quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

A Hora e a vez do Espiritismo no Cinema


Com o lançamento do filme Bezerra de Menezes, o diário de um espírito, em 2008, os produtores e distribuidores ficaram atônitos diante de um verdadeiro fenômeno: o filme atingiu a incrível marca de quase quinhentos mil espectadores, sem contar com um aparato publicitário grandioso, e restrito a apenas algumas dezenas de salas de exibição. Estava descoberto mais um nicho de mercado: o público espírita e simpatizantes da doutrina espírita.

Filmes com temática espírita que já foram para o cinema:

Chico Xavier, o filme
Nosso Lar
O Filme dos Espíritos
As Mães de Chico Xavier
E a Vida Continua

Os dois primeiros levaram os distribuidores a uma loucura saudável: milhões de espectadores lotando as salas de cinema, delas saindo maravilhados diante de produções bem cuidadas e revelando a realidade do espírito imortal, da mediunidade, do amor ao próximo e da vida após a morte.

Então começaram as notícias sobre possíveis produções cinematográficas dos romances do Espírito Emmanuel, de outras obras do Espírito André Luiz e assim por diante. Agora estamos assistindo o anúncio de um provável filme sobre Allan Kardec, o codificador do espiritismo. Não sabemos exatamente o que virá daqui para frente, mas de uma coisa temos certeza: as produções de cinema com temática espírita tendem a se suceder, não apenas por serem provável sucesso de bilheteria, mas por trazerem ao público aquilo que ele está ávido por encontrar: a verdade sobre a vida imortal, as esperanças e consolações que sua alma procura, o esclarecimento que sua consciência reclama.

O século 21 é também o século da arte espírita, espiritualizando as produções de cinema, teatro e televisão. Naturalmente estamos diante de um processo, portanto temos que saber dar tempo ao tempo, mas é um processo que nenhuma barreira haverá de impedir. Teremos os retardamentos, as barreiras, mas tudo será transposto, inclusive o medo de produtores e distribuidores com o rótulo religioso, pois muitos ainda temem se associar ao espiritismo. É questão de tempo.

A penetração da mensagem espírita através do cinema nos leva a uma preocupação: o preparo dos centros espíritas para absorver o público que irá procurar o Espiritismo. Se os centros espíritas estiverem parados no tempo, com poucas atividades, mantendo uma dinâmica lenta, incompatível com a atualidade, falhando na divulgação da literatura espírita, teremos prejuízos profundos, deixando escapar ótima oportunidade de promover a conscientização das pessoas. É preciso que os dirigentes espíritas estejam conscientes de suas responsabilidades, preparando o centro espírita para essa nova demanda.

Voltando à questão da arte espírita, os espíritas devem dar todo apoio aos produtores espíritas envolvidos com o cinema, o teatro e a televisão e, estendendo mais, igualmente a música, pois uma andorinha só não faz verão, como diz o ditado popular. As barreiras ainda são inúmeras. Não é fácil arrumar patrocínio para produzir com qualidade. Existem preconceitos. Nem sempre as portas dos distribuidores se abrem com facilidade. A comunicação, no próprio movimento espírita, muitas vezes é falha. Por tudo isso, precisamos apoiar.

Encerremos com as belas palavras de Allan Kardec, conforme texto publicado no livro Obras póstumas com o título "Sobre as artes em geral – A regeneração delas por meio do espiritismo":

"Assim como a arte cristã sucedeu à arte pagã, transformando-a, a arte espírita será o complemento e a transformação da arte cristã. O espiritismo, efetivamente, nos mostra o porvir sob uma luz nova e mais ao nosso alcance. Por ele, a felicidade está mais perto de nós, está ao nosso lado, nos Espíritos que nos cercam e que jamais deixaram de estar em relação conosco. A morada dos eleitos, a dos condenados já não se acham insuladas; há incessante solidariedade entre o céu e a Terra, entre todos os mundos de todos os Universos; a ventura consiste no amor mútuo de todas as criaturas que chegam à perfeição e numa constante atividade, com o objetivo de instruir e conduzir àquela mesma perfeição os que se tornaram retardatários. O inferno está no próprio coração do culpado, que tem nos remorsos o seu castigo, não mais, todavia, eterno, e ao mau, que toma o caminho do arrependimento, se depara de novo a esperança, sublime consolação dos desgraçados. Que inesgotáveis fontes de inspiração para a arte! Que obras-primas de todos os gêneros as novas ideias suscitarão, pela reprodução das cenas tão multiplicadas e várias da vida espírita!".

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