quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Aura Celeste - Vida e Obra (Parte I)

Conhecida no meio espírita como Aura Celeste, foi essa uma das figuras mais reverenciadas na época pelo seu dinamismo e coragem de enfrentar os preconceitos do individualismo perturbador, tanto da parte física, como a dos espíritos desencarnados, que encontravam farto material humano, para continuarem com a escravidão feminina, logicamente por encontrarem-se presos aos bens materiais. A mulher ainda por essa época era considerada como um objeto sempre pronto para servir ao lar, sem privilégio algum.




Reencarna esse espírito dinâmico na cidade de Natal, estado do Rio Grande do Norte, no dia 11 de janeiro de 1874, nessa bela paisagem nordestina, onde o sol causticante inunda de luz os seus habitantes.

Adelaide ou Aura Celeste, renasceria para compor o ambiente da arte, já tendo seus reflexos, através dos romances e poesias de Victor Hugo, mas distante ainda do povo brasileiro. Para que essa projeção sublimada surgisse no solo brasileiro, a espiritualidade convoca esse espírito para tocar a sensibilidade do povo carente de instruções espirituais. Sabiam esses instrutores que Aura, por sua meiga figura humana, simples e desprotegida de vaidade material, faria de suas poesias e literatura-doutrinária a base sólida dos princípios cristãos. E isso ficara comprovado com o passar da sua existência terrena.

Aura Celeste ou Adelaide fora criada na religião protestante. Era muito obediente, dócil e educada. Na escola primária era admirada pela inteligência, portanto rápida no aprendizado.

Como era muito jovem, seguia o protestantismo sem lhe causar nenhuma confusão religiosa. Mas seguindo os estudos e aprofundando-se em adquirir novos conhecimentos, começou a interessar-se em vários pontos que a sua religião não correspondia as suas indagações.

Procurou autores com obras mencionadas religiosas. Havia algo que ela ainda adolescente não sabia averiguar.

Por vezes, ficava muda não querendo conversar com ninguém. Por outras ocasiões, chorava sem encontrar motivos para com essa atitude. Por mais que quisesse não encontrava em sua seita religiosa explicações para esses sintomas interiores.

Os anos foram passando e ela colocava em seus primeiros ensaios poéticos as suas angústias e a maneira como ela acreditava em Deus.

Crescia a admiração dos professores pela facilidade com que Aura Celeste escrevia suas redações.

Seus temas eram discutidos em classe, pelo interesse que levantava entre os alunos.

Sempre crescendo em seu entusiasmo pelas letras, formou-se professora. Dedicada em sua profissão, fazia o possível para tornar as aulas ativas para que os alunos se interessassem pelas matérias.

Embora feliz por trabalhar na profissão escolhida e principalmente, por poder oferecer algo importante para as crianças, que era a instrução pedagógica, ela optava por novos métodos de ensino. Precisava também encontrar-se em outras realizações não só materiais mas interiores. Sentia que Deus esperava mais de sua existência.

E no ano de 1896, com a ajuda de uns amigos pertencentes ao protestantismo, mudou-se para a antiga “Capital Federal”, na época Estado da Guanabara (Rio de Janeiro). Como esses tinham vários apadrinhados no Colégio Ram Williams, foi ela lecionar nesse local, onde encontrou facilidades para executar sua forma de trabalho pedagógico, que era muito avançado para a época de rigidez no ensino. Aura fazia os alunos conversarem, ensinava-os em forma de peça teatral, com diálogos reproduzidos de suas poesias em prosas. As crianças se divertiam aprendendo a aritmética. As tabuadas já não eram mais tão temerosas, porque Aura fazia o jogo dos números com uma turma e o resultado das adições com outra turma.

Isso durou algum tempo. As pressões daqueles que não tinham a mesma capacidade e dedicação da professora, responsável por fazer um bom trabalho, não tranquilizaram em seus planos em requerer junto ao conselho da diretoria o afastamento de Aura Celeste. Em razão desses desentendimentos, ela que jamais optou por rivalidades, resolveu afastar-se e fundou em sua própria residência, um curso primário. Esse curso teve boa repercussão, onde muitas figuras ilustres da política e da alta elite da época, receberam as primeiras lições de suas vidas, por essa mulher, que os orientou para se tornarem homens proeminentes, quando adultos.

Passados dois anos, isto é, em 1898,Aura Celeste sentia que aquelas sensações estranhas que a acompanhavam, tornavam-se cada vez mais frequentes.

Decidiu-se por buscar compreender as manifestações do que entendeu ser mediúnicas. Havia lido sobre o assunto nas obras de Allan Kardec, só que para ela, seria impossível o seu relacionamento com uma doutrina, tão distante do que aprendera desde o berço. Após algum tempo, com o auxílio de amigos, foi buscar uma “Casa Espírita”.

Dirigiu-se para a Federação Espírita Brasileira, local que pessoas de seu conhecimento lhe disseram que encontraria ali, as respostas para as suas dúvidas.



Texto e imagem extraídos do artigo Adelaide Augusta Câmara, Aura Celeste publicado na revista espírita mensal “Seareiro”, edição de maio de 2008.

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