Por Luiz Guimarães G. de Sá
Se soubéssemos como o silêncio é útil, daríamos mais tempo a seu uso. O recolhimento cria um ambiente próprio para a oração e reflexão. Temos também na música a figura da pausa, onde o instrumentista não toca, bem como na fermata, que é a parada do compasso musical sobre uma nota. São momentos em que o silêncio se faz presente, se impõe.
Quando estamos planejando algo que nos interessa realizar, ele faz parte desse trabalho. O corpo em descanso ausenta-se do ambiente externo através do sono e mergulhamos num silêncio profundo...
Mas há um silêncio que fala alto! É aquele que ecoa ao fazermos um mergulho interior. Há uma voz que não cala, muito pelo contrário, de forma impertinente e particular se faz ouvir: é a voz da nossa consciência. É esse silêncio tão sutil que queremos enfatizar. Ele nos leva a uma análise qualitativa daquilo que fomos e sempre seremos: Espírito.
Essa luz de alerta não nos deixa, não nos abandona! Ela permanece viva e radiante bastando tão somente atentarmos para sua presença. É assim que iluminamos a nossa alma e enxergamos a maneira de ser nessa existência. Mesmo após o desencarne, ela brilha além-túmulo fazendo-nos viver uma realidade tão marcante que sempre esteve conosco de forma imperceptível...
Essa concepção é salutar e necessária para crescermos espiritualmente. Só poderemos melhorar naquilo que conhecemos, e se nos ignoramos não teremos condições de alcançar o aperfeiçoamento colimado.
A importância do silêncio está também expressa nas frases de Fernando Pessoa e Machado de Assis, respectivamente: “Existe no silêncio tão profunda sabedoria que às vezes ele transforma-se na mais perfeita resposta”; “O olho do homem serve de fotografia ao invisível, como o ouvido serve de eco ao silêncio”.
Já nos sábios provérbios chineses encontramos: “A palavra é prata, o silêncio é ouro”. Assim temos no “vazio” do silêncio um celeiro repleto de informações que nos despertarão para a lucidez necessária para sermos coerentes nos passos que damos na vida...
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