Por Eliana Haddad
Iniciamos
este ano com a notícia de uma epidemia causada pelo coronavírus, um grupo de
vírus já conhecido desde 1960 e que provoca doenças que vão de infecções leves
a moderadas até as mais graves, como a pneumonia, e que podem levar à morte.
O vírus foi
detectado inicialmente na China, em Wuran. Seu período de incubação é de 2 a 14
dias e apresenta como principais sintomas coriza, dor de garganta, febre, tosse
e falta de ar. A transmissão acontece por meio de tosse ou espirro; contato
pessoal próximo, como toque ou aperto de mão; e contato com objetos ou
superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Desde
dezembro do ano passado, quando surgiram os primeiros casos na cidade chinesa
de Wuhan, milhares de pessoas já foram
infectadas e as mortes já passaram de 2 mil. Cidades são isoladas, aeroportos
fiscalizados, mercado financeiro e turismo sofrem as consequências pelo medo do
avanço da doença e o mundo, enfim, realmente se assusta, pois, vários locais já
foram atingidos.
A
Organização Mundial da Saúde declarou estado de emergência global, advertindo
também para a solidariedade entre os países.
Na Revista
de julho de 1867, Kardec descreve a ‘terrível epidemia’ que devastava já há
dois anos a Ilha Maurício (antiga Ilha de França).
Em
outubro1868, assinada pelo Espírito Clélie Duplantier, Kardec publica a
seguinte comunicação na Sociedade Espírita de Paris: “Sem dúvida é apavorante
pensar em perigos dessa natureza, mas, pelo fato de serem necessários e não
provocarem senão felizes consequências, é preferível, em vez de esperá-los
tremendo, preparar-se para enfrentá-los sem medo, sejam quais forem os seus
resultados.
Para o
materialista, é a morte horrível e o nada por consequência; para o
espiritualista, e em particular para o espírita, que importa o que acontecer!
Se escapar do perigo, a prova o encontrará sempre inabalável; se morrer, o que
conhece da outra vida fá-lo-á encarar a passagem sem empalidecer.
Preparai-vos,
pois, para tudo, e sejam quais forem a hora e a natureza do perigo,
compenetrai-vos desta verdade: A morte não é senão uma palavra vã e não há
nenhum sofrimento que as forças humanas não possam dominar.”
O Aspecto Espiritual
Independentemente
de medidas urgentes a serem adotadas, visando estancar a proliferação do vírus,
vale refletir sobre alguns aspectos interessantes a serem observados: Por que
nem todos são contaminados? Por que uns morrem (2% dos infectados, segundo a
OMS) e outros não?
Inicialmente,
o espiritismo explica que as doenças fazem parte das provas e das vicissitudes
da vida terrena. “Nos mundos mais adiantados, o organismo humano, mais depurado
e menos material, não está sujeito às mesmas enfermidades”.
As condições de vida são muito diferentes da
Terra. Também, “nos mundos felizes, as relações entre os povos são sempre
amigáveis e nunca são perturbadas pela ambição de escravizar o vizinho, nem
pela guerra”. Ora, em resumo, o mal ali não se faz presente, não havendo
expiações.
Isso significa que na Terra ainda vivemos uma
infância espiritual de muitos contrários. “Tendes necessidade do mal para
sentir o bem. Da noite para admirar a luz, da doença para apreciar a saúde”,
nos ensinam os espíritos superiores.
Santo Agostinho, em 1862, em Paris, fez uma
observação sobre as afinidades e desafios enfrentados pelos espíritos nos
mundos expiatórios. A Terra lhes seria fornecida como um dos tipos desses
mundos. “As variedades são infinitas, mas têm como caráter comum servir como
local de exílio a Espíritos rebeldes à lei de Deus. Esses espíritos aí têm que
lutar, de uma só vez contra a perversidade dos homens e a inclemência da
natureza. Trabalho duplamente penoso, que desenvolve ao mesmo tempo as
qualidades do coração e as da inteligência”, explica em O evangelho segundo
espiritismo.
Não há acasos
É claro que uma epidemia assusta, preocupa,
mas é interessante que se tenha esses conceitos espirituais em evidência antes
de se arriscar a fazer qualquer observação, pois Deus, em sua perfeição e
misericórdia, atua através de leis também perfeitas e misericordiosas para que
o progresso seja atingido em toda sua Criação. Por isso não há acasos.
O pensamento materialista nos leva a
conclusões precipitadas, que incluem percepções errôneas referentes a castigos,
desarmonia, confusão, desleixo e fatalidade. A visão espiritualista, porém, nos
colocando acima dos males do corpo físico, convida-nos ao trabalho e à
confiança no futuro para superarmos as dificuldades.
O aprendizado é lento, mas, contínuo. “Temos,
assim, de nos resignar às consequências do meio onde nos coloca a nossa
inferioridade, até que mereçamos passar a outro. Isso, no entanto, não é de
molde a impedir que, esperando que tal se dê, façamos o que de nós depende para
melhorar as nossas condições atuais. Se, porém, malgrado aos nossos esforços,
não o conseguirmos, o espiritismo nos ensina a suportar com resignação os
nossos passageiros males”, esclarece o espiritismo.
Outro ponto importante a ser observado é a
mudança de estado dos Espíritos em evolução, ora encarnados, ora desencarnados.
Uns chegam e outros se vão todos os dias por motivos diversos. Alguns regressam
ao mundo espiritual em desencarnes coletivos, como no caso das guerras,
tragédias e epidemias.
Emigração e Imigração dos Espíritos
Explica a
doutrina espírita que, no intervalo de suas existências corporais, os Espíritos
se encontram no estado de erraticidade e formam a população espiritual ambiente
da Terra. Pelas mortes e pelos nascimentos, as duas populações, terrestre e
espiritual, deságuam incessantemente uma na outra. Há, pois, diariamente,
emigrações do mundo corpóreo para o mundo espiritual e imigrações deste para
aquele: é o estado normal.
Em certas épocas, determinadas pela sabedoria
divina, essas emigrações e imigrações se operam por massas mais ou menos
consideráveis, em virtude das grandes revoluções que lhes ocasionam a partida
simultânea em quantidades enormes, logo substituídas por equivalentes
quantidades de encarnações. (...) Chegadas e partidas coletivas são meios
providenciais de renovar a população corporal do globo. Na destruição de grande
número de corpos nada mais há do que rompimento de vestiduras; nenhum Espírito
perece; eles apenas mudam de ambiente; em vez de partirem isoladamente, partem
em grupos, essa a única diferença, visto que, ou por uma causa ou por outra,
fatalmente têm que partir, cedo ou tarde.
As
renovações rápidas apressam o progresso social. Sem as emigrações e imigrações
que de tempos a tempos lhe vêm dar violento impulso, só com extrema lentidão
esse progresso se realizaria.
É de
notar-se que todas as grandes calamidades que dizimam as populações são sempre
seguidas de uma era de progresso de ordem física, intelectual, ou moral e, por
conseguinte, no estado social das nações que as experimentam.
A Invasão Microbiana
No livro
Evolução em dois mundos, psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira, no
capítulo 40, “Invasão microbiana”, pergunta-se a invasão microbiana está
vinculada a causas espirituais? A resposta: “Excetuados os quadros infecciosos
pelos quais se responsabiliza a ausência da higiene comum, as depressões
criadas em nós por nós mesmos, nos domínios do abuso de nossas forças, seja
adulterando as trocas vitais do cosmo orgânico pela rendição ao desequilíbrio,
seja estabelecendo perturbações em prejuízo dos outros, plasmam nos tecidos
fisiopsicossomáticos que nos constituem o veículo de expressão determinados
campos de rutura na harmonia celular”.
Isso quer dizer que nossos desajustamentos nos
tornam passíveis de invasão microbiana, e dificultam a regeneração natural das
células, instalando-se assim a doença, pela desarmonia causada por nossas
escolhas – conscientes ou não, de agora ou de ontem.
E continua a
resposta: “Geralmente, quase todos os processos de doenças surgem como
fenômenos secundários sobre as zonas de predisposição enfermiça que formamos em
nosso próprio corpo, pelo desequilíbrio de nossas forças mentais a gerarem
ruturas ou soluções de continuidade nos pontos de interação entre o corpo
espiritual e o veículo físico, pelas quais se insinua o acometimento microbiano
a que sejamos mais particularmente inclinados”.
E aqui entra também, ainda conforme a resposta, a importância da transformação moral para uma vida realmente saudável. “Amparo aos outros cria amparo a nós próprios, motivo por que os princípios de Jesus, desterrando de nós animalidade e orgulho, vaidade e cobiça, crueldade e avareza, e exortando-nos à simplicidade e à humildade, à fraternidade sem limites e ao perdão incondicional, estabelecem, quando observados, a imunologia perfeita em nossa vida interior, fortalecendo-nos o poder da mente na autodefensiva contra todos os elementos destruidores e degradantes que nos cercam e articulando-nos as possibilidades imprescindíveis à evolução para Deus.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário