quinta-feira, 16 de maio de 2013

A Companheira do Evangelho


Em pesquisa às várias passagens nas quais Maria se fez serva do Cristo, contribuindo para a materialização do evangelho na Terra, percebemos que a maior quantidade delas refere-se às questões abordadas: recebimento do anúncio do anjo Gabriel, gravidez, parto, viagens e demais questões atinentes a estes processos.

Jorge Damas ao escrever sua obra que trata de Maria, elegeu para o seu vigésimo quinto capítulo o título de “Dezoito Anos de Silêncio”. Referia-se ele ao período de doze anos até os trinta aniversários do Cristo.

“LUCAS: 2-52
“E Jesus progredia em sabedoria, maturidade e em benevolência diante de Deus e dos homens”.

O Evangelho só registra esta frase sobre os misteriosos e intrigantes dezoito anos de silêncio sobre Jesus e seus pais.” (Jorge Damas, Regina, Cap. 25, pág. 229).

Antes disso, a última aparição reveladora do Nazareno foi a descrita em Lucas: 2: 41-51. Nesta passagem o menino Jesus, então com 12 anos, por ocasião da festa da Páscoa, some de seus pais por 3 dias. Ao procurarem por ele o encontram em Jerusalém no Templo, dialogando com os doutores da lei. Daí surge a célebre resposta do Cristo: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar no que é de meu Pai?"

A partir daí é que decorrem os dezoito anos de silêncio. Neste ponto já constatamos pela consulta ao evangelho que Jesus antecipava, em pequenos eventos, o que seria mais tarde toda a gama de ensinamentos e exemplos por ele realizados. Mesmo na sua infância estes sinais apareciam, exatamente porque tinha ele reações como a acima transcrita que não eram experimentadas pelas outras crianças.

Daqui em diante a participação de Maria transforma-se. No início da vida de Jesus eram principalmente nela, mas também em José, concentrados todos os fenômenos descritos no evangelho. Mas quando Jesus inicia sua vida pública o foco dos acontecimentos dirige-se para ele. Nas pregações, na convivência com o público, nas viagens, no templo, no contato com os apóstolos, a presença marcante e mais registrada nas passagens evangélicas é a de Jesus. Maria aparece neste contexto mais como seguidora do Cristo do que como mãe.

No relato de Marcos 3: 31-35, Jesus nitidamente demonstra que seu objetivo maior era evangelizar.

“Chegaram sua mãe e seus irmãos; e ficando do lado de fora, mandaram chamá-lo. E muita gente estava sentada ao redor dele e disseram-lhe: “Olha, tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram. Ele perguntou-lhes dizendo: “quem é minha mãe ou meus irmãos? E olhando para os que estavam sentados em roda, disse:

“eis minha mãe e meus irmãos; pois quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe”.
Teria sua missão acabado? Seria sua tarefa circunscrita à geração e cuidados na infância do Nazareno? O Espírito Áureo, na obra “Universo e Vida” nos esclarece. Já citamos acima este trecho, mas de tão importante, nos socorremos novamente dele.

“Coube a ela fornecer ao Mestre a base ectoplasmática necessária à sua tangibilização, servindo ainda de ponto de referência e de equilíbrio de todos os processos espirituais, eletromagnéticos e quimiofísicos que possibilitaram, neste orbe, a Presença Crística". (Áureo, Universo e Vida, Cap. 7, pág. 116). (Grifos nossos).

Os termos são claros. Dependeu de Maria a Presença do Nazareno. Estar presente não pode significar apenas nascer, mas refere-se a toda a sua existência. E estes processos espirituais, eletromagnéticos e quimiofísicos não se deram apenas na gravidez ou no parto de Maria, sucederam-se também em outras ocasiões. Roustaing nos demonstra:

“Já conheceis bastante, de modo geral, os efeitos magnéticos, para compreenderdes a perfeita naturalidade desse fato que foi considerado um “milagre”. Não ignorais que Jesus dispunha de grande poder sobre os fluidos. Pois bem, o que houve ali foi o resultado de uma ação magnética exercida por ele. A água não se transformou em vinho, como o supôs e espalhou o vulgo ignorante das causas do fenômeno produzido. Por efeito daquela ação magnética, a água tomou, para o paladar dos convivas, o sabor do vinho, o sabor que Jesus lhe impôs”. (Roustaing, Os Quatro Evangelhos, Tomo IV, pág. 154).

Jesus utilizava-se destes recursos em diversas oportunidades. A mente ainda bem atrasada de seu público exigia a existência destes “milagres” para facilitar a crença. O equilíbrio destes fenômenos dependia também de Maria, nos dizeres de Áureo. Jesus encontrava guarida na pura vibração de sua mãe para estabilizar estas reações. Todos os apontamentos já levantados neste trabalho indicam esta direção. Primeiro Maria era o espírito de mais elevada condição espiritual dentre todos que receberam a missão de colaborar com o Cristo.

Segundo, Jesus não manipulava estes fenômenos sozinho, dependia principalmente da energia sublime de sua mãe para concretizá-los. E por último, perceba-se que eventos desta natureza estão presentes em todo o evangelho. Cura de leprosos, cegos que voltam a ver, loucos que são curados e a própria ressurreição do Cristo.

Por todos estes elementos podemos concluir que a participação de Maria, a despeito de em muitas oportunidades se manter em segundo plano, foi decisiva para a materialização do Evangelho na Terra. Nem mesmo nos momentos de contemplação deixou de contribuir positivamente com todos os ensinamentos do Cristo. A mente humana, ainda arraigada na matéria, comporta-se descrente ante as poderosas afirmações do amor.

E Maria trabalhou neste campo, fornecia sua beleza espiritual como banquete de bênçãos ao mundo. Não precisava estar falando ou fazendo a todo o tempo. Bastava se colocar em estado de obediência, aceitando tudo o que Deus dela queria, para que se manifestasse na Terra o verdadeiro Poder do Criador. E Ele criou através de Maria. Trouxe aos homens o maior exemplo de amor verdadeiro que se pode demonstrar. Ainda hoje estamos bem distantes de compreender toda a extensão da aparição da Rainha dos Anjos entre nós. Mas é com Roustaing que concluímos que o tempo se encarrega de ir revelando o que ainda ignoramos. O homem vibra com aquilo que está mais acostumado, com o que está cheio o seu mundo íntimo, e estamos vazios do amor de Maria.

Em êxtase com tantas conquistas materiais, surpreendidos pela revolução tecnológica, nos agitamos inconscientes pelo mundo, carentes de Deus em nossas vidas. O exemplo dela nos servirá como primeiro modelo de amor, visto que mesmo ante do Cristo iniciar sua missão terrena, Maria já se entregava aos testemunhos e às dores por nos amar sem pedido de recompensa.


Miramez

Do livro Maria de Nazaré, de João Nunes Maia, pelo Espírito Miramez

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