Por essa época o dirigente dessa Casa era o já famoso Dr. Adolfo Bezerra de Menezes. Tanto no meio espírita ou fora dele, Dr. Bezerra de Menezes era conhecido como a pessoa mais humana que já houvera aparecido no Rio de Janeiro.
Principalmente entre os mais carentes. Era ele conhecido como o “médico dos pobres”. Sua fama corria por todos os lugares, através das curas, pela sua mediunidade, pelos livros que escrevia e também pela imprensa, que divulgava seus imensos afazeres.
Aura procurou-o e obteve desse coração abnegado, todo apoio necessário, esclarecendo-a.
Após a valiosa orientação recebida pelo Dr. Bezerra para que procurasse estudar a Doutrina de Allan Kardec, Aura Celeste sentiu-se mais segura. Procurou o endereço do Centro Espírita Ismael, ao qual o próprio Dr. Bezerra lhe indicara, para que freqüentasse as reuniões de estudos mediúnicos, disciplinando suas funções, com a finalidade de se tornarem produtivas as tarefas que lhe fossem confiadas pelo Alto.
A clarividência do Dr. Bezerra de Menezes confirmou-se, porque tempos depois, Aura Celeste correspondia ao Alto, tornando-se uma excelente médium, receitista, psicofônica e clariaudiente.
Todas essas tarefas, ainda lhe deram o ensejo de tornar-se uma conferencista muito procurada para elucidar com palavras simples, temas do Evangelho.
Seu pseudônimo, ao qual adquirira desde a infância, ficou conhecido e valorizado, pelas suas poesias e mensagens, que passaram a fazer parte de todos os periódicos, espíritas ou não.
Aura e Dr. Bezerra de Menezes passaram a executar juntos numerosas funções, dentro e fora da Federação Espírita Brasileira.
Visitava com ele as regiões menos favorecidas, aos arredores do Rio de Janeiro, levando remédios e a prece do conforto, entre os mais rebeldes, para fazê-los ouvir o Evangelho de Jesus.
Tudo caminhava tranqüilamente para essa batalhadora que havia encontrado seu verdadeiro rumo, quando no dia 11 de abril de 1900, a triste notícia chegava abalando não só o coração de Aura, como de todos espíritas ou não, com o desencarne do “médico dos pobres”:
“... Dr. Adolfo Bezerra de Menezes desencarnara!” O Brasil chorava e o povo reverenciava com gratidão e preces a Jesus por esse benfeitor ter espalhado tanta luz, com sua bondade.
Aura Celeste sentia-se órfã... e agora, pensava.
Mas ainda no velório, diante daquela figura que para ela era paternal e por sua vidência mediúnica, pôde Aura ver Dr.Bezerra ao seu lado, dizendo-lhe:
— “Milha filha, tudo deve continuar ... estaremos juntos nas tarefas curativas e na divulgação doutrinária. Ponha em prática sempre o que você aprendeu. Procure o nosso amigo Inácio Bittencourt e dê vazão ao trabalho profícuo junto a Jesus.”
E com um aceno fraterno Aura Celeste o viu desaparecer.
Com vacilações em sua mente, diante do acontecido, ela foi à procura de Inácio Bittencourt, como lhe fora orientado pelo saudoso instrutor, Dr. Bezerra.
Dirigiu-se ao Círculo Espírita “Cáritas”, onde esse outro benemérito médium trabalhava. Foi ela acolhida com todo carinho por Bittencourt. Ela já o conhecia pelas obras e por sua fama como grande conferencista.
Agradecida por ser aceita nesse louvável núcleo de trabalho, Aura continuou sua mediunidade curativa e psicográfica. Por suas mãos muitas mensagens foram passadas, por espíritos de grande envergadura doutrinária, assim como muitas orientações ao grupo “Cáritas”, pelo Dr.Bezerra, que também ditava receitas homeopáticas, através de Inácio Bittencourt.
Por volta do ano de 1906, encontra a pessoa que se aproxima de seu ideal na formação de uma família e vem contrair matrimônio. A atmosfera doméstica prendeu-a aos afazeres e principalmente com a vinda dos filhos, a obrigaram ao afastamento das reuniões do centro espírita. Era necessária sua presença no lar para a reeducação daqueles que Deus havia lhe confiado, para sentirem-se seguros pelo caminho da fé e da moral cristã.
Seria importante a sua presença de mãe naquela circunstância de sua vida. Sua opção pelo matrimônio, porém, não a tornou ociosa. Nas chamadas horas de lazer ela procurava orar e entrar em sintonia com os amigos espirituais, aos quais nunca se afastou. E por intuição do Alto, Aura Celeste chega a publicar a obra “Do Além”, revertida em 22 fascículos e mais “Orvalhos do Céu”. Citaram os críticos da época que essas obras consideradas mediúnicas pela própria autora (pois dizia-se incapaz de escrever conteúdos tão literários), tornaram-se obras-primas para as mentes jovens. E foi através dessas obras que o público passou a conhecer o verdadeiro nome de Aura, “Adelaide Augusta Câmara”, pela biografia feita pelos críticos de sua pessoa.
Texto e imagem extraídos do artigo Adelaide Augusta Câmara, Aura Celeste publicado na revista espírita mensal “Seareiro”, edição de maio de 2008.
Nenhum comentário:
Postar um comentário