Na nossa trajetória para os altos níveis da evolução, muitas vezes sofremos por fatores que, no momento, nos parecem importantes. Quase sempre, no fulcro da questão encontra-se o ego exacerbado, fazendo-nos viver em função da imagem que criamos de nós mesmos. A essência que somos, em geral, similar a um iceberg, permanece esquecida nas águas mais profundas e desconhecidas por nós mesmos.
O julgamento que os outros possam fazer a nosso respeito nos condiciona a vida. A superficialidade de nosso olhar sobre o que somos nos solidifica a "figura", a personagem que criamos, nesse caminho de aprendizado. Uma das características das conquistas da alma é, exatamente, a florescência do divino reino em nós, com a nossa natureza superior apresentando-se em forma de segurança, autoestima e cada vez mais, nenhuma preocupação de representar papéis que tem a ver com uma segunda natureza própria dos estados menos avançado de cunho espiritual.
Ser o que é, sem significar ser qualquer coisa, de qualquer jeito, ainda que choque e fira as pessoas. Isso não. Ressalvo a questão em função de que, muitas vezes, somos mal educados e até violentos a título de sermos verdadeiros. Ser verdadeiro, no tocante ao avanço espiritual, é permitir a real natureza da alma luminosa, espiritualizada, se manifestar. Isso implica: enquanto muitos têm vergonha de ser delicado ou educado, de ser bom e manso, defendermos, na prática, esses valores, com naturalidade. Claro que teremos um longo caminho pela frente. Óbvio que um profundo trabalho de autoconhecimento necessita ser realizado.
Se levarmos em consideração que não conhecemos o sublime universo que somos, havemos de peregrinar, ainda, por diversos campos de experiências iluminativas. As desilusões, as frustrações, serão elementos que estarão em nosso caminho, abrindo clareiras no mundo íntimo, organizando o conhecimento em torno de nossas limitações e ignorância sobre o que somos. As máscaras, tão comuns no estágio atual, desaparecerão, permitindo a divina face se manifestar na vida e em nós.
Lembro uma passagem na vida do grande Francisco de Assis, quando diante do desânimo do irmão Egídio pelo fato de terem pregado o Evangelho no povoado em vários dias e ninguém se candidatou a segui-los. Francisco disse-lhe então: “Será, Egídio, que não estamos tristes porque não fomos exitosos e não pelo fato de não terem abertos a alma para Deus? Será que não estais tristes pela vaidade de querer fazer sucesso, e não porque não deram ouvido à mensagem de Jesus?"
Quantas vezes não agimos dessa maneira. Esperamos o aplauso do mundo; aguardamos a consideração da sociedade; embriagamo-nos ante o incenso jogado pelos corações invigilantes... e ficamos depressivos quando a louvação ou a compreensão do mundo não nos chega à alma carente. E assim, também, nas experiências em família, no campo profissional, no convívio social, etc.
Temos muito o que caminhar, é verdade, no entanto, precisamos caminhar. Temos que ter o começo. Comecemos. Importante o primeiro passo. Se já o fizemos, que venha o segundo passo e todos os demais. Por-se a caminho, aprendendo sobre si mesmo, dilatando o poder de compreender a vida e os outros.
Frederico Menezes
Artigo publicado no blog do Frederico Menezes, maio de 2013.
Frederico Menezes é publicitário, nasceu em Cabo de Santo Agostinho, PE. Atua no movimento espírita como médium psicógrafo e palestrante. Autor dos livros Páginas da Eternidade, Pontos Luminosos, Oferenda de Amor, Nova Esperança, Ajuda-te e Fome de Amor, psicografados; dentre outros, Frederico Menezes destina os Direitos Autorais às obras sociais da Fundação Espírita Lar do Amanhã, instituição que ampara famílias e crianças carentes, e ao Grupo Espírita da Paz, ambas em sua cidade natal.
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