sábado, 21 de fevereiro de 2015

Maledicência: mal a ser imediatamente combatido em nós



Por Euzébia Noleto


“Maledicência é o ato de falar mal das pessoas. (…) É mais terrível do que uma agressão física. Muito mais do que o corpo, fere a dignidade humana, conspurca reputações, destrói existências.” Richard Simonetti


Falar mal dos outros, prática comumente considerada “inocente”, é atividade altamente perniciosa, pode facilmente transformar-se em hábito e deve ser combatida imediatamente ao constatarmos que ela faz parte de nosso cotidiano.

“Se a maledicência visita o seu caminho, use o silêncio antes que a lama revolvida se transforme em tóxicos letais.”
André Luiz

Não importa se os outros são nossos conhecidos ou não; se estão longe ou perto; se agiram correta ou incorretamente: simplesmente não devemos alimentar nossas conversações com assuntos que somente dizem respeito à vida alheia. Se não for o caso de prestar algum auxílio, para nada de útil tal conversação servirá e ainda poderá ser fonte de muitos males.

“Os afeiçoados à calúnia e à maledicência distribuem venenosos quinhões de trevas com que se improvisam grandes males e grandes crimes.”
Emmanuel

Ao falarmos mal dos outros, abrimos as nossas mentes para que elas se tornem um campo de futilidade, covardia e maldade, cada vez mais desenvolvidas, atraindo, assim, as companhias espirituais – e encarnadas – pertinentes.

“Lábios envenenados pelo fel da maledicência não conseguem sorrir com verdadeira alegria. […]
Olhos empoeirados pela indiscrição não veem as paisagens reconfortantes do mundo. […]
Mente prisioneira no mal não amealha recursos para reter o bem.
Coração incapaz de sentir a fraternidade pura não se ajusta ao ritmo da esperança e da fé.
Liberte a você de semelhantes flagelos.
Leis indefectíveis de amor e justiça superintendem todos os fenômenos do Universo e superizam as reações de cada espírito.
Assim, pois, no trabalho da própria renovação, a criatura não pode desprezar nenhuma das suas manifestações pessoais, sem o que dificilmente marchará para a Vanguarda de Luz.”
Emmanuel

Além de desrespeitar o dever primordial da caridade, essa atividade ainda demonstra que nosso tempo está sendo pessimamente empregado: afinal, ter tempo para falar mal dos outros significa ter tempo livre em excesso, que poderia ser empregado em atividades que edificassem o Bem.

“Se nos empenhamos em delitos de maledicência e calúnia, atravessamos [no retorno à pátria espiritual] vastos períodos de surdez ou mudez, precedidas ou seguidas por distonias correlatas.”
Emmanuel

Precisamos policiar-nos e corrigir-nos. E como podemos fazê-lo? Vigiando nossos pensamentos, para que consigamos cortar esse mal pela raiz, e ocupando nossas mentes e nosso tempo com trabalho útil e pensamentos elevados, em sintonia com o Alto. Não importa há quanto tempo labutamos no mal ou quantas vezes caímos e erramos: com força de vontade e esforço, a qualquer momento poderemos transformar nossos comportamentos e nossas vidas para melhor.

Não percamos tempo, então: comecemos agora mesmo, não tocando em assuntos que não nos dizem respeito e recusando-nos a dar continuidade a conversações permeadas de maledicência, gentilmente sugerindo uma mudança de tópico para a conversa. É fundamental, também, que guardemos paciência, tolerância e perdão para com aqueles que ainda não descobriram o poder tóxico da maledicência e continuam permitindo-se praticá-la.

Com a consciência de que há um determinado defeito em nós, surge a responsabilidade de atuarmos para corrigi-lo, dentro do melhor que pudermos fazer. Essas pequenas corrigendas devem obrigatoriamente ser efetuadas com urgência nas vidas de todos aqueles que desejam trilhar o caminho do bem e tornarem-se, um dia, verdadeiros cristãos.

“O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem”.
Jesus (Mateus 15: 11)

“Espinho cruel a ferir indistintamente é a palavra de quem acusa; cáustico e corrosivo é o verbo na boca de quem relaciona defeitos; veneno perigoso é a expressão condenatória a vibrar nos lábios de quem malsina; lama pútrida, trescalando fétido, é a vibração sonora no aparelho vocal de quem censura; borralho escuro, ocultando a verdade, é a maledicência destrutiva.

A maledicência é cultura de inutilidade em solo apodrecido.

Maldizer significa destruir.

A verdade é como claro sol. A maledicência é nuvem escura. No entanto, é invariável a vitória da luz sobre a treva.

O maledicente é atormentado que se debate nas lavas da própria inferioridade. Tem a visão tomada e tudo vê através das pesadas lentes que carrega.

A palavra malsinante nasce discreta, muitas vezes, para alastrar-se perigosa, logo mais, culminando na calúnia devastadora.

Não há desejo de ajudar quando se censura. Ninguém ajuda condenando.

Não há socorro se, a pretexto de auxílio, se exibem as feridas alheias à indiferença de quem escuta.

Quanto possível, extingue esse monstro da paz alheia e da tua serenidade, que tenta dominar-te a vida.

Caridade é bênção sublime a desdobrar-se em silencioso socorro.

Volta as armas da tua oração e vigilância contra a praga da maledicência aparentemente ingênua, mas que destrói toda a região por onde prolifera.

Recusa a taça venenosa que a observação da impiedade coloca à tua frente.

Desculpa o erro dos outros.

É muito mais fácil informar-se erradamente do que atingir-se o fulcro da observação exata.

As aparências não expressam realidades.

A forma oculta o conteúdo. Ninguém pode julgar pelo exterior.

Quando vier a tentação de acusar e apontar defeitos, lembra-te das próprias necessidades e limitações e, fazendo todo o bem possível ao teu alcance, avança na firme resolução de amar, e despertarás, além das sombras da carne por onde segues, num roteiro abençoado onde os corações felizes e livres buscam a Vida Verdadeira.”

Joanna de Ângelis

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