, então, a pergunta que se faz agora: Como é que o mundo espiritual encara a situação dos avarentos na Terra?
R- Os Avarentos, os sovinas, realmente são espíritos doentes. Emmanuel costuma dizer: a criatura que amontoa, amontoa e amontoa os recursos materiais, se nenhum proveito no trabalho, na educação, na beneficência, no socorro em favor dos semelhantes, está desequilibrada.
Quem assim procede está doente e, de certa, na próxima reencarnação enfrentará o resultado desse desvio da realidade.
Os espíritos amigos consideram o dinheiro como sendo o sangue da sociedade; quando colocamos o dinheiro, simplesmente a um canto, sem programa, só para que funcione em proveito dos nossos caprichos, estamos operando no organismo social aquilo que chamamos “trombose” na circulação do sangue. Impedindo a circulação vamos pagar as conseqüências do nosso ato impensado.
Não podemos de maneira nenhuma – dizem os nossos amigos espirituais – condenar o dinheiro ou desfigurar a missão do dinheiro, a pretexto de que nossos irmãos abastados estejam em condições de felicidade maiores que as nossas.
Devemos compreender os que desfrutam a riqueza material como administradores dos bens de Deus. E tantos deles, mas tantos deles, se fazem nossos benfeitores criando trabalho, estimulando a caridade, auxiliando a educação, fundando escolas, protegendo crianças desamparadas, salvando enfermos desprotegidos.
Precisamos valorizar os companheiros que são portadores da fortuna material, cooperando com eles para que possam administrar bem esses recursos, pois são profundamente responsáveis diante do Senhor, como também, aqueles nossos irmãos pobres, que são mais pobres, vamos dizer assim porque todos nós somos ricos diante de Deus.
Hoje, damos graças a Deus por todos aqueles que nos ampararam e nos apontaram o caminho, com paciência e com respeito, sem ferir, ou aumentar as nossas aflições de alma e nossos propósitos de progresso e evolução.
Deus nos fez a todos ricos de saúde, ricos de força, de esperança e de fé. A palavra “pobre” é um tanto imprópria para nossa conservação, digamos, os que estão em penúria material, mas que são humildes diante de Deus, pois não adianta também a penúria material quando nós estamos num estado de inconformação, de rebeldia.
Os mais ricos e os menos ricos são irmãos diante de Deus e nós devemos valorizar os portadores do dinheiro.
DIREITOS AUTORAIS
P – A quem pertencem os direitos autorais destas dezenas de livros psicografados, muitos deles desde 1932?
R – Todos estes livros estão com os direitos doados às instituições espíritas do Brasil que os editam; em maior número com a Federação Espírita Brasileira, sediada na Guanabara, e na Comunhão Espírita Cristã, sediada em Uberaba. Os direitos autorais pertencem a essas instituições e a outras instituições espíritas que os publicaram.
O SALÁRIO DA MEDIUNIDADE
P – Então quem trabalha tanto e trabalhou tanto até agora, nada recebe pelo seu trabalho?
R – Graças a Deus, nunca entrou em nossas cogitações receber qualquer remuneração pelos livros psicografados, que os nossos amigos espirituais consideram como sendo um depósito sagrado.
Mas é preciso que eu me explique. Tenho tido uma compensação muito maior que aquela que pudesse vir ao meu encontro através do dinheiro: é a compensação da amizade.
O Espiritismo e a mediunidade trouxeram-me amigos tão queridos, que me dispensam tanto carinho, que eu me considero muito mais feliz com estes tesouros do coração, como se tivesse milhões à minha disposição.
IMPRESSÕES NO TRANSE MEDIÚNICO
P – Quais as suas impressões quando está psicografando um dos romances de Emmanuel ou um livro de André Luiz, por exemplo?
R – Em verdade eu não sei as palavras, não tenho conhecimento do desenvolvimento verbal daquilo que o amigo espiritual está escrevendo, mas eu me sinto dentro do clima do livro que eles estão escrevendo.
Por exemplo: quando nosso amigo espiritual, Emmanuel, começou a escrever o livro “Há dois mil anos”, em 1938, comecei a ver uma cidade, depois vim a saber que era Roma. Havia jardins na cidade e aquilo me conturbou um pouco, causou-me um certo assombro.
Tendo perguntado, disse-me que estava escrevendo com ele como com alguém debaixo de uma “hipnose branda”; eu estava no seu pensamento conquanto não soubesse as palavras que ele escrevia. E assim tem sido até hoje.
MEDIUNIDADE E SERVIÇO
P – Compreendendo que, Chico Xavier, começou você com a mediunidade em 1927, como consegue perseverar com a mesma idéia no espaço dos últimos 41 anos?
R – Desde o princípio da mediunidade, os espíritos me habituaram à convivência com eles. Acredito que isso ocorreu dessa convivência pois, desde os cinco anos de idade, quando perdi minha mãe no plano material, sinto-me em contacto com os espíritos desencarnados.
A princípio na Igreja Católica e depois, mais tarde, desde 1927, no Espiritismo propriamente considerado.
Creio que foi a convivência com os amigos espirituais. Eles – como por misericórdia – me controlaram, me ajudaram a compreender a obrigação de atendê-los.
Desse modo, essa perseverança não é devida a mim, mas à influência deles.
RESPEITO MÚTUO
P – Francisco Cândido Xavier, médium Chico Xavier, como os chefes da Igreja Católica o vêem, o entendem, o compreendem?
R – Até os quinze, dezesseis anos de idade, estive nas práticas católicas e encontrei na pessoa dos sacerdotes grandes amigos.
Em 1927, quando me afastei das práticas católicas e despedi-me daquele que era um particular amigo, o padre Sebastião Scarzelli, pedi que me abençoasse, que orasse por mim e pedisse à nossa Mãe Santíssima que me abençoasse. Ele prometeu-me que faria isso porque sabia dos meus conflitos interiores, das minhas dificuldades.
Todos os nossos amigos católicos, também, sempre me trataram com muito respeito e só tenho a agradecer-lhes pela bondade com que me tratam até hoje, tanto em Pedro Leopoldo, onde nasci, como aqui em Uberaba, onde estou praticamente há dez anos, vinculado à família uberabense, da qual recebo as maiores provas de estima e bondade, de católicos e profitentes de outras religiões.
TRANSPLANTES E CORPO ESPIRITUAL
P – Há uma pergunta que nós queremos ler com muita atenção. Mestre, dizem os espíritos que o corpo físico é uma duplicata do corpo espiritual; no transplante do coração não haverá um choque entre a existência do órgão que permaneceu no corpo astral ao lado do que foi substituído?
R – Por isso mesmo que o nosso amigo André Luiz considera a rejeição como um problema claramente compreensível, pois o coração do corpo espiritual está presente no receptor. O órgão astral, vamos dizer assim, provoca os elementos da defensiva do corpo, que os recursos imunológicos em futuro próximo, naturalmente, vão sustar ou coibir.
IMPRESSÃO DEPOIS DA MORTE
P – Chico Xavier, não sabemos se esta pergunta está prejudicada: de modo geral, qual será a primeira impressão da criatura humana, na ocasião precisa da morte?
R – Para todos aqueles que terminaram a existência terrestre com uma consciência tranqüila, limpa, conquanto os muitos erros em que todos nós incorremos nesta existência, a impressão no outro mundo é de profunda alegria, de felicidade mesmo, no reencontro com as pessoas queridas que nos antecederam na grande transformação.
Mas, quando nós malbaratamos os patrimônios da vida, quando não consideramos as nossas responsabilidades, é natural que soframos as conseqüências disso no mundo espiritual, antes de voltarmos, naturalmente à Terra, em novo renascimento, para o resgate que se faz jus.
OS TRÊS ASPECTOS DO ESPIRITISMO
P – Dos três aspectos doutrinários do Espiritismo – o científico, o filosófico e o religioso –, qual o mais importante, no seu entender? Por quê?
R – Temos aprendido com os benfeitores da Vida Maior que todos os três aspectos do Espiritismo são essencialmente importantes, entretanto, o religioso é o mais expressivo por atribuir-nos mais amplas responsabilidades de ordem moral, no trato com a vida.
EMMANUEL E A RELIGIÃO ESPIRITA
P – Pelo que depreendemos, dá o benfeitor Emmanuel muita ênfase ao prisma religioso da Doutrina Espírita. Por que isso?
R – Emmanuel costuma afirmar-nos que, sem religião, seríamos na Terra, viajores sem bússola, incapazes de orientar-nos no rumo da elevação real.
TÉCNICA DOS ESPIRITO
P – Em seu contato permanente com o mundo Espiritual, nos seus 44 anos de mediunidade, qual a técnica dos Benfeitores Espirituais quanto à divulgação doutrinária?
R – Não posso precisar qual seja a técnica dos nossos Instrutores na divulgação doutrinária, mas a que vejo todos os dias é que, para eles, todas as criaturas são importantes e que todas, – mas claramente todas – são dignas da máxima atenção daqueles que ensinam e esclarecem, nos domínios da consolação e da Verdade.
MEDIUNIDADE COM JESUS
P – Como entende você a mediunidade espírita com Jesus?
R – Para mim, e digo isso apenas com respeito à minha pobre e apagada pessoa, mediunidade espírita com Jesus tem sido um processo de iluminação, pelo qual, quanto mais os Bons Espíritos escrevem e se comunicam por meu intermédio, mais evidentes se tornam os meus defeitos e inferioridades, não só perante os outros como também diante de mim mesmo.
Compreendo, desse modo, que mediunidade com Jesus para mim tem sido um encontro progressivo e constante comigo mesmo, em que a luz dos Amigos Espirituais me mostra, sem violência, quanto preciso ainda aprender e trabalhar para melhorar-me.
TERAPÊUTICA DAS OBSESSÕES
P – Quais os métodos terapêuticos ideais contra o processo obsessivo?
R – Os Bons Espíritos são unânimes em afirmar que quanto mais nos melhorarmos em espírito, menores serão sempre as nossas possibilidades de ligação com as forças desequilibradas das sombras.
RADICALISMO E OBSESSÕES
P – O radicalismo em matéria de fé pode ser encarado como obsessão?
R – Cremos que não, em nos referindo ao simples radicalismo, mas no radicalismo excessivo, admito que estaremos saindo em perturbações.
O ESPIRITISMIO E A FAMILIA
P – Que acha você da posição da Família, nos dias que correm, e da contribuição que o Espiritismo pode dar para a sua consolidação em bases cristãs?
R – Os conceitos de família, à luz da Doutrina Espírita, a nosso ver, caminham para mais ampla compreensão da liberdade construtiva e do respeito mútuo que devemos uns aos outros.
ASSISTÊNCIA SOCIAL E DIVULGAÇÃO
P – No entender de Emmanuel, qual será mais importante: as tarefas de assistência social ou as de divulgação doutrinária?
R – Ambas as tarefas se revestem de importância fundamental na opinião de nosso abnegado orientador.
ESPlRITISMO, LOUCURA E DOENÇAS INCURÁVEIS
P – Como entender a loucura e as doenças chamadas incuráveis, à luz do Espiritismo?
R – Loucura e doenças incuráveis, à luz Espiritismo, estão arraigadas às nossas necessidades e aprendizado e evolução, resgate e aperfeiçoamento, nos campos da reencarnação, e os Instrutores da Espiritualidade acrescentam que a Ciência e a Religião operam no Planeta, sob a inspiração da Providência Divina, para amenizar, diminuir, sustar ou extinguir as provações dos homens, conforme a necessidade e o merecimento de cada um.
OS TEMPOS ESTÃO CHEGADOS
P – Os espíritas dizem sobre a transição de nosso planeta: "Os tempos estão chegados". O que diria Chico Xavier a esse respeito?
R – Sim, chegados para um maior conhecimento da verdade, com o patrocínio da Ciência.
Cada um de nós, no entanto tem sofrido impactos muito grandes dessas mesmas verdades, por falta de Cristo em nosso coração, e nós não estamos sabendo aliar o coração ao cérebro.
Temos uma inteligência talvez excessivamente cientificista, mas o coração um tanto quanto retardado.
Precisamos desalojar o ódio, a inveja, o ciúme, a discórdia de nós mesmos, para que possamos chegar a uma solução em matéria de paz, de modo a sentirmos que “os tempos estão chegados”, para a felicidade humana.
PROVA DA REENCARNAÇÃO
P – Qual a maior prova concreta que Francisco Cândido Xavier aponta sobre a reencarnação?
R – A lógica para compreendermos a desigualdade no campo das criaturas humanas.
Por que é que uns renascem sofrendo em condições muito mais difíceis do que os outros? Não podemos admitir a injustiça divina! Deus é a justiça suprema. Portanto nós devemos a nós mesmos a conseqüência dos nossos desajustes.
Se eu pratiquei um crime, se lesei alguém, é natural que não tendo pago a minha dívida moral, durante o espaço curto de uma existência, é justo que eu faça esse resgate em outra existência, porque de outro modo, compreenderíamos Deus como um ditador, distribuindo medalhas para uns e chagas para outros, o que é inadmissível.
OS ESPÍRITOS E O ESPIRITISMO
P – Mestre Chico Xavier, como é que os espíritos consideram o Espiritismo? Como uma Ciência experimental ou uma religião?
R – De início queremos agradecer aos nossos amigos da TV Tupi, canal 4, de São Paulo, na pessoa de nosso caro entrevistador, Saulo Gomes, a atenção que nos dispensa, proporcionando-nos, a alegria da presente visita à nossa Comunhão Espírita Cristã, aqui em Uberaba. Desejamos, também, com a permissão dos amigos, saudar e agradecer a atenção dos amigos telespectadores. Pedimos licença, ainda, para falarmos do entusiasmo com que nosso entrevistador a nós se referiu. Conhecemos nossa total desvalia e sabemos que as palavras do nosso caro Saulo Gomes nascem da sua generosidade, por méritos que não possuímos.
Feita essa ressalva, confessamo-nos ante um inquérito afetivo muito sério, que nos chama a grande responsabilidade, pois, entendemos estarmos diante de ouvintes que procuram a verdade.
...Confesso que, antes de me sentar aqui para a entrevista, pedi aos nossos amigos espirituais, especialmente ao nosso Emmanuel, que dirige nossas atividades mediúnicas desde 1931, que me ajudassem, pois, não tenho o dom da palavra, e me amparassem para que eu errasse o menos possível, nas respostas. Conto, assim, com o perdão de todos.
Os nossos amigos espirituais nos afirmam que apesar do Espiritismo englobar experimentações científicas valiosas para a Humanidade, devemos considerá-lo como doutrina que revive a Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, interpretado em sua pureza e em sua simplicidade para os nossos dias.
De nossa parte consideramos o Espiritismo como religião, em vista das conseqüências morais que a Doutrina Espírita apresenta para a nossa vida e para o nosso trabalho.
OS AVARENTOS E A MISSÃO DO DINHEIRO
P – Nosso Chico Xavier, nós variamos muito no estilo das perguntas porque sabemos que é necessário e oportuno levar ao grande público uma autêntica lição, principalmente, de humanidade. Daí, então, a pergunta que se faz agora: Como é que o mundo espiritual encara a situação dos avarentos na Terra?
R- Os Avarentos, os sovinas, realmente são espíritos doentes. Emmanuel costuma dizer: a criatura que amontoa, amontoa e amontoa os recursos materiais, se nenhum proveito no trabalho, na educação, na beneficência, no socorro em favor dos semelhantes, está desequilibrada.
Quem assim procede está doente e, de certa, na próxima reencarnação enfrentará o resultado desse desvio da realidade.
Os espíritos amigos consideram o dinheiro como sendo o sangue da sociedade; quando colocamos o dinheiro, simplesmente a um canto, sem programa, só para que funcione em proveito dos nossos caprichos, estamos operando no organismo social aquilo que chamamos “trombose” na circulação do sangue. Impedindo a circulação vamos pagar as conseqüências do nosso ato impensado.
Não podemos de maneira nenhuma – dizem os nossos amigos espirituais – condenar o dinheiro ou desfigurar a missão do dinheiro, a pretexto de que nossos irmãos abastados estejam em condições de felicidade maiores que as nossas.
Devemos compreender os que desfrutam a riqueza material como administradores dos bens de Deus. E tantos deles, mas tantos deles, se fazem nossos benfeitores criando trabalho, estimulando a caridade, auxiliando a educação, fundando escolas, protegendo crianças desamparadas, salvando enfermos desprotegidos.
Precisamos valorizar os companheiros que são portadores da fortuna material, cooperando com eles para que possam administrar bem esses recursos, pois são profundamente responsáveis diante do Senhor, como também, aqueles nossos irmãos pobres, que são mais pobres, vamos dizer assim porque todos nós somos ricos diante de Deus.
Hoje, damos graças a Deus por todos aqueles que nos ampararam e nos apontaram o caminho, com paciência e com respeito, sem ferir, ou aumentar as nossas aflições de alma e nossos propósitos de progresso e evolução.
Deus nos fez a todos ricos de saúde, ricos de força, de esperança e de fé. A palavra “pobre” é um tanto imprópria para nossa conservação, digamos, os que estão em penúria material, mas que são humildes diante de Deus, pois não adianta também a penúria material quando nós estamos num estado de inconformação, de rebeldia.
Os mais ricos e os menos ricos são irmãos diante de Deus e nós devemos valorizar os portadores do dinheiro.
DIREITOS AUTORAIS
P – A quem pertencem os direitos autorais destas dezenas de livros psicografados, muitos deles desde 1932?
R – Todos estes livros estão com os direitos doados às instituições espíritas do Brasil que os editam; em maior número com a Federação Espírita Brasileira, sediada na Guanabara, e na Comunhão Espírita Cristã, sediada em Uberaba. Os direitos autorais pertencem a essas instituições e a outras instituições espíritas que os publicaram.
O SALÁRIO DA MEDIUNIDADE
P – Então quem trabalha tanto e trabalhou tanto até agora, nada recebe pelo seu trabalho?
R – Graças a Deus, nunca entrou em nossas cogitações receber qualquer remuneração pelos livros psicografados, que os nossos amigos espirituais consideram como sendo um depósito sagrado.
Mas é preciso que eu me explique. Tenho tido uma compensação muito maior que aquela que pudesse vir ao meu encontro através do dinheiro: é a compensação da amizade.
O Espiritismo e a mediunidade trouxeram-me amigos tão queridos, que me dispensam tanto carinho, que eu me considero muito mais feliz com estes tesouros do coração, como se tivesse milhões à minha disposição.
IMPRESSÕES NO TRANSE MEDIÚNICO
P – Quais as suas impressões quando está psicografando um dos romances de Emmanuel ou um livro de André Luiz, por exemplo?
R – Em verdade eu não sei as palavras, não tenho conhecimento do desenvolvimento verbal daquilo que o amigo espiritual está escrevendo, mas eu me sinto dentro do clima do livro que eles estão escrevendo.
Por exemplo: quando nosso amigo espiritual, Emmanuel, começou a escrever o livro “Há dois mil anos”, em 1938, comecei a ver uma cidade, depois vim a saber que era Roma. Havia jardins na cidade e aquilo me conturbou um pouco, causou-me um certo assombro.
Tendo perguntado, disse-me que estava escrevendo com ele como com alguém debaixo de uma “hipnose branda”; eu estava no seu pensamento conquanto não soubesse as palavras que ele escrevia. E assim tem sido até hoje.
MEDIUNIDADE E SERVIÇO
P – Compreendendo que, Chico Xavier, começou você com a mediunidade em 1927, como consegue perseverar com a mesma idéia no espaço dos últimos 41 anos?
R – Desde o princípio da mediunidade, os espíritos me habituaram à convivência com eles. Acredito que isso ocorreu dessa convivência pois, desde os cinco anos de idade, quando perdi minha mãe no plano material, sinto-me em contacto com os espíritos desencarnados.
A princípio na Igreja Católica e depois, mais tarde, desde 1927, no Espiritismo propriamente considerado.
Creio que foi a convivência com os amigos espirituais. Eles – como por misericórdia – me controlaram, me ajudaram a compreender a obrigação de atendê-los.
Desse modo, essa perseverança não é devida a mim, mas à influência deles.
RESPEITO MÚTUO
P – Francisco Cândido Xavier, médium Chico Xavier, como os chefes da Igreja Católica o vêem, o entendem, o compreendem?
R – Até os quinze, dezesseis anos de idade, estive nas práticas católicas e encontrei na pessoa dos sacerdotes grandes amigos.
Em 1927, quando me afastei das práticas católicas e despedi-me daquele que era um particular amigo, o padre Sebastião Scarzelli, pedi que me abençoasse, que orasse por mim e pedisse à nossa Mãe Santíssima que me abençoasse. Ele prometeu-me que faria isso porque sabia dos meus conflitos interiores, das minhas dificuldades.
Todos os nossos amigos católicos, também, sempre me trataram com muito respeito e só tenho a agradecer-lhes pela bondade com que me tratam até hoje, tanto em Pedro Leopoldo, onde nasci, como aqui em Uberaba, onde estou praticamente há dez anos, vinculado à família uberabense, da qual recebo as maiores provas de estima e bondade, de católicos e profitentes de outras religiões.
TRANSPLANTES E CORPO ESPIRITUAL
P – Há uma pergunta que nós queremos ler com muita atenção. Mestre, dizem os espíritos que o corpo físico é uma duplicata do corpo espiritual; no transplante do coração não haverá um choque entre a existência do órgão que permaneceu no corpo astral ao lado do que foi substituído?
R – Por isso mesmo que o nosso amigo André Luiz considera a rejeição como um problema claramente compreensível, pois o coração do corpo espiritual está presente no receptor. O órgão astral, vamos dizer assim, provoca os elementos da defensiva do corpo, que os recursos imunológicos em futuro próximo, naturalmente, vão sustar ou coibir.
IMPRESSÃO DEPOIS DA MORTE
P – Chico Xavier, não sabemos se esta pergunta está prejudicada: de modo geral, qual será a primeira impressão da criatura humana, na ocasião precisa da morte?
R – Para todos aqueles que terminaram a existência terrestre com uma consciência tranqüila, limpa, conquanto os muitos erros em que todos nós incorremos nesta existência, a impressão no outro mundo é de profunda alegria, de felicidade mesmo, no reencontro com as pessoas queridas que nos antecederam na grande transformação.
Mas, quando nós malbaratamos os patrimônios da vida, quando não consideramos as nossas responsabilidades, é natural que soframos as conseqüências disso no mundo espiritual, antes de voltarmos, naturalmente à Terra, em novo renascimento, para o resgate que se faz jus.
OS TRÊS ASPECTOS DO ESPIRITISMO
P – Dos três aspectos doutrinários do Espiritismo – o científico, o filosófico e o religioso –, qual o mais importante, no seu entender? Por quê?
R – Temos aprendido com os benfeitores da Vida Maior que todos os três aspectos do Espiritismo são essencialmente importantes, entretanto, o religioso é o mais expressivo por atribuir-nos mais amplas responsabilidades de ordem moral, no trato com a vida.
EMMANUEL E A RELIGIÃO ESPIRITA
P – Pelo que depreendemos, dá o benfeitor Emmanuel muita ênfase ao prisma religioso da Doutrina Espírita. Por que isso?
R – Emmanuel costuma afirmar-nos que, sem religião, seríamos na Terra, viajores sem bússola, incapazes de orientar-nos no rumo da elevação real.
TÉCNICA DOS ESPIRITO
P – Em seu contato permanente com o mundo Espiritual, nos seus 44 anos de mediunidade, qual a técnica dos Benfeitores Espirituais quanto à divulgação doutrinária?
R – Não posso precisar qual seja a técnica dos nossos Instrutores na divulgação doutrinária, mas a que vejo todos os dias é que, para eles, todas as criaturas são importantes e que todas, – mas claramente todas – são dignas da máxima atenção daqueles que ensinam e esclarecem, nos domínios da consolação e da Verdade.
MEDIUNIDADE COM JESUS
P – Como entende você a mediunidade espírita com Jesus?
R – Para mim, e digo isso apenas com respeito à minha pobre e apagada pessoa, mediunidade espírita com Jesus tem sido um processo de iluminação, pelo qual, quanto mais os Bons Espíritos escrevem e se comunicam por meu intermédio, mais evidentes se tornam os meus defeitos e inferioridades, não só perante os outros como também diante de mim mesmo.
Compreendo, desse modo, que mediunidade com Jesus para mim tem sido um encontro progressivo e constante comigo mesmo, em que a luz dos Amigos Espirituais me mostra, sem violência, quanto preciso ainda aprender e trabalhar para melhorar-me.
TERAPÊUTICA DAS OBSESSÕES
P – Quais os métodos terapêuticos ideais contra o processo obsessivo?
R – Os Bons Espíritos são unânimes em afirmar que quanto mais nos melhorarmos em espírito, menores serão sempre as nossas possibilidades de ligação com as forças desequilibradas das sombras.
RADICALISMO E OBSESSÕES
P – O radicalismo em matéria de fé pode ser encarado como obsessão?
R – Cremos que não, em nos referindo ao simples radicalismo, mas no radicalismo excessivo, admito que estaremos saindo em perturbações.
O ESPIRITISMIO E A FAMILIA
P – Que acha você da posição da Família, nos dias que correm, e da contribuição que o Espiritismo pode dar para a sua consolidação em bases cristãs?
R – Os conceitos de família, à luz da Doutrina Espírita, a nosso ver, caminham para mais ampla compreensão da liberdade construtiva e do respeito mútuo que devemos uns aos outros.
ASSISTÊNCIA SOCIAL E DIVULGAÇÃO
P – No entender de Emmanuel, qual será mais importante: as tarefas de assistência social ou as de divulgação doutrinária?
R – Ambas as tarefas se revestem de importância fundamental na opinião de nosso abnegado orientador.
ESPlRITISMO, LOUCURA E DOENÇAS INCURÁVEIS
P – Como entender a loucura e as doenças chamadas incuráveis, à luz do Espiritismo?
R – Loucura e doenças incuráveis, à luz Espiritismo, estão arraigadas às nossas necessidades e aprendizado e evolução, resgate e aperfeiçoamento, nos campos da reencarnação, e os Instrutores da Espiritualidade acrescentam que a Ciência e a Religião operam no Planeta, sob a inspiração da Providência Divina, para amenizar, diminuir, sustar ou extinguir as provações dos homens, conforme a necessidade e o merecimento de cada um.
OS TEMPOS ESTÃO CHEGADOS
P – Os espíritas dizem sobre a transição de nosso planeta: "Os tempos estão chegados". O que diria Chico Xavier a esse respeito?
R – Sim, chegados para um maior conhecimento da verdade, com o patrocínio da Ciência.
Cada um de nós, no entanto tem sofrido impactos muito grandes dessas mesmas verdades, por falta de Cristo em nosso coração, e nós não estamos sabendo aliar o coração ao cérebro.
Temos uma inteligência talvez excessivamente cientificista, mas o coração um tanto quanto retardado.
Precisamos desalojar o ódio, a inveja, o ciúme, a discórdia de nós mesmos, para que possamos chegar a uma solução em matéria de paz, de modo a sentirmos que “os tempos estão chegados”, para a felicidade humana.
PROVA DA REENCARNAÇÃO
P – Qual a maior prova concreta que Francisco Cândido Xavier aponta sobre a reencarnação?
R – A lógica para compreendermos a desigualdade no campo das criaturas humanas.
Por que é que uns renascem sofrendo em condições muito mais difíceis do que os outros? Não podemos admitir a injustiça divina! Deus é a justiça suprema. Portanto nós devemos a nós mesmos a conseqüência dos nossos desajustes.
Se eu pratiquei um crime, se lesei alguém, é natural que não tendo pago a minha dívida moral, durante o espaço curto de uma existência, é justo que eu faça esse resgate em outra existência, porque de outro modo, compreenderíamos Deus como um ditador, distribuindo medalhas para uns e chagas para outros, o que é inadmissível.
Fonte: Livro "Chico Xavier, Entrevistas"
Imagens com frases : Grupo Espírita Renascer
Um comentário:
Será q esse ano aínda eu arrumo u trabalho?
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