O Espiritismo é uma Doutrina que se caracteriza por três aspectos fundamentais: o religioso, o filosófico e o científico.
É, portanto, simultaneamente, Religião, Filosofia e Ciência.
Oferece, assim, ao ser humano, tudo quanto precisa no sentido de aperfeiçoar-se. Moral. Espiritual. Intelectualmente.
O aspecto religioso, o mais aceito e difundido no Brasil, baseia-se na moral cristã, consubstanciada no Evangelho, que é estudado, com muito amor, carinho e respeito.
Seus princípios constituem, sem dúvida, a preocupação maior do espírita, no dia-a-dia da existência.
Pelo afeiçoamento ao aspecto religioso, ou evangélico - o que acontece, mesmo, por impulso natural -, procura praticar a caridade, através da cooperação no campo da Assistência Social, criando, ou ajudando, instituições beneficentes, com vistas ao amparo à criança, ao adolescente e à velhice.
A feição religiosa é essencial no processo de melhoria interior.
O aspecto evangélico é, assim, o que mais de perto fala à sensibilidade da gente brasileira, sempre inclinada à bondade, por autêntica expressão de amor.
O aspecto filosófico, de extrema beleza e encantamento, fundamenta-se na milenária indagação do homem: De onde viemos o que estamos fazendo na Terra, para onde iremos depois da morte, ou desencarnação?...
Aborda, por conseguinte, velho tema dos compêndios filosóficos: “o problema do ser, do destino e da dor”, que inspirou Léon Denis a escrever portentoso livro com esse título.
A filosofia espírita projeta luz, com inigualável abundância, sobre as causas do sofrimento humano.
O estudo da reencarnação contribui para dar ao homem unia visão mais lógica, mais racional, mais perfeita de Deus e de Seus atributos: Amor, Sabedoria e Justiça.
A Lei de Causa e Efeito, segundo a qual colhe o homem o que semeia, é claramente explicado pela palingenesia.
As diversidades morais, intelectuais e físicas, que tanto perturbam o não-espírita, levando-o a estranhas conjecturas, encontram na lei de Causa e Efeito, a que os orientais dão os nomes de Carma, roda dos nascimentos, lúcida explicação.
A Filosofia Espírita, ao nível de compreensão de qualquer pessoa, por mais humilde, sob o ponto de vista da cultura, é, segundo definição de Léon Denis, um dos mais insignes discípulos de Allan Kardec, a Doutrina "que luariza de esperanças a noite de nossas vidas”.
A feição científica motiva, no Brasil, menor número de apreciadores, embora sua presença seja quase imperiosa em todos os estudos espíritas.
Na Europa, as experimentações de natureza científica são objeto de fundamental importância dos espíritas, que as colocam em termos de prioridade.
Em nosso País, embora estudemos com amor e respeito esse aspecto, enaltecendo-lhe a grandeza e imprescindibilidade, nossa preocupação maior cinge-se aos dois aspectos já fixados: o religioso e o filosófico. É um problema congénito.
Falam mais de perto ao coração, ao sentimento.
E o brasileiro - quem não sabe disso? - é muito coração, muito sensibilidade.
O lado científico da Doutrina é estudado mais por necessidade de ilustração doutrinária, tendo em vista o enriquecimento, ou, pelo menos, o aprimoramento das possibilidades expositivas - orais ou escritas.
Valorizar o tríplice aspecto do Espiritismo constitui inalienável dever de todos nós, que empunhamos a bandeira desfraldada por Allan Kardec, o eminente sábio lionês.
Estimar, no entanto, um ou outro aspecto, é problema pessoal, relacionado, naturalmente, com a formação e os ascendentes espirituais de cada um.
José Martins Peralva
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