O socorro, através de passes, aos que sofrem do corpo e da alma, é instituição de alcance fraternal que remonta aos mais recuados tempos.
O Novo Testamento, para referir-nos apenas ao movimento evangélico, é valioso repositório de fatos nos quais Jesus e os apóstolos aparecem dispensando, pela imposição das mãos ou pelo influxo da palavra, recursos magnéticos curadores.
Nos tempos atuais tem cabido ao Espiritismo, na sua feição de Consolador Prometido, conservar e difundir largamente essa modalidade de socorro espiritual, embora as crônicas registrem semelhante atividade no seio da própria Igreja, através de virtuosos sacerdotes.
Os centros espíritas convertem-se, assim, numa espécie de refúgio para aqueles que não encontram na terapêutica da Terra o almejado lenitivo para os seus males físicos e mentais.
André Luiz não esqueceu de, no seu livro, preparar interessante capítulo, a que denominou «Serviço de passes», no qual se nos deparam oportunos e sábios esclarecimentos quanto à conduta do passista e daquele que procura beneficiar-se com o socorro magnético.
Neste capítulo, referir-nos-emos ao trabalho do médium passista, ou seja, aos requisitos indispensáveis aos que neste setor colaboram.
Existem dois tipos de passes, assim discriminados:
a.) — Passe ministrado com os recursos magnéticos do próprio médium;
b) — Passe ministrado com recursos magnéticos hauridos, no momento, do Plano Divino.
Convém lembrarmos que, em qualquer dessas modalidades, o passe procede sempre de Deus.
Esta certeza deve contribuir para que o médium seja uma criatura humilde, cultivando sempre a ideia de que é um simples intermediário do Supremo Poder, não lhe sendo lícito, portanto, atribuir a si mesmo qualquer mérito no trabalho.
Qualquer expressão de vaidade, além de constituir insensatez, significará começo de queda.
Além da humildade, deve o passista cultivar as seguintes qualidades:
a) — Boa vontade e fé;
b) — Prece e mente pura;
c) — Elevação de sentimentos e amor.
«Àquele que mais tem, mais lhe será dado», afirmou Jesus.
Nas palavras do Senhor encontramos valioso estímulo a todos os continuadores de sua obra, inclusive aos que viriam depois, à conquista dos bens divinos, a se expressarem pela multiplicação dos recursos de ajudar e servir em seu nome.
As qualidades ora enumeradas constituem fatores positivos para o médium passista.
A prece, especialmente, representa elemento indispensável para que a alma do passista estabeleça comunhão direta com as forças do Bem, favorecendo, assim, a canalização, através da mente, dos recursos magnéticos das esferas elevadas.
«A oração é prodigioso banho de forças, tal a vigorosa corrente mental que atrai.»
Por ela, consegue o passista duas coisas importantes e que asseguram o êxito de sua tarefa:
a) — “Expulsar do próprio mundo interior os sombrios pensamentos remanescentes da atividade comum, durante o dia de lutas materiais;
b) — Sorver do plano espiritual as substâncias renovadoras» de que se repleta, (a fim de conseguir operar com eficiência, a favor do próximo».
Através dessa preparação em que (se limpa», para, limpo, melhor servir, consegue o médium, simultaneamente, ajudar e ser ajudado.
Receber e dar ao mesmo tempo.
Quanto mais se renova para o Bem, quanto mais se moraliza e se engrandece, espiritualizando-se, maiores possibilidades de servir adquire o companheiro que serve ao Espiritismo Cristão no setor de passes.
A renovação mental é como se fosse um processo de desobstrução de um canal comum, a fim de que, por ele, fluam incessantemente as águas.
A nossa mente é um canal.
Mente purificada é canal desobstruído. Mencionados os fatores positivos, é mister enumeremos, agora, os negativos.
Relacionemos, assim, aqueles que reduzem as possibilidades do seareiro invigilante.
Especifiquemos as qualidades que lhe não permitem dar quanto e como devia.
Ei-las, em síntese:
a) — Mágoas excessivas e paixões;
b) — Alimentos inadequados e alcoólicos;
o) — Desequilíbrio nervoso e inquietude.
Sendo o passista, naturalmente, um medianeiro da Espiritualidade Superior, deve cuidar da sua saúde física e mental.
Alimentação excessiva favorece a vampirização da criatura por entidades infelizes, o mesmo ocorrendo com os alcoólicos em demasia.
O equilíbrio do sistema nervoso e a ausência de paixões obsidentes propiciam um estado receptivo favorável à transmissão do passe.
Não podemos esquecer que o passe é “transfusão de energias psicofísicas”.
E o veículo dessa transfusão deve, sem dúvida, ser bem cuidado.
Aconselha Emmanuel que «a higiene, a temperança, a medicina preventiva e a disciplina jamais deverão ser esquecidas».
Adverte, ainda, que «tudo na vida é afinidade e comunhão sob as leis magnéticas que lhe presidem os fenômenos.
«Doentes afinam-se com doentes.»
«O médium receberá sempre de acordo com as atitudes que adotar perante a vida. »
Naturalmente nenhum de nós, nem passista algum, terá a pretensão de obter, nos serviços a que se consagra, os sublimes resultados alcançados por Jesus, em todos os lances do seu apostolado de luz, e pelos apóstolos em numerosas ocasiões; entretanto, educar-nos mentalmente e curar-nos fisicamente, a fim de melhor podermos servir ao próximo, afiguram-se-nos impositivos a que nós não devemos subtrair.
O médium precisa «afeiçoar-se à instrução, ao conhecimento, ao preparo e à melhoria de si mesmo, a fim de filtrar para a vida e para os homens o que signifique luz e paz».
Não devemos concluir o presente capítulo, dedicado de coração aos passistas do nosso abençoado movimento espiritista, sem que lembremos outros requisitos não menos importantes para os que operam no setor de passes em instituições.
São os seguintes:
a) — Horário
b) — Confiança
c) — Harmonia interior
d) — Respeito.
O problema da pontualidade é fundamental em qualquer atividade humana, mormente se essa atividade se relaciona e se desenvolve em função e na dependência da Esfera Espiritual.
Nem um minuto a mais, nem a menos, para início dos trabalhos.
Recordemos que os supervisores de centros e de grupos mediúnicos não esperam, indefinidamente, que, com a nossa clássica displicência, resolvamos iniciar as tarefas.
Se insistimos na indisciplina, eles passarão adiante à procura de núcleos e companheiros que tenham em melhor apreço a noção de responsabilidade...
O passista que não confia no Alto limita, também, a sua capacidade receptiva.
Fecha as portas da «casa mental», obstando o acesso dos recursos magnéticos.
Secundando a confiança, o fator harmonia interior, se apresenta também imprescindível a um excelente processo de filtragem dos fluidos salutares.
E, por fim, o respeito ante a tarefa assistencial que se realiza através do passe.
Respeito ao Pai Celestial, aos instrutores espirituais e àqueles que lhe buscam o concurso.
Pontualidade, confiança, harmonia interior e respeito são, evidentemente, virtudes ou qualidades de que não pode prescindir o médium passista.
Do livro Estudando a Mediunidade, de José Martins Peralva
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