A primavera muda a feição da paisagem, colorindo-a, deixando transparecer ideia de renovação, de renascimento.
É presumível por todos nós o que ela anuncia: relva verdejante, árvores frondosas, flores e frutos.
Se olharmos uma árvore com mais detida atenção, veremos que seu caule sustenta os galhos, as folhas, flores e frutos, quando é o caso. E ao mesmo tempo é sustentado pelas suas raízes que, com adequada capilaridade, se conjuga ao solo, num amálgama de sustentação e vida.
No entanto, a essência da vida para a árvore não está nas raízes apenas, mas na seiva recolhida do solo fértil, o qual se vitaliza e se revitaliza graças às forças e elementos da natureza, quais o Sol, a chuva, os resíduos…
Por analogia, nos vemos como uma árvore.
O caule somos nós, indivíduos.
Os galhos são nossas ações multidirecionadas.
As folhas e frutos, o resultado de nossas ações, dirigidas ao nosso entorno, ao próximo, à sociedade.
As raízes são nossas crenças, nossos valores, nossos princípios, que dão sustentação e orientação para nosso pensar, nosso existir, para nossas ações e, por conseguinte, para nossos resultados.
No entanto, a robustez do caule, a frondosidade que os galhos sustentem e a excelência dos benefícios que a árvore da vida pode gerar, estão diretamente dependentes da qualidade da seiva que colhamos da mãe natureza.
Conforme lemos no Bhagavad Gita, o homem é feito de sua crença. E o que ele acredita, ele é.
Logo, em nossa metáfora, podemos afirmar que nossa fé, nossas crenças necessitam de constante e selecionado alimento: a seiva especial, que as forças que dão vida disponibilizam. Quais sejam: os bons pensamentos, as boas práticas de vida, os novos e superiores conhecimentos, o exercício do amor, a valorização do tempo, a relação harmoniosa com o próximo, os laços afetivos com a família, o enriquecimento de amizades, a relação consciente com Deus.
Mesmo em solos difíceis e áridos, há vida.
Na simples semente está o gigante carvalho. Bem como numa simples semente, encontramos o início de uma grande floresta, a qual, por sua vez, cumprirá seu papel na natureza, dando apoio e sustentação a um diversificado sistema de vida, que interage entre si e se autossustenta.
Somos nós ramo verde, fadados aos melhores e mais úteis resultados perante a vida.
Foi o Pai Excelso que semeou as sementes da vida, para que, também sementes que fomos, nos integremos na vida eterna.
As sementes, enquanto germinam, lutam para romper as resistências do solo, a fim de, atendendo seu finalismo natural, como ramo tenro, buscarem a luz que o Sol dadivosamente derrama sobre a Terra e os seres.
E o Sol de Primeira Grandeza raiou para todos nós há mais de dois mil anos.
Sua mensagem e Seus feitos são qual Sol Nascente que jamais se põe.
Para a vida sofrida da Humanidade, em marcha de progresso e redenção espiritual, a Sublime Esperança está sempre a Leste e ninguém segura a aurora do dia. O raio do Sol gentilmente conduz pelas suas mãos a sombra da noite, levando-a para outras paragens, a fim de que a luz prepondere, iluminando os caminhos das nossas mais profícuas realizações diárias.
E a mesma árvore do período invernoso, cujas paisagens eram de um certo desencanto, e seus galhos desnudos, sem folhas, lhe davam ar de ocaso, como se a vida ali estivesse a se extinguir, ressurge com a alva do tempo novo que traz novamente, no momento previsto, a primavera da ressurreição da esperança.
Somos nós os que, uma vez conhecendo Jesus, o Cristo de Deus, saímos do frio da indiferença e dos padecimentos d’alma, para o calor radiante que Ele, o Sol da Vida, conduz em nascente gloriosa aos nossos corações.
Ele veio para reflorir os caminhos, para reverdecer a verdade e recolorir a vida com luzes naturais, inconfundíveis.
É Jesus de volta, agora pelas letras do Espiritismo, cartilha que aprendemos a ler.
Mas não está somente nos escritos deixados pelo grande Allan Kardec, pois Ele também está em qualquer hoste religiosa conducente a Deus.
E ainda não somente aí sob o abrigo das Religiões, pois Ele está em todos os recantos de nosso ainda sofrido planeta, onde haja um coração que sofre e clama.
Ele veio não para fundar religiões, mas para nos ensinar a viver com religiosidade, a qual religa a Deus.
Ele veio para que, com Ele, tenhamos vida, e vida em abundância.
Ele é a Excelente Seiva que alimenta e vitaliza a grande árvore da vida.
Tudo passou. Agora é tempo de esperança.
Cada dia nasce de novo alvorecer.
Saia para se expor e deixar-se iluminar, acalorar e revitalizar pelo Celeste Sol das Almas.
Já raiou um novo dia!
Faça desse dia o início de sua permanente primavera existencial.
Editorial Jornal Mundo Espírita, setembro/2016.
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