terça-feira, 13 de agosto de 2013

Setenta anos do Livro Renúncia

Neste ano, “Renúncia” - romance mediúnico publicado originalmente em 1943, escrito pelo espírito Emmanuel, por intermédio da psicografia de Francisco Cândido Xavier - completa 70 anos. Trata-se, conforme qualificou o autor espiritual, de “[...] um livro de sentimento, para quem aprecie a experiência humana através do coração”.

A obra, em termos essenciais, volta-se à divulgação de aspectos da mensagem rediviva da Boa Nova, consubstanciados em sublimes gestos transcorridos em uma época distanciada dos primeiros séculos do Cristianismo: entre 1662 e o início do Setecentos.

Em “Renúncia” é contada a história de Alcíone, um espírito missionário reencarnado na Terra, fiel a Jesus, que soube aclimatar a flor do Evangelho ao contexto em que viveu. Acerca da personagem, destacou Emmanuel: “Sua vida não representava um feixe de atos comuns, mas um testemunho permanente de sacrifícios santificantes. Sua conduta, na alegria e na dor, na felicidade e no obstáculo, era um ensinamento generoso, em todas as circunstâncias. Creio que ela nunca satisfez a um desejo próprio, mas nunca foi encontrada em desatenção aos desígnios de Deus. Jamais a vi preocupada com a felicidade pessoal; entretanto, interessava-se com ardor pela paz e pelo bem de todos. queria sempre revelar as ideias nobres de quantos a rodeavam, a fim de os ver amados, otimistas e felizes”.

Sob essa perspectiva, a existência de Alcíone se configura em roteiro de ação e conduta, permeado por exemplificações de como os fundamentos do Evangelho podem ganhar vida - deixando de ser “letra morta” - quando assimilados, em termos práticos, às vivências cotidianas das pessoas.

Pode-se dizer, por conseguinte, que a trajetória da personagem de “Renúncia” se deu, em termos essenciais, no testemunho de algumas das máximas proferidas por Jesus, durante o Sermão do Monte: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! Bem-aventurados os humildes, porque herdarão a Terra! Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor à justiça, porque deles é o Reino dos Céus!...”

Esclarece-se que as bem-aventuranças, assim como as demais lições manifestas na Boa Nova, trabalham a questão da harmonização do sentimento, presente no íntimo das criaturas, conforme o diapasão da Lei de Amor - que é a força que rege e equilibra o Universo. Sob esse viés, a história narrada em “Renúncia” se apresenta permeada por ensinamentos em torno de temas como a “esperança”, o “otimismo”, a “confiança” na Providência Divina e a “dedicação” ao próximo.

Tais atitudes - possíveis de serem apreendidas, sobretudo, dos gestos sublimes de Alcíone - aparecem detalhadas no romance de modo a servir de roteiro e fonte de inspiração para melhor conduzirmos, em termos morais (práticos), as nossas vidas.

Por isso, em conformidade com as palavras de Jesus supracitadas - repetidas a Alcíone por Antênio, seu mentor, quando ela regressava ao plano espiritual - sugere-se que a personagem de “Renúncia” se configura em modelo de resignação, humildade e amor à justiça divina.

Nesse sentido, assim como os demais romances assinados por Emmanuel - “Há dois mil anos”, “Cinquenta anos depois”, “Paulo e Estevão” e “Ave, Cristo!” - a obra em questão se volta à divulgação de exemplos de vida pautados pelas lições e pelos princípios do Evangelho.

Portanto, a história de dedicação e amor renunciado de Alcíone se direciona, sobretudo, a nos servir de estímulo ao desenvolvimento de determinados padrões de sentimento (inspirados nas lições e nos ensinamentos da Boa Nova) a se manifestarem, dinamicamente, nas nossas ações e condutas cotidianas.


Flavio Rey de Carvalho

Folha da Região, Araçatuba-SP, 26.06.2013


Flávio Rey de Carvalho integra equipe do Nepe-FEB (Núcleo de Estudo e Pesquisa do Evangelho, da Federação Espírita Brasileira). Ele descreve esta Face Espírita para publicação exclusiva na Folha.

Nenhum comentário:

^