Por Gustavo Henrique de Lucena*
Quando voltamos para mais uma jornada educativa na Terra, através da oportunidade de uma nova vida, trazemos toda uma bagagem de vivências anteriores que se tornam a base de formação de muitos dos nossos pensamentos. Também se constitui em influência decisiva das nossas ações e rotas da vida.
Deus, entretanto, em seu infinito amor, não nos deixou abandonados aos impulsos inferiores do passado, que estão ativos na mente, e nem nos deixou soltos ao vento, na condução dos sopros exteriores de espíritos desencarnados e encarnados.
Deus nos ofereceu um contraponto, uma proteção vibrátil harmônica no íntimo de cada ser humano: a voz da consciência.
Com ela, temos o conselho efetivo para seguirmos o melhor caminho.
A composição da voz da consciência nos remete à inteligência infinita do Criador. Ela é o alerta para os momentos críticos da vida. Sua estrutura básica é formada por nossas experiências em agir sintonizados com o amor de Deus. Essa estrutura se compõe dos registros das boas resoluções que tomamos ao longo da trajetória de muitas vidas, como nos esclarece o Evangelho Segundo o Espiritismo em “As boas resoluções que tomou são a voz da consciência, que o adverte do que é bem e do que é mal, dando-lhe forças para resistir às tentações. ” 1
Na sabedoria amorosa do Criador, Ele ofereceu este ponto de inflexão: a voz da consciência. As boas resoluções tomadas, constituem experiência individual com Deus e, elas emergem para o pensamento consciente como um alerta de desvio do caminho. A voz surge como um conselho, um sentimento sobre qual caminho seguir e por outras vezes como um remorso por termos agidos contra nós mesmos, contra o que já possuímos de sabedoria do bem viver. Contudo, existem outros ecos nessa voz. Por vezes, o anjo da guarda ou um benfeitor espiritual utiliza esse campo mental como interlocução para nos orientar nos caminhos da vida.
Somos ainda limitados e não conseguimos dimensionar o amor de Deus. Ante à angústia, à dor, à revolta, creditamos a Deus a injustiça pelas dificuldades que passamos, pelos impulsos de pensamentos que nos levam ao desequilíbrio. Não refletimos, portanto, que está em nós mesmos a maioria das resoluções e trajetos para o bom caminho, aquele que traçamos como desafios educativos antes de reencarnar.
E, ainda existe mais um detalhe que destacamos associado à voz da consciência. Talvez seja a informação mais relevante para entendermos o alicerce desta voz de alerta que brota dentro de cada ser. É a Lei de Deus que vibra dentro de todo ser humano. A sua localização está descrita na questão 621 de O Livro dos Espíritos: “Onde está escrita a lei de Deus? E a resposta dada é: “ Na consciência”. Ponderemos, então. Existe uma simetria vibrátil de nosso espírito com Deus, através dos pensamentos mais nobres, armazenados no campo da consciência que entra em ressonância com a lei de Deus. Temos uma ponte, um canal de conexão com Deus a partir de nós mesmos, de nosso aprendizado no bem.
A prece é um caminho para acionarmos essa área mental, que vibra Deus em nós. Irradiamos, através da oração, o que temos de melhor em sintonia com o amor de Deus. É uma comunhão que só poderemos imaginar vagamente. Assim, temos a prece como um elo com Deus pela elevação do pensamento. E esta ação do pensamento, na frequência harmoniosa da oração, pode ajudar no nosso equilíbrio interior bem como beneficiar muitos irmãos a quem dirigimos uma fervorosa prece.
Através do campo da consciência, Deus nos guarda, Deus nos guia, Deus nos oferece um imenso campo de trabalho no bem.
1 Evangelho Segundo o Espiritismo Cap 5 – item 11 – Editora FEB
*Escritor e palestrante espírita – Natal/RN
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