quarta-feira, 28 de julho de 2010

Meditação, “Uma visão Espírita”


Meditação no Espiritismo


Por Breno Henrique de Sousa

A palavra meditação é vulgarmente entendida como a prática da reflexão sobre questões relevantes na vida. Neste sentido, é comum na literatura espírita o convite à meditação (reflexão) sobre nossas atitudes, sobre quem somos, de onde viemos e para onde vamos. Na questão 919, de O Livro dos Espíritos, Santo Agostinho nos convida a refletir diariamente sobre nossas atitudes, na busca do auto-conhecimento e da perfeição moral.

À época de Kardec, a meditação, enquanto prática de desenvolvimento mental pelos princípios da atenção plena, auxiliada por uma série de técnicas geralmente advindas das culturas orientais, era pouco conhecida no ocidente e estava no ciclo restrito das escolas esotéricas, mesclada com seus princípios místicos. Devido ao caráter de clareza e objetividade do Espiritismo, pelo fato da Doutrina encontrar-se em processo de formação e ao caráter místico que ainda era atribuído a esta prática, não vamos encontrar, nos primórdios da doutrina espírita, ênfase na prática da meditação, mas sim na reflexão sobre questões existenciais ou ainda a “concentração” para fins de prática e desenvolvimento mediúnicos.

No que se refere à concentração para a prática mediúnica, não está clara a relação entre esta e a meditação. No capítulo XVII, de O Livro dos Médiuns, que trata da formação dos médiuns, fala-se da postura do médium, a evocação dos espíritos, a vontade como elemento fundamental, deixando clara a importância do caráter magnético do fenômeno mediúnico, onde o espírito comunicante estabelece uma relação fluídica com o médium. Não foi pesquisado, por exemplo, como a prática da meditação, dentro dos princípios e finalidades expostos na matéria, pode repercutir sobre a qualidade da prática mediúnica, mas, a julgar pelos resultados apresentados na reportagem, resultados já amplamente divulgados pela mídia, os efeitos só poderão ser positivos.

Nos dias atuais, assim como foi afirmado na *matéria, a meditação não precisa estar necessariamente vinculada a um aspecto místico ou esotérico. Além disso, são comprovados cientificamente os resultados positivos da prática da meditação. Despojada de seu caráter místico e comprovada cientificamente a sua eficácia no equilíbrio das emoções e das faculdades psíquicas, não há nenhum obstáculo ou incompatibilidade com o Espiritismo. Tudo o que serve para o desenvolvimento do potencial humano e que esteja demonstrado pela ciência, deve ser endossado pelo Espiritismo, conforme dizia o próprio Allan Kardec.

Já é comum em muitas obras espíritas atuais, em seminários e congressos, referências às técnicas de meditação como um auxiliar terapêutico e complementar nos tratamentos espirituais. Algumas instituições até iniciam seus participantes nestas técnicas, porém, é preciso refletir sobre a forma como terapêuticas modernas e eficazes devem ou não ser introduzidas no espaço do centro espírita. Sabe-se que não é muito difícil encontrar instituições espíritas que pratiquem a homeopatia, a fitoterapia e até mesmo acumputura. Sem ter a pretensão de afirmar de maneira categórica que estas terapias devem ou não fazer parte do centro espírita, é preciso ter cuidado para que estas práticas não descaracterizem a própria terapêutica espírita. Além disso, estas terapias complementares possuem seus próprios espaços destinados à sua prática e difusão de seus princípios e nada impede que o espírita procure estes espaços para usufruir dos benefícios ali oferecidos.

O tema é amplo e abre espaço para muitas reflexões. O mais importante nesta bem elaborada reportagem é mais uma vez a comprovação de que a mente determina a saúde do corpo físico e mais um passo para a afirmação de que somos seres espirituais em uma experiência transitória na matéria.


*Os termos matéria e reportagem a que o texto faz referência , são comentários pessoais do autor a respeito da publicação da Revista IstoÉ, em 19/02/2010, sob o título “O Poder da Meditação”.

Breno Henrique de Souza é paraibano de João Pessoa, ambientalista, expositor e militante espírita há mais de 10 anos.

Fonte: Espiritismo.net


Leia aqui a matéria completa da Revista IstoÉ

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