terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A Missionária da Educação – 4ª parte


O Lado Espírita de Anália


É uma tarefa difícil precisar quando e como a “Missionária da Educação” se converteu à doutrina espírita, seja pelo longo tempo passado desde seu desencarne ou por não se encontrar qualquer dado ou depoimento concreto que comprove algo. Contudo, alguns fatos e referências fazem crer que, batizada e praticante católica moderada até por volta de 1899, foi por esta época que se deu sua aproximação com o Espiritismo, concomitantemente à cegueira que a vitimou e a posterior cura. Porém, arriscando uma hipótese sem dados fidedignos que possam comprová-la, talvez a chave do enigma esteja justamente nesta cura milagrosa.

Na realidade, Anália também pode ter sido conduzida à doutrina espírita por meio de seu marido, Francisco Antônio Bastos, fundador e dirigente do Centro Espírita São Paulo, sustentáculo espiritual da obra material da grande educadora e filantropa.

Pode-se afirmar ainda que este centro espírita foi um pioneiro na aglutinação do movimento espírita paulista, já que possuía funções federativas, aceitando adesões e promovendo a unificação da família espírita de São Paulo no começo do século XX. Sendo pequena a comunidade espírita nesta época, era natural que seus membros se relacionassem e fossem unidos, mas há que se registrar a amizade que Anália Franco e seu marido tinham com grandes líderes espíritas, como Cairbar Schutel, Augusto Militão Pacheco e Antônio Gonçalves da Silva, o Batuíra.

Como preferia ficar mais à retaguarda na atividade de divulgação espírita, a fim de não expor a Associação Feminina Beneficente e Instrutiva a rótulos que pudessem comprometer e causar mais oposição ao seu trabalho, como a ira das aferradas defensoras de outra religião, Anália Franco possui uma bibliografia escassa na área, destacando-se habilitação à Assistência nas Sessões de Espiritismo, obra escrita em conjunto com o marido e publicada inicialmente em 1912, com reedições em 1924 e 1932. Redigido em forma de perguntas e respostas, traz explicações importantes para a prática do Espiritismo de maneira simples e didática, representando um excelente veículo de propagação doutrinária. No entanto, apesar de procurar se preservar de comentários e discussões religiosas da época, Anália Franco não perdia a oportunidade de incentivar o estudo e a prática do Espiritismo na intimidade de suas cartas e na convivência com seus alunos.


Magaly Sonia Gonsales, Núcleo Fraterno Samaritanos

Imagem: Foto de Francisco Antônio Bastos, marido de Anália Franco e um de seus mais fiéis e ativos colaboradores em sua missão assistencial.

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