«Todos os dias torno-me no que sou.» A citação é de Robert Thurman, o eminente erudito budista da Universidade de Colúmbia, e para mim é um pensamento revigorante. Adoro o conceito de processo e fluxo que ele implica.
Todos os dias somos novos. Os nossos pensamentos, as nossas intenções e acções, a nossa consciência e percepções estão em constante evolução e com cada mudança emerge um nós diferente. Não somos a mesma pessoa que éramos há cinco anos nem mesmo há cinco minutos. E nem o são os nossos entes queridos, os nossos amigos ou os nossos conhecidos. Um dos resultados é que muitas vezes reagimos à pessoa antiga – e ela reage a nós - como a conhecíamos outrora, por isso, por exemplo, o rufia do liceu continua a ser um rufia para nós quando o voltamos a ver, mesmo que ele possa ter encontrado paz espiritual e seja um homem com um comportamento mais pacífico.
Portanto a evolução não serve de muito se não estivermos conscientes dela. Como podemos amadurecer se não virmos o processo em funcionamento? Como podemos aprender com a vida se não pararmos para a vivermos? Como podemos incorporar tudo o que nos aconteceu física e psicologicamente se não dermos tempo ao corpo e à mente para o ingerir? Como podemos mudar à medida que os nossos amigos e entes queridos mudam?
A maneira de acedermos a nós próprios e aos outros é através da contemplação espiritual relaxada e da meditação, e a altura de começar é no presente. Há uma diferença entre contemplação e meditação, embora estejam relacionadas. A contemplação significa concentrar-se num assunto ou objeto específico - a ideia da bondade caridosa, por exemplo, ou a beleza de uma borboleta. A meditação requer que se mantenha a mente completamente vazia, num estado de atenção ou alerta, livre para aceitar todos os sentimentos, ideias, imagens ou visões que entrem, e deixando a associação fluir para todos os aspectos do objeto ou pensamento - para compreender a sua forma, aspecto, cor, essência. É a arte de observar sem pensamento, sem comentário mental. É muito mais fácil para a mente ocidental praticar a contemplação. Estamos habituados a concentrar o cérebro num dado assunto, a pensar nele e a analisá-lo. A meditação é um conceito mais oriental, difícil de apreender e requerendo muita prática. Demora meses ou anos até se conseguir meditar com toda a mente, e pode-se não se ser capaz de a dominar completamente numa única vida. Isso não quer dizer, contudo, que não deva tentar meditar agora. (Lembre-se: Nesta vida, como em todas as outras, você está a progredir conscientemente em direção à imortalidade.) A própria tentativa traz as suas recompensas profundas, e em breve irá dar consigo a ansiar pelo tempo de isolamento que a meditação requer.
Você pode querer começar pela contemplação, e o objeto em que tem de concentrar-se é em si mesmo. Para descobrir quem é agora, pense em si neste momento. Deixe todos os pensamentos que tenha sobre si mesmo, bons ou maus, entrarem na sua consciência. Que imagens e pensamentos negativos ou preconceituosos descartaria como já não sendo exatos ou válidos? Que impressões e sentimentos positivos e autocurativos acrescentaria agora? Que experiências de vida o moldaram mais profundamente? Quando tiver outra vida, o que é que imagina que irá mudar em relação a esta? A ideia não é «gostar» de si próprio, nem, na verdade, avaliar-se. Você está a tentar ver o que está realmente lá por baixo da camuflagem da pessoa que mostra ao mundo.
Considere as pessoas significativas da sua vida. As suas imagens delas estão desatualizadas? A sua própria experiência ensinou-o a olhar para elas de maneira diferente? Como é que elas mudaram enquanto você próprio mudou? Como é que estas mudanças o vão levar a modificar a sua relação com elas de uma forma mais positiva, compreensiva e carinhosa? Como é que elas irão facilitar mais mudanças?
Nós somos todos obras em curso, movimentando-nos a velocidades diferentes ao longo dos nossos caminhos espirituais. Mas todos os dias devíamos fazer uma pausa para envolver a mente criativa nos conceitos fulcrais que podem moldar-nos enquanto humanos desejosos de ascender em direção ao Uno: amor, alegria, paz e Deus.
Brian Weiss
Do livro Muitos Corpos, Uma só Alma
Todos os dias somos novos. Os nossos pensamentos, as nossas intenções e acções, a nossa consciência e percepções estão em constante evolução e com cada mudança emerge um nós diferente. Não somos a mesma pessoa que éramos há cinco anos nem mesmo há cinco minutos. E nem o são os nossos entes queridos, os nossos amigos ou os nossos conhecidos. Um dos resultados é que muitas vezes reagimos à pessoa antiga – e ela reage a nós - como a conhecíamos outrora, por isso, por exemplo, o rufia do liceu continua a ser um rufia para nós quando o voltamos a ver, mesmo que ele possa ter encontrado paz espiritual e seja um homem com um comportamento mais pacífico.
Portanto a evolução não serve de muito se não estivermos conscientes dela. Como podemos amadurecer se não virmos o processo em funcionamento? Como podemos aprender com a vida se não pararmos para a vivermos? Como podemos incorporar tudo o que nos aconteceu física e psicologicamente se não dermos tempo ao corpo e à mente para o ingerir? Como podemos mudar à medida que os nossos amigos e entes queridos mudam?
A maneira de acedermos a nós próprios e aos outros é através da contemplação espiritual relaxada e da meditação, e a altura de começar é no presente. Há uma diferença entre contemplação e meditação, embora estejam relacionadas. A contemplação significa concentrar-se num assunto ou objeto específico - a ideia da bondade caridosa, por exemplo, ou a beleza de uma borboleta. A meditação requer que se mantenha a mente completamente vazia, num estado de atenção ou alerta, livre para aceitar todos os sentimentos, ideias, imagens ou visões que entrem, e deixando a associação fluir para todos os aspectos do objeto ou pensamento - para compreender a sua forma, aspecto, cor, essência. É a arte de observar sem pensamento, sem comentário mental. É muito mais fácil para a mente ocidental praticar a contemplação. Estamos habituados a concentrar o cérebro num dado assunto, a pensar nele e a analisá-lo. A meditação é um conceito mais oriental, difícil de apreender e requerendo muita prática. Demora meses ou anos até se conseguir meditar com toda a mente, e pode-se não se ser capaz de a dominar completamente numa única vida. Isso não quer dizer, contudo, que não deva tentar meditar agora. (Lembre-se: Nesta vida, como em todas as outras, você está a progredir conscientemente em direção à imortalidade.) A própria tentativa traz as suas recompensas profundas, e em breve irá dar consigo a ansiar pelo tempo de isolamento que a meditação requer.
Você pode querer começar pela contemplação, e o objeto em que tem de concentrar-se é em si mesmo. Para descobrir quem é agora, pense em si neste momento. Deixe todos os pensamentos que tenha sobre si mesmo, bons ou maus, entrarem na sua consciência. Que imagens e pensamentos negativos ou preconceituosos descartaria como já não sendo exatos ou válidos? Que impressões e sentimentos positivos e autocurativos acrescentaria agora? Que experiências de vida o moldaram mais profundamente? Quando tiver outra vida, o que é que imagina que irá mudar em relação a esta? A ideia não é «gostar» de si próprio, nem, na verdade, avaliar-se. Você está a tentar ver o que está realmente lá por baixo da camuflagem da pessoa que mostra ao mundo.
Considere as pessoas significativas da sua vida. As suas imagens delas estão desatualizadas? A sua própria experiência ensinou-o a olhar para elas de maneira diferente? Como é que elas mudaram enquanto você próprio mudou? Como é que estas mudanças o vão levar a modificar a sua relação com elas de uma forma mais positiva, compreensiva e carinhosa? Como é que elas irão facilitar mais mudanças?
Nós somos todos obras em curso, movimentando-nos a velocidades diferentes ao longo dos nossos caminhos espirituais. Mas todos os dias devíamos fazer uma pausa para envolver a mente criativa nos conceitos fulcrais que podem moldar-nos enquanto humanos desejosos de ascender em direção ao Uno: amor, alegria, paz e Deus.
Brian Weiss
Do livro Muitos Corpos, Uma só Alma
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