Nos momentos iniciais da Codificação Espírita, quando começaram a chegar até Allan Kardec as primeiras mensagens do além-túmulo, algo despertou a atenção do Codificador:
Verificou Allan Kardec a grande diversidade de caracteres, de tendências e de estilos que estavam presentes nas comunicações mediúnicas. O Codificador, desde as horas iniciais, percebeu que muito cuidado deveria ser tomado por todos aqueles que passassem a se dedicar ao mister mediúnico, no sentido de tentarem identificar a natureza das diversas mensagens dos desencarnados. Kardec afirmava que, depois da obsessão, a identificação da natureza dos Espíritos comunicantes era o maior escolho da prática espírita. Além disso, vários outros aspectos deveriam ser levados em consideração no intercâmbio com os Espíritos desencarnados.
A Natureza das Comunicações
a) Grosseiras:
São aquelas comunicações que contêm expressões que ferem o decoro ou agridem os princípios da moral. Repugnam a toda pessoa que tenha um mínimo de sensibilidade. São, às vezes, obscenas, insolentes ou arrogantes; quase sempre malévolas, denotando a presença de uma entidade de natureza inferior, Espíritos viciosos ou vingativos. São comunicações de fácil identificação.
b) Frívolas:
Estas comunicações não são de Espíritos necessariamente maus, mas de Espíritos vadios, levianos, inconsequentes. São comunicações que versam sobre assuntos insignificantes, vazios, inúteis, vinculados às puerilidades do dia a dia.
Algumas vezes, são entidades espirituosas, engraçadas, e que por terem uma conversação divertida, agradam às pessoas, tomando o tempo da reunião. O certo é que nada acrescentam de útil, pois partem de entidades que nada têm a nos ensinar e nada querem aprender.
c) Instrutivas:
As comunicações instrutivas são aquelas que têm por finalidade veicular ensinamentos. São comunicações de almas elevadas, dotadas de altos valores morais e intelectuais e versam sobre temas científicos, filosóficos ou morais.
Lembra Allan Kardec que, para uma mensagem ser considerada Instrutiva, é imperioso que ela seja verdadeira, vincule pensamentos corretos e, de alguma forma, objetive o crescimento das pessoas ou da sociedade.
d) Sérias:
São as comunicações que tratam de assuntos graves e de maneira ponderada. Excluindo-se as comunicações grosseiras, as frívolas e as instrutivas, todas as outras poderiam ser incluídas nesta categoria.
É importante frisar que nem toda comunicação séria é necessariamente verdadeira, pois, muitas vezes, Espíritos mistificadores se utilizam de um estilo grave, sério e ponderado para veicularem mentiras e discórdias, gerando embaraço para as pessoas e as reuniões.
Lembra Kardec a necessidade de examinar-se com atenção a linguagem do Espírito comunicante, ou seja, as características de sua mensagem, o conteúdo de suas ideias.
Objetivando facilitar esta tarefa, o Codificador vai apresentar no [LM - cap XXIV] algumas "regras" que, se bem examinadas, poderão contribuir na distinção que devemos sempre fazer entre uma comunicação de Espírito bom e de Espírito inferior.
Da Identidade dos Espíritos
a) A linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna, elevada, nobre e sem qualquer mistura de trivialidade;
b) Os Espíritos bons só ensinam o bem. Todo conselho que não for estritamente conforme a mais pura caridade evangélica não pode provir de Espíritos bons;
c) Os Espíritos bons jamais se ofendem, somente os maus se melindram;
d) Os Espíritos bons só dão conselhos racionais. Toda recomendação que se afaste da linha reta do bom senso ou das Leis imutáveis da Natureza acusa a presença de um Espírito estreito. Toda heresia científica notória, todo princípio que choque o bom senso revela a fraude;
e) Os Espíritos levianos são reconhecidos pela facilidade com que predizem o futuro. Todo anúncio de acontecimento para uma época certa é indício de mistificação;
f) Os Espíritos superiores se exprimem de maneira simples, sem prolixidade, eles possuem a arte de dizer muito em poucas palavras;
g) Os Espíritos bons jamais dão ordens: não querem impor-se, apenas aconselham e se não forem ouvidos se retiram. Os maus são autoritários, dão ordens, querem ser obedecidos e não se afastam facilmente;
h) Os Espíritos bons não fazem lisonjas. Os maus exageram nos elogios, excitam o orgulho e a vaidade e procuram exaltar a importância pessoal daqueles que desejam conquistar;
i) Desconfiai das comunicações que revelam um caráter místico e estranho ou que prescrevem cerimônias e práticas bizarras. Há sempre nesses casos legítimo motivo de suspeita;
j) Os Espíritos nobres dizem tudo com simplicidade e modéstia; nunca se vangloriam, não fazem jamais exibição do seu saber nem de sua posição entre os demais.
Fonte: CVDEE
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