terça-feira, 3 de março de 2015

Sobre Céu e Inferno



O que os Espíritos dizem sobre O Céu e o Inferno? Em O CÉU E O INFERNO, Allan Kardec aborda este tema com profundidade.

Para se obter uma visão geral, cito O Livro dos Espíritos, Livro IV, Cap. 2, Penas e Gozos Futuros, Item IX: Paraíso, Inferno, Purgatório, Paraíso Perdido, a saber:

Questão 1011. Um lugar circunscrito no Universo está destinado às penas e aos gozos dos Espíritos, de acordo com os seus méritos?

Resposta dos Espíritos: Já respondemos a essa pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição do Espírito. Cada um traz em si mesmo o principio de sua própria felicidade ou infelicidade. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado se destina a uns ou a outros. Quanto aos Espíritos encarnados, são mais ou menos felizes ou infelizes segundo o grau de evolução do mundo que habitam.

Questão 1012: De acordo com isso, o inferno e o paraíso não existiriam como os homens os representam?

Resposta dos Espíritos: Não são mais do que figuras: os Espíritos felizes e infelizes estão por toda parte. Entretanto, como já o dissemos também, os Espíritos da mesma ordem se reúnem por simpatia. Mas podem reunir-se onde quiserem, quando perfeitos.

Comentário de Kardec: A localização absoluta dos lugares de penas e de recompensas só existe na imaginação dos homens. Provém da sua tendência de materializar e circunscrever as coisas cuja natureza infinita não podem compreender.

Questão 1013. O que se deve entender por purgatório?

Resposta dos Espíritos: Dores físicas e morais: é o tempo da expiação. É quase sempre na Terra que fazeis o vosso purgatório e que Deus vos faz expiar as vossas faltas.

Comentário de Kardec: Aquilo que o homem chama purgatório é também uma figura pela qual se deve entender, não algum lugar determinado, mas o estado dos Espíritos imperfeitos que estão em expiação até a purificação completa que deve elevá-los ao plano dos Espíritos felizes. Operando-se essa purificação nas diversas encarnações, o purgatório consiste nas provas da vida corpórea.

Questão 1016. Em que sentido se deve entender a palavra Céu?

Resposta dos Espíritos: Crês que seja um lugar como os Campos Elísios dos antigos, onde todos os bons Espíritos estão aglomerados e confundidos, sem outra preocupação que a de gozar na eternidade uma felicidade passiva ? Não. E o espaço universal; são os planetas, as estrelas e todos os mundos superiores em que os Espíritos gozam de todas as suas faculdades, sem as atribulações da vida material nem as angústias inerentes à inferioridade.

Questão 1017. Disseram alguns Espíritos habitar o quarto, o quinto céu etc.; o que entendiam por isso?

Resposta dos Espíritos: Vós lhes perguntais que céu habitam, porque tendes a idéia de muitos céus sobrepostos como os andares de uma casa; então eles respondem de acordo com a vossa linguagem. Mas para eles as palavras “quarto, quinto céu ” exprimem diferentes graus de purificação e por conseguinte de felicidade. É exatamente como quando se pergunta a um Espírito se ele está no inferno. Se for infeliz dirá que sim, porque para ele inferno é sinônimo de sofrimento; mas ele sabe muito bem que não se trata de uma fornalha. Um pagão vos responderia que estava no Tártaro.

Comentário de Kardec: Acontece o mesmo com outras expressões análogas, tais como as de cidade das flores, cidade dos eleitos, segunda ou terceira esfera etc., que não são mais do que alegorias empregadas por certos Espíritos seja como figuras, seja por ignorância da realidade das coisas e mesmo das mais simples noções científicas.

Segundo a idéia restrita que outrora se fazia dos lugares de penas e de recompensas, e sobretudo de acordo com a opinião de que a Terra era o centro do Universo, que o céu formava uma abóbada na qual havia uma região de estrelas, colocava-se o céu no alto e o inferno em baixo. Dai as expressões: subir ao céu, estar no mais alto do céus, ser precipitado no inferno. Hoje que a Ciência demonstrou que a Terra não é mais do que um dos menores mundos entre tantos milhões de outros, e sem importância especial; que traçou a história da sua formação e descreveu a sua constituição, provando que o espaço é infinito, de maneira que não há nem alto nem baixo no Universo, faz-se necessário renunciar a colocar o céu acima das nuvens e o inferno nos lugares baixos. Quanto ao purgatório, nenhum lugar lhe havia sido marcado. Estava reservado ao Espiritismo dar sobre todas essas coisas a mais racional explicação, a mais grandiosa e ao mesmo tempo a mais consoladora para a Humanidade. Assim, podemos dizer que trazemos em nós mesmos o nosso inferno e o nosso paraíso e que encontramos o nosso purgatório em nossa encarnação, em nossas vidas corpóreas ou físicas.

Questão 1018. Em que sentido se devem entender as palavras do Cristo: “Meu reino não é deste mundo”?

Resposta dos Espíritos: O Cristo respondeu em sentido figurado. Queria dizer que não reina senão sobre os corações puros e desinteressados. Ele está em todos os lugares em que domine o amor do bem, mas os homens, ávidos das coisas deste mundo e ligados aos bens da Terra, não estão com ele.

Questão 1019. O reino do bem poderá um dia realizar-se na Terra?

Resposta dos Espíritos: O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons superarem os maus. Então eles farão reinar o amor e a justiça, que são a fonte do bem e da felicidade. É pelo progresso moral e pela prática das leis de Deus que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e afastará os maus. Mas os maus só a deixarão quando o homem tiver banido daqui o orgulho e o egoísmo.

A transformação da Humanidade foi predita e chegais a esse momento em que todos os homens progressistas estão se apressando. Ela se realizará pela encarnação de Espíritos melhores, que constituirão sobre a Terra uma nova geração. Então os Espíritos dos maus, que a morte ceifa diariamente, e todos os que tendem a deter a marcha das coisas serão excluídos, porque estariam deslocados entre os homens de bem, cuja felicidade perturbariam. Irão para mundos novos, menos adiantados, cumprir missões penosas, nas quais poderão trabalhar pelo seu próprio adiantamento ao mesmo tempo que trabalharão para o adiantamento de seus irmãos ainda mais atrasados. Não vedes nessa exclusão da Terra transformada a sublime figura do Paraíso Perdido? E no homem que veio à Terra em condições semelhantes, trazendo em si os germes de suas paixões e os traços de sua inferioridade primitiva, a figura não menos sublime do pecado original ? Considerado dessa maneira, o pecado original se refere à natureza ainda imperfeita do homem que só é responsável por si mesmo e por suas próprias faltas, e não pelas dos seus pais.

Vós todos, homens de fé e de boa vontade, trabalhai, portanto, com zelo e com coragem na grande obra da regeneração, porque colhereis centuplicado o grão que tiverdes semeado. Infelizes dos que fecham os olhos à luz, pois preparam para si mesmos longos séculos de trevas e de decepções. Infelizes dos que colocam todas as suas alegrias nos bens deste mundo, porque sofrerão mais privações que os gozos que tenham tido. Infelizes sobretudo dos egoístas, porque não encontrarão ninguém para os ajudara carregar o fardo das suas misérias. (São Luís.)

Nenhum comentário:

^