terça-feira, 7 de setembro de 2010

A Mediunidade Missionária de Cairbar Schutel

A cidade de Matão, localizada no interior paulista, na época em que Cairbar nela se ambientou em final do século XIX, era, então, um vilarejo. O Homem se equivale a Terra em que viveu. Foi assim que Schutel, naquele vilarejo, se adaptou, e construiu ali e administrou a Farmácia Schutel. Como todo Missionário do Espiritismo, o chamamento do Cristo veio amorosamente para Cairbar Schutel.

Em um domingo, após assistir à missa na Igreja local, Schutel, um católico não muito atuante, foi procurar o médium Calixto Prado, daquele vilarejo. O motivo dessa procura era ter notícias espirituais de seus queridos pais, falecidos havia anos, na Capital, Rio de Janeiro. Deste modo, foi pelo intermédio de uma Sessão de Tiptologia, ou seja, pancadas sobre a mesa, que as letras foram formando palavras esclarecedoras.

Segundo o que o Sr. José Cunha nos informou muitos anos depois, em 1975, Cairbar Schutel lhe falou que, além do Espírito do Pai de Cairbar, veio também a comunicação do Espírito de D. Pedro II, que Schutel conhecera em sua infância no Rio de Janeiro. A mensagem do Espírito do Imperador, foi um fato que o médium Calixto, nem ninguém de Matão, conhecera, pois Schutel não o mencionara a pessoa alguma.

Tornou-se, então, essa mensagem um fator preponderante para a conversão de Cairbar ao Espiritismo. Schutel, com isto, conseguiu no Rio de Janeiro, através da FEB, Federação Espírita Brasileira, as Obras da Codificação do Espiritismo de Allan Kardec. Cairbar começou então, a realizar Sessões Espíritas em casa do médium Calixto Prado. Assim, pela visão e pelo trabalho do futuro Missionário do Espiritismo, pessoas da cidade de Matão começaram a participar também de todas as reuniões que Cairbar realizava.

Passado algum tempo, em julho de 1905, Schutel fundou o "Centro Espírita Amantes da Pobreza", cujo ideal seria fielmente cumprido, pois o farmacêutico Cairbar Schutel visitava os doentes nos casebres, sem nada cobrar; com isto, sua ajuda aos deserdados da sorte o denominou o "O Pai dos Pobres". Nesta fase, até o final de sua existência terrena, o Espírito do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes se destaca entre a plêiade espiritual que ampara Cairbar Schutel.

Bezerra, tendo falecido em 1900, cinco anos antes, vem provar que aqueles que têm o amor de Jesus nunca morrem. Um mês após a fundação do Centro, Cairbar Schutel fundou o jornal "O Clarim", em 15 de agosto de 1905. Quando entrevistamos a secretária de Cairbar Schutel, senhora Antoninha Perche de Camargo, alguns anos atrás, fomos informados que a primeira edição do jornal "O Clarim" foi impressa na cidade de Taubaté, São Paulo, com a tiragem de 200 exemplares, e como a gráfica estava à venda o Sr. Schutel a comprou e instalou o campo gráfico em Matão.

Procuraremos analisar a importância de Cairbar Schutel no caminho de "Missionário do Espiritismo". Após sua conversão, o primeiro ato de Cairbar foi casar-se com D. Maria Elvira, no cartório da cidade de Itápolis. Esse acontecimento marcou uma reunião das mais felizes por longos anos de existência do casal. Maria Elvira tornou-se uma grande companheira de Cairbar, dentro do ideal do Espiritismo.

Em sua trajetória, o Jornal "O Clarim", em suas edições quinzenais, atingiu, com o tempo, a tiragem de 30.000 exemplares, sendo distribuído em todos os Estados do nosso Brasil. Nessa fase de crescimento, iniciada pela Doutrina Espírita, na verdade, podemos afirmar que o Jornal "O Clarim" tornou-se um marco na divulgação do Espiritismo, simbolizando um navio que navega por grandes mares, levando consigo aqueles que seguem a mensagem alentadora do Consolador descrito por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Tornando-se um estudioso do Espiritismo, Schutel enfrentou vários debates em praças públicas com o Padre João Batista Van. Esse sendo Schutel aplaudido pela multidão emocionada com a riqueza espiritual dos postulados de Allan Kardec, explanados com Fé e a Razão. A vida de Cairbar Schutel, teve o apoio de grandes espíritas como João Leão Pitta, que visitava cidades em muitos outros estados brasileiros, proferindo palestras e conseguindo assinaturas para o jornal "O Clarim".

Um grande amigo de Cairbar, o dentista Urbano Xavier, tornou-se um médium curador, auxiliando, com seu trabalho, a tarefa missionária de Schutel. Também Francisco e Pedro Volpi, da cidade de Jaboticabal, foram frandes espíritas, e muito conviveram com o médium de Matão. Em 1911, Schutel lança o seu primeiro livro: "Espiritismo e Protestantismo". Nesse ínterim, atendendo ao pedido de famílias que se tornaram espíritas e possuíam filhos, Cairbar Schutel fundou, para esse fim, "A Escola de Evangelização Infantil", na qual foi muito grande o auxílio de sua esposa Maria Elvira.

Nos 17 livros escritos por Cairbar Schutel, todo o seu conteúdo era ligado ao Mestre Jesus. Entre essas obras, três delas vieram muito a contribuir para os estudos da Teologia Espírita, como: - O Espírito do Cristianismo. - Vida e Ato dos Apóstolos. - Parábolas e Ensinos de Jesus. Fato relevante de sua mediunidade é haver deixado mensagens de seu pensamento ligadas ao Divino Rabi: - Carta a Jesus. - Epístolas a Jesus.


Trecho do artigo publicado no “Jornal Espírita” em setembro/2004 por Aziz Cury / Fotos Históricas: FEAP

Um comentário:

Laura disse...

Adorei a bibliografia do Cairbar.

Obrigada!

Continue no trabalho!

^