segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A água pode mesmo acabar?




Por Ari Rangel

“( )... Na verdade eu vos digo que não é a Natureza a imprevidente, é o homem que não sabe regular-se.”

O Livro dos Espíritos, item 705

Frequentemente deparamo-nos com reportagens “apocalípticas” acerca dos destinos do planeta Terra. Mas a grande verdade em torno desses noticiários é que o planeta realmente está no seu limite. Afirma-se que “os próximos 50 anos serão decisivos para determinar se a espécie humana vai garantir o melhor futuro possível para si ou entrar em colapso”1. Nas próximas décadas, ou nos guiamos em direção à sustentabilidade ambiental ou entramos num colapso total, segundo prognósticos mais recentes.

Entre as muitas preocupações que cercam cientistas, geólogos e ecologistas está o problema cada vez mais crônico da escassez da água doce. O uso irresponsável e inconsequente deste bem natural tem trazido sérias consequências para as raras reservas que existem no planeta. Para melhor visualizarmos a matemática da distribuição da água no planeta Terra, também conhecido como planeta Água, visto que dois terços da superfície terrestre são dominados pelos vastíssimos oceanos, é necessário afirmar que a chamada água doce, necessária à vida, é infinitamente menor que a água salgada, ou seja: 97,5% da água disponível na Terra é salgada e se encontra nos oceanos e mares; 2,493% é doce, porém, ela está nas geleiras, nas regiões subterrâneas, chamadas aquíferas e, portanto, de difícil acesso, e, pasmem, os amigos: 0,007% é encontrada em rios, lagos e na atmosfera, acessível ao consumo humano. Daí depreende-se a preocupação cada vez maior dos ambientalistas que sustentam que, apenas e tão somente através da (re)educação ambiental é que o homem moderno conseguirá preservar o pouco que ainda resta. Durante milhares de anos, a água foi considerada um recurso infinito, porém, o mau uso, juntamente com a crescente demanda, a torna, assim, cada vez mais escassa. Considerada um bem comum a toda humanidade, a água já é, inclusive, importada por alguns países. No Brasil, especificamente, os muitos recursos hídricos existentes, aumentam ainda mais este sentimento de infinitude, o que gera comportamentos nada responsáveis. O fato de se pagar pela água tratada, na cabeça de pessoas não esclarecidas, dão a elas a falsa impressão de que, por pagarem, podem usar à vontade a ponto de desperdiçá-la. Quem já não se pegou ou viu alguém lavando o carro ou a calçada com a mangueira aberta e a água doce e tratada indo embora? Antigamente, isso ainda era mais comum. Justamente pelo fato de o Brasil deter 11,6% da água doce superficial do planeta, nos pede mais responsabilidade ainda perante o consumo, pois, 70% destes 11,6% estão localizados nas região amazônica. Os 30% restantes estão distribuídos desigualmente pelo país para atender às necessidades de cerca de 93% da população brasileira. Pergunta-se: podemos, como cidadãos, espíritas, brasileiros, encarnados, ou que adjetivos preferirmos, pensar que o consumo da água pode ser à vontade, como se pensava antigamente? É óbvio que não!

Sem a menor pretensão de nos arvorarmos em catequistas espíritas, ou “eco-chatos”, como são chamados os ecologistas mais radicais, nunca será demais lembrarmos que a nossa “morada”, estando ameaçada como nunca esteve, merece de todos mais respeito. O homem integral é aquele que interage em harmonia com o meio em que ele vive. Atitudes ambientalmente responsáveis devem estar no ideário de todo espírita sincero, sabedor que o é da responsabilidade que pesa a todos, inclusive a ele, herdeiros que somos do que plantamos sempre. Francisco de Assis e Chico Xavier, só para lembrar, dois espíritos de escol, deram-nos além de seu amor, exemplos ímpares da responsabilidade que todos temos perante a mãe natureza. Por isso mesmo, guardadas as devidíssimas proporções, comecemos por fazer o dever de casa, usando a água com mais responsabilidade.

1. Revista Scientific American Brasil, número 41.

O que causa a escassez de água?

Existem 4 fatores que se relacionam com a atual crise da água.

1. O crescimento populacional: a produção de água tratada não pode acompanhar o crescimento populacional, que tem um crescimento previsto de 50% para os próximos 50 anos.

2. O desperdício: 70% da água é consumida pela agricultura, que deveria estar equipada com técnicas mais modernas e racionalizadas de irrigação.

3. A poluição: o consumo de mil litros de água polui outros 10 mil.

4. O desmatamento, a destruição das florestas e a ocupação desordenada do solo. (Fonte: www.adital.com.br)

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